Resumo:
Analisamos o texto da peça teatral Copenhagen, de Michael Frayn, uma conversa pós-morte entre Heisenberg, Bohr e sua esposa Margrette, baseada no encontro dos cientistas em 1941. Envolve os princípios da incerteza e da complementaridade e a participação de Heisenberg na possível construção da bomba atômica alemã. Como dispositivo de análise mobilizamos elementos da dramaturgia, como conflito, gênero drama/épico, indicações cênicas, dramático/pós-dramático, em seus efeitos de sentido sobre incerteza, dando visibilidade a aspectos materiais desse texto. O princípio de Heisenberg aparece como inspiração para o eixo central de uma estrutura textual que produz diferentes sentidos de incerteza, ligados, metaforicamente, a elementos do princípio da incerteza da Teoria Quântica, produzindo um deslocamento das entidades da microfísica para entidades humanas. Limites epistêmicos associados à ontologia das entidades se transformaram em supostos limites para julgamentos ético-morais. Discutimos implicações para a educação em ciências são discutidas, e apresentamos apontamentos para futuras pesquisas.
Palavras-chave:
Educação e teatro; Arte e educação; Princípio da incerteza; Ensino de física; Teoria quântica