Resumo:
Na tentativa de compreender o dilema entre "os valores da civilização alemã e as forças destruidoras no seio do mesmo povo que os criou", Carpeaux refuta três teorias então vigentes e considera Nietzsche, o "Dionísio Crucificado", como aquele que experimentou e antecipou as forças contraditórias do espírito alemão. Após fazer um balanço dos mal-entendidos em torno da recepção de Nietzsche tanto na Alemanha quanto na Europa até o ano de 1942, o autor então parte da tese de que o pensador alemão seria simultaneamente poeta, filósofo e profeta, algo que somente seria possível no interior de um "homo religiosus", daquele que vivenciaria o conflito oriundo da antiga barbárie nórdica e da barbárie dos novos burgueses alemães. Dotado de um intelecto que possuía uma "estrutura heraclítica", tal como o de Hegel, Nietzsche, no entanto, na qualidade de "profeta do niilismo europeu", teria não somente descoberto "a estrutura heraclítica do espirito alemão", mas, sobretudo "o caminho da autodestruição deste espírito". Ou seja, antecipado "o caminho do nacionalismo e do socialismo à fusão no nacional-socialismo".
Palavras-chave: Nietzsche; espírito alemão; conflito; niilismo; nazismo