Resumo:
O objetivo do artigo é analisar maneiras pelas quais a tensão entre igualdade e diferença é debatida no feminismo contemporâneo, bem como as implicações em termos de possibilidades e desafios para a efetivação da democracia. A metodologia consistiu em observação participante realizada em eventos e reuniões organizados por ativistas da Marcha das Vadias do Rio de Janeiro, entre maio e agosto de 2014. Nos anos seguintes, acompanhamos essa e outras iniciativas feministas do Rio de Janeiro, bem como os debates online entre diversas correntes ideológicas atuais, particularmente transfeministas, “feministas radicais” e feministas negras. As conclusões apontam para o uso do conceito de interseccionalidade como possibilidade de resolução das diferenças em uma perspectiva de combate às opressões. Uma tensão ainda não resolvida é a possibilidade de radicalização da democracia, expressa no ideal de “horizontalidade”, visto pelas militantes como não efetivado nas interações.
Palavras-chave: Igualdade e diferença; Marcha das Vadias; Transfeminismo; Feminismo negro; Interseccionalidade