Resumo
O artigo analisa a noção de inclusão social nas negociações de paz, um assunto que ganhou importância crescente na política, nas normas e nos estudos nas últimas décadas. Argumenta-se que a inclusão deixou de ser considerada um distúrbio desnecessário e passou a ser necessária nos processos de paz, especialmente devido à sua crescente associação com a promoção da legitimidade política e da sustentabilidade da paz. Reduzir a inclusão à sua utilidade, entretanto, obscurece sua natureza e implicações fundamentalmente políticas. O artigo, portanto, rastreia e desdobra a discussão sobre a inclusão social, baseando-se especialmente na leitura de Chantal Mouffe sobre o agonismo político e na literatura mais recente sobre a paz agonística. Por fim, argumenta-se que instrumentalizar e despolitizar a inclusão política é prejudicial para a salvaguarda democrática de direitos anteriormente negados e contraproducente até mesmo para fins de legitimação mínima. A construção da paz se beneficia de pontos de vista agonísticos de análise ao introduzir, desde o estágio de negociação, um modelo político de engajamento que permite que o conflito seja abordado pacificamente em vez de ser varrido para debaixo do tapete.
Palavras-chave inclusão política; paz agonística; negociações de paz; processo de paz; Estudos de Paz e Conflito