Resumo:
Inspirado na análise da hegemonia burguesa de Antonio Gramsci e sua formulação teórica de blocos históricos, este artigo tenta explicar como o conceito e a prática do desenvolvimento sustentável foram capturados pelos interesses corporativos nas últimas décadas do século 20 e como eles foram transformados em que podemos nomear um bloco histórico “bom antropoceno” no início do século 21. Essa captura corporativa é teorizada em termos da classe capitalista transnacional representada por frações corporativas, estatistas/políticas, profissionais e consumistas que operam em todos os níveis de um mundo cada vez mais globalizado. Neste ensaio proponho o termo “narrativa crítica do Antropoceno”, destacando os perigos colocados pelo Antropoceno e a necessidade de mudanças sistêmicas radicais que implicam no fim do capitalismo e do estado hierárquico. A narrativa crítica do Antropoceno, portanto, opõe-se radicalmente à narrativa do “bom Antropoceno” que, segundo argumento, foi inventada como uma estratégia para defender o status quo socioeconômico pelos proponentes do desenvolvimento sustentável e seus sucessores na era do Antropoceno, apesar das boas intenções de muitos ambientalistas que trabalham em corporações, governos, ONGs e organizações internacionais. O artigo conclui com algumas sugestões sobre como lidar com as possíveis ameaças existenciais à sobrevivência da humanidade.
Palavras-chave:
Desenvolvimento sustentável; O Antropoceno; Blocos históricos; Captura corporativa; Classe capitalista transnacional