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Filosofia como forma de vida: o embate com o ceticismo moderno

Philosophy as a way of life: confronting modern Skepticism

Resumo

O objetivo deste artigo é mostrar que o modo como Pascal reage à tentativa de Montaigne de retomada da filosofia como forma de vida a partir de uma releitura de certos elementos da tradição cética terá um impacto considerável no modo como o próprio Nietzsche, mais de dois séculos depois, procura retomar este mesmo projeto em suas obras do período intermediário (seção III). Segundo o diagnóstico de Nietzsche, a crise do cristianismo no início da modernidade não significou o desenvolvimento de uma vida contemplativa emancipada das ilusões religiosas, mas a degradação, para não dizer a supressão pura e simples, do ideal da vida contemplativa e a imersão no ativismo moderno (cf. GC 359, ABM 58). A conhecida trilogia consagrada aos espíritos livres é em grande medida uma tentativa de se contrapor a essa tendência e recuperar um sentido não religioso da vida contemplativa no improvável contexto da sociedade burguesa da segunda metade do século XIX. O que tentarei mostrar é que partir de Aurora, Pascal se converterá em seu mais ilustre oponente. Mas inicialmente, (I) apresento o modo como Montaigne transforma a herança do ceticismo antigo, e na sequência (II) ofereço uma exposição de como Pascal reage à sua própria época, em especial ao projeto de retomada do ideal de vida contemplativa sem a tutela do cristianismo, projeto este que encontra em Montaigne seu principal representante.

Palavras-chave:
ceticismo; vida contemplativa; Montaigne; Pascal; integridade intelectual

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