Em artigos, dissertações e teses em administração que desenvolvem estudos de caso e análises segundo a tradição "pesquisa qualitativa" ocorre os autores advertirem o leitor que suas conclusões são restritas e que não podem ser generalizadas, autoridade que lhes seria, ao contrário, conferida por métodos estatísticos de análise. Entende-se por "generalização" a inferência de qualidades de casos ou unidades singulares de análise para outros ou conjuntos deles que, de fato, não foram objeto de observação e análise. O objetivo deste ensaio é esclarecer criticamente o sentido da ressalva-título, supondo-se aí implícita uma ampla questão metodológica. Definida a discussão (Introdução), examinam-se alguns de seus pressupostos, sobretudo a força paradigmática do positivismo. Na sequência, visita-se perspectiva de pesquisa bem diversa, a de Max Weber, a fim de experimentar salutar deslocamento epistêmico em relação à prática metodológica anterior. Volta-se à questão da generalização e examinam-se certas variações mais elaboradas dela, segundo a tradição "qualitativa", que acabam por confundir o processo lógico em questão. Pondo, finalmente, "os pingos nos is" da ressalva, conclui-se pelo caráter puramente valorativo desta e toma-se posição sobre generalização indutiva e pesquisa qualitativa, centrais ao contexto da discussão.
Generalização; Pesquisa qualitativa em administração; Análise pós-positivista