Resumo:
Partindo de um breve histórico sobre como Nietzsche foi considerado e utilizado como peça argumentativa na literatura animalesca, o presente estudo se centra em buscar uma compreensão sobre as contribuições que a filosofia de Nietzsche pode fazer ao campo dos estudos críticos da animalidade, uma área interdisciplinar e que se centra no estudo dos animais, seus modos de estar e habitar no planeta, seus vínculos com o resto da realidade e seus direitos.
Palavras-chave:
Nietzsche; estudos da animalidade; animais; Zaratustra
Abstract:
Starting from a brief history of how Nietzsche was considered and used as an argumentative piece in animalistic literature, this study focuses on seeking an understanding of the contributions that Nietzsche's philosophy can make to the field of critical studies of animality, an interdisciplinary field that focuses on the study of animals, their ways of being and living on the planet, their links with the rest of reality, and their rights.
Keywords:
Nietzsche; studies of animality; animals; Zarathustra
Sempre considerei que a extemporaneidade de Nietzsche, esse estar fora da medida de seu tempo (Unzeitgemäss) implica que, em qualquer tempo, pode dizer algo ao presente no qual vivemos, e nesse sentido, traça linhas para seguir pensando problemáticas distintas que nos afetam. Por isso que Nietzsche é sempre, ao mesmo tempo, um pensador atual e desatualizado. Nesta extemporaneidade, o tema que me interessa é o do aporte que a filosofia de Nietzsche pode fazer ao campo dos estudos críticos da animalidade, uma área interdisciplinar que abarca não só disciplinas das humanidades e ciências sociais, mas também da biologia, ciências ambientais, etc., e que se centra no estudo dos animais, seus modos de estar e habitar no planeta, seus vínculos com o resto da realidade, seus direitos, etc.1 1 Para este tema, ver o capítulo 1, “Extraños animales: la presencia de la cuestión animal en el pensamiento contemporáneo”, de Cragnolini, Mónica B. Extraños animales. Filosofía y animalidad en el pensar contemporáneo. Buenos Aires: Prometeo, 2016. Embora seja verdade que essa linha de investigação foi promovida a partir dos anos 70 do século XX, a partir da publicação de Animal Liberation de Peter Singer e o consequente nascimento de vários movimentos a favor dos direitos dos animais, pode-se dizer que é nas últimas três décadas que alcançou maior notoriedade, especialmente pela relevância que os problemas ambientais adquiriram em diversos campos de estudo.2 2 Isso não significa que os estudos ambientais enfoquem seu interesse nos animais como animais, mas a ideia de ecossistema os engloba e os considera, embora, às vezes, apenas como recurso.
Os estudos críticos da animalidade puseram em crise tudo o que é “próprio” dos humanos, aquilo considerado prerrogativa e atributo exclusivo do humano existente, e que o permitiu, por muito tempo, estabelecer limites, barreiras e abismos entre os animais humanos e os animais não humanos. No século XIV os Studia Humanitatis, como os caracterizava Coluccio Salutati, compreendiam as cinco matérias consideradas vinculadas a características exclusivas do ser humano existente: gramática, retórica, poética, história e filosofia moral. Essas disciplinas indicavam que só o humano existente tem linguagem, capacidade criativa, história, etc.: no século XX, a etologia, a partir de Konrad Lorenz, mostrou que os animais também resolvem problemas; se comunicam entre si e podem se comunicar com os humanos aprendendo língua de sinais, entre outros; formam comunidades com categorias que se aproximam da moral, etc. Uma vez desconstruído aqueles “próprios” do humano existente, torna-se necessário pensar a questão animal a partir de outros parâmetros.
Os estudos filosóficos fizeram diversas contribuições para este campo dos estudos críticos da animalidade, deixando claro como a problemática animal tem estado presente na filosofia. Nesse sentido, um dos pontos centrais do debate na filosofia foi o tema da alma dos animais, e a compilação de Pietro Li Causi e Roberto Pomelli, L’anima degli animali. Aristotele, frammenti stoici, Plutarco, Porfirio3 3 LI CAUSI, Pietro; POMELLI, Roberto (orgs.) L’anima degli animali. Aristotele, frammenti stoici, Plutarco, Porfirio. Torino: Einaudi, 2015. , assim como os volumes que, no âmbito latino-americano vem compilando Leticia Flores Farfán e Jorge Linares Salgado em Los filósofos ante los animales4 4 FARFÁN, Leticia Flores; SALGADO, Jorge E. Linares (coords.). Los filósofos antes los animales. 4 vol. México: Unam-Almadia. 2018-2021 (O volume 1 está dedicado à filosofia antiga, o 2 ao Renascimento e Modernidade, e o 3 e 4 ao pensamento contemporâneo). , dão conta da relevância do problema para o pensamento filosófico atual.
Nietzsche na literatura animalesca
Entre 1960 e 1978 esteve em debate, no campo das humanidades, a controvérsia acerca da existência de uma “natureza humana”. É de 1978 a primeira edição do clássico livro de Mary Midgley, Beast and Man. The roots of human nature5 5 MIDGLEY, Mary. Beast and Man. The roots of human nature. London-New York: Routledge, 1980. , totalmente inserido neste debate. Midgley aponta no seu prólogo quais foram as duas linhas fundamentais na discussão. Por um lado, o que pode ser reconhecido como a linha de esquerda das ciências sociais, que negava totalmente a ideia de uma natureza humana, enfatizando o cultural, e constituindo, a partir de suas afirmações, a melhor argumentação contra o sexismo, o racismo e o autoritarismo. Na linha oposta, se encontravam etólogos como Robert Ardrey e Desmond Morris, defensores de uma ideia de natureza humana.6 6 Ardrey sustentou a ideia do homem como caçador, sua natureza tem a ver com essa condição que se gerou a partir da sua diferença com os animais. Ver: ARDREY, Robert. La evolución del hombre: la hipótesis del cazador. Madrid: Alianza, 1976. Desmond Morris, por sua parte, por aqueles anos interpretou ao homem desde o ponto de vista zoológico, como fez em The Naked Ape, Canada: Bantam Books, 1969. Natureza que, em condições como a da cidade grande, se corrompe, como sustenta Morris em El zoo humano.7 7 MORRIS, Desmond. El zoo humano. Trad. A. Martin. Barcelona: Plaza & Janés, 1970. Em 1975 se publica de WILSON, Edward O. Sociobiology. A New Synthesis, com uma posição genética determinista, indicando a relevância do comportamento social em diversos organismos, e representando um ponto intermediário, desde a genética, no debate indicado. Menciono estas duas linhas de debate porque, também no caso da investigação nietzschiana estão os que defendem uma ideia da natureza humana ou animal como “essencial”, e os que consideram o caráter das ficções nietzschianas nesses conceitos, aproximando-se então, em sua interpretação, as correntes não essencialistas dessas naturezas. Mary Midgley menciona Nietzsche várias vezes em sua obra, em alguns pontos seguindo certas interpretações que ainda não eram habituais nesses anos.8 8 Por exemplo, em MIDGLEY, op. cit., p. 6 considera que Nietzsche pensa a ideia de Wille zur Macht basicamente como vontade apoderadora e dominadora do outro; em p. 26 alude à ideia de “besta interior” ou animal interior, e aponta que essa ideia nietzschiana é visível no leão que rompe as cadeias do dever (o leão das três transmutações), Porém, não me refiro a ela pelo tema nietzschiano em si, mas porque acredito que deixa estabelecidas as linhas de discussão em torno das quais irão girar os problemas colocados pelos estudos críticos da animalidade, que precisamente partem de considerar a questão animal não como subsidiária ou dependente da problemática humana, mas como um tema em si mesmo: os animais importam não como imagem, metáfora ou espelho do humano, mas como animais. No caso da investigação nietzschiana, naqueles anos, (e ainda hoje) era habitual pensar os animais na obra do filósofo de maneira fabulística, como imagem ou referência a algo de ordem humana. Interpretação a qual, poderíamos dizer, o próprio Nietzsche contribuiu ao apontar que a águia e a serpente de Zaratustra são seus “animais emblemáticos”. Por isso, os primeiros textos que indicarei neste estado da questão não provêm do âmbito da filosofia, mas do campo literário.
O primeiro texto que considero que faz referência de maneira mais direta ao problema animal em Nietzsche, e que, como mostrei, não é obra de uma pesquisadora especialista em Nietzsche, mas que está localizada na linha mais literária dos estudos críticos do animal, é o de Margot Norris, Beasts of the Modern Imagination. Darwin, Nietzsche, Kafka, Ernst, & Lawrence9 9 NORRIS, Margot. Beasts of the Modern Imagination. Darwin, Nietzsche, Kafka, Ernst, & Lawrence. Baltimore-London: The Johns Hopkins University Press, 1985. , de 1985NORRIS, Margot. Beasts of the Modern Imagination. Darwin, Nietzsche, Kafka, Ernst, & Lawrence. Baltimore-London: The Johns Hopkins University Press, 1985., que tem como epígrafe um parágrafo de A gaia ciência, que me parece muito apropriado - por isso vou citá-lo - para indicar outro modo de analisar a problemática animal, e que aponta:
Os quatro erros. - O homem foi educado pelos seus erros: primeiro,ele sempre se viu apenas de modo incompleto; segundo, atribuiu-se características inventadas; terceiro, colocou-se numa falsa hierarquia, em relação aos animais e à natureza; quarto, inventou sempre novas tábuas de bens, vendo-as como eternas e absolutas por um certo tempo, de modo que ora este ora aquele impulso e estado humano se achou em primeiro lugar, e foi enobrecido em consequência de tal avaliação. Excluindo o efeito desses quatro erros, exclui-se também humanidade, humanismo e “dignidade humana” (FW/GC 115, KSA 3.474)10 10 As traduções dos textos de Nietzsche foram as de Paulo César de Souza, para a Companhia das Letras. .
Este parágrafo indica de maneira conclusiva que o humanitarismo e a dignidade humana necessitam ser formados a partir dos erros que basicamente separam o humano existente dos animais e da natureza, para o enobrecer e assim dar uma hierarquia especial, a partir de propriedades inventadas. E neste sentido, demonstra a abordagem do tema animal na obra de Nietzsche que me parece relevante aos estudos da animalidade: o que adverte sobre a estrutura de conformação do conceito do humano a partir da hierarquização de uns modos de vida frente a outros, e as consequências que isso tem para as formas de vida localizadas no lugar do “inferior”. Que Nietzsche tenha em conta estes elementos, já indica que sua filosofia afirmativa não pode ser pensada na linha dos humanismos, mas no âmbito dos pós-humanismos11 11 Neste sentido é necessário indicar que a problemática animal em Nietzsche se encontra, desde meu ponto de vista, intimamente vinculada com a questão do pós-humanismo. Nesse sentido, o tema de Nietzsche e o pós-humanismo foi trabalhado por: FERRANDO, Francesca. Philosophical Posthumanism. Great Britain: Bloosbury Academic, 2019, especialmente “Antihumanism and Übermensch”, pp. 45 ss., e LEMM, Vanessa. Homo Natura: Nietzsche, Philosophical Anthropology and Biopolitics. Edinburgh, 2020, especialmente pp. 1-12 e 167-182. .
O texto de Norris investiga a crítica ao antropocentrismo feita por autores como Darwin, Nietzsche, Kafka e Lawrence, que ao mesmo tempo escrevem, segundo a interpretação da autora, a partir de gestos animais (bestiais). Analisa, então, escritores, mas também artistas, como Ernst, que criam a partir da sua “animalidade falante”: seu texto é dedicado à obra e aos gestos dos “animais critativos”. Norris tenta manter uma perspectiva zoocêntrica, e por isso a vida animal é central no seu trabalho, embora seja necessário indicar que no caso de Nietzsche sua ênfase é colocada mais no “Nietzsche animal” do que nos “animais” na obra de Nietzsche. Neste sentido, interpreta Nietzsche a partir de uma energia vital, zoomórfica e que visa suturar a ferida da separação homem-animal produzida no corpo vivo. Ao interpretá-lo desde uma energia instintiva caracterizada como imediata, seus escritos dão conta, segundo Norris, do problema da hostilidade à representação.
Este movimento dos autores que Norris analisa, movimento da crítica biocêntrica ao antropocentrismo, colapsa a partir de 1930. Assim, escrevendo em um momento no qual se pensam as questões filosóficas basicamente em termos linguísticos, a aposta de Norris é a de “rebiologizar”, como ela mesma aponta, a esses filósofos dos animais. Estes autores elaboram novos modelos do intercâmbio libidinal entre a vida natural e a cultural, com consequências na redefinição da violência humana, que foi tradicionalmente atribuída ao bestial no homem. Nesta linha biocêntrica, a violência animal é remetida à inocência dionisíaca, e por isso Nietzsche é um crítico das formas cruéis de violência estabelecidas desde a civilização12 12 Como no caso da interpretação de Midgley, há aspectos da interpretação que Norris faz de Nietzsche que talvez não possam ser sustentados no contexto da sua própria interpretação. Por exemplo, ela interpreta o Übermensch a partir de um modelo militarista e bárbaro, o qual, evidentemente, entra em conflito com sua ideia do Nietzsche “biocêntrico”. . O sacerdote, com seus meios de crueldade, na imagem de domador de feras, é, assim, a verdadeira besta.
Nesse contraste que Norris realiza entre os autores antropocêntricos, que visam na arte a representação ou a imagem, e os biocêntricos, cuja arte não se baseia em imagens, interpreta que a escrita que Nietzsche propicia é uma descarga de criação, um estimulante da vida e do corpo, e não da imaginação cultural. Retomando a ideia de Ricoeur dos mestres da suspeita, Norris aponta que Nietzsche desconfia de toda mediação do desejo, e por isso ela considera que sua ideia de vontade de potência se aproxima ao desejo animal (não mediado) na filosofia de Hegel. Por isso interpreta o Ecce Homo como um “ato animal bestial”, um exercício subversivo em relação ao seu título, que, segundo Norris, é antropocêntrico13 13 NORRIS, Margot. op. cit., p. 73. . O Ecce Homo oferece uma autobiografia fisiológica, um retrato do filósofo como Naturwesen. Como Nietzsche escreve como animal criativo, não calcula nenhum retorno do seu discurso, que resulta ser, deste modo, um exercício de desperdício de talento, em uma aproximação fisiológica e naturalista. E, nessa ideia, Norris considera que o Übermensch é um “animal recuperado”.
Este gesto animal que, segundo Norris, Nietzsche realiza em Ecce Homo, já tinha realizado em Assim falava Zaratustra, como ato puro de dom da vitalidade, que não tenta demonstrar nada e que, de alguma maneira, inverte a tarefa filosófica de traduzir a vida ao pensamento, tentando manifestar “a vida mesma”. Por isso, os autores biocêntricos realizam um exercício de pensamento supérfluo, de desperdício e de excesso.
Já no ano 2000, tampouco de autoria de um especialista nietzschiano, foi publicado Electric Animal, Toward a Rhetoric of Wildlife, de Akira Mizuta Lippit, texto que dedica o capítulo dois ao pensamento das filosofias nietzschiana e heideggeriana sobre o mundo animal, partindo sempre de algumas instâncias de análise para considerar a questão da distância estabelecida entre o humano e o animal ao longo do pensamento ocidental. Essas instâncias são três: a exclusão do animal do mundo organizado pela linguagem, a ausência de morte na vida do animal, e, como consequência, a indestrutibilidade do animal. Lippit aponta que, diferentemente do animal heideggeriano, caracterizado a partir da tristeza, o animal nietzschiano mostra uma disposição alegre. Quando Zaratustra está triste, são os animais que lhes mostram o mundo como um jardim. Na II Consideração Extemporânea ele pergunta aos animais sobre sua felicidade, e embora tenham linguagem, perderam a memória para poder expressar em que consiste essa felicidade. Na interpretação de Lippit, os animais nietzschianos têm uma relação indiferente com a linguagem devido à sua capacidade de esquecer, sua condição a-histórica14 14 LIPPIT, Akira Mizuta. Electric Animal. Toward a Rhetoric of Wildlife. Minneapolis-London: University of Minnesota Press, 2000, p. 68. .
Lippit observa que até Heidegger tem que reconhecer que Zaratustra fala com seus animais: quando Zaratustra fala em solidão, são seus animais que estão falando. Ao falar com animais, o homem se abre para a vasta negatividade de um mundo em apagamento; renunciando à presença de um mundo determinado pelo idioma. Portanto, a relação de Zaratustra com os animais excede os parâmetros da linguagem, bloqueando a possibilidade de ser “representado”15 15 Se o animal não é “representado” no mundo humano, não se converte em fábula ou em metáfora de outra coisa. no mundo humano. Seu diálogo ocorre fora dos intercâmbios que constituem o mundo humano, nos interstícios da comunicação. Nesse sentido, a relação de Zaratustra como os animais é sempre da ordem do unheimlich, o estranho-não familiar: portanto, o animal não pode ser reduzido aos modos humanos.
Me referi, em primeiro lugar, a estes dois trabalhos do âmbito da literatura comparada porque, em ambos, encontro o que, por esses anos, ainda não é encontrado nas obras dos especialistas em Nietzsche, que é a possibilidade de pensar o animal não como “representação” ou “imagem” de um conceito, mas como um animal. Embora Norris esteja mais preocupado com a animalidade do próprio Nietzsche, ele consegue localizar o animal fora da representação. No caso de Lippit, essa localização se torna possível a partir do lugar concedido à linguagem e ao fato de que os animais nietzschianos também falam.
Já no século XXI, em 2004, publica-se a compilação de Christa Davis Acampora e Ralph Acampora16 16 ACAMPORA, Christa Davis; ACAMPORA, Ralph. A Nietzschean Bestiary: becoming animal beyond docile and brutal. Oxford: Rowman & Littlefield, 2004. O volume conta com trabalhos de Babette Babbich, Debra Bergoffen, Thomas H. Brobjer, Gary Shapiro, Daniel Conway, Brian Crowley, Brian Domino, Peter Groff, Jennifer Ham, Lawrence Hatab, et. al, e vários desses artigos interpretam a questao animal em Nietzsche no sentido fabulístico ou representativo. , que apresenta diversas aproximações ao tema dos animais em Nietzsche. Porém considero que são os trabalhos de Vanessa Lemm os que tornaram evidente a questão da “filosofia animal” na obra de Nietzsche17 17 LEMM, Vanessa. La filosofía animal de Nietzsche. Cultura, política y animalidad del ser humano. Santiago de Chile: Universidad Diego Portales, 2010. . Lemm realiza um estudo sistemático da animalidade na filosofia nietzschiana, patenteando um lugar essencial desta problemática para compreender outros aspectos do seu pensamento. Desse modo, aponta a continuidade entre a vida animal e a vida humana, mostrando que esta última “não joga um rol central na totalidade da vida, mas é apenas uma parte pequena e insignificante da mesma”18 18 LEMM, V. op. cit., p. 19. .
Para Lemm, a questão política em Nietzsche deve ser pensada na linha da "recuperação" deste animal perdido pelo processo civilizatório. Se a decadência das sociedades humanas se vincula com sua negação do vital, produto da civilização, é necessária uma política da cultura, que não recorra a domesticação e disciplinamento do humano existente, e do domínio da vida. Desde esse ponto de vista, Lemm esclarece também vinculações interessantes com problemas da biopolítica19 19 LEMM, Vanessa. “Nietzsche and Biopolitics: Four Readings of Nietzsche as a Biopolitical Thinker”. in: PROZOROV, Sergei; RENTEA, Simona (eds.). The Routledge Handbook of Biopolitics. Routledge, 2016.; Homo Natura: Nietzsche, Philosophical Anthropology and Biopolitics: Edinburgh: Edinburgh Univesity Press, 2020. , e nos últimos anos se dedicou a analisar a questão da vegetalidade em Nietzsche, oferecendo uma abertura a outros âmbitos atuais de investigação na filosofia20 20 Este âmbito de investigação foi aberto, fundamentalmente, com lugar que foi concedido as plantas pelas neurociências, em especial a partir os trabalhos de Stefano Mancuso, Verde brillante, Firenze-Milano, Giunti Editori, 2013, La nazione delle piante, Roma-Bari, Laterza, 2019, La pianta del mondo, Bari-Roma, Laterza, 2020, S. Mancuso- C. Petrini, Biodiversi, Firenze, Milano, Giunti, 2015, y en el ámbito filosófico por Michael Marder (Ed.), Critical Plant Studies, Philosophy, Literature, Culture, 6 vol., Brill, 2013-2020. Vanessa Lemm levantou este tema em Nietzsche em “La filosofía vegetal de Friedrich Nietzsche”, en Iván D. Avila (ed), La cuestion animal(ista), ed. Ivan Dario Avila Gaitan, Bogotá, Ediciones desde abajo, 2016, pp. 151-172. .
Neste sentido, Vanessa Lemm coloca Nietzsche em seus trabalhos nesta posição de extemporaneidade que, desde meu ponto de vista, é sumamente valiosa para compreender a sobrevivência da sua filosofia no século XXI, e é uma das pioneiras na abertura das linhas de pesquisa nietzschiana nos estudos críticos da animalidade21 21 Nesse sentido, cabe mencionar: AURENQUE, Diana, Animales enfermos: Filosofía como terapéutica, México: Fondo de Cultura Económica, 2021. .
Os estudos sobre os animais e a filosofia nietzschiana: contribuições para um presente problemático
Gostaria de salientar, por último, quais são, desde minha perspectiva, as últimas contribuições que a análise da problemática animal na obra de Nietzsche pode fazer ao campo dos estudos críticos da animalidade22 22 A ideias que desenvolvo na continuação estão contidas em: CRAGNOLINI, Mónica B. “Extraños devenires: una indagación en torno a la problemática de la animalidad en la filosofía nietzscheana”. in: Instantes y Azares. Escrituras nietzscheanas. Buenos Aires: La Cebra, Año VIII, Nro 8 primavera de 2010, pp.13-30; “Nietzsche: del animal al ultrahombre”. Málaga: Ateneo del Muevo siglo, Nro 15, octubre 2012, pp. 47-49; Extraños animales. Filosofía y animalidad en el pensamiento contemporáneo. Buenos Aires: Prometeo, 2016; “Los animales de Zarathustra: Heidegger y Nietzsche en torno la cuestión de lo viviente animal”. in: Estudios Nietzsche, SEDEN, Málaga, N° 10 (2010), pp. 53-66; “Amamos la vida, no por hábito de vivir sino por hábito de amar. Hacia una ciencia “jovial” del animal, en C. Ambrosini-A. Mombrú y P. Mendez (eds), Nietzsche y la ciencia. Modulaciones epistemológicas III, Remedios de Escalada, UNLA, 2016, ISBN 978-987—1987-73-3, pp. 79-90, entre outros. . No XXXVIII Encontros Nietzsche do GEN, em 2016, me referi, em minha exposição “Proposições nietzschianas para pensar a questão animal”23 23 O texto desta exposição está publicado como CRAGNOLINI, Mónica B. “Proposições nietzschianas para pensar a questão animal”. Cadernos Nietzsche, Vol 39 (1) 2018, pp. 120-131. , a tarefa que Nietzsche nos deixa no parágrafo 7 do livro I de A gaia ciência, parágrafo intitulado “Algo para homens trabalhadores” (cf. FW/GC 7, KSA.378-380). Nessa ocasião, desse “programa de trabalho” para a nova ciência alegre, retomei a ideia de uma “história natural do animal”, e apontei Nietzsche como um dos precursores, avant-la-lettre, dos estudos críticos da animalidade, destacando, basicamente, a questão sacrificial e sarcófaga (como tema de uma “filosofia da nutrição", como a que se propõe como tarefa para o filósofo da gaia ciência, e a que logo fará alusão em Ecce Homo). Desse ponto de vista, a moral é apresentada por Nietzsche como sacrifício do vital, e então, desde sua obra, é possível propor outras formas de vinculação com os vivos a partir da ideia de que a vida não se ama pelo hábito de viver, mas pelo hábito de amar. Em Assim falava Zaratustra, a bela cena da “nuvem de amor” entre Zaratustra, o leão que ri e o bando de pássaros parece ser uma amostra desse amor pelo vital24 24 Me refiro a esta cena em: CRAGNOLINI, Mónica B. “Nietzsche: dos escenas (con) animales para pensar la problemática de la animalidad”. in: FARFÁN, Leticia Flores; SALGADO, Jorge Linares. Los filósofos ante los animales. Una historia filosófica sobre los animales. (Pensamiento contemporáneo 2). México: UNAM-Almadía, 2012, p.13ss. .
Contudo, a pandemia de Covid-19 nos deixou claro a maneira como tratamos e continuamos tratando ao planeta e todas as suas formas de vida. Por isso, nesta oportunidade, e para seguir indicando essas contribuições de Nietzsche ao tema dos estudos críticos da animalidade, parto da ideia de Assim falava Zaratustra do homem como enfermidade da pele da terra25 25 Desenvolvi esta ideia em: CRAGNOLINI, Mónica B. “Esa enfermedad de la piel de la tierra que es el hombre”. Estudios Nietzsche. Málaga: SEDEN, 2016, pp. 13-25. , porque acredito que a partir de Nietzsche podemos pensar a questão dos animais no contexto da devastação do planeta, que inclui a crueldade para com todas as formas de vida. Nesse sentido, gostaria de recordar o que Nietzsche indica no parágrafo 286 de Aurora:
Animais domésticos e de estimação. - Existe algo mais repugnante do que o sentimentalismo para com plantas e animais, por parte de uma criatura que desde o início habitou entre eles como o mais feroz inimigo e que termina por reivindicar afeição de suas vítimas debilitadas e mutiladas? Ante essa espécie de “natureza” convém ao homem sobretudo seriedade, se é alguém que pensa. (M/A 286, KSA 3.217-218)
Neste parágrafo, Nietzsche está fazendo patente o que Derrida denomina a “guerra contra o animal”26 26 A esse respeito, ver: CRAGNOLINI, Mónica B. “La ciencia jovial: un ejercicio del derroche frente a la ‘guerra santa’ contra el animal”, in: Nómadas, Revista de la Universidad Central. Bogotá, Colombia, Nº 37, octubre 2012, pp. 146-155. do modo cruel, como mostra o parágrafo 57 de Humano, demasiado humano II, com o qual o existente humano foi vinculado aos animais, seja desde a negligência, seja desde o usufruto ou a conveniência. E no parágrafo de Aurora aponta também esse aspecto de vinculação com os animais pretendido pelo humano existente, esperando ternura e afeto por parte de suas vítimas. Esses dois parágrafos da obra de Nietzsche representam, desde meu ponto de vista, a denúncia mais clara do pensador alemão em relação ao modo como tratamos as outras formas de vida, as quais, por outra parte, sempre consideramos inferiores. A partir desta perspectiva, considero que a ideia de o homem não poder ser nem conservado nem melhorado, tal como se demonstra no discurso “Do homem superior” da quarta parte de Assim falava Zaratustra (ZA/Za IV, Do homem superior, KSA 4.356-368.), está indicando que Nietzsche é o anunciador do pós-humanismo (já que o Übermensch não poderia ser, então, nenhuma forma nem superada nem exaltada do humano), e que, além do mais, a animalidade não pode ser considerada como algo da ordem do imaginário “a ser recuperado”. Justamente a ideia da “morte de Deus” aponta o problema originário, e o desaparecimento de todo aquilo o que se quer postular como arché-origem. Nesse sentido, a festa do asno (cf. ZA/Za IV, A festa do asno, KSA 4.390-394)27 27 Me refiro ao sentido não recuperativo do animal a partir da festa do asno em CRAGNOLINI, M. B. “Nietzsche: dos escenas (con) animales para pensar la problemática de la animalidad”, art. cit. que se desenrola na quarta parte de Assim falava Zaratustra, e o modo como são repreendidos os homens superiores por ajoelharem-se diante de um animal, parece apontar que o animal não pode ser “recuperado” como um originário. Na minha perspectiva de análise do tema animal em Nietzsche, não é possível considerar uma “volta ao animal”: o que impede a crítica nietzschiana a todo elemento fundacional. Nietzsche não propõe, então, uma recuperação da animalidade, como se fosse um “originário” pervertido pelo modo de ser humano, mas “outro modo de ser”28 28 Me refiro a este outro modo de ser em: “An ´Other Way of Being´. The Nietzschean Animal: Contributions to the Question of Biopolitics”, in LEMM, Vanessa. Nietzsche and becoming of life. New York: Fordham University Press, 2014, pp. 214-230. com as outras formas de vida. Esse outro modo de ser pode ser considerado um modo “hospitaleiro e comunitário” se temos em conta o valor que Nietzsche dá à "estranheza" na questão da hospitalidade. Nesse sentido, recordo o parágrafo 319 de Aurora29 29 Para este tema, remeto a: CRAGNOLINI, Mónica B. “Nietzsche hospitalario y comunitario: una extraña apuesta”, in: CRAGNOLINI, M. B.(comp.) Modos de lo extraño. Alteridad y subjetividad en el pensamiento postnietzscheano. Buenos Aires: Santiago Arcos, 2005, pp. 11-27. (cf. M/A 319, KSA 3.226), no qual Nietzsche demonstra que para que haja hospitalidade é necessário conservar a estranheza, em outros termos, o respeito ao outro enquanto outro, não assimilável aos modos familiares de vinculação com a alteridade.
Nesta direção da comunidade, a pandemia nos tornou evidente a necessidade de outros modos de habitar a terra, e no âmbito dos estudos nietzschianos, é necessário mencionar a relevância da problemática da terra nos trabalhos de Gary Shapiro e Henk Manschot.
Em 2016 Gary Shapiro, em Nietzsche’s Earth30 30 SHAPIRO, Gary. Nietzsche’s Earth. Great Events, Great Politics. Chicago & London: The University of Chicago Press, 2016. sustenta que o pensamento nietzschiano permite gerar, da ideia de lealdade à terra de Zaratustra, até a expressão do Ecce Homo “apenas comigo a terra conhece a grande política”, uma série de conceitos para compreender a terra e seus tempos plurais. O sintagma “Sinn der Erde”31 31 SHAPIRO, Gary. op. cit., p. 4. , que Zaratustra introduz no seu primeiro discurso público, e que se traduz por “sentido” ou “significado da terra”, remete também à ideia de “direção”. E então a pergunta é: para onde vai a terra? Para Shapiro, a noção de terra na obra de Nietzsche tem um sentido político, como contra-conceito à noção de “mundo” de Hegel. Esta última é uma noção unitária de teologia política, vinculada às ideias de Estado, Deus e história do mundo. Contra essa teologia política, Nietzsche escreve e pensa O Anticristo, patenteando em sua ideia de terra do homem (Menschen-Erde) uma a-telogia política, que supõe compreender o território habitado pelo homem. E esta terra sempre é um território plural32 32 Neste sentido, Shapiro sustenta que o contraste da terra e o mundo está muito próximo da proposta metodológica de Deleuze e Guattari, de subordinação da história à geografia. , ideia que permite analisar diversas problemáticas da vida atual, na qual a globalização tende cada vez mais a fazer do planeta um mundo único (no sentido hegeliano). Desse ponto de vista, Shapiro considera que Nietzsche em Para além de bem e mal anuncia o século da multitude e não o das massas, como habitualmente se traduz o termo “Menge” (JGB/BM 256, KSA 5.203)33 33 No original: “Es ist das Jahrhundert der Menge!”. . Enquanto massa supõe homogeneidade, a idade de multitude implica o diverso não homogeneizável34 34 Esta ideia de multitude remete ao modo em que Negri e Hardt em Imperio interpretaram, de modo deleuziano, os trânsitos de migrantes no mundo globalizado (que, neste sentido, para eles não é homogêneo). .
Numa linha, em alguns aspectos, próxima à de Shapiro está a pesquisa de 2020 de Henk Manschot35 35 MANSCHOT, Henk. Nietzsche and the Earth. Biography, Ecology, Politics. Transl. Liz Waters. London-New York-Oxford-New Delhi-Sidney: Bloomsbury Academy, 2020. , analisando também a noção de “terra” na obra de Nietzsche, propondo uma “arte de viver” para o século XXI, e o conceito de “terrasofia”, como outra sabedoria que, em vez de pensar num mundo centrado no homem, pensa um mundo a partir da terra. Manschot considera que Nietzsche, por seus problemas de saúde, precisou adotar um estilo de vida que o aproximou mais a natureza em seu cotidiano, que, ademais, na sua obra realiza uma crítica da cultura que tenta dominar as outras formas de vida, e que pode pensar a terra e não a humanidade como centro. Para Manschot, desde 1880 Nietzsche esteve fascinado pelos processos metabólicos entre a gente e seu entorno, e dali à relevância dada a filosofia da nutrição.
Manschot define “terrasofia” como a filosofia cosmológica que faz da relação entre os humanos e a terra o principal objeto do século XXI36 36 MANCHOT, Henk. op. cit., p. 74 e deste ponto de vista, considera que vários movimentos atuais, como o “bem viver”37 37 David Choquehuanca, no seu discurso de posse como vice-presidente do estado Plurinacional de Bolívia, em 9 de novembro de 2020, expressou as principais ideias desta arte do “bem viver”, que se relaciona com noções da comunidade aymara, que pensa em um “nós” (jiwasa) com a terra, o que implica em algo bem diferente da ideia antropocêntrica. , as ideias em torno a comunidade Gaia38 38 A hipótese Gaia remete a James Lovelock e Lynn Margullis, que no início da década de 1970 propuseram a ideia da terra como um sistema autorregulado, composto pela biota, rochas, oceano e atmosfera. Gaia evolui como sistema de vida no qual tudo está em dependência. , e outras, estão nesta linha “terrasófica”.
Estas ideias de Shapiro e Manschot, que localizam a investigação nietzschiana em uma problemática tão atual, como é a nossa permanência neste planeta devastado por nossa própria atividade como existentes humanos, estão patenteando aquela extemporaneidade de Nietzsche com a qual comecei esta exposição, e mostrando de que forma a pesquisa em torno do pensamento nietzschiano torna visível que Nietzsche é um pensador póstumo, para seguir pensando amanhã, e depois de amanhã.
Para aqueles de nós que estão interessados pela questão dos animais, a pandemia da Covid-19, como sua natureza zoonótica reconhecida pela Organização Mundial da Saúde, deixou claro para nós as formas cruéis como os “animais de produção” são criados, e as consequências que isso causa quando esses animais entram em contato com outros animais “selvagens” que foram expulsos de seus habitats pelo desmatamento, pela urbanização, e outras questões humanas, demasiado humanas. Reivindicamos o direito de dar vida a outras formas de vida, somente para satisfazer nossas necessidades, e pedimos, como dizia Nietzsche no parágrafo de Aurora citado anteriormente, ternura da parte de nossas vítimas.
Em Nosostros somos los otros animales, Dominique Lestel resgata a expressão de Nietzsche em Humano, demasiado humano, a “crueldade do gesto maquinal”39 39 LESTEL, Dominique. Nosotros somos los otros animales.Trad. H. Pons. México: FCE, 2022, p. 74. para pensar o modo indiscriminado como matamos, talvez inadvertidamente, muitos animais, na pesca industrial, na contaminação dos mares por plásticos, e outras tantas práticas depredatórias. Criamos máquinas de produção e extermínio de vidas animais para satisfazer supostas necessidades humanas. Quando Zaratustra se encontra com o leão que sorri e os pombos, os homens chamados superiores fogem, porque nenhuma forma do humano poderia reconhecer essa comunidade com o vivente de Zaratustra, comunidade que implica hospitalidade com formas diferentes de vida. Frente a um mundo devastado pelo existente humano e seu maquinário que adoecem a terra (o deserto que cresce), os animais de Zaratustra o convidam a sair da sua caverna para o mundo, que espera por ele como um jardim (cf. ZA/Za III, O convalescente, KSA 4.271-272).
Estamos na época do capitaloceno40 40 MOORE, Jason W. “The Capitalocene Part II: accumulation by appropriation and the centrality of unpaid work/energy”. The Journal of Peasant Studies, 45:2, 237-279, 2018, DOI: 10.1080/03066150.2016.1272587. , na qual se faz evidentes as relações político-econômicas que nos levam a pensar toda a natureza como capital: a ideia de Übermensch, neste sinal anunciador da “nuvem de amor” entre Zaratustra e os animais parecia indicar que, “além da humanidade”, o mundo pode ser um jardim.
Referências
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- SHAPIRO, Gary. Nietzsche’s Earth. Great Events, Great Politics. Chicago & London: The University of Chicago Press, 2016
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Tradução de Paula Cristina Padilha Gondim.
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1
Para este tema, ver o capítulo 1, “Extraños animales: la presencia de la cuestión animal en el pensamiento contemporáneo”, de Cragnolini, Mónica B. Extraños animales. Filosofía y animalidad en el pensar contemporáneo. Buenos Aires: Prometeo, 2016CRAGNOLINI, Mónica B. Extraños animales. Filosofía y animalidad en el pensamiento contemporáneo. Buenos Aires: Prometeo, 2016..
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2
Isso não significa que os estudos ambientais enfoquem seu interesse nos animais como animais, mas a ideia de ecossistema os engloba e os considera, embora, às vezes, apenas como recurso.
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3
LI CAUSI, Pietro; POMELLI, Roberto (orgs.) L’anima degli animali. Aristotele, frammenti stoici, Plutarco, Porfirio. Torino: Einaudi, 2015LI CAUSI, Pietro; POMELLI, Roberto (orgs.) L’anima degli animali. Aristotele, frammenti stoici, Plutarco, Porfirio. Torino: Einaudi, 2015..
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4
FARFÁN, Leticia Flores; SALGADO, Jorge E. Linares (coords.). Los filósofos antes los animales. 4 vol. México: Unam-Almadia. 2018FARFÁN, Leticia Flores; SALGADO, Jorge E. Linares (coords.). Los filósofos antes los animales. 4 vol. México: Unam-Almadia. 2018-2021.-2021 (O volume 1 está dedicado à filosofia antiga, o 2 ao Renascimento e Modernidade, e o 3 e 4 ao pensamento contemporâneo).
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5
MIDGLEY, Mary. Beast and Man. The roots of human nature. London-New York: Routledge, 1980MIDGLEY, Mary. Beast and Man. The roots of human nature. London-New York: Routledge, 1980..
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6
Ardrey sustentou a ideia do homem como caçador, sua natureza tem a ver com essa condição que se gerou a partir da sua diferença com os animais. Ver: ARDREY, Robert. La evolución del hombre: la hipótesis del cazador. Madrid: Alianza, 1976ARDREY, Robert. La evolución del hombre: la hipótesis del cazador. Madrid: Alianza, 1976.. Desmond Morris, por sua parte, por aqueles anos interpretou ao homem desde o ponto de vista zoológico, como fez em The Naked Ape, Canada: Bantam Books, 1969.
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7
MORRIS, Desmond. El zoo humano. Trad. A. Martin. Barcelona: Plaza & Janés, 1970MORRIS, Desmond. El zoo humano. Trad. A. Martin. Barcelona: Plaza & Janés, 1970.. Em 1975 se publica de WILSON, Edward O. Sociobiology. A New Synthesis, com uma posição genética determinista, indicando a relevância do comportamento social em diversos organismos, e representando um ponto intermediário, desde a genética, no debate indicado. Menciono estas duas linhas de debate porque, também no caso da investigação nietzschiana estão os que defendem uma ideia da natureza humana ou animal como “essencial”, e os que consideram o caráter das ficções nietzschianas nesses conceitos, aproximando-se então, em sua interpretação, as correntes não essencialistas dessas naturezas.
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8
Por exemplo, em MIDGLEY, op. cit., p. 6 considera que Nietzsche pensa a ideia de Wille zur Macht basicamente como vontade apoderadora e dominadora do outro; em p. 26 alude à ideia de “besta interior” ou animal interior, e aponta que essa ideia nietzschiana é visível no leão que rompe as cadeias do dever (o leão das três transmutações),
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9
NORRIS, Margot. Beasts of the Modern Imagination. Darwin, Nietzsche, Kafka, Ernst, & Lawrence. Baltimore-London: The Johns Hopkins University Press, 1985NORRIS, Margot. Beasts of the Modern Imagination. Darwin, Nietzsche, Kafka, Ernst, & Lawrence. Baltimore-London: The Johns Hopkins University Press, 1985..
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10
As traduções dos textos de Nietzsche foram as de Paulo César de Souza, para a Companhia das Letras.
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11
Neste sentido é necessário indicar que a problemática animal em Nietzsche se encontra, desde meu ponto de vista, intimamente vinculada com a questão do pós-humanismo. Nesse sentido, o tema de Nietzsche e o pós-humanismo foi trabalhado por: FERRANDO, Francesca. Philosophical Posthumanism. Great Britain: Bloosbury Academic, 2019FERRANDO, Francesca. Philosophical Posthumanism. Great Britain: Bloosbury Academic, 2019., especialmente “Antihumanism and Übermensch”, pp. 45 ss., e LEMM, Vanessa. Homo Natura: Nietzsche, Philosophical Anthropology and Biopolitics. Edinburgh, 2020LEMM, Vanessa. Homo Natura: Nietzsche, Philosophical Anthropology and Biopolitics. Edinburgh, 2020., especialmente pp. 1-12 e 167-182.
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12
Como no caso da interpretação de Midgley, há aspectos da interpretação que Norris faz de Nietzsche que talvez não possam ser sustentados no contexto da sua própria interpretação. Por exemplo, ela interpreta o Übermensch a partir de um modelo militarista e bárbaro, o qual, evidentemente, entra em conflito com sua ideia do Nietzsche “biocêntrico”.
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13
NORRIS, Margot. op. cit., p. 73.
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14
LIPPIT, Akira Mizuta. Electric Animal. Toward a Rhetoric of Wildlife. Minneapolis-London: University of Minnesota Press, 2000LIPPIT, Akira Mizuta. Electric Animal. Toward a Rhetoric of Wildlife. Minneapolis-London: University of Minnesota Press, 2000., p. 68.
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15
Se o animal não é “representado” no mundo humano, não se converte em fábula ou em metáfora de outra coisa.
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16
ACAMPORA, Christa Davis; ACAMPORA, Ralph. A Nietzschean Bestiary: becoming animal beyond docile and brutal. Oxford: Rowman & Littlefield, 2004ACAMPORA, Christa Davis; ACAMPORA, Ralph. A Nietzschean Bestiary: becoming animal beyond docile and brutal. Oxford: Rowman & Littlefield, 2004.. O volume conta com trabalhos de Babette Babbich, Debra Bergoffen, Thomas H. Brobjer, Gary Shapiro, Daniel Conway, Brian Crowley, Brian Domino, Peter Groff, Jennifer Ham, Lawrence Hatab, et. al, e vários desses artigos interpretam a questao animal em Nietzsche no sentido fabulístico ou representativo.
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17
LEMM, Vanessa. La filosofía animal de Nietzsche. Cultura, política y animalidad del ser humano. Santiago de Chile: Universidad Diego Portales, 2010LEMM, Vanessa. La filosofía animal de Nietzsche. Cultura, política y animalidad del ser humano. Santiago de Chile: Universidad Diego Portales, 2010..
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18
LEMM, V. op. cit., p. 19.
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19
LEMM, Vanessa. “Nietzsche and Biopolitics: Four Readings of Nietzsche as a Biopolitical Thinker”. in: PROZOROV, Sergei; RENTEA, Simona (eds.). The Routledge Handbook of Biopolitics. Routledge, 2016LEMM, Vanessa. “Nietzsche and Biopolitics: Four Readings of Nietzsche as a Biopolitical Thinker”. in: PROZOROV, Sergei; RENTEA, Simona (eds.). The Routledge Handbook of Biopolitics. Routledge, 2016..; Homo Natura: Nietzsche, Philosophical Anthropology and Biopolitics: Edinburgh: Edinburgh Univesity Press, 2020LEMM, Vanessa. Homo Natura: Nietzsche, Philosophical Anthropology and Biopolitics. Edinburgh, 2020..
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20
Este âmbito de investigação foi aberto, fundamentalmente, com lugar que foi concedido as plantas pelas neurociências, em especial a partir os trabalhos de Stefano Mancuso, Verde brillante, Firenze-Milano, Giunti Editori, 2013MANCUSO, Stefano. Verde brillante, Firenze-Milano, Giunti Editori, 2013., La nazione delle piante, Roma-Bari, Laterza, 2019MANCUSO, Stefano. La nazione delle piante, Roma-Bari, Laterza, 2019., La pianta del mondo, Bari-Roma, Laterza, 2020MANCUSO, Stefano. La pianta del mondo, Bari-Roma, Laterza, 2020., S. Mancuso- C. Petrini, Biodiversi, Firenze, Milano, Giunti, 2015, y en el ámbito filosófico por Michael Marder (Ed.), Critical Plant Studies, Philosophy, Literature, Culture, 6 vol., Brill, 2013-2020. Vanessa Lemm levantou este tema em Nietzsche em “La filosofía vegetal de Friedrich Nietzsche”, en Iván D. Avila (ed), La cuestion animal(ista), ed. Ivan Dario Avila Gaitan, Bogotá, Ediciones desde abajo, 2016, pp. 151-172.
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21
Nesse sentido, cabe mencionar: AURENQUE, Diana, Animales enfermos: Filosofía como terapéutica, México: Fondo de Cultura Económica, 2021AURENQUE, Diana, Animales enfermos: Filosofía como terapéutica, México: Fondo de Cultura Económica, 2021..
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22
A ideias que desenvolvo na continuação estão contidas em: CRAGNOLINI, Mónica B. “Extraños devenires: una indagación en torno a la problemática de la animalidad en la filosofía nietzscheana”. in: Instantes y Azares. Escrituras nietzscheanas. Buenos Aires: La Cebra, Año VIII, Nro 8 primavera de 2010CRAGNOLINI, Mónica B. “Extraños devenires: una indagación en torno a la problemática de la animalidad en la filosofía nietzscheana”. in: Instantes y Azares. Escrituras nietzscheanas. Buenos Aires: La Cebra, Año VIII, Nro 8 primavera de 2010, pp.13-30., pp.13-30; “Nietzsche: del animal al ultrahombre”. Málaga: Ateneo del Muevo siglo, Nro 15, octubre 2012CRAGNOLINI, Mónica B. “Nietzsche: del animal al ultrahombre”. Málaga: Ateneo del Muevo siglo, Nro 15, octubre 2012, pp. 47-49., pp. 47-49; Extraños animales. Filosofía y animalidad en el pensamiento contemporáneo. Buenos Aires: Prometeo, 2016CRAGNOLINI, Mónica B. Extraños animales. Filosofía y animalidad en el pensamiento contemporáneo. Buenos Aires: Prometeo, 2016.; “Los animales de Zarathustra: Heidegger y Nietzsche en torno la cuestión de lo viviente animal”. in: Estudios Nietzsche, SEDEN, Málaga, N° 10 (2010CRAGNOLINI, Mónica B. “Los animales de Zarathustra: Heidegger y Nietzsche en torno la cuestión de lo viviente animal”. in: Estudios Nietzsche, SEDEN, Málaga, N° 10 (2010), pp. 53-66.), pp. 53-66; “Amamos la vida, no por hábito de vivir sino por hábito de amar. Hacia una ciencia “jovial” del animal, en C. Ambrosini-A. Mombrú y P. Mendez (eds), Nietzsche y la ciencia. Modulaciones epistemológicas III, Remedios de Escalada, UNLA, 2016CRAGNOLINI, Mónica B. “Amamos la vida, no por hábito de vivir sino por hábito de amar. Hacia una ciencia “jovial” del animal, en C. Ambrosini-A. Mombrú y P. Mendez (eds), Nietzsche y la ciencia. Modulaciones epistemológicas III, Remedios de Escalada, UNLA, 2016, ISBN 978-987—1987-73-3, pp. 79-90, entre outros.
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23
O texto desta exposição está publicado como CRAGNOLINI, Mónica B. “Proposições nietzschianas para pensar a questão animal”. Cadernos Nietzsche, Vol 39 (1) 2018CRAGNOLINI, Mónica B. “Proposições nietzschianas para pensar a questão animal”. Cadernos Nietzsche, Vol 39 (1) 2018, pp. 120-131., pp. 120-131.
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24
Me refiro a esta cena em: CRAGNOLINI, Mónica B. “Nietzsche: dos escenas (con) animales para pensar la problemática de la animalidad”. in: FARFÁN, Leticia Flores; SALGADO, Jorge Linares. Los filósofos ante los animales. Una historia filosófica sobre los animales. (Pensamiento contemporáneo 2). México: UNAM-Almadía, 2012CRAGNOLINI, Mónica B. “Nietzsche: dos escenas (con) animales para pensar la problemática de la animalidad”. in: FARFÁN, Leticia Flores; SALGADO, Jorge Linares. Los filósofos ante los animales. Una historia filosófica sobre los animales. (Pensamiento contemporáneo 2). México: UNAM-Almadía, 2012, p.13ss., p.13ss.
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25
Desenvolvi esta ideia em: CRAGNOLINI, Mónica B. “Esa enfermedad de la piel de la tierra que es el hombre”. Estudios Nietzsche. Málaga: SEDEN, 2016CRAGNOLINI, Mónica B. “Esa enfermedad de la piel de la tierra que es el hombre”. Estudios Nietzsche. Málaga: SEDEN, 2016, pp. 13-25., pp. 13-25.
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26
A esse respeito, ver: CRAGNOLINI, Mónica B. “La ciencia jovial: un ejercicio del derroche frente a la ‘guerra santa’ contra el animal”, in: Nómadas, Revista de la Universidad Central. Bogotá, Colombia, Nº 37, octubre 2012CRAGNOLINI, Mónica B. “La ciencia jovial: un ejercicio del derroche frente a la ‘guerra santa’ contra el animal”, in: Nómadas, Revista de la Universidad Central. Bogotá, Colombia, Nº 37, octubre 2012, pp. 146-155. , pp. 146-155.
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27
Me refiro ao sentido não recuperativo do animal a partir da festa do asno em CRAGNOLINI, M. B. “Nietzsche: dos escenas (con) animales para pensar la problemática de la animalidad”, art. cit.
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28
Me refiro a este outro modo de ser em: “An ´Other Way of Being´. The Nietzschean Animal: Contributions to the Question of Biopolitics”, in LEMM, Vanessa. Nietzsche and becoming of life. New York: Fordham University Press, 2014LEMM, Vanessa. Nietzsche and becoming of life. New York: Fordham University Press, 2014, pp. 214-230., pp. 214-230.
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29
Para este tema, remeto a: CRAGNOLINI, Mónica B. “Nietzsche hospitalario y comunitario: una extraña apuesta”, in: CRAGNOLINI, M. B.(comp.) Modos de lo extraño. Alteridad y subjetividad en el pensamiento postnietzscheano. Buenos Aires: Santiago Arcos, 2005CRAGNOLINI, Mónica B. “Nietzsche hospitalario y comunitario: una extraña apuesta”, in: CRAGNOLINI, M. B.(comp.) Modos de lo extraño. Alteridad y subjetividad en el pensamiento postnietzscheano. Buenos Aires: Santiago Arcos, 2005, pp. 11-27., pp. 11-27.
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30
SHAPIRO, Gary. Nietzsche’s Earth. Great Events, Great Politics. Chicago & London: The University of Chicago Press, 2016SHAPIRO, Gary. Nietzsche’s Earth. Great Events, Great Politics. Chicago & London: The University of Chicago Press, 2016.
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31
SHAPIRO, Gary. op. cit., p. 4.
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32
Neste sentido, Shapiro sustenta que o contraste da terra e o mundo está muito próximo da proposta metodológica de Deleuze e Guattari, de subordinação da história à geografia.
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33
No original: “Es ist das Jahrhundert der Menge!”.
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34
Esta ideia de multitude remete ao modo em que Negri e Hardt em Imperio interpretaram, de modo deleuziano, os trânsitos de migrantes no mundo globalizado (que, neste sentido, para eles não é homogêneo).
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35
MANSCHOT, Henk. Nietzsche and the Earth. Biography, Ecology, Politics. Transl. Liz Waters. London-New York-Oxford-New Delhi-Sidney: Bloomsbury Academy, 2020MANSCHOT, Henk. Nietzsche and the Earth. Biography, Ecology, Politics. Transl. Liz Waters. London-New York-Oxford-New Delhi-Sidney: Bloomsbury Academy, 2020..
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36
MANCHOT, Henk. op. cit., p. 74
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37
David Choquehuanca, no seu discurso de posse como vice-presidente do estado Plurinacional de Bolívia, em 9 de novembro de 2020, expressou as principais ideias desta arte do “bem viver”, que se relaciona com noções da comunidade aymara, que pensa em um “nós” (jiwasa) com a terra, o que implica em algo bem diferente da ideia antropocêntrica.
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38
A hipótese Gaia remete a James Lovelock e Lynn Margullis, que no início da década de 1970 propuseram a ideia da terra como um sistema autorregulado, composto pela biota, rochas, oceano e atmosfera. Gaia evolui como sistema de vida no qual tudo está em dependência.
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39
LESTEL, Dominique. Nosotros somos los otros animales.Trad. H. Pons. México: FCE, 2022LESTEL, Dominique. Nosotros somos los otros animales.Trad. H. Pons. México: FCE, 2022, p. 74., p. 74.
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40
MOORE, Jason W. “The Capitalocene Part II: accumulation by appropriation and the centrality of unpaid work/energy”. The Journal of Peasant Studies, 45:2, 237-279, 2018MOORE, Jason W. “The Capitalocene Part II: accumulation by appropriation and the centrality of unpaid work/energy”. The Journal of Peasant Studies, 45:2, 237-279, 2018, DOI: 10.1080/03066150.2016.1272587.
https://doi.org/10.1080/03066150.2016.12... , DOI: 10.1080/03066150.2016.1272587.
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Pareceristas:
Wilson Antonio Frezzatti Jr. Alexander Gonçalves
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
15 Jul 2024 -
Data do Fascículo
May-Aug 2024
Histórico
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Recebido
10 Jan 2024 -
Aceito
22 Fev 2024