Acessibilidade / Reportar erro

Dinâmica das lógicas institucionais de sustentabilidade nas organizações: uma revisão sistemática de literatura

Dinámica de las lógicas institucionales de la sostenibilidad en las organizaciones: una revisión sistemática de la literatura

Resumo

As lógicas institucionais representam os sistemas de valores e crenças que orientam a ação de indivíduos ou organizações. Este estudo tem por objetivo identificar as dinâmicas de interações das lógicas que moldam as práticas de sustentabilidade nas organizações. A sistematização das diferentes categorias de interações entre lógicas possibilita analisar como a sustentabilidade pode ser incorporada nas organizações. A pesquisa foi desenvolvida com uma abordagem qualitativa, por meio de revisão sistemática e com uma análise temática para síntese e interpretação dos resultados. Observou-se que, com a interpretação das diferentes lógicas, desenvolvem-se as inter-relações de dominância, concorrência, coexistência ou hibridismo, as quais foram sistematizadas em categorias para analisar os processos de mudança para desenvolvimento da sustentabilidade nas organizações. Conclui-se que a aplicação das lógicas institucionais no campo da sustentabilidade avança além da perspectiva de desempenho ambiental, pois as categorias analíticas identificadas possibilitam compreender os processos de mudança para incorporar a sustentabilidade nas organizações. Na gestão das organizações, as lógicas institucionais permitem a elaboração de quadros para que os atores consigam criar uma linguagem comum para equacionar lógicas contraditórias e um valor compartilhado para as partes interessadas, além da própria organização.

Palavras-chave:
Sustentabilidade; Mudança institucional; Ecoempreendedorismo; Empreendedorismo sustentável

Resumen

Las lógicas institucionales representan los sistemas de valores y creencias que guían las acciones de los individuos u organizaciones. Este estudio tiene como objetivo identificar la dinámica de interacción de las lógicas que dan forma a las prácticas de sostenibilidad en las organizaciones. La sistematización de las diferentes categorías de interacciones entre lógicas permite analizar cómo se puede incorporar la sostenibilidad en las organizaciones. La investigación se desarrolló desde un enfoque cualitativo, a través de una revisión sistemática junto con un análisis temático para la síntesis e interpretación de resultados. Se observó que a partir de la interpretación de las distintas lógicas se desarrollan las interrelaciones de dominancia, competencia, convivencia o hibridez, las cuales fueron sistematizadas en categorías para analizar los procesos de cambio para el desarrollo de la sostenibilidad en las organizaciones. Se concluye que la aplicación de las lógicas institucionales en el campo de la sostenibilidad va más allá de la perspectiva del desempeño ambiental, ya que las categorías analíticas identificadas permiten comprender los procesos que promueven el cambio para incorporar la sostenibilidad en las organizaciones. En la gestión de las organizaciones, las lógicas institucionales permiten la elaboración de marcos para que los actores puedan crear un lenguaje común para equiparar lógicas contradictorias y crear valor compartido para las partes interesadas y para la propia organización.

Palabras clave:
Sostenibilidad; Cambio institucional; Ecoemprendimiento; Emprendimiento sostenible

Abstract

Institutional logic represents the systems of values and beliefs that guide the actions of individuals or organizations. This study aims to identify the dynamics of interactions of the logic that guides sustainability practices in organizations. Systematizing the different categories of interactions among logics makes it possible to analyze how sustainability can be incorporated into organizations. The research was developed from a qualitative approach through a systematic review and thematic analysis to synthesize and interpret results. From the interpretation of different logics, it was observed that the interrelationships of dominance, competition, coexistence, or hybridity are developed, which were systematized into categories to analyze the processes of change for the development of sustainability in organizations. It is concluded that applying institutional logic in the field of sustainability goes beyond the perspective of environmental performance, as the analytical categories identified make it possible to understand the processes that promote change to incorporate sustainability in organizations. In managing organizations, institutional logic allows the elaboration of frameworks so that the actors can create a common language to equate contradictory logic and create shared value for the interested parties and the organization itself.

Keywords:
Sustainability; Institutional change; Eco-entrepreneurship; Sustainable entrepreneurship

INTRODUÇÃO

As lógicas institucionais representam um conjunto de valores sociais amplamente compartilhados que influenciam práticas, interesses e identidades de indivíduos ou organizações (Thornton et al., 2012Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2012). The institutional logics perspective. Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001
https://doi.org/10.1093/acprof:oso/97801...
). Essa perspectiva tem sido utilizada para abordar os processos pelos quais as instituições surgem, transformam-se, e também para entender como os contextos institucionais podem influenciar uma mudança institucional em direção à sustentabilidade (Brodnik & Brown, 2018Brodnik, C., & Brown, R. (2018). Locating periods of institutional change agency: a mixed methods approach. International Journal of Sociology and Social Policy, 38(7-8), 510-525. https://doi.org/10.1108/IJSSP-12-2017-0161
https://doi.org/10.1108/IJSSP-12-2017-01...
; Hoffman & Jennings, 2015Hoffman, A. J., & Jennings, P. D. (2015). Institutional theory and the natural environment: research in (and on) the Anthropocene. Organization and Environment, 28(1), 8-31. https://doi.org/10.1177/1086026615575331
https://doi.org/10.1177/1086026615575331...
; Strambach & Pflitsch, 2020Strambach, S., & Pflitsch, G. (2020). Transition topology: capturing institutional dynamics in regional development paths to sustainability. Research Policy, 49(7), 104006. https://doi.org/10.1016/j.respol.2020.104006
https://doi.org/10.1016/j.respol.2020.10...
).

A integração das lógicas institucionais com o campo da sustentabilidade possibilita analisar de que forma os valores compartilhados são instanciados em práticas que materializam a sustentabilidade nas organizações (Cerbone & Maroun, 2020Cerbone, D., & Maroun, W. (2020). Materiality in an integrated reporting setting: insights using an institutional logics framework. British Accounting Review, 52(3), 100876. https://doi.org/10.1016/j.bar.2019.100876
https://doi.org/10.1016/j.bar.2019.10087...
).

A mudança rumo à sustentabilidade envolve diferentes organizações da sociedade (Hoffman & Ventresca, 1999Hoffman, A. J., & Ventresca, M. J. (1999). The institutional framing of policy debates. American Behavioral Scientist, 42(8), 1368-1392. https://doi.org/10.1177/00027649921954903
https://doi.org/10.1177/0002764992195490...
), as quais incorporam as estruturas sociais criadas por indivíduos para apoiar a busca colaborativa de objetivos (Scott & Davis, 2015Scott, W. R., & Davis, G. (2015). Organizations and Organizing. Routledge. https://doi.org/10.4324/9781315663371
https://doi.org/10.4324/9781315663371...
). Na literatura, as lógicas institucionais são aplicadas para analisar diversas organizações, como empresas privadas (Rossoni et al., 2020Rossoni, L., Poli, I. T., De Sinay, M. C. F., & De Araújo, G. A. (2020). Materiality of sustainable practices and the institutional logics of adoption: a comparative study of chemical road transportation companies. Journal of Cleaner Production, 246, 119058. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2019.119058
https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2019.1...
) e públicas (Argento et al., 2019Argento, D., Grossi, G., Persson, K., & Vingren, T. (2019). Sustainability disclosures of hybrid organizations: Swedish state-owned enterprises. Meditari Accountancy Research, 27(4), 505-533. https://doi.org/10.1108/MEDAR-07-2018-0362
https://doi.org/10.1108/MEDAR-07-2018-03...
), cooperativas (Mitzinneck & Besharov, 2019Mitzinneck, B. C., & Besharov, M. L. (2019). Managing value tensions in collective social entrepreneurship: the role of temporal, structural, and collaborative compromise. Journal of Business Ethics, 159(2), 381-400. https://doi.org/10.1007/s10551-018-4048-2
https://doi.org/10.1007/s10551-018-4048-...
) e empreendimentos sustentáveis (Gregori & Holzmann, 2020Gregori, P., & Holzmann, P. (2020). Digital sustainable entrepreneurship: a business model perspective on embedding digital technologies for social and environmental value creation. Journal of Cleaner Production, 272, 122817. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2020.122817
https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2020.1...
).

Os estudos devem ir além das investigações que buscam a correspondência dos padrões a partir de tipos ideais (Cruz, 2016Cruz, G. (2016). A criticism of the use of ideal types in studies on institutional logics. Organizações & Sociedade, 23(79), 646-655. https://doi.org/10.1590/1984-9230711
https://doi.org/10.1590/1984-9230711...
). As lógicas institucionais são ideias abstratas e, caso não sejam colocadas em ação por meio das práticas, se mantêm como ordens institucionais ou tipos ideais (Thornton et al., 2012Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2012). The institutional logics perspective. Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001
https://doi.org/10.1093/acprof:oso/97801...
). Nos contextos institucionais, há diferentes lógicas, que não são fixas e influenciam os atores, os quais as interpretam de maneiras diferentes e as traduzem em ações (Anderson-Gough et al., 2022Anderson-Gough, F., Edgley, C., Robson, K., & Sharma, N. (2022). Organizational responses to multiple logics: diversity, identity and the professional service firm. Accounting, Organizations and Society, 103, 101336. https://doi.org/10.1016/J.AOS.2022.101336.
https://doi.org/10.1016/J.AOS.2022.10133...
). Assim, é preciso avançar nas investigações sobre o funcionamento de múltiplas lógicas institucionais no contexto da mudança para a sustentabilidade (Narayanan & Adams, 2017Narayanan, V., & Adams, C. A. (2017). Transformative change towards sustainability: the interaction between organisational discourses and organisational practices. Accounting and Business Research, 47(3), 344-368. https://doi.org/10.1080/00014788.2016.1257930
https://doi.org/10.1080/00014788.2016.12...
).

As instituições estão sujeitas a diferentes prescrições de lógicas para a implantação da sustentabilidade (De Clercq & Voronov, 2011De Clercq, D., & Voronov, M. (2011). Sustainability in entrepreneurship: a tale of two logics. International Small Business Journal, 29(4), 322-344. https://doi.org/10.1177/0266242610372460
https://doi.org/10.1177/0266242610372460...
). Se há divergências entre as suposições e os interesses de indivíduos e organizações, pode haver conflitos entre essas lógicas (Frostenson & Helin, 2017Frostenson, M., & Helin, S. (2017). Ideas in conflict: a case study on tensions in the process of preparing sustainability reports. Sustainability Accounting, Management and Policy Journal, 8(2), 166-190. https://doi.org/10.1108/SAMPJ-02-2015-0015
https://doi.org/10.1108/SAMPJ-02-2015-00...
). Esses, porém, não são os únicos resultados possíveis. Há lógicas dominantes e coexistentes que levam a distintos entendimentos no processo de desenvolvimento da sustentabilidade (Kok et al., 2019Kok, A. M., De Bakker, F. G. A., & Groenewegen, P. (2019). Sustainability struggles: conflicting cultures and incompatible logics. Business and Society, 58(8), 1496-1532. https://doi.org/10.1177/0007650317703644
https://doi.org/10.1177/0007650317703644...
). Desse modo, desenvolvem-se as inter-relações entre as lógicas que moldam os diferentes valores pertinentes à sustentabilidade, que, a depender de como são apreendidos, resultam na manutenção ou em variações de práticas, criando oportunidades de mudanças institucionais ao longo do tempo, para maior engajamento organizacional à sustentabilidade (Dahlmann & Grosvold, 2017Dahlmann, F., & Grosvold, J. (2017). Environmental managers and institutional work: reconciling tensions of competing institutional logics. Business Ethics Quarterly, 27(2), 263-291. https://doi.org/10.1017/beq.2016.65
https://doi.org/10.1017/beq.2016.65...
).

Nesse processo, é importante analisar a estabilidade das inter-relações e ter em mente se é possível realinhar os conflitos entre as lógicas e as mudanças dessas relações de domínio de uma lógica sobre as demais, explorando outras interações (Cerbone & Maroun, 2020Cerbone, D., & Maroun, W. (2020). Materiality in an integrated reporting setting: insights using an institutional logics framework. British Accounting Review, 52(3), 100876. https://doi.org/10.1016/j.bar.2019.100876
https://doi.org/10.1016/j.bar.2019.10087...
). Assim, as pesquisas devem considerar a dinâmica das lógicas para investigar as relações de convergência ou divergência (Smink et al., 2015Smink, M., Negro, S. O., Niesten, E., & Hekkert, M. P. (2015). How mismatching institutional logics hinder niche-regime interaction and how boundary spanners intervene. Technological Forecasting and Social Change, 100, 225-237. https://doi.org/10.1016/j.techfore.2015.07.004
https://doi.org/10.1016/j.techfore.2015....
). Considerando que a forma como as organizações apreendem a sustentabilidade depende da exposição às interações entre as diferentes lógicas, recomenda-se avançar da perspectiva de confronto e incompatibilidade entre elas (Ashraf et al., 2019Ashraf, N., Pinkse, J., Ahmadsimab, A., Ul-Haq, S., & Badar, K. (2019). Divide and rule: the effects of diversity and network structure on a firm’s sustainability performance. Long Range Planning, 52(6), 101880. https://doi.org/10.1016/j.lrp.2019.04.002
https://doi.org/10.1016/j.lrp.2019.04.00...
).

Diante do exposto, o presente estudo foi desenvolvido com base na seguinte questão: como as dinâmicas de interação de diferentes lógicas institucionais influenciam as lógicas de sustentabilidade nas organizações? O objetivo é identificar as dinâmicas de interações entre as lógicas que orientam a sustentabilidade nas organizações. Essa abordagem vai além das pesquisas que enfocam as tensões entre valores conflitantes e lógicas dominantes que restringem as mudanças em direção à sustentabilidade. O artigo abordou a lacuna de pesquisa sobre como as diferentes interações entre múltiplas lógicas afetam o desenvolvimento da sustentabilidade por meio de novas categorias analíticas, sistematizadas pela revisão de literatura e que possibilitam compreender os mecanismos restritivos e habilitadores para a implantação de práticas que incorporem a sustentabilidade nas organizações.

A contribuição teórica abrange a aplicação das lógicas institucionais para a compreensão da mudança institucional no campo da sustentabilidade, que pode ser analisada por meio da dinâmica das inter-relações entre lógicas, explorando a forma como a sustentabilidade é concebida e faz sentido para atores e organizações, bem como analisando os mecanismos pelos quais os atores interpretam e articulam os diferentes valores da sustentabilidade, os quais orientam suas ações desenvolvidas por meio de práticas nas organizações. Como contribuição prática à gestão, podem-se elaborar quadros para que os atores criem uma linguagem comum para equacionar lógicas contraditórias e valores compartilhados para as partes interessadas e a própria organização.

Nas próximas seções, serão abordados o embasamento teórico, os procedimentos metodológicos e os resultados, em que são discutidas as concepções das lógicas que abrangem os valores de sustentabilidade e suas inter-relações, que podem influenciar as mudanças de lógicas para o desenvolvimento da sustentabilidade nas organizações. Por fim, são apresentadas as conclusões.

EMBASAMENTO TEÓRICO

As lógicas institucionais são constituídas pelos sistemas interinstitucionais mais amplos, descritos em tipos ideais: família, religião, mercado, corporação, profissão e comunidade. Elas compreendem simultaneamente os esquemas interpretativos, que refletem no surgimento de teorias, quadros ou narrativas, em linguagem comum, que interfere na cognição, nos interesses e na ação de indivíduos e organizações em dado contexto social e histórico específico. Assim, as lógicas fornecem aos atores sociais os quadros de referência que moldam a maneira como constroem suas identidades, dão sentido e interagem com o mundo ao seu redor (Thornton et al., 2012Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2012). The institutional logics perspective. Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001
https://doi.org/10.1093/acprof:oso/97801...
). É por meio desses enquadramentos que as organizações alinham os objetivos que serão traçados considerando sua exposição e imersão nas respectivas lógicas institucionais (Sharma et al., 2020Sharma, A., Moses, A. C., Borah, S. B., & Adhikary, A. (2020). Investigating the impact of workforce racial diversity on the organizational corporate social responsibility performance: an institutional logics perspective. Journal of Business Research, 107, 138-152. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.10.018
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.1...
).

A influência das lógicas não ocorre de forma determinista, como um roteiro a ser seguido, e sim com base numa multiplicidade de lógicas institucionais, fornecendo diferentes repertórios de princípios orientadores (Thornton et al., 2012Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2012). The institutional logics perspective. Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001
https://doi.org/10.1093/acprof:oso/97801...
). Diante disto, constitui-se a complexidade institucional, que exerce pressões e diferentes influências, muitas vezes conflitantes, afetando o comportamento em sociedade. As organizações experimentam a complexidade institucional em diferentes níveis e respondem de formas diversas. Os fatores contextuais podem apresentar desafios às organizações e oportunidades de mudança (Greenwood et al., 2011Greenwood, R., Raynard, M., Kodeih, F., Micelotta, E. R., & Lounsbury, M. (2011). Institutional complexity and organizational responses. Academy of Management Annals, 5(1), 317-371. https://doi.org/10.1080/19416520.2011.590299.
https://doi.org/10.1080/19416520.2011.59...
).

As pesquisas sobre as respostas das organizações à complexidade institucional enfocam fatores isolados, como distúrbios externos ou ações intencionais de atores poderosos. Em contraposição, uma abordagem integradora dos direcionadores de mudança considera as relações entre o escopo e as variáveis temporais, que afetam tanto o percurso quanto o resultado dos processos de mudança institucional. Assim, é preciso considerar as interações entre as lógicas e como os atores experimentam e negociam a complexidade de diferentes lógicas e os desdobramentos dessas relações (Micelotta et al., 2017Micelotta, E., Lounsbury, M., & Greenwood, R. (2017). Pathways of institutional change: an integrative review and research agenda. Journal of Management, 43(6), 1885-1910. https://doi.org/10.1177/0149206317699522
https://doi.org/10. https://doi.org/10.1...
). A perspectiva das lógicas institucionais permite integrar tais abordagens, pois abrange as relações entre macro e microcontexto, a ação da agência entre diferentes níveis, a dualidade entre lógicas e práticas, bem como o escopo de mudança incremental e disruptiva, além de múltiplas lógicas (Thornton et al., 2012Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2012). The institutional logics perspective. Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001
https://doi.org/10.1093/acprof:oso/97801...
).

Os desenvolvimentos teóricos associados à perspectiva das lógicas institucionais procuram explorar como as lógicas mudam ou novas lógicas surgem, a partir de diferentes fatores: estrutural; temporal e pelo empreendedorismo, que envolve agência, interesses e poder (Fuenfschilling & Truffer, 2014Fuenfschilling, L., & Truffer, B. (2014). The structuration of socio-technical regimes: conceptual foundations from institutional theory. Research Policy, 43(4), 772-791. https://doi.org/10.1016/j.respol.2013.10.010
https://doi.org/10.1016/j.respol.2013.10...
). As mudanças não ocorrem somente por choques externos, como em acidentes ambientais (Safari et al., 2020Safari, M., De Castro, V. B., & Steccolini, I. (2020). The interplay between home and host logics of accountability in multinational corporations (MNCs): the case of the Fundão dam disaster. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 33(8), 1761-1789. https://doi.org/10.1108/AAAJ-03-2019-3912
https://doi.org/10.1108/AAAJ-03-2019-391...
), mas também por respostas organizacionais frente à complexidade institucional a partir da representação interna de lógicas (Pache & Santos, 2013Pache, A.-C., & Santos, F. (2013). Inside the hybrid organization: selective coupling as a response to competing institutional logics. Academy of Management Journal, 56(4), 972-1001. https://doi.org/10.5465/amj.2011.0405
https://doi.org/10.5465/amj.2011.0405...
).

As implicações da multiplicidade de lógicas podem se manifestar em diferentes graus de conflito, o que possibilita uma variedade de relações entre lógicas, desde contestações até combinações e assimilações entre as lógicas (Besharov & Smith, 2014Besharov, M. L., & Smith, W. K. (2014). Multiple institutional logics in organizations: explaining their varied nature and implications. The Academy of Management Review, 39(3), 364-381. http://www.jstor.org/stable/43699249
http://www.jstor.org/stable/43699249...
). No entanto, os resultados possíveis de lógicas concorrentes não são apenas os conflitos abertos (Dunn & Jones, 2010Dunn, M. B., & Jones, C. (2010). Institutional logics and institutional pluralism: the contestation of care and science logics in medical education (1967-2005). Administrative Science Quarterly, 55(1), 114-149. https://doi.org/10.2189/asqu.2010.55.1.114
https://doi.org/10.2189/asqu.2010.55.1.1...
). As múltiplas lógicas possibilitam aos atores interpretarem os diferentes valores na incorporação de sustentabilidade nas organizações (Dobson, 2019Dobson, J. (2019). Reinterpreting urban institutions for sustainability: how epistemic networks shape knowledge and logics. Environmental Science and Policy, 92, 133-140. https://doi.org/10.1016/j.envsci.2018.11.018
https://doi.org/10.1016/j.envsci.2018.11...
). Eles podem usar as contradições para construir quadros diversificados, a fim de atingir públicos com valores heterogêneos (Grinevich et al., 2019Grinevich, V., Huber, F., Karataş-Özkan, M., & Yavuz, Ç. (2019). Green entrepreneurship in the sharing economy: utilising multiplicity of institutional logics. Small Business Economics, 52(4), 859-876. https://doi.org/10.1007/s11187-017-9935-x
https://doi.org/10.1007/s11187-017-9935-...
) e como oportunidades de legitimidade das organizações (Gregori et al., 2019Gregori, P., Wdowiak, M., Schwarz, E., & Holzmann, P. (2019). Exploring value creation in sustainable entrepreneurship: insights from the institutional logics perspective and the business model lens. Sustainability, 11(9), 2505. https://doi.org/10.3390/su11092505
https://doi.org/10.3390/su11092505...
), desencadeando múltiplas respostas: reativas, proativas e colaborativas (Hetemi et al., 2020Hetemi, E., Ordieres-Meré, J., & Nuur, C. (2020). An institutional approach to digitalization in sustainability-oriented infrastructure projects: the limits of the building information model. Sustainability, 12(9), 3893. https://doi.org/10.3390/su12093893
https://doi.org/10.3390/su12093893...
). Além disso, os valores concorrentes podem ser equacionados por meio do hibridismo (Pache & Thornton, 2020Pache, A.-C., & Thornton, P. H. (2020). Hybridity and institutional logics. In: M. L. Besharov, & B. C. Mitzinneck (ed.). Organizational hybridity: perspectives, processes, promises.. Leeds: Emerald Publishing Limitedhttps://doi.org/10.1108/S0733-558X20200000069002
https://doi.org/10.1108/S0733-558X202000...
). Assim, é fundamental considerar as relações cooperativas e competitivas na tentativa de compreender como a mudança ocorre ou a estabilidade é mantida (Waldorff et al., 2013Waldorff, S. B., Reay, T., & Goodrick, E. (2013). A tale of two countries: how different constellations of logics impact action. In M. Lounsbury, & E. Boxenbaum (Eds.), Institutional logics in action, part A. Leeds: Emerald Group Publishing Limited. https://doi.org/10.1108/S0733-558X (2013)0039AB008
https://doi.org/10.1108/S0733-558X (2013...
).

Nas pesquisas, há o enfoque na sobreposição de uma lógica sobre outra (Montabon et al., 2016Montabon, F., Pagell, M., & Wu, Z. (2016). Making sustainability sustainable. Journal of Supply Chain Management, 52(2), 11-27. https://doi.org/10.1111/jscm.12103
https://doi.org/10.1111/jscm.12103...
), mas também o reconhecimento da coexistência de múltiplas lógicas por extensos períodos, sem que necessariamente haja predomínio de uma sobre as demais (De Clercq & Voronov, 2011De Clercq, D., & Voronov, M. (2011). Sustainability in entrepreneurship: a tale of two logics. International Small Business Journal, 29(4), 322-344. https://doi.org/10.1177/0266242610372460
https://doi.org/10.1177/0266242610372460...
). As análises, muitas vezes, se pautam nas lógicas restritivas às mudanças nas lógicas vigentes (McLoughlin & Meehan, 2021McLoughlin, K., & Meehan, J. (2021). The institutional logic of the sustainable organisation: the case of a chocolate supply network. International Journal of Operations and Production Management, 41(3), 251-274. https://doi.org/10.1108/IJOPM-11-2020-0773
https://doi.org/10.1108/IJOPM-11-2020-07...
) ou nos efeitos sobre as variações de práticas (Herold & Lee, 2017Herold, D., & Lee, K.-H. (2017). The influence of the sustainability logic on carbon disclosure in the global logistics industry: the Case of DHL, FDX and UPS. Sustainability, 9(4), 601. https://doi.org/10.3390/su9040601
https://doi.org/10.3390/su9040601...
; Mahmood & Uddin, 2020Mahmood, Z., & Uddin, S. (2020). Institutional logics and practice variations in sustainability reporting: evidence from an emerging field. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 34(5), 1163-1189. https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2019-4086
https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2019-408...
). Contudo, há uma dinâmica nas relações entre elas, num processo recursivo entre lógicas e práticas (Thornton et al., 2012Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2012). The institutional logics perspective. Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001
https://doi.org/10.1093/acprof:oso/97801...
) que afeta tais inter-relações, com possibilidades de mudanças incrementais ou disruptivas. Desse modo, é possível explorar outras inter-relações entre lógicas que podem variar em relação ao contexto (Contrafatto et al., 2019Contrafatto, M., Costa, E., & Pesci, C. (2019). Examining the dynamics of SER evolution: an institutional understanding. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 32(6), 1771-1800. https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2017-3044
https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2017-304...
) e estão sujeitas à transição ao longo do tempo (Franco-Torres et al., 2020Franco-Torres, M., Rogers, B. C., & Ugarelli, R. M. (2020). A framework to explain the role of boundary objects in sustainability transitions. Environmental Innovation and Societal Transitions, 36, 34-48. https://doi.org/10.1016/j.eist.2020.04.010
https://doi.org/10.1016/j.eist.2020.04.0...
; Hayes & Rajão, 2011Hayes, N., & Rajão, R. (2011). Competing institutional logics and sustainable development: the case of geographic information systems in Brazil’s Amazon region. Information Technology for Development, 17(1), 4-23. https://doi.org/10.1080/02681102.2010.511701
https://doi.org/10.1080/02681102.2010.51...
), possibilitando analisar a incorporação da sustentabilidade pelas organizações.

MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi conduzido por uma revisão sistemática de literatura, seguindo as etapas de planejamento, seleção, extração e síntese (Okoli & Schabram, 2010Okoli, C., & Schabram, K. (2010). A guide to conducting a systematic literature review of information systems research. SSRN Electronic Journal. https://doi.org/10.2139/ssrn.1954824
https://doi.org/10.2139/ssrn.1954824...
). Para a operacionalização, foram utilizados os softwares Start e Atlas.ti, que proporcionaram ferramentas complementares para as etapas da revisão.

O planejamento da pesquisa foi feito junto com uma análise exploratória e um breve levantamento da literatura sobre lógicas e sustentabilidade, a fim de testar as palavras-chave que seriam utilizadas e seu retorno na busca nas bases de dados, assim como a aplicabilidade dos critérios de seleção. Essa análise prévia embasou o protocolo de pesquisa, utilizado para manter a consistência na aplicação dos critérios adotados, de modo a garantir o rigor e a abrangência da pesquisa, com a literatura relevante para este estudo. O protocolo foi composto pelos seguintes itens:

  1. Pergunta de pesquisa: “Como as dinâmicas de interação das lógicas institucionais influenciam a sustentabilidade nas organizações?”.

  2. Palavras-chave utilizadas: institutional logic perspective and sustainability, institutional logic and sustainable entrepreneurship e sustainability logic.

  3. Bases eletrônicas indexadoras consultadas: Scopus, Science Direct, Web of Science e Scielo.

  4. Critérios de inclusão: utiliza a lente da lógica institucional e relaciona ao tema sustentabilidade.

  5. Critérios de exclusão: não estava em português ou em inglês; não utilizou a perspectiva da lógica institucional; utilizou a metateoria da lógica institucional, mas não abordou sustentabilidade no estudo; não é artigo científico.

  6. Procedimentos de análise: extração e síntese dos dados.

A pesquisa foi realizada no período de maio a setembro de 2021 e não houve restrição de ano de publicação dos artigos na busca bibliográfica. Foram selecionados artigos que continham os conceitos relacionados com sustentabilidade, no que se refere aos aspectos ambientais, sociais e econômicos. Optou-se por estudos escritos em língua inglesa, internacionalmente aceita para trabalhos científicos, e foram incluídos apenas os artigos acadêmicos completos, por serem estudos revisados por pares e publicados em periódico acadêmico. Portanto, livros e materiais publicados em conferência foram excluídos.

Para a análise dos dados, nas etapas de extração e síntese, foi utilizada a análise temática (Braun & Clarke, 2006Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77-101. https://doi.org/10.1191/1478088706qp063oa
https://doi.org/10.1191/1478088706qp063o...
), com a combinação de métodos dedutivo e indutivo (Fereday & Muir-Cochrane, 2006Fereday, J., & Muir-Cochrane, E. (2006). Demonstrating rigor using thematic analysis: a hybrid approach of inductive and deductive coding and theme development. International Journal of Qualitative Methods, 5(1), 80-92. https://doi.org/10.1177/160940690600500107
https://doi.org/10.1177/1609406906005001...
). Para tanto, considerou-se a prevalência de informações, identificando os padrões nos textos estudados, aos quais foram atribuídos códigos baseados na questão de pesquisa e o referencial teórico das lógicas institucionais (Thornton et al., 2012Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2012). The institutional logics perspective. Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001
https://doi.org/10.1093/acprof:oso/97801...
). Na sequência, os códigos semelhantes foram sintetizados em temas mais abrangentes, levando em conta a homogeneidade interna e a heterogeneidade externa para a elaboração de categorias analíticas (Patton, 1990).

RESULTADOS E ANÁLISES

Com base na análise dos dados, foi possível discutir as abordagens da sustentabilidade, que envolvem as interações de indivíduos e organização, sujeitos às dinâmicas de inter-relações das diferentes lógicas institucionais, as quais podem reverberar em mudanças institucionais. Para melhor compreensão de como as lógicas influenciam as ações e as práticas de promoção da sustentabilidade nas organizações, os resultados foram classificados nos seguintes temas-chave: formação da lógica da sustentabilidade, dinâmica de inter-relações entre lógicas e mudança institucional (Quadro 1), que foram detalhados nos tópicos seguintes.

Quadro 1
Descrição dos temas-chave identificados na análise dos resultados

Formação das lógicas da sustentabilidade

Em relação às lógicas que representam os aspectos da sustentabilidade, há diversas denominações e descrições peculiares ao campo institucional estudado. Assim, há particularidades nas percepções e nas aplicações dos diferentes valores dessas lógicas para tratar das questões de sustentabilidade nas organizações. Entre os elementos que compõem essas lógicas, destacam-se os de comunidade (Argento et al., 2019Argento, D., Grossi, G., Persson, K., & Vingren, T. (2019). Sustainability disclosures of hybrid organizations: Swedish state-owned enterprises. Meditari Accountancy Research, 27(4), 505-533. https://doi.org/10.1108/MEDAR-07-2018-0362
https://doi.org/10.1108/MEDAR-07-2018-03...
; Lee & Lounsbury, 2015Lee, M.-D. P., & Lounsbury, M. (2015). Filtering institutional logics: community logic variation and differential responses to the institutional complexity of toxic waste. Organization Science, 26(3), 847-866. https://doi.org/10.1287/orsc.2014.0959
https://doi.org/10.1287/orsc.2014.0959...
; Sharma et al., 2020Sharma, A., Moses, A. C., Borah, S. B., & Adhikary, A. (2020). Investigating the impact of workforce racial diversity on the organizational corporate social responsibility performance: an institutional logics perspective. Journal of Business Research, 107, 138-152. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.10.018
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.1...
), mas há uma variedade de combinações de elementos para a concepção de lógicas que moldam os princípios de sustentabilidade, a depender do contexto considerado, como família e comunidade em pequenos negócios (Kiefhaber et al., 2020Kiefhaber, E., Pavlovich, K., & Spraul, K. (2020). Sustainability-related identities and the institutional environment: the case of New Zealand owner-managers of small-and medium-sized hospitality businesses. Journal of Business Ethics, 163(1), 37-51. https://doi.org/10.1007/s10551-018-3990-3
https://doi.org/10.1007/s10551-018-3990-...
); mercado, Estado, profissão e comunidade, para tratar das questões de mudanças climáticas (Ansari et al., 2013Ansari, S. S., Wijen, F., & Gray, B. (2013). Constructing a climate change logic: an institutional perspective on the “tragedy of the commons”. Organization Science, 24(4), 1014-1040. https://doi.org/10.1287/orsc.1120.0799
https://doi.org/10.1287/orsc.1120.0799...
); governo, comunidade, família e religião nos modelos de negócios de sustentabilidade (Laasch, 2018Laasch, O. (2018). Beyond the purely commercial business model: organizational value logics and the heterogeneity of sustainability business models. Long Range Planning, 51(1), 158-183. https://doi.org/10.1016/j.lrp.2017.09.002
https://doi.org/10.1016/j.lrp.2017.09.00...
); família e religião em negócios socioambientais (Gregori et al., 2019Gregori, P., Wdowiak, M., Schwarz, E., & Holzmann, P. (2019). Exploring value creation in sustainable entrepreneurship: insights from the institutional logics perspective and the business model lens. Sustainability, 11(9), 2505. https://doi.org/10.3390/su11092505
https://doi.org/10.3390/su11092505...
).

Ademais, as lógicas que abordam a sustentabilidade devem considerar a interdependência entre as esferas ambiental, social e econômica (Corbett et al., 2018Corbett, J., Webster, J., & Jenkin, T. A. (2018). Unmasking corporate sustainability at the project level: exploring the influence of institutional logics and individual agency. Journal of Business Ethics, 147(2), 261-286. https://doi.org/10.1007/s10551-015-2945-1
https://doi.org/10.1007/s10551-015-2945-...
; Heiskanen, 2002Heiskanen, E. (2002). The institutional logic of life cycle thinking. Journal of Cleaner Production, 10(5), 427-437. https://doi.org/10.1016/S0959-6526(02)00014-8
https://doi.org/10.1016/S0959-6526(02)00...
; Montabon et al., 2016Montabon, F., Pagell, M., & Wu, Z. (2016). Making sustainability sustainable. Journal of Supply Chain Management, 52(2), 11-27. https://doi.org/10.1111/jscm.12103
https://doi.org/10.1111/jscm.12103...
), portanto buscam equilibrar os diferentes interesses pertinentes aos respectivos valores envolvidos (Mars & Lounsbury, 2009Mars, M. M., & Lounsbury, M. (2009). Raging against or with the private marketplace? Logic hybridity and eco-entrepreneurship. Journal of Management Inquiry, 18(1), 4-13. https://doi.org/10.1177/1056492608328234
https://doi.org/10.1177/1056492608328234...
; York et al., 2016York, J. G., O’Neil, I., & Sarasvathy, S. D. (2016). Exploring environmental entrepreneurship: identity coupling, venture goals, and stakeholder incentives. Journal of Management Studies, 53(5), 695-737. https://doi.org/10.1111/joms.12198
https://doi.org/10.1111/joms.12198...
). Nessa perspectiva, a lógica de sustentabilidade explicita os valores não financeiros relacionados com a ética (Frostenson & Helin, 2017Frostenson, M., & Helin, S. (2017). Ideas in conflict: a case study on tensions in the process of preparing sustainability reports. Sustainability Accounting, Management and Policy Journal, 8(2), 166-190. https://doi.org/10.1108/SAMPJ-02-2015-0015
https://doi.org/10.1108/SAMPJ-02-2015-00...
) e abrange a visão de longo prazo para a manutenção da vida (Hayes & Rajão, 2011Hayes, N., & Rajão, R. (2011). Competing institutional logics and sustainable development: the case of geographic information systems in Brazil’s Amazon region. Information Technology for Development, 17(1), 4-23. https://doi.org/10.1080/02681102.2010.511701
https://doi.org/10.1080/02681102.2010.51...
), assim como as questões que envolvem a justiça ambiental (Martínez-Alier, 2012Martínez-Alier, J. (2012). Environmental justice and economic degrowth: an alliance between two movements. Capitalism, Nature, Socialism, 23(1). https://doi.org/10.1080/10455752.2011.648839
https://doi.org/10.1080/10455752.2011.64...
).

A constituição das lógicas de sustentabilidade ocorre de forma complexa, pois é uma construção social, em desenvolvimento, que engloba diversos setores da sociedade. Esse processo envolve a interconexão entre os aspectos ambientais, sociais e econômicos, que podem ser divergentes, a depender de como são interpretados e manipulados, de forma a enfatizar um desses valores em detrimento dos outros (Hoffman & Ventresca, 1999Hoffman, A. J., & Ventresca, M. J. (1999). The institutional framing of policy debates. American Behavioral Scientist, 42(8), 1368-1392. https://doi.org/10.1177/00027649921954903
https://doi.org/10.1177/0002764992195490...
). As percepções dos atores diante de diferentes lógicas no contexto em que estão inseridos influenciam o desenvolvimento da sustentabilidade, como será abordado nos tópicos seguintes.

Dinâmicas de inter-relação entre as lógicas

A pluralidade de lógicas nos contextos sociais implica uma complexidade institucional e fornece diferentes repertórios de princípios orientadores, que influenciam a cognição e a ação dos atores sociais, com base na complementariedade ou nas contradições entre diferentes lógicas (Greenwood et al., 2011Greenwood, R., Raynard, M., Kodeih, F., Micelotta, E. R., & Lounsbury, M. (2011). Institutional complexity and organizational responses. Academy of Management Annals, 5(1), 317-371. https://doi.org/10.1080/19416520.2011.590299.
https://doi.org/10.1080/19416520.2011.59...
; Thornton et al., 2012Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2012). The institutional logics perspective. Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001
https://doi.org/10.1093/acprof:oso/97801...
). Como a formação da lógica da sustentabilidade sobre interferência de outras que moldam o contexto das organizações, desenvolve-se uma dinâmica de inter-relação entre elas, visando ao desenvolvimento de práticas de sustentabilidade. As principais inter-relações entre as lógicas foram classificadas nas seguintes categorias analíticas: coexistência, concorrência, dominância e hibridização (Figura 1).

Figura 1
Categorias de inter-relações entre as lógicas institucionais de sustentabilidade

As categorias identificadas coadunam com a discussão presente na literatura sobre os resultados das contradições geradas em função de as lógicas enfocarem diferentes valores, que podem ser divergentes ou incompatíveis (Friedland & Alford, 1991Friedland, R., & Alford, R. R. (1991). The new instituonalism in organizacional analysis. University of Chicago.), gerando conflitos (Pache & Santos, 2013Pache, A.-C., & Santos, F. (2013). Inside the hybrid organization: selective coupling as a response to competing institutional logics. Academy of Management Journal, 56(4), 972-1001. https://doi.org/10.5465/amj.2011.0405
https://doi.org/10.5465/amj.2011.0405...
; Thornton & Ocasio, 2008Thornton, P. H., & Ocasio, W. (2008). The Sage handbook of organizational institutionalism. Sage Publications Ltd. https://doi.org/10.4135/9781849200387
https://doi.org/10.4135/9781849200387...
). Contudo, esse não é o único resultado possível, pois os atores podem combinar diferentes lógicas numa bricolagem (Binder, 2007Binder, A. (2007). For love and money: organizations’ creative responses to multiple environmental logics. Theory and Society, 36(6), 547-571. https://doi.org/10.1007/s11186-007-9045-x
https://doi.org/10.1007/s11186-007-9045-...
), assim como as lógicas podem coexistir (Suddaby & Greenwood, 2009Suddaby, R., & Greenwood, R. (2009). Methodological issues in researching institutions and institutional change. In D. A. Buchanan, & A. Bryman(Eds.), The Sage handbook of organizational research methods. Sage Publications Ltd.), competir (Battilana & Dorado, 2010Battilana, J., & Dorado, S. (2010). Building sustainable hybrid organizations: the case of commercial microfinance organizations. Academy of Management Journal, 53(6), 1419-1440. https://doi.org/10.5465/amj.2010.57318391
https://doi.org/10.5465/amj.2010.5731839...
), contradizer-se ou complementar-se, reforçando ou enfraquecendo a estrutura do campo (Fuenfschilling & Truffer, 2014Fuenfschilling, L., & Truffer, B. (2014). The structuration of socio-technical regimes: conceptual foundations from institutional theory. Research Policy, 43(4), 772-791. https://doi.org/10.1016/j.respol.2013.10.010
https://doi.org/10.1016/j.respol.2013.10...
). Na medida em que as prescrições e as proscrições de diferentes lógicas são incompatíveis, ou pelo menos parecem sê-lo, geram, inevitavelmente, desafios para as organizações a elas expostas (Greenwood et al., 2011Suddaby, R., & Greenwood, R. (2009). Methodological issues in researching institutions and institutional change. In D. A. Buchanan, & A. Bryman(Eds.), The Sage handbook of organizational research methods. Sage Publications Ltd.). A forma como as organizações lidam com diferentes influências pode abranger competição, coexistência, hibridização, entre outras (Misangyi, 2016Misangyi, V. F. (2016). Institutional complexity and the meaning of loose coupling: connecting institutional sayings and (not) doings. Strategic Organization, 14(4), 407-440. https://doi.org/10.1177/1476127016635481
https://doi.org/10.1177/1476127016635481...
).

Coexistência

A coexistência ocorre quando diferentes lógicas influenciam atores ou organizações sem que uma sobressaia sobre a outra. Os atores criam quadros comuns entre os diferentes valores para gerenciar as lógicas em paralelo, podendo haver conflito quando há valores divergentes.

As organizações podem se valer da complementariedade dos elementos constituintes das lógicas coexistentes para atingir os objetivos dos empreendimentos de economia compartilhada, de modo que utilizam as diferentes lógicas que envolvem a sustentabilidade como estratégia para a sobrevivência da organização (Grinevich et al., 2019Grinevich, V., Huber, F., Karataş-Özkan, M., & Yavuz, Ç. (2019). Green entrepreneurship in the sharing economy: utilising multiplicity of institutional logics. Small Business Economics, 52(4), 859-876. https://doi.org/10.1007/s11187-017-9935-x
https://doi.org/10.1007/s11187-017-9935-...
). De igual modo, múltiplas lógicas nem sempre resultam em mudança institucional, pois podem permanecer em coexistência no campo (Mars & Lounsbury, 2009Mars, M. M., & Lounsbury, M. (2009). Raging against or with the private marketplace? Logic hybridity and eco-entrepreneurship. Journal of Management Inquiry, 18(1), 4-13. https://doi.org/10.1177/1056492608328234
https://doi.org/10.1177/1056492608328234...
).

Além da complementariedade entre as lógicas coexistentes, os atores também lidam com trade-offs entre as contradições de lógicas e desenvolvem compromissos temporal, estrutural e colaborativos para lidar com as tensões que ocorrem em razão de prioridades divergentes dos atores (Mitzinneck & Besharov, 2019Mitzinneck, B. C., & Besharov, M. L. (2019). Managing value tensions in collective social entrepreneurship: the role of temporal, structural, and collaborative compromise. Journal of Business Ethics, 159(2), 381-400. https://doi.org/10.1007/s10551-018-4048-2
https://doi.org/10.1007/s10551-018-4048-...
).

A divergência de valores decorrentes da coexistência entre lógicas resultou em variações das práticas, como na elaboração de relatórios de sustentabilidade (Cerbone & Maroun, 2020Cerbone, D., & Maroun, W. (2020). Materiality in an integrated reporting setting: insights using an institutional logics framework. British Accounting Review, 52(3), 100876. https://doi.org/10.1016/j.bar.2019.100876
https://doi.org/10.1016/j.bar.2019.10087...
; Mahmood & Uddin, 2020Mahmood, Z., & Uddin, S. (2020). Institutional logics and practice variations in sustainability reporting: evidence from an emerging field. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 34(5), 1163-1189. https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2019-4086
https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2019-408...
), assim como a coexistência de múltiplas lógicas moldou a atitude corporativa em relação ao engajamento e à divulgação da responsabilidade social corporativa (Siddiqui et al., 2021Siddiqui, J., Mehjabeen, M., & Stapleton, P. (2021). Emergence of corporate political activities in the guise of social responsibility: dispatches from a developing economy. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 34(5), 1137-1162. https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2019-4087
https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2019-408...
) e da institucionalização da auditoria de sustentabilidade (Silvola & Vinnari, 2021Silvola, H., & Vinnari, E. (2021). The limits of institutional work: a field study on auditors’ efforts to promote sustainability assurance in a trust society. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 34(1), 1-30. https://doi.org/10.1108/AAAJ-02-2019-3890
https://doi.org/10.1108/AAAJ-02-2019-389...
).

Concorrência

A inter-relação de lógicas concorrentes ocorre em função dos diferentes elementos que as constituem. Assim, concorrem pela atenção ou por recursos institucionais na cognição e na ação dos atores sociais (Contrafatto et al., 2019Contrafatto, M., Costa, E., & Pesci, C. (2019). Examining the dynamics of SER evolution: an institutional understanding. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 32(6), 1771-1800. https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2017-3044
https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2017-304...
). As diferentes lógicas proporcionam contradições que podem resultar em fontes de variações nas crenças e nas práticas dos indivíduos (Lounsbury & Crumley, 2007Lounsbury, M., & Crumley, E. T. (2007). New practice creation: an institutional perspective on innovation. Organization Studies, 28(7), 993-1012. https://doi.org/10.1177/0170840607078111
https://doi.org/10.1177/0170840607078111...
). Isso se dá quando os empreendedores institucionais tentam promover as lógicas que incorporam a sustentabilidade ao mesmo tempo que procuram se adaptar à lógica de mercado, levando à necessidade de construir conexões entre as duas lógicas concorrentes (Arenas et al., 2020Arenas, D., Strumińska-Kutra, M., & Landoni, P. (2020). Walking the tightrope and stirring things up: exploring the institutional work of sustainable entrepreneurs. Business Strategy and the Environment, 29(8), 3055-3071. https://doi.org/10.1002/bse.2557
https://doi.org/10.1002/bse.2557...
).

Desse modo, os gestores ambientais enfrentam a concorrência entre uma lógica baseada no mercado e uma lógica ambiental emergente em empresas de setores econômicos sensíveis ambientalmente, como os de alimentos/bebidas, eletrônicos, engenharia, varejo, transporte e produtos químicos (Dahlmann & Grosvold, 2017Dahlmann, F., & Grosvold, J. (2017). Environmental managers and institutional work: reconciling tensions of competing institutional logics. Business Ethics Quarterly, 27(2), 263-291. https://doi.org/10.1017/beq.2016.65
https://doi.org/10.1017/beq.2016.65...
).

As lógicas concorrentes permitem as variações nas práticas e dividem o foco de atenção dos atores sociais nos processos decisórios, que podem partir de uma abordagem pragmática, voltada ao lucro, ou normativa, embasada nas prescrições de sustentabilidade na elaboração dos relatórios de carbono (Herold & Lee, 2017Herold, D., & Lee, K.-H. (2017). The influence of the sustainability logic on carbon disclosure in the global logistics industry: the Case of DHL, FDX and UPS. Sustainability, 9(4), 601. https://doi.org/10.3390/su9040601
https://doi.org/10.3390/su9040601...
). Como resultado, há o cumprimento instrumental de requisitos normativos ou processos de mudança incrementais da lógica de prestação de contas nos relatórios de sustentabilidade (Albu et al., 2020Albu, N., Albu, C. N., Apostol, O., & Cho, C. H. (2020). The past is never dead: the role of imprints in shaping social and environmental reporting in a post-communist context. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 34(5), 1109-1136. https://doi.org/10.1108/AAAJ-08-2019-4131>
https://doi.org/10.1108/AAAJ-08-2019-413...
).

Dominância

A inter-relação de dominância se desenvolve quando uma lógica prevalece sobre as demais e isso reflete nas escolhas e na tomada de decisão dos atores sociais. A incompatibilidade entre a lógica ambiental e a de mercado faz com que se priorize determinada lógica, mesmo em organizações que têm sistema de gestão ambiental (Misangyi, 2016Misangyi, V. F. (2016). Institutional complexity and the meaning of loose coupling: connecting institutional sayings and (not) doings. Strategic Organization, 14(4), 407-440. https://doi.org/10.1177/1476127016635481
https://doi.org/10.1177/1476127016635481...
).

As lógicas dominantes prevalecem num campo institucional (Gümüsay et al., 2020Gümüsay, A. A., Claus, L., & Amis, J. (2020). Engaging with grand challenges: an institutional logics perspective. Organization Theory, 1(3), 263178772096048. https://doi.org/10.1177/2631787720960487
https://doi.org/10.1177/2631787720960487...
) e podem restringir mudanças, uma vez que estão ligadas ao poder e ao controle (Suddaby & Greenwood, 2009Suddaby, R., & Greenwood, R. (2009). Methodological issues in researching institutions and institutional change. In D. A. Buchanan, & A. Bryman(Eds.), The Sage handbook of organizational research methods. Sage Publications Ltd.). Contudo, quando as práticas são disseminadas no contexto em que a lógica de mercado é percebida como dominante, as ideias divergentes são descartadas ou os argumentos baseados nessa lógica são fortalecidos, sendo restringidas as mudanças para a sustentabilidade (Järvenpää & Länsiluoto, 2016Järvenpää, M., & Länsiluoto, A. (2016). Collective identity, institutional logic and environmental management accounting change. Journal of Accounting & Organizational Change, 12(2), 152-176. https://doi.org/10.1108/JAOC-11-2013-0094
https://doi.org/10.1108/JAOC-11-2013-009...
; Stål, 2015Stål, H. I. (2015). Inertia and change related to sustainability: an institutional approach. Journal of Cleaner Production, 99, 354-365. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2015.02.035
https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2015.0...
), como observado na dominância da lógica de mercado, que restringiu o desenvolvimento da sustentabilidade (McLoughlin & Meehan, 2021McLoughlin, K., & Meehan, J. (2021). The institutional logic of the sustainable organisation: the case of a chocolate supply network. International Journal of Operations and Production Management, 41(3), 251-274. https://doi.org/10.1108/IJOPM-11-2020-0773
https://doi.org/10.1108/IJOPM-11-2020-07...
).

Hoffman e Jennings (2015Hoffman, A. J., & Jennings, P. D. (2015). Institutional theory and the natural environment: research in (and on) the Anthropocene. Organization and Environment, 28(1), 8-31. https://doi.org/10.1177/1086026615575331
https://doi.org/10.1177/1086026615575331...
) enfatizam que é preciso desafiar e impulsionar mudanças, visto que a sustentabilidade é pensada por uma perspectiva da lógica dominante de mercado. Na literatura, há a proposição da lógica ecológica que desafia a perspectiva atual de dominância da lógica instrumental, que orienta tanto práticas gerenciais quanto as pesquisas em cadeias de suprimentos, com foco em como as empresas podem se tornar menos insustentáveis, o que pode ser confundido com “tornar-se sustentável” (Montabon et al., 2016Montabon, F., Pagell, M., & Wu, Z. (2016). Making sustainability sustainable. Journal of Supply Chain Management, 52(2), 11-27. https://doi.org/10.1111/jscm.12103
https://doi.org/10.1111/jscm.12103...
).

O ambientalismo e a gestão verde surgiram como lógicas institucionais alternativas para desafiar a lógica tradicional do mercado (Lounsbury et al., 2012Lounsbury, M, Fairclough, S., & Lee, M.-D. P. (2012). Institutional approaches to organizations and the natural environment. In P. Banasal, & A. J. Hoffman (Eds.), The Oxford handbook of business and the natural environment. The Oxford University.), como nas relações entre os movimentos sociais e o contexto político, que exercem pressões regulatórias sobre as instalações industriais, com maior probabilidade de melhorar o desempenho ambiental (Lee & Lounsbury, 2015Lee, M.-D. P., & Lounsbury, M. (2015). Filtering institutional logics: community logic variation and differential responses to the institutional complexity of toxic waste. Organization Science, 26(3), 847-866. https://doi.org/10.1287/orsc.2014.0959
https://doi.org/10.1287/orsc.2014.0959...
).

Hibridização

A lógica híbrida resulta do alinhamento de diferentes valores, sem que os atores ou as organizações precisem necessariamente mudar suas lógicas prescritivas. É nesse sentido que o empreendedorismo sustentável pode aproveitar as tensões criativas entre lógicas de mercado e ecológicas. Assim, podem alavancar os empreendimentos com elementos do mercado, levando em consideração os componentes da lógica ecológica, que prioriza enfrentar os problemas ambientais (York et al., 2016York, J. G., O’Neil, I., & Sarasvathy, S. D. (2016). Exploring environmental entrepreneurship: identity coupling, venture goals, and stakeholder incentives. Journal of Management Studies, 53(5), 695-737. https://doi.org/10.1111/joms.12198
https://doi.org/10.1111/joms.12198...
), além de desenvolver compromissos de responsabilidade corporativa, aliando lógicas de mercado, comunidade e sustentabilidade (Reddy & Hamann, 2018Reddy, C. D., & Hamann, R. (2018). Distance makes the (committed) heart grow colder: MNEs’ responses to the state logic in African variants of CSR. Business and Society, 57(3), 562-594. https://doi.org/10.1177/0007650316629127
https://doi.org/10.1177/0007650316629127...
).

Os empreendimentos sustentáveis, moldados pela lógica ambiental, também estão sujeitos à lógica de mercado e enfrentam contradições e conflitos para desenvolver seus objetivos (Gregori et al., 2021Gregori, P., Holzmann, P., & Wdowiak, M. A. (2021). For the sake of nature: identity work and meaningful experiences in environmental entrepreneurship. Journal of Business Research, 122, 488-501. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2020.09.032
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2020.0...
), fornecendo meios para acomodar as diferentes condições e expectativas do contexto institucional, sem perder de vista os objetivos fundamentais que motivaram a fundação do empreendimento (Gregori et al., 2019Gregori, P., Wdowiak, M., Schwarz, E., & Holzmann, P. (2019). Exploring value creation in sustainable entrepreneurship: insights from the institutional logics perspective and the business model lens. Sustainability, 11(9), 2505. https://doi.org/10.3390/su11092505
https://doi.org/10.3390/su11092505...
).

O setor ecoempreendedor pode promover a convergência entre as lógicas, a partir de formas híbridas, com o objetivo de afetar positivamente o meio ambiente (Mars & Lounsbury, 2009Mars, M. M., & Lounsbury, M. (2009). Raging against or with the private marketplace? Logic hybridity and eco-entrepreneurship. Journal of Management Inquiry, 18(1), 4-13. https://doi.org/10.1177/1056492608328234
https://doi.org/10.1177/1056492608328234...
). Da mesma forma, as organizações emergentes denominadas b corps são sustentadas por uma lógica híbrida, ao empregar táticas de mercado para tratar de questões sociais e ambientais (Stubbs, 2017Stubbs, W. (2017). Sustainable entrepreneurship and B corps. Business Strategy and the Environment, 26(3), 331-344. https://doi.org/10.1002/bse.1920
https://doi.org/10.1002/bse.1920...
), como em modelos de negócios de sustentabilidade (Schneider & Clauß, 2020Schneider, S., & Clauß, T. (2020). Business models for sustainability: choices and consequences. Organization & Environment, 33(3), 384-407. https://doi.org/10.1177/1086026619854217
https://doi.org/10.1177/1086026619854217...
).

Nas parcerias entre setores público e privado, ocorre a hibridização nas lógicas das diferentes organizações envolvidas, desdobrando-se num processo de aprendizagem para enquadrar as concepções sobre sustentabilidade (Argento et al., 2019Argento, D., Grossi, G., Persson, K., & Vingren, T. (2019). Sustainability disclosures of hybrid organizations: Swedish state-owned enterprises. Meditari Accountancy Research, 27(4), 505-533. https://doi.org/10.1108/MEDAR-07-2018-0362
https://doi.org/10.1108/MEDAR-07-2018-03...
). Nas parcerias com empresas sem fins lucrativos, promovem-se a compatibilidade entre os valores ambiental, social e econômico (Watson et al., 2020Watson, R., Wilson, H. N., & Macdonald, E. K. (2020). Business-nonprofit engagement in sustainability-oriented innovation: what works for whom and why? Journal of Business Research, 119, 87-98. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.11.023
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.1...
). Assim como no caso das parcerias públicas-privadas (PPPs), as lógicas dos diferentes setores moldaram a da colaboração para a interconexão entre diferentes níveis institucionais, a fim de facilitar a inovação tecnológica sustentável no setor de energia (Kallman & Frickel, 2019Kallman, M. E., & Frickel, S. (2019). Nested logics and smart meter adoption: institutional processes and organizational change in the diffusion of smart meters in the United States. Energy Research and Social Science, 57, 101249. https://doi.org/10.1016/j.erss.2019.101249
https://doi.org/10.1016/j.erss.2019.1012...
).

O consenso pode emergir por meio da construção de uma lógica híbrida que incorpore interesses diferentes, mesmo quando os atores não necessariamente mudam suas lógicas subjacentes (Ansari et al., 2013Ansari, S. S., Wijen, F., & Gray, B. (2013). Constructing a climate change logic: an institutional perspective on the “tragedy of the commons”. Organization Science, 24(4), 1014-1040. https://doi.org/10.1287/orsc.1120.0799
https://doi.org/10.1287/orsc.1120.0799...
). Essa maneira de utilizar os diferentes valores envolvidos possibilita a geração de caminhos neutros que podem aliviar as tensões entre diversas lógicas e desencadear processos habilitadores para desenvolvimento da sustentabilidade (Alexius & Furusten, 2020Alexius, S., & Furusten, S. (2020). Enabling sustainable transformation: hybrid organizations in early phases of path generation. Journal of Business Ethics, 165(3), 547-563. https://doi.org/10.1007/s10551-018-04098-0
https://doi.org/10.1007/s10551-018-04098...
).

Diante do exposto, a hibridização é uma forma das organizações lidarem com as contradições de diferentes lógicas. Essa categoria permite investigar como os atores respondem às contradições entre múltiplas lógicas e os fatores que influenciam a hibridização (Pache & Thornton, 2020Pache, A.-C., & Thornton, P. H. (2020). Hybridity and institutional logics. In: M. L. Besharov, & B. C. Mitzinneck (ed.). Organizational hybridity: perspectives, processes, promises.. Leeds: Emerald Publishing Limitedhttps://doi.org/10.1108/S0733-558X20200000069002
https://doi.org/10.1108/S0733-558X202000...
).

Mudança institucional

Como constatado neste estudo, o desenvolvimento da sustentabilidade das organizações abrange a concepção de lógicas de sustentabilidade influenciadas pela inter-relação entre diferentes lógicas. Por envolver múltiplos vieses, essa dinâmica resulta numa variabilidade de esquemas interpretativos (Narayanan & Adams, 2017Narayanan, V., & Adams, C. A. (2017). Transformative change towards sustainability: the interaction between organisational discourses and organisational practices. Accounting and Business Research, 47(3), 344-368. https://doi.org/10.1080/00014788.2016.1257930
https://doi.org/10.1080/00014788.2016.12...
), que afetam o modo como é operacionalizada a adoção das práticas sustentáveis (Rossoni et al., 2020Rossoni, L., Poli, I. T., De Sinay, M. C. F., & De Araújo, G. A. (2020). Materiality of sustainable practices and the institutional logics of adoption: a comparative study of chemical road transportation companies. Journal of Cleaner Production, 246, 119058. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2019.119058
https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2019.1...
). Isso ocorrer porque, na interpretação das lógicas, são elaborados quadros de referência para a atuação de indivíduos e organizações (Thornton et al., 2012Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2012). The institutional logics perspective. Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001
https://doi.org/10.1093/acprof:oso/97801...
). Os quadros podem partir de uma visão restrita ou holística de sustentabilidade oriunda do menor ao maior nível de conflitos, respectivamente (Ashraf et al., 2019Ashraf, N., Pinkse, J., Ahmadsimab, A., Ul-Haq, S., & Badar, K. (2019). Divide and rule: the effects of diversity and network structure on a firm’s sustainability performance. Long Range Planning, 52(6), 101880. https://doi.org/10.1016/j.lrp.2019.04.002
https://doi.org/10.1016/j.lrp.2019.04.00...
). A maneira como os quadros mudam e se disseminam pode permitir o surgimento de uma nova lógica (Ansari et al., 2013Ansari, S. S., Wijen, F., & Gray, B. (2013). Constructing a climate change logic: an institutional perspective on the “tragedy of the commons”. Organization Science, 24(4), 1014-1040. https://doi.org/10.1287/orsc.1120.0799
https://doi.org/10.1287/orsc.1120.0799...
).

As múltiplas lógicas no nível macro influenciam as organizações (nível meso) e os indivíduos (nível micro), numa relação recíproca. Por meio de um processo recursivo, as inter-relações de coexistência, concorrência, dominância e hibridização são apreendidas pelos atores sociais que utilizam seus diferentes esquemas interpretativos e quadros de referência para orientar suas ações. A depender de como priorizam ou equalizam os distintos valores das lógicas de sustentabilidade, há reflexo na tomada de decisão para definir as práticas, que podem sofrer variações, a partir da dinâmica de interação das lógicas, fornecendo repertórios para reforçar ou mudar as práticas e lógicas ao longo do tempo. No contexto estudado, as mudanças se referem às possibilidades de emergência ou alteração das lógicas com base em variações de práticas para a incorporação da sustentabilidade na estrutura das organizações (Figura 2).

Figura 2
Dinâmica de inter-relação entre as lógicas institucionais que influenciam a sustentabilidade nas organizações

As inter-relações de lógicas coexistentes e concorrentes resultaram em mudanças que podem ser incrementais (Hedegård et al., 2020Hedegård, L., Gustafsson, E., & Paras, M. K. (2020). Management of sustainable fashion retail based on reuse: a struggle with multiple logics. International Review of Retail, Distribution and Consumer Research, 30(3), 311-330. https://doi.org/10.1080/09593969.2019.1667855
https://doi.org/10.1080/09593969.2019.16...
; Sayed et al., 2017Sayed, M., Hendry, L. C., & Bell, M. Z. (2017). Institutional complexity and sustainable supply chain management practices. Supply Chain Management, 22(6), 542-563. https://doi.org/10.1108/SCM-10-2016-0365
https://doi.org/10.1108/SCM-10-2016-0365...
; Strambach & Pflitsch, 2020Strambach, S., & Pflitsch, G. (2020). Transition topology: capturing institutional dynamics in regional development paths to sustainability. Research Policy, 49(7), 104006. https://doi.org/10.1016/j.respol.2020.104006
https://doi.org/10.1016/j.respol.2020.10...
). Contudo há diferentes proposições para a mudança disruptiva do domínio de lógicas que restringem a sustentabilidade (Montabon et al., 2016Montabon, F., Pagell, M., & Wu, Z. (2016). Making sustainability sustainable. Journal of Supply Chain Management, 52(2), 11-27. https://doi.org/10.1111/jscm.12103
https://doi.org/10.1111/jscm.12103...
), com o desenvolvimento de uma narrativa alternativa em relação à lógica vigente no contexto considerado (Weisenfeld & Hauerwaas, 2018Weisenfeld, U., & Hauerwaas, A. (2018). Adopters build bridges: changing the institutional logic for more sustainable cities. From action to workset to practice. Research Policy, 47(5), 911-923. https://doi.org/10.1016/j.respol.2018.02.015
https://doi.org/10.1016/j.respol.2018.02...
).

A mudança disruptiva não será possível sem uma lógica que reconheça as relações socioambientais, que envolvem os capitais naturais, sociais e humanos (Narayanan & Adams, 2017Narayanan, V., & Adams, C. A. (2017). Transformative change towards sustainability: the interaction between organisational discourses and organisational practices. Accounting and Business Research, 47(3), 344-368. https://doi.org/10.1080/00014788.2016.1257930
https://doi.org/10.1080/00014788.2016.12...
). Contudo, o problema não está na ausência de tais lógicas, como pode ser analisado neste estudo. Na constituição das lógicas de sustentabilidade, há uma diversidade de construtos, como as lógicas que abrangem relações ecossistêmicas e socioeconômicas para desafiar a lógica predominante de mercado (Corbett et al., 2018Corbett, J., Webster, J., & Jenkin, T. A. (2018). Unmasking corporate sustainability at the project level: exploring the influence of institutional logics and individual agency. Journal of Business Ethics, 147(2), 261-286. https://doi.org/10.1007/s10551-015-2945-1
https://doi.org/10.1007/s10551-015-2945-...
). As questões relacionadas com as mudanças dizem respeito à ênfase aos diferentes valores da sustentabilidade, que se inter-relacionam sob a influência de múltiplas lógicas e refletem no modo como são operacionalizadas as práticas de sustentabilidade.

Nem sempre uma lógica se sobrepõe às demais ou resulta apenas em conflitos que restringem as mudanças. É preciso avançar na análise de uma única lógica dominante do comportamento intencional de agência para explorar a mudança institucional perante a multiplicidade de lógicas (Micelotta et al., 2017Micelotta, E., Lounsbury, M., & Greenwood, R. (2017). Pathways of institutional change: an integrative review and research agenda. Journal of Management, 43(6), 1885-1910. https://doi.org/10.1177/0149206317699522
https://doi.org/10. https://doi.org/10.1...
). Por meio da hibridização, em nível micro, os atores equilibram os diferentes valores e, em nível organizacional, podem desenvolver parcerias com diferentes lógicas para tratar de questões prementes na sociedade, como a crise global (Pache & Thornton, 2020Pache, A.-C., & Thornton, P. H. (2020). Hybridity and institutional logics. In: M. L. Besharov, & B. C. Mitzinneck (ed.). Organizational hybridity: perspectives, processes, promises.. Leeds: Emerald Publishing Limitedhttps://doi.org/10.1108/S0733-558X20200000069002
https://doi.org/10.1108/S0733-558X202000...
). Podem ser construídos os caminhos neutros pela hibridização, como no caso dos empreendimentos sustentáveis, em que a elaboração de quadros interpretativos e de narrativas a partir da lógica da sustentabilidade possibilita criar novos significados para normas e regras dadas como certas, associando-as às práticas existentes, a fim de fornecer uma teorização alternativa à lógica de mercado (Arenas et al., 2020Arenas, D., Strumińska-Kutra, M., & Landoni, P. (2020). Walking the tightrope and stirring things up: exploring the institutional work of sustainable entrepreneurs. Business Strategy and the Environment, 29(8), 3055-3071. https://doi.org/10.1002/bse.2557
https://doi.org/10.1002/bse.2557...
).

Desse modo, as inter-relações permitem mudanças de lógicas tanto pela capacidade de ação dos indivíduos e das organizações, quando há possibilidade de transição ao longo do tempo e do contexto (Gregori et al., 2019Gregori, P., Wdowiak, M., Schwarz, E., & Holzmann, P. (2019). Exploring value creation in sustainable entrepreneurship: insights from the institutional logics perspective and the business model lens. Sustainability, 11(9), 2505. https://doi.org/10.3390/su11092505
https://doi.org/10.3390/su11092505...
), quanto pela sequência de eventos e sobreposições de papéis, estruturas e funções das organizações (Silva & Figueiredo, 2017Silva, M. E., & Figueiredo, M. D. (2017). Sustainability as practice: reflections on the creation of an institutional logic. Sustainability, 9(10), 1839. https://doi.org/10.3390/su9101839
https://doi.org/10.3390/su9101839...
; Thornton et al., 2012Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2012). The institutional logics perspective. Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001
https://doi.org/10.1093/acprof:oso/97801...
). Em resposta à pluralidade de lógicas, pode haver o desenvolvimento incremental e, muitas vezes, não intencional de mudanças (Micelotta et al., 2017Micelotta, E., Lounsbury, M., & Greenwood, R. (2017). Pathways of institutional change: an integrative review and research agenda. Journal of Management, 43(6), 1885-1910. https://doi.org/10.1177/0149206317699522
https://doi.org/10. https://doi.org/10.1...
).

A análise não pode ser factual sobre a correspondência entre os tipos ideias. As interações podem se sobrepor e evoluem no decorrer do tempo com o desenvolvimento das práticas, podendo surgir variações que prosperam em mudanças incrementais. As lógicas não são entidades únicas numa organização, e sim combinações específicas de aspectos materiais e simbólicos, como blocos de construção que podem ser conectados ou segmentados, de forma variada, em diferentes práticas organizacionais e em momentos distintos (Anderson-Gough et al., 2022Anderson-Gough, F., Edgley, C., Robson, K., & Sharma, N. (2022). Organizational responses to multiple logics: diversity, identity and the professional service firm. Accounting, Organizations and Society, 103, 101336. https://doi.org/10.1016/J.AOS.2022.101336.
https://doi.org/10.1016/J.AOS.2022.10133...
).

Diante do exposto, essa abordagem de mudança institucional, considerando as inter-relações entre as diversas lógicas, possibilita analisar a emergência da lógica da sustentabilidade, de modo a avançar na perspectiva de desempenho ambiental, principalmente no que diz respeito às descobertas que revelam a criação de quadros com questões ambientais nos modelos de negócios, os quais facilitam a elaboração de recursos institucionais para que os atores possam construir uma linguagem comum, que equalize os diferentes valores referentes à sustentabilidade. Isso corrobora os estudos de Silva e Figueiredo (2017Silva, M. E., & Figueiredo, M. D. (2017). Sustainability as practice: reflections on the creation of an institutional logic. Sustainability, 9(10), 1839. https://doi.org/10.3390/su9101839
https://doi.org/10.3390/su9101839...
) sobre como a lógica da sustentabilidade é desenvolvida na medida em que é colocada em prática, de forma dinâmica e recursiva, alterando a própria prática da sustentabilidade.

CONCLUSÕES

Neste estudo, foi possível observar como as inter-relações influenciam a constituição das lógicas ligadas à sustentabilidade nas organizações. Considerando que ela abrange diferentes valores, com base num processo dinâmico e recursivo, os atores e as organizações apreendem as diferentes lógicas e as utilizam como repertórios de ação, afetando as inter-relações de lógicas e proporcionando oportunidades de mudança, em diferentes níveis dos contextos institucionais.

Ao investigar essa dinâmica, pôde-se avançar na análise de desempenho de sustentabilidade, preenchendo a lacuna de pesquisa a respeito das interações entre as múltiplas lógicas que influenciam a sustentabilidade e a respeito dos desdobramentos dessas interações, que afetam a maneira como são apreendidos os diferentes valores envolvidos e a maneira como eles impactam o desenvolvimento de práticas em direção à sustentabilidade nas organizações.

A contribuição teórica para a aplicação das lógicas institucionais no campo da sustentabilidade, por meio da sistematização das categorias de inter-relações entre lógicas, dominância, coexistência, concorrência e hibridização, ampliou a literatura com diferentes interações que moldam a sustentabilidade. Desse modo, as categorias identificadas permitem analisar os processos pelos quais as lógicas podem evoluir ao longo do tempo, o que permite compreender como os indivíduos e as organizações articulam as diferentes lógicas, tanto para gerar oportunidades de mudanças para reverter o domínio de lógicas que restringem a sustentabilidade quanto para equacionar os valores divergentes entre lógicas coexistentes e concorrentes, por meio da hibridização, para a construção de caminhos neutros que levem a mudanças no desenvolvimento de práticas socioambientais.

Na prática de gestão, com a apreensão e a interpretação das inter-relações de lógicas que moldam os contextos em que atuam, os gestores podem elaborar quadros e desenvolver uma linguagem comum com a equipe e as partes interessadas, a fim de lidar com as diferentes lógicas que moldam a sustentabilidade.

REFERÊNCIAS

  • Albu, N., Albu, C. N., Apostol, O., & Cho, C. H. (2020). The past is never dead: the role of imprints in shaping social and environmental reporting in a post-communist context. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 34(5), 1109-1136. https://doi.org/10.1108/AAAJ-08-2019-4131>
    » https://doi.org/10.1108/AAAJ-08-2019-4131
  • Alexius, S., & Furusten, S. (2020). Enabling sustainable transformation: hybrid organizations in early phases of path generation. Journal of Business Ethics, 165(3), 547-563. https://doi.org/10.1007/s10551-018-04098-0
    » https://doi.org/10.1007/s10551-018-04098-0
  • Anderson-Gough, F., Edgley, C., Robson, K., & Sharma, N. (2022). Organizational responses to multiple logics: diversity, identity and the professional service firm. Accounting, Organizations and Society, 103, 101336. https://doi.org/10.1016/J.AOS.2022.101336.
    » https://doi.org/10.1016/J.AOS.2022.101336.
  • Ansari, S. S., Wijen, F., & Gray, B. (2013). Constructing a climate change logic: an institutional perspective on the “tragedy of the commons”. Organization Science, 24(4), 1014-1040. https://doi.org/10.1287/orsc.1120.0799
    » https://doi.org/10.1287/orsc.1120.0799
  • Arenas, D., Strumińska-Kutra, M., & Landoni, P. (2020). Walking the tightrope and stirring things up: exploring the institutional work of sustainable entrepreneurs. Business Strategy and the Environment, 29(8), 3055-3071. https://doi.org/10.1002/bse.2557
    » https://doi.org/10.1002/bse.2557
  • Argento, D., Grossi, G., Persson, K., & Vingren, T. (2019). Sustainability disclosures of hybrid organizations: Swedish state-owned enterprises. Meditari Accountancy Research, 27(4), 505-533. https://doi.org/10.1108/MEDAR-07-2018-0362
    » https://doi.org/10.1108/MEDAR-07-2018-0362
  • Ashraf, N., Pinkse, J., Ahmadsimab, A., Ul-Haq, S., & Badar, K. (2019). Divide and rule: the effects of diversity and network structure on a firm’s sustainability performance. Long Range Planning, 52(6), 101880. https://doi.org/10.1016/j.lrp.2019.04.002
    » https://doi.org/10.1016/j.lrp.2019.04.002
  • Battilana, J., & Dorado, S. (2010). Building sustainable hybrid organizations: the case of commercial microfinance organizations. Academy of Management Journal, 53(6), 1419-1440. https://doi.org/10.5465/amj.2010.57318391
    » https://doi.org/10.5465/amj.2010.57318391
  • Besharov, M. L., & Smith, W. K. (2014). Multiple institutional logics in organizations: explaining their varied nature and implications. The Academy of Management Review, 39(3), 364-381. http://www.jstor.org/stable/43699249
    » http://www.jstor.org/stable/43699249
  • Binder, A. (2007). For love and money: organizations’ creative responses to multiple environmental logics. Theory and Society, 36(6), 547-571. https://doi.org/10.1007/s11186-007-9045-x
    » https://doi.org/10.1007/s11186-007-9045-x
  • Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77-101. https://doi.org/10.1191/1478088706qp063oa
    » https://doi.org/10.1191/1478088706qp063oa
  • Brodnik, C., & Brown, R. (2018). Locating periods of institutional change agency: a mixed methods approach. International Journal of Sociology and Social Policy, 38(7-8), 510-525. https://doi.org/10.1108/IJSSP-12-2017-0161
    » https://doi.org/10.1108/IJSSP-12-2017-0161
  • Cerbone, D., & Maroun, W. (2020). Materiality in an integrated reporting setting: insights using an institutional logics framework. British Accounting Review, 52(3), 100876. https://doi.org/10.1016/j.bar.2019.100876
    » https://doi.org/10.1016/j.bar.2019.100876
  • Contrafatto, M., Costa, E., & Pesci, C. (2019). Examining the dynamics of SER evolution: an institutional understanding. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 32(6), 1771-1800. https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2017-3044
    » https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2017-3044
  • Corbett, J., Webster, J., & Jenkin, T. A. (2018). Unmasking corporate sustainability at the project level: exploring the influence of institutional logics and individual agency. Journal of Business Ethics, 147(2), 261-286. https://doi.org/10.1007/s10551-015-2945-1
    » https://doi.org/10.1007/s10551-015-2945-1
  • Cruz, G. (2016). A criticism of the use of ideal types in studies on institutional logics. Organizações & Sociedade, 23(79), 646-655. https://doi.org/10.1590/1984-9230711
    » https://doi.org/10.1590/1984-9230711
  • Dahlmann, F., & Grosvold, J. (2017). Environmental managers and institutional work: reconciling tensions of competing institutional logics. Business Ethics Quarterly, 27(2), 263-291. https://doi.org/10.1017/beq.2016.65
    » https://doi.org/10.1017/beq.2016.65
  • De Clercq, D., & Voronov, M. (2011). Sustainability in entrepreneurship: a tale of two logics. International Small Business Journal, 29(4), 322-344. https://doi.org/10.1177/0266242610372460
    » https://doi.org/10.1177/0266242610372460
  • Dobson, J. (2019). Reinterpreting urban institutions for sustainability: how epistemic networks shape knowledge and logics. Environmental Science and Policy, 92, 133-140. https://doi.org/10.1016/j.envsci.2018.11.018
    » https://doi.org/10.1016/j.envsci.2018.11.018
  • Dunn, M. B., & Jones, C. (2010). Institutional logics and institutional pluralism: the contestation of care and science logics in medical education (1967-2005). Administrative Science Quarterly, 55(1), 114-149. https://doi.org/10.2189/asqu.2010.55.1.114
    » https://doi.org/10.2189/asqu.2010.55.1.114
  • Fereday, J., & Muir-Cochrane, E. (2006). Demonstrating rigor using thematic analysis: a hybrid approach of inductive and deductive coding and theme development. International Journal of Qualitative Methods, 5(1), 80-92. https://doi.org/10.1177/160940690600500107
    » https://doi.org/10.1177/160940690600500107
  • Franco-Torres, M., Rogers, B. C., & Ugarelli, R. M. (2020). A framework to explain the role of boundary objects in sustainability transitions. Environmental Innovation and Societal Transitions, 36, 34-48. https://doi.org/10.1016/j.eist.2020.04.010
    » https://doi.org/10.1016/j.eist.2020.04.010
  • Friedland, R., & Alford, R. R. (1991). The new instituonalism in organizacional analysis University of Chicago.
  • Frostenson, M., & Helin, S. (2017). Ideas in conflict: a case study on tensions in the process of preparing sustainability reports. Sustainability Accounting, Management and Policy Journal, 8(2), 166-190. https://doi.org/10.1108/SAMPJ-02-2015-0015
    » https://doi.org/10.1108/SAMPJ-02-2015-0015
  • Fuenfschilling, L., & Truffer, B. (2014). The structuration of socio-technical regimes: conceptual foundations from institutional theory. Research Policy, 43(4), 772-791. https://doi.org/10.1016/j.respol.2013.10.010
    » https://doi.org/10.1016/j.respol.2013.10.010
  • Greenwood, R., Raynard, M., Kodeih, F., Micelotta, E. R., & Lounsbury, M. (2011). Institutional complexity and organizational responses. Academy of Management Annals, 5(1), 317-371. https://doi.org/10.1080/19416520.2011.590299.
    » https://doi.org/10.1080/19416520.2011.590299.
  • Gregori, P., & Holzmann, P. (2020). Digital sustainable entrepreneurship: a business model perspective on embedding digital technologies for social and environmental value creation. Journal of Cleaner Production, 272, 122817. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2020.122817
    » https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2020.122817
  • Gregori, P., Holzmann, P., & Wdowiak, M. A. (2021). For the sake of nature: identity work and meaningful experiences in environmental entrepreneurship. Journal of Business Research, 122, 488-501. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2020.09.032
    » https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2020.09.032
  • Gregori, P., Wdowiak, M., Schwarz, E., & Holzmann, P. (2019). Exploring value creation in sustainable entrepreneurship: insights from the institutional logics perspective and the business model lens. Sustainability, 11(9), 2505. https://doi.org/10.3390/su11092505
    » https://doi.org/10.3390/su11092505
  • Grinevich, V., Huber, F., Karataş-Özkan, M., & Yavuz, Ç. (2019). Green entrepreneurship in the sharing economy: utilising multiplicity of institutional logics. Small Business Economics, 52(4), 859-876. https://doi.org/10.1007/s11187-017-9935-x
    » https://doi.org/10.1007/s11187-017-9935-x
  • Gümüsay, A. A., Claus, L., & Amis, J. (2020). Engaging with grand challenges: an institutional logics perspective. Organization Theory, 1(3), 263178772096048. https://doi.org/10.1177/2631787720960487
    » https://doi.org/10.1177/2631787720960487
  • Hayes, N., & Rajão, R. (2011). Competing institutional logics and sustainable development: the case of geographic information systems in Brazil’s Amazon region. Information Technology for Development, 17(1), 4-23. https://doi.org/10.1080/02681102.2010.511701
    » https://doi.org/10.1080/02681102.2010.511701
  • Hedegård, L., Gustafsson, E., & Paras, M. K. (2020). Management of sustainable fashion retail based on reuse: a struggle with multiple logics. International Review of Retail, Distribution and Consumer Research, 30(3), 311-330. https://doi.org/10.1080/09593969.2019.1667855
    » https://doi.org/10.1080/09593969.2019.1667855
  • Heiskanen, E. (2002). The institutional logic of life cycle thinking. Journal of Cleaner Production, 10(5), 427-437. https://doi.org/10.1016/S0959-6526(02)00014-8
    » https://doi.org/10.1016/S0959-6526(02)00014-8
  • Herold, D., & Lee, K.-H. (2017). The influence of the sustainability logic on carbon disclosure in the global logistics industry: the Case of DHL, FDX and UPS. Sustainability, 9(4), 601. https://doi.org/10.3390/su9040601
    » https://doi.org/10.3390/su9040601
  • Hetemi, E., Ordieres-Meré, J., & Nuur, C. (2020). An institutional approach to digitalization in sustainability-oriented infrastructure projects: the limits of the building information model. Sustainability, 12(9), 3893. https://doi.org/10.3390/su12093893
    » https://doi.org/10.3390/su12093893
  • Hoffman, A. J., & Jennings, P. D. (2015). Institutional theory and the natural environment: research in (and on) the Anthropocene. Organization and Environment, 28(1), 8-31. https://doi.org/10.1177/1086026615575331
    » https://doi.org/10.1177/1086026615575331
  • Hoffman, A. J., & Ventresca, M. J. (1999). The institutional framing of policy debates. American Behavioral Scientist, 42(8), 1368-1392. https://doi.org/10.1177/00027649921954903
    » https://doi.org/10.1177/00027649921954903
  • Järvenpää, M., & Länsiluoto, A. (2016). Collective identity, institutional logic and environmental management accounting change. Journal of Accounting & Organizational Change, 12(2), 152-176. https://doi.org/10.1108/JAOC-11-2013-0094
    » https://doi.org/10.1108/JAOC-11-2013-0094
  • Kallman, M. E., & Frickel, S. (2019). Nested logics and smart meter adoption: institutional processes and organizational change in the diffusion of smart meters in the United States. Energy Research and Social Science, 57, 101249. https://doi.org/10.1016/j.erss.2019.101249
    » https://doi.org/10.1016/j.erss.2019.101249
  • Kiefhaber, E., Pavlovich, K., & Spraul, K. (2020). Sustainability-related identities and the institutional environment: the case of New Zealand owner-managers of small-and medium-sized hospitality businesses. Journal of Business Ethics, 163(1), 37-51. https://doi.org/10.1007/s10551-018-3990-3
    » https://doi.org/10.1007/s10551-018-3990-3
  • Kok, A. M., De Bakker, F. G. A., & Groenewegen, P. (2019). Sustainability struggles: conflicting cultures and incompatible logics. Business and Society, 58(8), 1496-1532. https://doi.org/10.1177/0007650317703644
    » https://doi.org/10.1177/0007650317703644
  • Laasch, O. (2018). Beyond the purely commercial business model: organizational value logics and the heterogeneity of sustainability business models. Long Range Planning, 51(1), 158-183. https://doi.org/10.1016/j.lrp.2017.09.002
    » https://doi.org/10.1016/j.lrp.2017.09.002
  • Lee, M.-D. P., & Lounsbury, M. (2015). Filtering institutional logics: community logic variation and differential responses to the institutional complexity of toxic waste. Organization Science, 26(3), 847-866. https://doi.org/10.1287/orsc.2014.0959
    » https://doi.org/10.1287/orsc.2014.0959
  • Lounsbury, M., & Crumley, E. T. (2007). New practice creation: an institutional perspective on innovation. Organization Studies, 28(7), 993-1012. https://doi.org/10.1177/0170840607078111
    » https://doi.org/10.1177/0170840607078111
  • Lounsbury, M, Fairclough, S., & Lee, M.-D. P. (2012). Institutional approaches to organizations and the natural environment. In P. Banasal, & A. J. Hoffman (Eds.), The Oxford handbook of business and the natural environment The Oxford University.
  • Mahmood, Z., & Uddin, S. (2020). Institutional logics and practice variations in sustainability reporting: evidence from an emerging field. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 34(5), 1163-1189. https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2019-4086
    » https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2019-4086
  • Mars, M. M., & Lounsbury, M. (2009). Raging against or with the private marketplace? Logic hybridity and eco-entrepreneurship. Journal of Management Inquiry, 18(1), 4-13. https://doi.org/10.1177/1056492608328234
    » https://doi.org/10.1177/1056492608328234
  • Martínez-Alier, J. (2012). Environmental justice and economic degrowth: an alliance between two movements. Capitalism, Nature, Socialism, 23(1). https://doi.org/10.1080/10455752.2011.648839
    » https://doi.org/10.1080/10455752.2011.648839
  • McLoughlin, K., & Meehan, J. (2021). The institutional logic of the sustainable organisation: the case of a chocolate supply network. International Journal of Operations and Production Management, 41(3), 251-274. https://doi.org/10.1108/IJOPM-11-2020-0773
    » https://doi.org/10.1108/IJOPM-11-2020-0773
  • Micelotta, E., Lounsbury, M., & Greenwood, R. (2017). Pathways of institutional change: an integrative review and research agenda. Journal of Management, 43(6), 1885-1910. https://doi.org/10.1177/0149206317699522
    » https://doi.org/10. https://doi.org/10.1177/0149206317699522
  • Misangyi, V. F. (2016). Institutional complexity and the meaning of loose coupling: connecting institutional sayings and (not) doings. Strategic Organization, 14(4), 407-440. https://doi.org/10.1177/1476127016635481
    » https://doi.org/10.1177/1476127016635481
  • Mitzinneck, B. C., & Besharov, M. L. (2019). Managing value tensions in collective social entrepreneurship: the role of temporal, structural, and collaborative compromise. Journal of Business Ethics, 159(2), 381-400. https://doi.org/10.1007/s10551-018-4048-2
    » https://doi.org/10.1007/s10551-018-4048-2
  • Montabon, F., Pagell, M., & Wu, Z. (2016). Making sustainability sustainable. Journal of Supply Chain Management, 52(2), 11-27. https://doi.org/10.1111/jscm.12103
    » https://doi.org/10.1111/jscm.12103
  • Narayanan, V., & Adams, C. A. (2017). Transformative change towards sustainability: the interaction between organisational discourses and organisational practices. Accounting and Business Research, 47(3), 344-368. https://doi.org/10.1080/00014788.2016.1257930
    » https://doi.org/10.1080/00014788.2016.1257930
  • Okoli, C., & Schabram, K. (2010). A guide to conducting a systematic literature review of information systems research. SSRN Electronic Journal https://doi.org/10.2139/ssrn.1954824
    » https://doi.org/10.2139/ssrn.1954824
  • Pache, A.-C., & Santos, F. (2013). Inside the hybrid organization: selective coupling as a response to competing institutional logics. Academy of Management Journal, 56(4), 972-1001. https://doi.org/10.5465/amj.2011.0405
    » https://doi.org/10.5465/amj.2011.0405
  • Pache, A.-C., & Thornton, P. H. (2020). Hybridity and institutional logics. In: M. L. Besharov, & B. C. Mitzinneck (ed.). Organizational hybridity: perspectives, processes, promises.. Leeds: Emerald Publishing Limitedhttps://doi.org/10.1108/S0733-558X20200000069002
    » https://doi.org/10.1108/S0733-558X20200000069002
  • Reddy, C. D., & Hamann, R. (2018). Distance makes the (committed) heart grow colder: MNEs’ responses to the state logic in African variants of CSR. Business and Society, 57(3), 562-594. https://doi.org/10.1177/0007650316629127
    » https://doi.org/10.1177/0007650316629127
  • Rossoni, L., Poli, I. T., De Sinay, M. C. F., & De Araújo, G. A. (2020). Materiality of sustainable practices and the institutional logics of adoption: a comparative study of chemical road transportation companies. Journal of Cleaner Production, 246, 119058. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2019.119058
    » https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2019.119058
  • Safari, M., De Castro, V. B., & Steccolini, I. (2020). The interplay between home and host logics of accountability in multinational corporations (MNCs): the case of the Fundão dam disaster. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 33(8), 1761-1789. https://doi.org/10.1108/AAAJ-03-2019-3912
    » https://doi.org/10.1108/AAAJ-03-2019-3912
  • Sayed, M., Hendry, L. C., & Bell, M. Z. (2017). Institutional complexity and sustainable supply chain management practices. Supply Chain Management, 22(6), 542-563. https://doi.org/10.1108/SCM-10-2016-0365
    » https://doi.org/10.1108/SCM-10-2016-0365
  • Schneider, S., & Clauß, T. (2020). Business models for sustainability: choices and consequences. Organization & Environment, 33(3), 384-407. https://doi.org/10.1177/1086026619854217
    » https://doi.org/10.1177/1086026619854217
  • Scott, W. R., & Davis, G. (2015). Organizations and Organizing Routledge. https://doi.org/10.4324/9781315663371
    » https://doi.org/10.4324/9781315663371
  • Sharma, A., Moses, A. C., Borah, S. B., & Adhikary, A. (2020). Investigating the impact of workforce racial diversity on the organizational corporate social responsibility performance: an institutional logics perspective. Journal of Business Research, 107, 138-152. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.10.018
    » https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.10.018
  • Siddiqui, J., Mehjabeen, M., & Stapleton, P. (2021). Emergence of corporate political activities in the guise of social responsibility: dispatches from a developing economy. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 34(5), 1137-1162. https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2019-4087
    » https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2019-4087
  • Silva, M. E., & Figueiredo, M. D. (2017). Sustainability as practice: reflections on the creation of an institutional logic. Sustainability, 9(10), 1839. https://doi.org/10.3390/su9101839
    » https://doi.org/10.3390/su9101839
  • Silvola, H., & Vinnari, E. (2021). The limits of institutional work: a field study on auditors’ efforts to promote sustainability assurance in a trust society. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 34(1), 1-30. https://doi.org/10.1108/AAAJ-02-2019-3890
    » https://doi.org/10.1108/AAAJ-02-2019-3890
  • Smink, M., Negro, S. O., Niesten, E., & Hekkert, M. P. (2015). How mismatching institutional logics hinder niche-regime interaction and how boundary spanners intervene. Technological Forecasting and Social Change, 100, 225-237. https://doi.org/10.1016/j.techfore.2015.07.004
    » https://doi.org/10.1016/j.techfore.2015.07.004
  • Stål, H. I. (2015). Inertia and change related to sustainability: an institutional approach. Journal of Cleaner Production, 99, 354-365. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2015.02.035
    » https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2015.02.035
  • Strambach, S., & Pflitsch, G. (2020). Transition topology: capturing institutional dynamics in regional development paths to sustainability. Research Policy, 49(7), 104006. https://doi.org/10.1016/j.respol.2020.104006
    » https://doi.org/10.1016/j.respol.2020.104006
  • Stubbs, W. (2017). Sustainable entrepreneurship and B corps. Business Strategy and the Environment, 26(3), 331-344. https://doi.org/10.1002/bse.1920
    » https://doi.org/10.1002/bse.1920
  • Suddaby, R., & Greenwood, R. (2009). Methodological issues in researching institutions and institutional change. In D. A. Buchanan, & A. Bryman(Eds.), The Sage handbook of organizational research methods Sage Publications Ltd.
  • Thornton, P. H., & Ocasio, W. (2008). The Sage handbook of organizational institutionalism Sage Publications Ltd. https://doi.org/10.4135/9781849200387
    » https://doi.org/10.4135/9781849200387
  • Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2012). The institutional logics perspective Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001
    » https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001
  • Waldorff, S. B., Reay, T., & Goodrick, E. (2013). A tale of two countries: how different constellations of logics impact action. In M. Lounsbury, & E. Boxenbaum (Eds.), Institutional logics in action, part A Leeds: Emerald Group Publishing Limited. https://doi.org/10.1108/S0733-558X (2013)0039AB008
    » https://doi.org/10.1108/S0733-558X (2013)0039AB008
  • Watson, R., Wilson, H. N., & Macdonald, E. K. (2020). Business-nonprofit engagement in sustainability-oriented innovation: what works for whom and why? Journal of Business Research, 119, 87-98. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.11.023
    » https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.11.023
  • Weisenfeld, U., & Hauerwaas, A. (2018). Adopters build bridges: changing the institutional logic for more sustainable cities. From action to workset to practice. Research Policy, 47(5), 911-923. https://doi.org/10.1016/j.respol.2018.02.015
    » https://doi.org/10.1016/j.respol.2018.02.015
  • York, J. G., O’Neil, I., & Sarasvathy, S. D. (2016). Exploring environmental entrepreneurship: identity coupling, venture goals, and stakeholder incentives. Journal of Management Studies, 53(5), 695-737. https://doi.org/10.1111/joms.12198
    » https://doi.org/10.1111/joms.12198
  • DISPONIBILIDADE DE DADOS

    Todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi publicado no próprio artigo.

PARECERISTAS

  • 4
    José Estevam Lopes Cortez da Silva Freitas (Universidade Paulista, São Paulo / SP - Brasil). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2293-3998
  • 5
    Luis Eduardo Brandão Paiva (Universidade de Pernambuco, Palmares / PE - Brasil). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5036-6823
  • 6
    Denize Grzybovski (Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Erechim / RS - Brasil). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3798-1810

RELATÓRIO DE REVISÃO POR PARES

  • 7
    O relatório de revisão por pares está disponível neste link: https://periodicos.fgv.br/cadernosebape/article/view/91019/85518
Hélio Arthur Reis Irigaray (Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro / RJ - Brasil). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9580-7859
Fabricio Stocker (Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro / RJ - Brasil). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6340-9127

Disponibilidade de dados

Todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi publicado no próprio artigo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Maio 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    20 Abr 2023
  • Aceito
    02 Nov 2023
Fundação Getulio Vargas, Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas Rua Jornalista Orlando Dantas, 30 - sala 107, 22231-010 Rio de Janeiro/RJ Brasil, Tel.: (21) 3083-2731 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernosebape@fgv.br