RESUMO
Land sharing (Lsh) e land sparing (Lsp) são estratégias de uso do solo que apresentam diferentes potenciais para o alcance de múltiplos objetivos no processo de planejamento da paisagem, como a conservação da biodiversidade e a provisão de serviços ecossistêmicos. Por meio da realização de um estudo de caso na bacia hidrográfica do rio Saltinho em Imbaú/PR, buscou-se avaliar em que medida a aplicação dessas estratégias contribui para a conservação da biodiversidade e a manutenção da qualidade da água na bacia. A análise foi realizada a partir da comparação entre três cenários: cobertura de vegetação nativa em 2008, conformidade com a Lei n.º 12.651/12 e planejamento da vegetação na escala da bacia, de acordo com os preceitos do Lsh e do Lsp. Para cada cenário, foram calculadas as métricas de paisagem e a produção de sedimentos, com o uso de uma ferramenta de análise baseada em vetores (V-LATE) e uma ferramenta de gestão de serviços ecossistêmicos (InVEST). Nos modelos estudados, os resultados indicam que a aplicação do Lsh e Lsp contribuiu para a melhoria de métricas de paisagem e para a redução da quantidade de sedimentos exportados aos corpos hídricos, o que poderia representar efeitos positivos para a biodiversidade e qualidade da água na bacia. No entanto, esses efeitos não se mostraram diretamente proporcionais, conforme transição dos cenários analisados. Dessa forma, a exploração de diferentes configurações e proporções de usos do solo entre essas estratégias pode auxiliar a identificação de potenciais limiares para conservação da biodiversidade e provisão de serviços ecossistêmicos, e, além disso, no planejamento de paisagens agrícolas sustentáveis.
Palavras-chave
Planejamento territorial; Bacia hidrográfica; Métricas de paisagem; Qualidade da água