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Competências gerenciais: uma análise de classificações em estudos empíricos

Resumo

Este trabalho apresenta uma revisão de literatura sobre competências gerenciais (MC), visando identificar as classificações de MC mais citadas em estudos empíricos (contendo esquemas, modelos, categorizações ou ainda a mera identificação de MC em determinado locus de pesquisa) entre 2005 e 2015. Por meio de pesquisa bibliográfica e análise de conteúdo com categorização a posteriori, foram investigados 46 artigos, além de suas referências comuns e seminais. Como resultado, pôde-se concluir que o Modelo de Quinn (1988) foi o mais recorrente no período, estando presente em 12 estudos, e que, quanto aos 34 demais artigos, as categorias de MC com maior incidência foram: Orientação para resultados (clientes, processos, custos, mercado, produtos, projetos etc.); Habilidade com pessoas e equipes (relacionamento interpessoal, cooperação etc.); Liderança, Coordenação e Motivação; Habilidade com Mudanças (inovações e capacidade de Adaptação situacional); Comunicação; Planejamento; Gestão do Conhecimento; Organização e Controle (alocação e mobilização de recursos e monitoramento); Atitudes e Valores (Ética, iniciativa, comprometimento etc.); e Conhecimentos e Habilidades Técnicas da área), sendo que para essas duas últimas categorias foram apresentados questionamentos e críticas. Entre várias recomendações de pesquisa, sugerem-se estudos que identifiquem as MC de maior relevo, ainda que genéricas ou transversais, de modo a nortear ou facilitar a viabilização de diagnósticos de MC, proporcionando que os futuros estudos se concentrem em mapear competências específicas e peculiares do locus de pesquisa estudado; bem como a replicação do estudo, com o fito de verificar o comportamento dinâmico das MC ao longo dos anos.

Palavras-chave:
Competências; Competências Gerenciais; Classificação de competências Gerenciais; Modelos de Competências Gerenciais

Abstract

This study presents a literature review on managerial competencies (MC) in order to identify the most mentioned classifications of MC in empirical studies (including schemes, models, categorizations, or even the mere identification of MC in a particular locus of research) from 2005 to 2015. Using bibliographic research and content analysis with a posteriori classification, 46 articles were investigated, along with their common and seminal references. It was concluded that the Quinn model was the most recurrent during the period studied as it appeared in 12 studies. Regarding the other 34 articles, the MC categories with a higher incidence were: result oriented (clients, processes, costs, market, products, projects, etc.); ability to work with people and teams (interpersonal relationship, cooperation, etc.); leadership, coordination, and motivation; ability to work in changing environments (innovation and situational adaptability capability); communication; planning; knowledge management; organization and control (resource allocation, mobilization, and monitoring); Attitudes and Values (ethics, initiative, commitment, etc.); and knowledge and technical skills in the field. Inquiries and criticisms were presented for the last two categories. Among several research recommendations, studies should identify the most relevant MC, even generic or transversal ones, in order to facilitate or allow the diagnosis of MC, providing further studies to concentrate on mapping specific competencies of the studied locus of research, as well as the replication of the study to verify the dynamic behavior of MC over time.

Keywords:
Competencies; Managerial competencies; Classification of managerial competencies; Managerial competency models

Resumen

Este trabajo presenta una revisión de la literatura sobre competencias de gestión (MC), con la intención de identificar las clasificaciones de MC más citadas en estudios empíricos (con esquemas, modelos, categorizaciones o incluso la mera identificación de MC en determinado locus de investigación) entre 2005 y 2015. A través de investigación bibliográfica y análisis de contenido con categorización a posteriori, se investigaron 46 artículos, además de sus referencias comunes y seminales. Como resultado, se puede concluir que el modelo de Quinn (1988) fue el más recurrente durante el período, presente en 12 estudios, y que, a respecto de los otros 34 artículos, las categorías de MC con mayor incidencia fueron: Orientación para resultados (clientes, procesos, costos, mercado, productos, proyectos, etc.); Habilidad con personas y equipos (relación interpersonal, cooperación, etc.); Liderazgo, Coordinación y motivación; Habilidad con cambios (innovaciones y capacidad de adaptación situacional); Comunicación; Planificación; Gestión del conocimiento; Organización y control (asignación y movilización de recursos y monitoreo); Actitudes y valores (ética, iniciativa, compromiso, etc.); y Conocimientos y habilidades técnicas del área -para esas dos últimas categorías se presentaron cuestionamientos y críticas-. Entre numerosas recomendaciones de investigación, se sugieren estudios que identifiquen las MC más relevantes, aunque sean genéricas o transversales, para poder orientar o facilitar la viabilidad de diagnósticos de MC, que posibiliten que los futuros estudios se concentren en mapear competencias específicas y peculiares del locus de investigación estudiado; así como la replicación del estudio, a los efectos de verificar el comportamiento dinámico de las MC con el paso del tiempo.

Palabras clave:
Competencias; Competencias de gestión; Clasificación de competencias de gestión; Modelos de competencias de gestión

INTRODUÇÃO

A globalização da economia desafia e impõe adequações às organizações, de forma que acompanhem a celeridade das mudanças. Com essa perspectiva, o mundo dos negócios se empenha para identificar e desenvolver competências necessárias à gestão empresarial (MORAES e CORRÊA, 2008MORAES, M.; CORRÊA, M. Competência Comunicativa dos Líderes e os Resultados da Equipe. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 32, 2008. Anais... Rio de Janeiro: EnANPAD, 2008.). Com o setor público não é diferente: as competências de gestão estão no epicentro das tensões institucionais, seja nas relações entre política e burocracia; nas exigências de flexibilidade e controle; ou na preocupação com o impasse entre as necessidades dos cidadãos e a limitação da disponibilidade de recursos (TEIXEIRA, SILVA e LIMA, 2011TEIXEIRA, L.; SILVA, J.; LIMA, H. Administração no sistema prisional - um estudo das competências gerenciais. Contextus-Revista Contemporânea de Economia e Gestão, v. 9, n. 2, p. 55-67, 2011.).

Nesse contexto, o tema Competências Gerenciais (MC) é cada vez mais difundido no âmbito organizacional e têm ganhado relevo acadêmico, sobretudo, por sua relação com fenômenos como aprendizagem, desempenho e estratégia das (nas) organizações. Gestores considerados competentes são os que: (a) aprendem constantemente e proporcionam ambientes de aprendizagem (ANTONELLO, 2005ANTONELLO, C. Articulação da aprendizagem formal e informal: seu impacto no desenvolvimento de competências gerenciais. Revista Alcance, v. 12, n. 2, p. 183-209, 2005.; FÉLIX, 2005FÉLIX, C. A prática de competências gerenciais no setor público. Revista de Administração Pública, v. 39, n. 2, p. 255-278, 2005.; SANTOS, CAETANO e JESUÍNO, 2008SANTOS, J., CAETANO, A., JESUÍNO, J. As competências funcionais dos líderes e a eficácia das equipas. Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, p. 22-33, Jul./Set. 2008.; ZAGORŠEK, DIMOVSKI e ŠKERLAVAJ, 2009ZAGORŠEK, H.; DIMOVSKI, V.; ŠKERLAVAJ, M. Transactional and transformational leadership impacts on organizational learning. Journal for East European Management Studies, v. 14, n. 2, p. 144-165, 2009.; LEITE, 2009LEITE, M. Desenvolvimento de competências gerenciais e aprendizagem experiencial: um estudo entre os gerentes de agência do Banco do Brasil no Estado do Ceará. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 33, 2009. Anais...São Paulo: EnANPAD, 2009.; FÉLIX, 2005FLECK, C.; PEREIRA, B. Professores e Gestores: análise do perfil das Competências Gerenciais dos coordenadores de pós-graduação das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) do RS. Organizações & Sociedade, v. 18, n. 57, p. 285-301, 2011.); (b) conduzem suas equipes e organizações a um patamar mais elevado de desempenho (SANTOS, CAETANO e JESUÍNO, 2008SANTOS, J., CAETANO, A., JESUÍNO, J. As competências funcionais dos líderes e a eficácia das equipas. Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, p. 22-33, Jul./Set. 2008.; MORAES e CORRÊA, 2008MORAES, M.; CORRÊA, M. Competência Comunicativa dos Líderes e os Resultados da Equipe. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 32, 2008. Anais... Rio de Janeiro: EnANPAD, 2008.; BRANDÃO, BORGES-ANDRADE e GUIMARÃES, 2012BRANDÃO, H.; BORGES-ANDRADE, J.; GUIMARÃES, T. Desempenho organizacional e suas relações com competências gerenciais, suporte organizacional e treinamento. R. Adm., São Paulo, v. 47, n. 4, p. 523-539, out./dez. 2012.); e (c) buscam alinhamento estratégico a fim de alcançar a visão institucional (MOURA e BITENCOURT, 2006MOURA, M.; BITENCOURT, C. A articulação entre estratégia e o desenvolvimento de competências gerenciais. RAE-eletrônica, v. 5, n. 1, jan./jun.2006.; CARDOSO, 2009CARDOSO, A. Percepções de gestores sobre competências gerenciais em diferentes contextos: estabilidade e mudança organizacional. REBRAE. Revista Brasileira de Estratégia, v. 2, n. 2, p. 147-169, maio/ago, 2009.).

Diante da relevância das MC para as organizações, o presente ensaio tem por objetivo identificar as classificações de MC mais citadas em estudos empíricos (contendo esquemas, modelos, categorizações ou ainda da mera identificação de MC em determinado locus de pesquisa) entre 2005 e 2015. Como justificativa social, acredita-se que um estudo teórico que consolide a literatura recente sobre MC possa contribuir para que, a partir do conhecimento das MC de maior incidência em estudos empíricos, as organizações identifiquem as MC básicas, e possam nortear o mapeamento de competências, bem como a estruturação de programas de desenvolvimento gerencial e definição de outras políticas de gestão de pessoas.

Outrossim, como justificativa acadêmica, o escopo do presente trabalho vislumbra contribuir, ainda que indiretamente, para a) composição de estudo abrangendo competências e aspectos relacionados à gestão - visão estratégica; visão sistêmica; gestão de pessoas e de recursos (ODELIUS, ABBAD, RESENDE JÚNIOIR et al., 2011ODELIUS, C. et al. Processos de aprendizagem, competências aprendidas, funcionamento, compartilhamento e armazenagem de conhecimentos em grupos de pesquisa. Cadernos EBAPE. BR, v. 9, n. 1, p. 199-220, 2011.); (b) análise de como competências podem intermediar as relações de entrega no trabalho (BRANDÃO e BORGES-ANDRADE, 2008BRANDÃO, H.; BORGES-ANDRADE, J. Causas e efeitos da expressão de competências no trabalho: para entender melhor a noção de competência. Revista de Administração Mackenzie, v. 8, n. 3, p. 32-49, 2008.); (c) identificação de competências relevantes nos mais diversos segmentos profissionais, propósitos e contextos organizacionais (GUIMARÃES, BORGES-ANDRADE, MIRAMAR et al., 2001GUIMARÃES, T. A. et al. Forecasting core competencies in an R&D environment. R and D Management, v. 31, n. 3, p. 249-255, 2001.; BÜNDCHEN, ROSSETTO e SILVA, 2011BÜNDCHEN, E.; ROSSETTO, C.; SILVA, A. Competências Gerenciais em Ação - O Caso do Banco do Brasil. Revista Eletrônica de Administração, v. 17, n. 2, p. 396-423, 2011.); e (d) para a revisão dos currículos de cursos de graduação em Administração, os quais, segundo Sousa e Valadão Júnior (2013SOUSA, A.; VALADÃO JR, V. Competências gerenciais no contexto internacional: possíveis contribuições de cursos superiores brasileiros de Administração. Organizações & Sociedade, v. 20, n. 66, p. 383-402, 2013.) e Galvão, Silva e Silva (2012GALVÃO, V.; SILVA, A.; SILVA, W. O desenvolvimento de competências gerenciais nas escolas públicas estaduais. Educação e Pesquisa, v. 38, n. 1, p. 131-147, 2012.), estariam defasados e seriam insuficientes no que diz respeito ao desenvolvimento de pessoas, à liderança e à gestão de equipes.

Destarte, diante do contexto, justificativas e objetivo mencionados, a seguir, estão apresentadas a análise dos dados e as classificações de MC identificadas. Além desta seção introdutória, este artigo é composto por mais cinco seções: competências; MC e sua relação com Teorias Organizacionais; Método; MC: modelos e classificações; considerações finais; e referências.

COMPETÊNCIAS

A expressão ‘competência’ tem sido usada, numa concepção eminentemente jurídica, para denotar incumbência, responsabilidade para julgamento ou emissão de pareceres desde a Idade Média. Somente na década de 1970 o conceito migrou para a área de Psicologia Organizacional, notadamente, nas obras seminais Gilbert e McClelland, que se dedicaram ao estudo das competências individuais no contexto do trabalho. Vinte anos mais tarde, o fenômeno passou a ganhar relevo na área de Administração, incorporando-se aos estudos organizacionais na década de 1990 (BRANDÃO, 2007BRANDÃO, H. Competências no trabalho: uma análise da produção científica brasileira. Estudos de Psicologia, v. 12, n. 2, p. 149-158, 2007.; MONTEZANO, SILVA e COELHO JÚNIOR, 2015MONTEZANO L.; SILVA, D.; COELHO JR. F. Competências Humanas no Trabalho: a Evolução das Publicações Nacionais no Novo Milênio. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 39, 2015. Anais... Belo Horizonte: EnANPAD, 2015.).

O estudo de competências perpassa múltiplas abordagens e há também ausência de consenso conceitual e epistemológico atinente ao tema. São esses os fatores que agravam o desafio em se avaliar ou mensurar competências (GARAVAN e MCGUIRE, 2001GARAVAN, T.; MCGUIRE, D. Competencies and workplace learning: some reflections on the rhetoric and the reality. Journal of Workplace learning, v. 13, n. 4, p. 144-164, 2001.; BRANDÃO e BORGES-ANDRADE, 2008BRANDÃO, H.; BORGES-ANDRADE, J. Causas e efeitos da expressão de competências no trabalho: para entender melhor a noção de competência. Revista de Administração Mackenzie, v. 8, n. 3, p. 32-49, 2008.). Outrossim, essa dificuldade em se mensurar competências tende a aumentar, uma vez que se exige cada vez mais um maior nível de complexidade nas competências, independentemente do campo de ocupação (GODOY e ANTONELLO, 2009GODOY, A.; ANTONELLO, C. Competências individuais adquiridas durante os anos de graduação de alunos do Curso de Administração de Empresas. Revista de Ciências da Administração, v. 11, n. 23, p. 157-191, 2009.).

Complexo e multifacetado são adjetivos próprios do conceito de competências (BRANDÃO, 2007BRANDÃO, H. Competências no trabalho: uma análise da produção científica brasileira. Estudos de Psicologia, v. 12, n. 2, p. 149-158, 2007.). Sendo que ora se refere a competências como um resultado (o que é feito) ora como um processo (como se faz) (ROWE, 1995ROWE, C. Clarifying the use of competence and competency models in recruitment, assessment and staff development. Industrial and Commercial training, v. 27, n. 11, p. 12-17, 1995.; BERGENHENEGOUWEN, HORN e MOOIJMAN, 1997BERGENHENEGOUWEN, G.; HORN, H.; MOOIJMAN, E. Competence development - a challenge for human resource professionals: core competences of organizations as guidelines for the development of employees. Industrial and commercial training, v. 29, n. 2, p. 55-62, 1997.).

Mas a multiplicidade conceitual é ainda maior. Brito, Paiva e Leone (2012BRITO, L.; PAIVA, L.; LEONE, N. Perfil de competências gerenciais no Ensino Superior Tecnológico. Revista Ciências Administrativas, v. 18, n. 1, p. 189-216, jan./jun.2012.), mediante levantamento teórico, apresentaram a pluralidade na definição de competências, relacionando palavras-chave, sínteses conceituais, e seus principais autores, conforme Quadro 1.

Quadro 1
Sínteses Conceituais sobre competências

Essa multiplicidade conceitual advém da literatura seminal e foi evidenciada, por exemplo, por Dutra (2004DUTRA, J. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa moderna. São Paulo: Atlas, 2004.), Brandão (2007BRANDÃO, H. Competências no trabalho: uma análise da produção científica brasileira. Estudos de Psicologia, v. 12, n. 2, p. 149-158, 2007.), e Carbone, Brandão e Leite (2009LEITE, M. Desenvolvimento de competências gerenciais e aprendizagem experiencial: um estudo entre os gerentes de agência do Banco do Brasil no Estado do Ceará. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 33, 2009. Anais...São Paulo: EnANPAD, 2009.), conforme apresentado no Quadro 2.

Quadro 2
Perspectivas sobre competências

Algumas definições mais recentes corroboram a corrente americana. São exemplos as definições de Parry (1996PARRY, S. The Quest for Competencies. Training, v. 33, n. 7, p. 48-54, 1996.), para quem competência se refere a um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (elementos constitutivos da competência) que se relacionam e afetam a maior parte de um trabalho, um papel ou responsabilidade; e de Lima (2005LIMA, V. Competência: distintas abordagens e implicações na formação de profissionais de saúde. Interface Comun Saúde Educ, v. 9, n. 17, p. 369-79, 2005.) que visualiza competências como características pessoais (qualidades) vinculadas à capacidade ou atributos (cognitivos, psicomotores e afetivos) para resolver certos assuntos, que, combinados, formam distintas maneiras de realizar, com sucesso, as ações essenciais e características de uma determinada prática profissional.

Mais afinadas com a corrente francesa estão a concepção de Fleury e Fleury (2001FLEURY, M.; FLEURY, A. Construindo o conceito de competência. Revista de administração contemporânea, v. 5, n. esp., p. 183-196, 2001.), que compreendem a competência como uma ação responsável e reconhecida que mobiliza, integra, transfere conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo, e a de Stuart e Lindsay (1997STUART, R.; LINDSAY, P. Beyond the frame of management competenc (i) es: towards a contextually embedded framework of managerial competence in organizations. Journal of European Industrial Training, v. 21, n. 1, p. 26-33, 1997.), que definem competência como uma declaração de valor, associada a uma cultura em particular e dentro de um determinado ambiente.

Quanto à abordagem integradora, vale destacar que, mesmo antes da definição de Gonczi (1999), considerada precursora para a corrente, alguns autores já traziam concomitantemente elementos tanto da abordagem americana quanto da francesa, a exemplo de Rowe (1995ROWE, C. Clarifying the use of competence and competency models in recruitment, assessment and staff development. Industrial and Commercial training, v. 27, n. 11, p. 12-17, 1995.), para que competências são habilidades relativas a um padrão de desempenho atingido ou comportamentos pelos quais o desempenho é alcançado. Posteriormente, outros autores avançaram na definição de competências, como McMullan, Endacott, Gray et al. (2003), que ora compreendem competências, de modo geral, como inerente ao indivíduo e vinculada a um patamar superior de desempenho seja no cumprimento de atividades específicas ou em determinado contexto (aproximando-se da corrente americana); ora as relacionam com ações ou comportamentos ou resultados que uma pessoa deve demonstrar com o seu desempenho (tangenciando a corrente francesa).

De qualquer forma, vale destacar, desde já, que a definição mais alinhada ao presente trabalho é a adotada pela corrente integradora. Acredita-se que não basta a líderes deterem certo conjunto de atributos, se não o coloca em ação, de forma que a equipe ou organização em que atua eleve seu patamar de desempenho requerido pelo contexto.

Por fim, vale frisar que muitos autores consideram que a temática das competências convive com uma teoria fragmentada (BRANDÃO e BORGES-ANDRADE, 2008BRANDÃO, H.; BORGES-ANDRADE, J. Causas e efeitos da expressão de competências no trabalho: para entender melhor a noção de competência. Revista de Administração Mackenzie, v. 8, n. 3, p. 32-49, 2008.; GODOY e ANTONELLO, 2009GODOY, A.; ANTONELLO, C. Competências individuais adquiridas durante os anos de graduação de alunos do Curso de Administração de Empresas. Revista de Ciências da Administração, v. 11, n. 23, p. 157-191, 2009.); que a maioria dos estudos se limita a auferir isoladamente os elementos constitutivos da competência (conhecimentos, habilidades e atitudes) e não a sinergia entre eles (BRANDÃO, 2007).

COMPETÊNCIAS GERENCIAIS E SUAS RELAÇÕES COM TEORIAS ORGANIZACIONAIS

A denominação “competências gerenciais” surgiu em 1982, quando o termo foi utilizado pela primeira vez por Richard Boyatizis. Seu livro, The Competent Manager: A Model for Effective Performance, trazia 21 competências (organizadas em 6 dimensões), as quais deveriam compor o perfil ideal de um gestor: orientação eficiente; produtividade; diagnóstico e uso de conceitos; e preocupação com impactos (Dimensão Metas e Gestão pela Ação); autoconfiança; uso de apresentações orais; pensamento lógico; conceitualização (Dimensão liderança); uso de poder socializado; otimismo; gestão de grupo; autoavaliação e senso crítico (Dimensão Recursos Humanos); desenvolvimento de outras pessoas; uso de poder unilateral; espontaneidade (Dimensão Direção dos Subordinados); autocontrole; objetividade perceptual; adaptabilidade; preocupação com relacionamentos próximos (Dimensão Foco em outros clusters); memória; e Conhecimento especializado (Dimensão Conhecimento especializado) (BRITO, PAIVA e LEONE, 2012BRITO, L.; PAIVA, L.; LEONE, N. Perfil de competências gerenciais no Ensino Superior Tecnológico. Revista Ciências Administrativas, v. 18, n. 1, p. 189-216, jan./jun.2012.).

Boyatizis partia do pressuposto behaviorista de que competências são ‘comportamentos observáveis’ que levam as organizações a melhores desempenhos e resultados, fato que justificaria a importância da formação gerencial (PELISSARI, GONZALEZ e VANELLE, 2011PELISSARI, A.; GONZALES, I.; VANALLE, R. Competências gerenciais: um estudo em pequenas empresas de confecções. Revista Eletrônica de Administração, v. 17, n. 1, p. 149-180, 2011.; BRITO, PAIVA e LEONE, 2012BRITO, L.; PAIVA, L.; LEONE, N. Perfil de competências gerenciais no Ensino Superior Tecnológico. Revista Ciências Administrativas, v. 18, n. 1, p. 189-216, jan./jun.2012.). Para Godoy e D’Amelio (2012GODOY, A.; D’AMELIO, M. Competências gerenciais desenvolvidas por profissionais de diferentes formações. Organizações & Sociedade, v. 19, n. 63, p. 621-639, 2012.), MC são distintas das apresentadas pelos demais membros de uma organização, pois o gerente precisa canalizar esforços para atingir os resultados esperados de sua área, mediante influência e liderança. Há, portanto, a necessidade de novas competências de maior responsabilidade, com ênfase nas relações interpessoais.

Afiliando-se à definição de competências da corrente integradora, no âmbito deste estudo, considera-se que MC são comportamentos observados ou potenciais, por meio dos quais os gerentes, enquanto indivíduos, podem demonstrar tanto conhecimentos, habilidades, atitudes ou a sinergia entre eles quanto atributos pessoais, gerando valor e melhores resultados a si próprios, a outros indivíduos e a equipes, departamentos, organizações ou redes, de modo compatível ao contexto, aos recursos disponíveis e à estratégia adotada.

Mas vale registrar que as definições para MC assumidas na atualidade sofreram influências de vários estudos e teorias, uma vez que a temática gerencial acompanha a Teoria Geral da Administração desde seus primórdios. Mesmo antes de as MC serem consideradas um fenômeno específico, vários autores já tratavam de aspectos gerenciais, servindo de base para os estudos atuais. São exemplos os estudos de Chester Barnard a respeito das funções do executivo em 1938; a contribuição de Herbert Simon sobre o processo decisório atrelado à atuação gerencial em 1960; a descrição do papel gerencial a partir das funções ‘contato interpessoal’, ‘tomada de decisão’ e ‘processamento de informações’ elaborada por Mintzberg em 1973 (LEITE, 2009LEITE, M. Desenvolvimento de competências gerenciais e aprendizagem experiencial: um estudo entre os gerentes de agência do Banco do Brasil no Estado do Ceará. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 33, 2009. Anais...São Paulo: EnANPAD, 2009.); além do artigo clássico de Robert L. Katz (1955KATZ, R. Skills of an effective administrator. Harvard Business, p. 33-42, 1955.), publicado pela Harvard Business Review, em que o autor propôs uma subdivisão nas habilidades necessárias ao administrador: 1) habilidade técnica (conhecimento especializado ou domínio instrumental relativo a atividades típicas de um profissional que executa seu trabalho pessoalmente, podendo ser adquirida mediante experiência, educação e treinamento profissional); 2) habilidade humana (capacidade de trabalhar em equipe e de promover a cooperação); e 3) habilidade conceitual (capacidade de tratar de relações complexas e de visualizar a organização como um conjunto integrado e sistêmico tanto internamente quanto em relação ao ambiente externo) (LOPES, FIALHO, LEONARDI et al., 2010LOPES, M. et al. Análise da relação entre aptidões cerebrais e competências gerenciais: o caso de uma empresa têxtil. Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 1, p. 123-136, 2010.).

Katz (1955KATZ, R. Skills of an effective administrator. Harvard Business, p. 33-42, 1955.) sugeriu que todas as três habilidades convivem na atuação do gerente, sendo que, à medida que se eleva o nível administrativo, são mais requeridas as habilidades conceituais, e, à proporção que se reduz o nível hierárquico, se requer mais habilidades técnicas. Já o nível intermediário requer praticamente a mesma proporção de habilidades técnicas, humanas e conceituais, conforme Figura 1.

Figura 1
Habilidades necessárias ao administrador propostas por KATZ (1955KATZ, R. Skills of an effective administrator. Harvard Business, p. 33-42, 1955.)

Merece destaque também a organização das contribuições das Teorias organizacionais para o estudo das MC, idealizada por Quinn, Thompson, Faermais et al. (2003QUINN, R. et al. Competências gerenciais princípios e aplicações. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2003.). O Quadro 3 resume esses aspectos.

Quadro 3
Contribuições teóricas para o estudo das MC e principais atividades dos gestores

Além dessas teorias, a Dependência de Recursos e o Institucionalismo também tiveram papéis importantes nos estudos sobre MC. A Teoria da Dependência de Recursos por atribuir aos gestores o papel de gerenciar as conjecturas ambientais por meio da captação de recursos necessários à consecução dos resultados esperados pela organização, a partir do tratamento das intempéries ambientais e das interdependências, com o fito de potencializar o domínio de recursos (ALDRICH e PFEFFER, 1976ALDRICH, H.; PFEFFER, J. Environments of organizations. Annual review of sociology, v. 2, p. 79-105, 1976.; PFEFFER e SALANCIK, 2003PFEFFER, J.; SALANCIK, G. The external control of organizations: A resource dependence perspective. Stanford University Press, 2003.), além de incumbir os gestores das escolhas estratégicas a serem selecionadas com o intuito de gerenciar e até de manipular as dependências organizacionais (THOMPSON, 1967THOMPSON, J. Organizations in action: Social science bases of administrative theory. New Jersey: Transaction publishers, 1967.). Já para teóricos do Institucionalismo, as MC enfatizam mais a atenção para a internalização dos regramentos e das demais normas impostos pelo ambiente institucional (MEYER e ROWAN, 1977MEYER, J.; ROWAN, B. Institutionalized organizations: Formal structure as myth and ceremony. American journal of sociology, v. 83, n. 2, p. 340-363, 1977.; DIMAGGIO e POWELL, 1983DIMAGGIO, P.; POWELL, W. The iron cage revisited: Collective rationality and institutional isomorphism in organizational fields. American Sociological Review, v. 48, n. 2, p. 147-160, 1983.). Tomando por base as regras e as estratégias legitimadas, os gestores acreditam modelar suas organizações em conformidade com as posturas previamente validadas pelas organizações-parâmetro, reiterando práticas já institucionalizadas (DIMAGGIO e POWELL, 1983DIMAGGIO, P.; POWELL, W. The iron cage revisited: Collective rationality and institutional isomorphism in organizational fields. American Sociological Review, v. 48, n. 2, p. 147-160, 1983.).

Apresentadas as definições e evolução histórica do fenômeno das competências, bem como os principais aspetos relativos a MC, em especial, suas relações com teorias organizacionais, passa-se a expor o método de pesquisa adotado neste estudo.

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica combinada com análise de conteúdo com categorização a posteriori.

A parametrização da busca bibliográfica priorizou artigos publicados entre 2005 e 2015, disponibilizados nos Portais de Periódicos CAPES, Scielo, ProQuest, Web of Science e Google Acadêmico e Spell, contendo as expressões skill, competence, competences, competencies, managerial skill, managerial skills, managerial competence, managerial competences, e managerial competencies, no título, resumo ou palavras-chave.

Foram selecionados 46 artigos que elencavam MC nos mais diversos loci de pesquisa, desde pequenas empresas a multinacionais, com os mais variados objetivos, mediante abordagens quantitativas e qualitativas. No levantamento bibliográfico, as referências foram selecionadas de acordo com a adequação e relevância temática em relação ao objeto deste estudo, considerando-se adequados os estudos que continham achados empíricos e que apresentaram alguma forma de mapeamento ou classificação de MC em determinados contextos, possibilitando a identificação ou classificação das competências importantes para os gerentes. Além disso, atentou-se para as referências comuns e seminais citadas nos artigos, de forma que estudos anteriores à delimitação temporária citada também fossem considerados.

Como não havia consenso nas classificações adotadas pelos autores, recorreu-se à análise de conteúdo com categorização a posteriori, considerando-se diferentes aspectos nas diversas categorias de MC identificadas (BERELSON, 1984BERELSON, B. Content analysis in communication research. New York: Hafner, 1984.; BARDIN, 2011BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.). Para tanto, após a leitura geral dos artigos, procedeu-se a uma leitura seletiva nos trechos que apontavam eventuais classificações para as MC e, por fim, mediante a leitura analítica desses trechos, foi possível sugerir categorias a posteriori. As análises foram realizadas mediante planilha eletrônica, cujos resultados serão apresentados e discutidos nas seções seguintes.

COMPETÊNCIAS GERENCIAIS: MODELOS E CLASSIFICAÇÕES

Dentre os estudos selecionados, serão apresentados sucintamente apenas aqueles que atenderam ao critério de proposição de algum esquema, modelo, categorização, classificação ou, simplesmente, a identificação de MC em determinado contexto. Inicialmente, serão apresentados estudos que se pautaram pelo Modelo de Quinn (1988QUINN, R. Beyond rational management: Mastering the paradoxes and competing demands of high performance. New Jersey: Jossey-Bass, 1988.) para o desenvolvimento de suas pesquisas, tendo em vista que 12 estudos se basearam nesse modelo e, em seguida, as demais classificações localizadas em estudos empíricos.

O MODELO DE QUINN (1988QUINN, R. Beyond rational management: Mastering the paradoxes and competing demands of high performance. New Jersey: Jossey-Bass, 1988.) E SUA APLICAÇÃO EMPÍRICA

O Modelo de Quinn (1988QUINN, R. Beyond rational management: Mastering the paradoxes and competing demands of high performance. New Jersey: Jossey-Bass, 1988.) está baseado nas principais teorias que tratam desse fenômeno: Teoria Clássica (modelo das metas racionais); Teoria Humanista (modelo das relações humanas); Teorias Burocrática (modelo dos processos internos); e Teoria dos Sistemas abertos (que considera a perspectiva sistêmica e a contingencial). Seu modelo integrado resume-se na Figura 2, que apresenta como o referido autor utiliza o termo ‘papel’ como um agrupamento de MC alinhadas ao grau de flexibilidade ou controle (eixo vertical) e ao foco predominante, seja interno ou externo (eixo horizontal).

Figura 2
As competências e papéis dos líderes no quadro de valores competitivos

No papel do Produtor, o gestor é orientado para tarefas, com foco no trabalho e numa elevada produtividade pessoal, de modo a aumentar a produção e a atingir as metas estabelecidas. Como Diretor, o gestor planeja, estabelece objetivos e metas, define regras e políticas, delimita problemas, e seleciona alternativas. O papel de Mentor orienta o gestor a dedicar-se ao desenvolvimento das pessoas, proporcionando oportunidades de treinamento e distribuindo elogios e reconhecimentos. Facilitador é o papel que fomenta os esforços coletivos, promove soluções conjuntas e o trabalho em equipe e administra os conflitos interpessoais. No papel de Coordenador o gestor inspira confiança e credibilidade, e com isso programa, organiza e coordena os esforços da equipe, o enfrentamento de crises e a resolução de dificuldades. Já como Monitor, o gestor acompanha o andamento da unidade pela qual é responsável, analisa fatos e seus detalhes, e verifica se as pessoas estão cumprindo as regras estabelecidas. O papel de Inovador é orientado para a adaptação e a mudança, identificando tendências e tolerando incertezas e riscos, para tanto privilegia a criatividade e a inovação, apresentando ideias de forma convidativa. Por fim, no papel de Negociador, o gestor é hábil na persuasão e na obtenção de recursos, possui astúcia política e influência, representando a unidade ou a organização externamente (QUINN, THOMPSON, FAERMAIS et al., 2003QUINN, R. et al. Competências gerenciais princípios e aplicações. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2003.).

Conhecidos os principais elementos que constituem o modelo de Quinn (1988QUINN, R. Beyond rational management: Mastering the paradoxes and competing demands of high performance. New Jersey: Jossey-Bass, 1988.), passa-se à caracterização dos 12 estudos que, embora tenham como ponto comum a utilização da categorização de Quinn (1988), apresentaram objetivos, amostras, loci e metodologias distintos; o que repercutiu na prevalência de diferentes papéis, a depender do tipo de organização pesquisada, da área funcional do gestor, bem como a identificação de diferenças entre MC estabelecidas formalmente pelas organizações e as de fato requeridas e a percepção dos gestores e de outros profissionais com os quais os gestores se relacionam.

Quanto ao método, em sua maioria, os estudos aplicaram métodos mistos, combinando questionários e métodos qualitativos, como entrevistas (PICCHIAI, 2008PICCHIAI, D. Competências gerenciais: estudo de caso de um hospital público. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, v. 13, n. 52, p. 19-41, 2008.), levantamento documental e observação direta (DIAS e PAIVA, 2009DIAS, H.; PAIVA, K. Formação de competências gerenciais a partir de disciplinas de gestão no curso de enfermagem: percepções de alunos de uma universidade privada. Revista Mineira de Enfermagem, v. 13, n. 4, p. 474-484, 2009.). Mas houve também artigos que recorreram a técnicas exclusivamente quantitativas, baseados em questionários ou exclusivamente qualitativas, incluindo levantamento documental e entrevistas estruturadas (DIAS e PAIVA, 2011; PAIVA e FERREIRA, 2013), levantamento bibliográfico e pesquisa de campo (BARROS, SILVA, LIMA et al., 2013BARROS, C. et al. As competências gerenciais desenvolvidas pelos secretários executivos. Revista de Gestão e Secretariado, v. 4, n. 2, p. 25-47, 2013.), e entrevistas semiestruturadas (SEABRA, PAIVA e LUZ, 2015SEABRA, A.; PAIVA, K.; LUZ, T. Managerial competences of coordinators of undergraduate nursing courses. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 68, n. 5, p. 890-898, 2015.).

Já quanto ao contexto de aplicação, houve estudos com gestores e outros profissionais atuantes em hospitais ou organizações da área de saúde (PICCHIAI, 2008PICCHIAI, D. Competências gerenciais: estudo de caso de um hospital público. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, v. 13, n. 52, p. 19-41, 2008.; DIAS e PAIVA, 2011DIAS, H.; PAIVA, K. Competências do enfermeiro: estudo em um hospital privado. Rev. bras. enferm, v. 64, n. 3, p. 511-520, 2011.; NÓBREGA, GURGEL, BRITO et al., 2012NÓBREGA, A. et al. Competências Gerenciais do nutricionista gestor de unidades de alimentação terceirizada. RAUnP, v. 4, n. 2, p. 49-60, 2012.); em bancos (LEITE, 2009LEITE, M. Desenvolvimento de competências gerenciais e aprendizagem experiencial: um estudo entre os gerentes de agência do Banco do Brasil no Estado do Ceará. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 33, 2009. Anais...São Paulo: EnANPAD, 2009.); em instituições de ensino (BARÁTH, 2007BARÁTH, T. Effectiveness in public education: Models and aspects of leadership. In: ENIRDEM CONFERENCE, 2007. Proceedings… Budapest, 2007. Disponível em:<Disponível em:http://ofi.hu/effectiveness-public-education-models-and-aspects-leadership >. Acesso em 12 dez. 2015.
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; DIAS e PAIVA, 2009SANTOS, J., CAETANO, A., JESUÍNO, J. As competências funcionais dos líderes e a eficácia das equipas. Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, p. 22-33, Jul./Set. 2008.; SEABRA, PAIVA e LUZ, 2015SEABRA, A.; PAIVA, K.; LUZ, T. Managerial competences of coordinators of undergraduate nursing courses. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 68, n. 5, p. 890-898, 2015.); em indústria têxtil (LOPES, FIALHO, LEONARDI et al., 2010LOPES, M. et al. Análise da relação entre aptidões cerebrais e competências gerenciais: o caso de uma empresa têxtil. Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 1, p. 123-136, 2010.); em comércio varejista (PINTO, PEREIRA, SENNA et al., 2014PINTO, J. et al. Competências Gerenciais: Um Estudo Exploratório em uma Rede do Comércio Varejista. Global Manager, v. 14, n. 2, p. 23-40, 2014.); e em hotéis (PAIVA, SANTOS e LACERDA, 2014SANTOS, E.; HONÓRIO, L. Competências Gerenciais em uma Rede Mineira de Farmácias. Revista Alcance, v. 21, n. 4, p. 650-673, 2014.); além de estudos sobre MC de secretários executivos (BARROS, SILVA, LIMA et al., 2013BARROS, C. et al. As competências gerenciais desenvolvidas pelos secretários executivos. Revista de Gestão e Secretariado, v. 4, n. 2, p. 25-47, 2013.) e de gestores da área de tecnologia de informação (PAIVA e FERREIRA, 2013PAIVA, K.; FERREIRA, L. Competências Gerenciais na área de Tecnologia de Informação: um estudo com gestores de empresas localizadas no Triângulo Mineiro. Revista Gestão & Tecnologia, v. 13, n. 1, p. 205-229, 2013.).

Quanto aos papéis idealizados por Quinn (1988QUINN, R. Beyond rational management: Mastering the paradoxes and competing demands of high performance. New Jersey: Jossey-Bass, 1988.), os resultados dos estudos apresentaram os seguintes achados:

  • Os papéis de Produtor e Diretor foram identificados conjuntamente como os de maior domínio por enfermeiros, nutricionistas e líderes da área de tecnologia da informação (TI) e percebidos como os de maior prevalência nos gestores do sistema educacional, segundo a perspectiva dos professores. Já no estudo de Picchiai (2008PICCHIAI, D. Competências gerenciais: estudo de caso de um hospital público. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, v. 13, n. 52, p. 19-41, 2008.), esses papéis foram percebidos em menor grau de domínio. Em análise isolada desses papéis, o papel de Diretor foi único sensível ao impacto decorrente da conclusão de determinadas disciplinas gerenciais no curso de enfermagem, além de ser considerado de ampla aplicabilidade a coordenadoras de curso de graduação de enfermagem, enquanto que o papel de Produtor recebeu destaque no setor hoteleiro.

  • Os papéis de Facilitador e Mentor foram os de maior destaque nos estudos, e também de maior domínio na maioria dos estudos, salvo no caso das nutricionistas-gestores, que indicaram um maior déficit.

  • Os papéis Coordenador e Monitor foram indicados, conjuntamente, como percebidos em menor grau para cargos de direção em um hospital (PICCHIAI, 2008PICCHIAI, D. Competências gerenciais: estudo de caso de um hospital público. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, v. 13, n. 52, p. 19-41, 2008.) e de maior exigência por enfermeiros (DIAS e PAIVA, 2011DIAS, H.; PAIVA, K. Competências do enfermeiro: estudo em um hospital privado. Rev. bras. enferm, v. 64, n. 3, p. 511-520, 2011.). De maneira isolada, vale destacar que líderes da área de TI indicaram ter o menor domínio no papel de Monitor.

  • Os papéis Inovador e Negociador, de modo geral, foram os com menor destaque nos resultados das pesquisas, sendo destacados apenas por Picchiai (2008PICCHIAI, D. Competências gerenciais: estudo de caso de um hospital público. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, v. 13, n. 52, p. 19-41, 2008.) como provavelmente requeridas porque o hospital recebe forte influência do ambiente externo, sobretudo nos campos social, técnico e cultural, notadamente, interferências da universidade e do sistema de saúde; por Baráth (2007BARÁTH, T. Effectiveness in public education: Models and aspects of leadership. In: ENIRDEM CONFERENCE, 2007. Proceedings… Budapest, 2007. Disponível em:<Disponível em:http://ofi.hu/effectiveness-public-education-models-and-aspects-leadership >. Acesso em 12 dez. 2015.
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    ), que indicou que, segundo os gestores, estes são os papéis de maior prevalência em sua atuação, em conjunto com os papéis Facilitador e Mentor; e por Paiva, Santos e Lacerda (2014SANTOS, E.; HONÓRIO, L. Competências Gerenciais em uma Rede Mineira de Farmácias. Revista Alcance, v. 21, n. 4, p. 650-673, 2014.), que relataram a consideraram esses papéis como exigências do setor hoteleiro.

Quanto aos objetivos, é possível concluir que os estudos que recorreram ao Modelo de Quinn (1988QUINN, R. Beyond rational management: Mastering the paradoxes and competing demands of high performance. New Jersey: Jossey-Bass, 1988.) parecem perseguir pelo menos um dos quatro propósitos essenciais, a saber: (1) a identificação de domínio ou de lacunas de MC por parte de gerentes ou de outros profissionais cujas atribuições requeiram atividade de gestão; (2) a verificação de compatibilidade entre as MC apresentadas e as, de fato, necessárias ao contexto, ou ainda, as requeridas por autoridades ou executivos de hierarquia superior (real x desejado); (3) comparação do domínio de MC antes e depois de determinada formação em gestão; e (4) o desenvolvimento de um questionário-padrão capaz de identificar o domínio de MC independentemente do contexto estudado.

Com relação a esse último propósito (quarto), julga-se um equívoco desconsiderar o contexto como elemento constitutivo da definição de competência. Embora se saiba que algumas MC possam ser genéricas ou transversais, a adequação ao contexto pesquisado é fundamental, uma vez que interfere veementemente na redação e na clareza dos itens de uma escala.

Outro destaque a ser realizado é que o modelo de Quinn (1988QUINN, R. Beyond rational management: Mastering the paradoxes and competing demands of high performance. New Jersey: Jossey-Bass, 1988.) se refere a papéis como conjuntos ou agrupamentos de MC afins. Contudo, essa não é a única possibilidade de entendimento. Por exemplo, um negociador competente pode exercer essa competência em seus diversos papéis na sociedade: como pai, chefe, filho, estudante, consumidor, amigo, entre outros. Ou seja, a lógica pode ser inversa: uma competência pode ser desempenhada em múltiplos papéis (KONRATH, TAROUCO e BEHAR, 2009KONRATH, M.; TAROUCO, L.; BEHAR, P. Competências: desafios para alunos, tutores e professores da EaD. RENOTE, v. 7, n. 1, 2009.; LITTO e FORMIGA, 2009LITTO, F.; FORMIGA, M. Educação a Distância: Estado da Arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.). Neste ponto, não há certo ou errado, mas é importante frisar que existem diferentes óticas para a relação papel-competência.

Em suma, o Modelo de Quinn (1988QUINN, R. Beyond rational management: Mastering the paradoxes and competing demands of high performance. New Jersey: Jossey-Bass, 1988.) é considerado robusto para a classificação de MC e possui uma escala validada, desenvolvida por Denison, Hooijberg e Quinn (1995DENISON, D.; HOOIJBERG, R.; QUINN, R. Paradox and performance: Toward a theory of behavioral complexity in managerial leadership. Organization Science, v. 6, n. 5, p. 524-540, 1995.) e aplicada por diversos pesquisadores, como Vilkinas (2000VILKINAS, T. The gender factor in management: how significant others perceive effectiveness. Women in Management Review, v. 15, n. 5/6, p. 261-272, 2000.), Paiva e Ferreira (2013PAIVA, K.; FERREIRA, L. Competências Gerenciais na área de Tecnologia de Informação: um estudo com gestores de empresas localizadas no Triângulo Mineiro. Revista Gestão & Tecnologia, v. 13, n. 1, p. 205-229, 2013.) e Paiva, Santos e Lacerda (2014SANTOS, E.; HONÓRIO, L. Competências Gerenciais em uma Rede Mineira de Farmácias. Revista Alcance, v. 21, n. 4, p. 650-673, 2014.). Mas, há outros estudos relativos a MC e que apresentam classificações, os quais serão apresentados na seção seguinte.

OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DE COMPETÊNCIAS GERENCIAIS EM ESTUDOS EMPÍRICOS DIVERSOS

Foram analisados 34 estudos selecionados na pesquisa bibliográfica, que não recorreram ao modelo de Quinn (1988QUINN, R. Beyond rational management: Mastering the paradoxes and competing demands of high performance. New Jersey: Jossey-Bass, 1988.): Félix (2005FÉLIX, C. A prática de competências gerenciais no setor público. Revista de Administração Pública, v. 39, n. 2, p. 255-278, 2005.); Moura e Bitencourt (2006MOURA, M.; BITENCOURT, C. A articulação entre estratégia e o desenvolvimento de competências gerenciais. RAE-eletrônica, v. 5, n. 1, jan./jun.2006.); Godoy e Forte (2007GODOY, A.; FORTE, D. Competências adquiridas durante os anos de graduação: um estudo de caso a partir das opiniões de alunos formandos de um curso de administração de empresas. Gestão & Regionalidade, v. 23, n. 68, p. 56-69, 2007.); Santos, Caetano e Jesuíno (2008SANTOS, J., CAETANO, A., JESUÍNO, J. As competências funcionais dos líderes e a eficácia das equipas. Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, p. 22-33, Jul./Set. 2008.); Moraes e Corrêa (2008MORAES, M.; CORRÊA, M. Competência Comunicativa dos Líderes e os Resultados da Equipe. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 32, 2008. Anais... Rio de Janeiro: EnANPAD, 2008.); Jansen, Vera e Crossan (2009JANSEN, J.; VERA, D.; CROSSAN, M. Strategic leadership for exploration and exploitation: The moderating role of environmental dynamism. The Leadership Quarterly, v. 20, n. 1, p. 5-18, 2009.); Cardoso (2009CARDOSO, A. Percepções de gestores sobre competências gerenciais em diferentes contextos: estabilidade e mudança organizacional. REBRAE. Revista Brasileira de Estratégia, v. 2, n. 2, p. 147-169, maio/ago, 2009.); Brandão, Borges-Andrade, Freitas et al. (2010BRANDÃO, H. et al. Desenvolvimento e estrutura interna de uma escala de competências gerenciais. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 26, n. 1, p. 171-182, 2010.); Noro e Abbade (2010NORO, G.; ABBADE, E. Os tipos de projetos e as competências gerenciais nos projetos da AES sul distribuidora gaúcha de energia SA. Revista Gestão Organizacional, v. 3, n. 2, p. 141-162, 2010.); Teixeira, Silva e Lima (2011TEIXEIRA, L.; SILVA, J.; LIMA, H. Administração no sistema prisional - um estudo das competências gerenciais. Contextus-Revista Contemporânea de Economia e Gestão, v. 9, n. 2, p. 55-67, 2011.); Ésther (2011ÉSTHER, A. As competências gerenciais dos reitores de universidades federais em Minas Gerais: a visão da alta administração. Cadernos EBAPE. BR., v. 9, n. esp., p. 648-667, 2011.); Pelissari, Gonzalez e Vanelle (2011PELISSARI, A.; GONZALES, I.; VANALLE, R. Competências gerenciais: um estudo em pequenas empresas de confecções. Revista Eletrônica de Administração, v. 17, n. 1, p. 149-180, 2011.); Fleck e Pereira (2011FLECK, C.; PEREIRA, B. Professores e Gestores: análise do perfil das Competências Gerenciais dos coordenadores de pós-graduação das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) do RS. Organizações & Sociedade, v. 18, n. 57, p. 285-301, 2011.); Mithas, Ramasubbu e Sambamurthy (2011MITHAS, S.; RAMASUBBU, N.; SAMBAMURTHY, V. How Information Management Capability Influences Firm Performance. MIS quarterly, v. 35, n. 1, p. 237-256, 2011.); Bündchen, Rossetto e Silva (2011BÜNDCHEN, E.; ROSSETTO, C.; SILVA, A. Competências Gerenciais em Ação - O Caso do Banco do Brasil. Revista Eletrônica de Administração, v. 17, n. 2, p. 396-423, 2011.); Brandão, Borges-Andrade e Guimarães (2012)BRANDÃO, H.; BORGES-ANDRADE, J.; GUIMARÃES, T. Desempenho organizacional e suas relações com competências gerenciais, suporte organizacional e treinamento. R. Adm., São Paulo, v. 47, n. 4, p. 523-539, out./dez. 2012.; Godoy e D’amelio (2012)GODOY, A.; ANTONELLO, C. Competências individuais adquiridas durante os anos de graduação de alunos do Curso de Administração de Empresas. Revista de Ciências da Administração, v. 11, n. 23, p. 157-191, 2009.; Baisch, Estrada, Scherer et al. (2012BAISCH, L. et al. Gestão estratégica e as competências gerenciais no departamento de marketing: estudo de uma indústria de bebidas. Revista de Administração da UFSM, v. 5, n. esp., p. 729-748, 2012.); Galvão, Silva e Silva (2012GALVÃO, V.; SILVA, A.; SILVA, W. O desenvolvimento de competências gerenciais nas escolas públicas estaduais. Educação e Pesquisa, v. 38, n. 1, p. 131-147, 2012.); Brito e Leone (2012BRITO, L.; PAIVA, L.; LEONE, N. Perfil de competências gerenciais no Ensino Superior Tecnológico. Revista Ciências Administrativas, v. 18, n. 1, p. 189-216, jan./jun.2012.); Brito, Paiva e Leone (2012)BARÁTH, T. Effectiveness in public education: Models and aspects of leadership. In: ENIRDEM CONFERENCE, 2007. Proceedings… Budapest, 2007. Disponível em:<Disponível em:http://ofi.hu/effectiveness-public-education-models-and-aspects-leadership >. Acesso em 12 dez. 2015.
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; Sousa e Valadão Júnior (2013SOUSA, A.; VALADÃO JR, V. Competências gerenciais no contexto internacional: possíveis contribuições de cursos superiores brasileiros de Administração. Organizações & Sociedade, v. 20, n. 66, p. 383-402, 2013.); Paula, Peres, Bernardino et al. (2013PAULA, M. et al. Processo de trabalho e competências gerenciais do enfermeiro da estratégia saúde da família. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste-Rev Rene, v. 14, n. 5, 967-973, 2013.); Ferigotti e Fernandes (2014FERIGOTTI, C.; FERNANDES, B. Competências Gerenciais E Capacidade Para Inovação: O Caso da Electrolux Do Brasil S/A. RAI: revista de administração e inovação, v. 11, n. 1, p. 73-96, 2014.); Almeida e Muniz Júnior (2014ALMEIDA, J.; MUNIZ, J. Comportamentos gerenciais para implantação da norma de qualidade-uma análise para certificação Vda 6.3. In: SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 9, 2014. Anais... Resende, RJ, 2014.); Cardoso (2014)CARDOSO, A. Questão de Gênero: A Percepção de Alunos d Ex-Alunos de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração sobre Competências Gerenciais. Revista de Carreiras e Pessoas (ReCaPe), v. 4, n. 1, p. 18-34, 2014.; Irmão e Barbalho (2014IRMÃO, M.; BARBALHO, C. Competências gerenciais dos gestores de bibliotecas universitárias de instituições de ensino público em Manaus. Biblionline, v. 10, n. 2, p. 97-107, 2014.); Mello e Melo (2014MELLO, S.; MELO, P. Mapeando competências gerenciais dos integrantes do Fórum de Gestão de Pessoas da Rede Federal de Educação profissional, científica e tecnológica. In: CONGRESSO CONSAD DE GESTÃO PÚBLICA, 7, 2014. Anais...Brasília: CONSAD, 2014.); Regio, Schuch, Gomes et al. (2014REGIO, M. et al. Gestão de competências profissionais na formação de administradores. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, v. 19, n. 1, 129-153, 2014.); Santos e Honório (2014)SANTOS, E.; HONÓRIO, L. Competências Gerenciais em uma Rede Mineira de Farmácias. Revista Alcance, v. 21, n. 4, p. 650-673, 2014.; Silva, Gil e Okabayashi (2014)SILVA, E.; GIL, A.; OKABAYASHI, S. Competências na gestão pública: uma avaliação dos servidores públicos do Grande ABC paulista. Gestão Pública: Práticas e Desafios, v. 5, n. 1, p. 88-106, 2014.; Tosta e Dalmau (2014TOSTA, H.; DALMAU, M. Competências gerenciais requeridas aos gestores intermediários da Universidade Federal da Fronteira Sul. In: CONGRESSO CONSAD DE GESTÃO PÚBLICA, 7, 2014. Anais…Brasília: CONSAD , 2014.); Nascimento e Alves (2015NASCIMENTO, M.; ALVES, M. Competências do administrador: um estudo comparativo entre a percepção da academia e do mercado. In: SEGET - SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA DE GESTÃO E TECNOLOGIA, 7, 2015. Anais...Resende: SEGET, 2015.) e Peixoto e Souza (2015PEIXOTO, A.; SOUZA, J. Longe dos olhos, longe do coração: desafios de gestão de uma universidade pública a partir da percepção dos seus gestores. Revista Gestão Universitária na América Latina-GUAL, v. 8, n. 3, p. 240-260, 2015.).

Esses artigos apresentaram classificações diversas para as MC e foram aplicados em contextos variados, tanto ao serviço público (universidades e escolas públicas, instituições prisionais, prefeituras, organizações militares, companhias de energia elétrica, bancos públicos), quanto à iniciativa privada (laboratórios, empresas de tecnologia da informação, indústria de eletrodomésticos, empresas de confecções, empresas de marketing, dentre outros).

A análise de conteúdo relativa às classificações de MC nesses estudos tomou por base a nomenclatura e os termos utilizados nos estudos, aglutinando as MC por aproximação temática, tendo por base definições constitutivas e/ou operacionais apresentadas pelos próprios autores. Com isso, foi possível a identificação de 19 categorias definidas a posteriori, apresentadas no Quadro 4, juntamente com algumas expressões ou trechos que ensejaram a identificação respectiva categoria.

Quadro 4
Categorias de MC e expressões a ela referentes

Em geral, as categorias de MC identificadas nesses estudos são compatíveis com as classificações mais tradicionais de MC, que abordam aspectos voltados a relações, metas, mudanças. E, pode-se afirmar que quase todas as categorias são análogas à categorização de Quinn (1988QUINN, R. Beyond rational management: Mastering the paradoxes and competing demands of high performance. New Jersey: Jossey-Bass, 1988.). No entanto, as duas últimas categorias requerem comentários adicionais. Quanto à categoria ‘Atitudes e valores’, vale destacar que muitos estudos se revelam imprecisos na distinção entre valores organizacionais e componentes atitudinais das competências. Isso pode representar problemas, pois os as atitudes integram a definição tradicional de MC, mas os valores organizacionais não. De fato, os valores humanos interferem e compõem as atitudes e o comportamento dos indivíduos (SCHWARTZ e BILSKY, 1990SCHWARTZ, S.; BILSKY, W. Toward a theory of the universal content and structure of values: Extensions and cross-cultural replications. Journal of personality and social psychology, v. 58, n. 5, p. 878-891, 1990.) mas os valores organizacionais guiam o comportamento humano desejável de modo extrínseco, visando a subordinar interesses individuais aos coletivos, na consecução de metas compartilhadas (OLIVEIRA e TAMAYO, 2004OLIVEIRA, A.; TAMAYO, A. Inventário de perfis de valores organizacionais. Revista de Administração, v. 39, n. 2, p. 129-140, 2004.; TAMAYO, 2008TAMAYO, A. Valores organizacionais e comprometimento afetivo. Revista de Administração Mackenzie, v. 6, n. 3, p. 192-213, 2008.). De toda forma, faz-se necessário relatar que parece haver uma tendência de que os modelos e classificações de MC estejam cada vez mais incorporando valores organizacionais como norteadores das atitudes, e assim, passando a tratá-los nos quadros de MC. Ou seja, quando se pensa em que elementos são necessários para atuação profissional competente, faz-se necessário também considerar valores (CHEETHAM e CHIVERS, 2005).

Quanto à categoria ‘competências e habilidades técnicas’, vale frisar que a sua consideração no rol de MC é muito questionável, uma vez que competências técnicas estão voltadas a atividades operacionais, específicas e de assessoramento, e, em tese, não são relativas a gerentes. É possível que essa inclusão de competências técnicas no rol de MC se deva ao fato de que muitos gestores cheguem à atividade gerencial em decorrência de um desempenho superior em competências técnicas, até porque a atividade gerencial exige pelo menos um domínio mínimo necessário de competências técnicas no ramo ou área funcional de atuação, tal qual foi apresentado no modelo de Katz (1955KATZ, R. Skills of an effective administrator. Harvard Business, p. 33-42, 1955.), citado no referencial teórico. Contudo, acredita-se que os fenômenos devam ser tratados com distinção. Ou seja, mesmo considerando o papel relevante das competências técnicas para a atividade gerencial, os modelos de MC deveriam tratá-las à parte, uma vez que - embora haja especificidades do contexto - as MC são transversais por natureza (ÇIZEL, ANAFARTA e SARVAN, 2007ÇIZEL, B.; ANAFARTA, N.; SARVAN, F. An analysis of managerial competency needs in the tourism sector: the case of Turkey. Tourism Review, v. 62, n. 2, p. 14-22, 2007.), e competências técnicas caracterizam-se pela vinculação a determinadas profissões, áreas funcionais e ramos de negócio.

Finalizada a exposição dos trabalhos sobre MC selecionados, frisa-se que, em que pese Brandão (2007BRANDÃO, H. Competências no trabalho: uma análise da produção científica brasileira. Estudos de Psicologia, v. 12, n. 2, p. 149-158, 2007.) criticar os estudos que conceituam competências usando o elemento ‘combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes - CHAs’ e realizam mapeamentos de competências de forma segregada, alguns estudos selecionados neste referencial teórico continuam a diagnosticar as competências recorrendo a CHAs isoladamente. Melhor seria que os instrumentos e modelos sobre competências conjugassem CHAs em ‘comportamentos’, abordagem que se sugere como mais apropriada enquanto elemento agregador-sinérgico para os elementos do CHA.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo revisou pesquisas empíricas da última década, com o objetivo de identificar os modelos e as MC mais citadas. O modelo de Quinn (1988QUINN, R. Beyond rational management: Mastering the paradoxes and competing demands of high performance. New Jersey: Jossey-Bass, 1988.) foi o mais usado no período, embora tenha sido criado há quase três décadas. Seu uso e robustez provavelmente se dão por conta da amplitude (agregando MC privilegiadas pelas teorias afetas às metas racionais, relações humanas, processos internos, e perspectiva sistêmico-situacional) e por abranger as relações vivenciadas pelos gestores, a depender da ênfase no ambiente (interno ou externo) e em características do contexto e de seu próprio perfil (flexibilidade ou controle).

Ademais, com base no Quadro 4, ressalvando-se os estudos baseados no Modelo de Quinn (1988QUINN, R. Beyond rational management: Mastering the paradoxes and competing demands of high performance. New Jersey: Jossey-Bass, 1988.), a análise de conteúdo apontou que as dez MC com maior incidência nos estudos da última década (2005 a 2015) são: orientação para resultados (clientes, processos, custos, mercado, produtos, projetos etc.); habilidade com pessoas e equipes (relacionamento interpessoal, cooperação etc.); liderança, coordenação e motivação; habilidade com mudanças (inovações e capacidade de adaptação situacional); comunicação; planejamento; atitudes e valores (ética, iniciativa, comprometimento etc.); gestão do conhecimento; conhecimentos e habilidades técnicas; e organização e controle (alocação e mobilização de recursos e monitoramento).

As MC mencionadas não são, obrigatoriamente, as mais importantes ou as essenciais. Contudo, considera-se que este estudo traz contribuições ao campo, uma vez que a identificação das MC mais citadas consiste em uma etapa anterior à identificação das MC de maior relevo, sendo esta, portanto, uma recomendação para estudos futuros.

Assim, mesmo considerando as competências como dependentes do contexto, sugerem-se estudos capazes de evidenciar empiricamente as MC básicas, gerais, transversais ou comuns, independentemente do locus de pesquisa. É preciso avançar com a identificação de que elementos contextuais são críticos e quais podem ser considerados com menos rigor. Essa identificação poderá simplificar ou nortear os diagnósticos de MC, proporcionando que os futuros estudos se concentrem em mapear os comportamentos específicos e peculiares do locus de pesquisa estudado. Lamentavelmente, boa parte dos estudos que tentam propor um modelo genérico de MC negligenciam esses aspectos, desprezando as contribuições da escola francesa de competências, cuja pressuposição básica é a consideração do contexto como elemento central das competências.

Além de sanar esse desafio, na agenda de pesquisas futuras, também se incluem estudos que correlacionem as MC com o tempo de experiência dos gestores, pois acredita-se que a aprendizagem que transcende a maturação pode conferir maior gama de repertórios na atuação dos gestores; melhores subsídios para a tomada de decisão; e maior flexibilidade diante de contextos diversos (ABBAD e BORGES-ANDRADE, 2004ABBAD, G.; BORGES-ANDRADE, J. Aprendizagem humana nas organizações e trabalho. In: ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. B. (Org.). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 237-275.).

Vale frisar como limitação do estudo que, embora se tenha apresentado classificações ao longo de 11 anos (2005 a 2015, o levantamento realizado revela apenas o caráter estático das MC no período estudado, dado que o desenho da pesquisa adotou um recorte transversal e está limitado no tempo (JUNG, 2011JUNG, C. Metodologia Científica: Ênfase em Pesquisa Tecnológica. 3. ed. rev. e aum., 2003. Disponível em: <http://www.mecanica.ufrgs.br/promec/alunos/download/metodolo.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2015.
http://www.mecanica.ufrgs.br/promec/alun...
). Assim, a replicação desse estudo seria relevante, principalmente para verificar a dinâmica das MC ao longo dos próximos anos.

Enfim, consideradas as limitações, recomendações e sugestões de pesquisas futuras, espera-se que a presente identificação do modelo bem como das MC mais citadas no período contribua para que as organizações consigam cumprir com êxito os seus propósitos e, consequentemente, entreguem melhores resultados à sociedade.

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  • 5
    {Versão traduzida}

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan 2018

Histórico

  • Recebido
    28 Fev 2016
  • Aceito
    14 Set 2017
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