RESUMO
Objetivo:
investigar, por meio de revisão sistemática, como três instrumentos de avaliação do vocabulário infantil (Teste de Linguagem Infantil ABFW, Expressive Vocabulary Test - EVT - e Peabody Picture Vocabulary Test - PPVT) têm sido utilizados nas pesquisas brasileiras, verificando seus propósitos de usos e os principais resultados encontrados.
Estratégia de pesquisa:
a revisão foi organizada em dois estudos. O Estudo 1 referiu-se ao procedimento de busca a priori, e o Estudo 2, ao procedimento de busca a posteriori. Foram consultadas três bases de dados nacionais (CAPES, SciELO e PePSIC).
Critérios de seleção:
para o Estudo 1, foram selecionados artigos empíricos contendo resultados de pesquisas em um dos testes de interesse, em amostra de crianças com desenvolvimento típico em idade escolar (7-10 anos). Para o Estudo 2, foi ampliada a busca para crianças em idade pré-escolar e com algum tipo de transtorno do desenvolvimento.
Análise dos dados:
os artigos selecionados foram lidos na íntegra e sintetizados em uma tabela contendo objetivo do estudo, faixa etária da amostra, instrumento, delineamento, principais resultados e periódico de publicação.
Resultados:
foram encontrados 24 estudos, a maioria na área da Fonoaudiologia. Os resultados indicam predominância de pesquisas transversais e observacionais, que buscaram traçar perfil cognitivo de crianças com algum transtorno do desenvolvimento, utilizando ou não grupos de controle. Nenhuma pesquisa tratou da investigação psicométrica dos instrumentos.
Conclusão:
mostra-se necessária a condução de pesquisas no Brasil que enfoquem na investigação psicométrica de instrumentos de avaliação do vocabulário em crianças pré-escolares e em idade escolar.
Descritores:
Vocabulário; Revisão Sistemática; ABFW; EVT; Peabody
ABSTRACT
Purpose:
To investigate, through a systematic review, how three assessment instruments for children’s vocabulary (Test of Childhood language ABFW, Expressive Vocabulary Test - EVT, and Peabody Picture Vocabulary Test - PPVT) have been used in Brazilian research, verifying its purposes of uses and the main results of the researches.
Research strategy:
This review was organized in three studies. Study 1 referred to the process of a priori search and Study 2 referred to the a posteriori search. We searched for three Brazilian’s database (CAPES, SciELO, and PePSIC).
Selection criteria:
For Study 1, we selected empirical studies containing research data with one of the three-targeted tests, using typically developing school children (7 to 10 years old). For Study 2, we enlarged the age range for pre-school and extended the search to non-typically developing children.
Data analysis:
The selected articles were fully read and synthesized in a table containing the study’s aims, the age range of the sample, instrument, research design, main results, and journal.
Results:
We found out 24 articles, most of which from the speech-language therapy area. The results indicated the predominance of cross-sectional and observational studies, aiming to delineate the cognitive profile of children with some developmental disturbance, with or without control groups. None of the researches conducted a psychometric inquiry of the instruments.
Conclusion:
In Brazil, it is necessary to carry out research focusing on the psychometric inquiry of instruments for evaluating the vocabulary in pre-school and school-age children.
Keywords:
Vocabulary; Systematic Review; ABFW; EVT; Peabody
INTRODUÇÃO
O conceito habitual de vocabulário indica o conjunto de palavras de determinada língua ou o de palavras conhecidas por um indivíduo. Há uma tendência em pensar o vocabulário como um inventário de palavras individuais e suas significações; nessa perspectiva, o conhecimento de vocabulário implica saber o significado das palavras. Desse modo, é necessário compreender que as palavras são os blocos construtores da linguagem, a unidade de significação da qual estruturas mais complexas, como as frases, os parágrafos e os textos, formam-se (11 Read J. Assessing Vocabulary. 1.ed. Cambridge: Cambridge University Press; 2000.). Utilizando uma definição mais específica, pode-se distinguir os termos “léxico” e “vocabulário”, sendo o primeiro o conjunto de palavras disponíveis aos sujeitos, enquanto o segundo seria uma amostra do léxico individual, ou seja, “o conjunto das palavras que são de fato utilizadas pelo locutor no ato da fala” (p. 759) (22 Armonia AC, Mazzega LC, Alcântara Pinto FC, Souza ACR, Perissinoto J, Tamanaha AC. Relação entre vocabulário receptivo e expressivo em crianças com transtorno específico do desenvolvimento da fala e da linguagem. Rev. CEFAC. 2015;17(3):759-65. https://doi.org/10.1590/1982-021620156214.
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). Pode-se ainda fazer uma importante distinção entre vocabulário receptivo e vocabulário expressivo: o receptivo corresponde ao conjunto de palavras que a pessoa é capaz de compreender, ao passo que o expressivo estaria relacionado ao léxico, ou seja, às palavras capazes de ser produzidas (22 Armonia AC, Mazzega LC, Alcântara Pinto FC, Souza ACR, Perissinoto J, Tamanaha AC. Relação entre vocabulário receptivo e expressivo em crianças com transtorno específico do desenvolvimento da fala e da linguagem. Rev. CEFAC. 2015;17(3):759-65. https://doi.org/10.1590/1982-021620156214.
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).
O vocabulário é parte integrante das habilidades da linguagem oral, e, como tal, sua avaliação é um importante indicador de problemas de linguagem, bem como do desempenho em leitura e compreensão de texto (33 Baumann JF. Vocabulary and reading comprehension: The nexus of meaning. In: Israel SE, Duffy GD. Handbook of research on reading comprehension. Routledge; 2014;347-370.). Biemiller (44 Biemiller A. Vocabulary: needed if more children are to read well. Reading Psychology. 2003;24(3-4):323-35. https://doi.org/10.1080/02702710390227297.
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) indica que, por volta da 3ª série (8-9 anos), 95% das crianças podem ler em voz alta mais palavras do que podem compreender, sugerindo que o vocabulário, em adição à identificação de palavras, é o maior fator limitante na compreensão da leitura. Na mesma linha, Tunmer e Chapman (55 Tunmer WE, Chapman JW. The simple view of reading redux: Vocabulary knowledge and the independent components hypothesis. J. Learn. Disabil. 2012;45(5):453-66.) demonstraram que o vocabulário apresentou contribuições únicas para a compreensão de texto em crianças neozelandesas do 3º ano para além da contribuição do reconhecimento de palavras e da compreensão oral. Já Quinn et al. (66 Quinn JM, Wagner RK, Petscher Y, Lopez D. Developmental relations between vocabulary knowledge and reading comprehension: A latent change score modeling study. Child Dev. 2015;86(1):159-75.) verificaram que o desenvolvimento da compreensão de textos depende em parte do conhecimento em vocabulário, com essa relação sendo mais forte para os anos iniciais do que para os finais da escolarização.
Em sua dissertação, Tibério (77 Tibério, CDR. Vocabulário receptivo de crianças de 2 a 6 ano de idade. Uma análise com o teste de vocabulário por imagens Peabody. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2017.) elencou 10 instrumentos encontrados na literatura para avaliação do vocabulário receptivo e expressivo de crianças e adultos. A maior parte dos testes encontrados pela autora é de origem norte-americana e não possui adaptação e normas ao contexto brasileiro. Dos testes elencados, dois deles são direcionados para avaliação em bebês (Inventário de MacArthur-Bates e Language Development Survey); dois deles, para a idade pré-escolar (Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem e um teste específico para avaliação da alfabetização emergente, o Test of Preeschool Early Literacy); três testes, para idades que variam entre pré-escolares e escolares (Montgomery Assessment of Vocabulary Acquisition - MAVA -, Renfrew Word Finding Vocabulary Test e Teste de Linguagem Infantil ABFW); e três testes, para uma faixa etária ampla, que varia dos 2 aos 90 anos ou mais (Expressive One-Word Picture Vocabulary Test - aplicado em conjunto com o Receptive One-Word Picture Vocabulary Test -, Expressive Vocabulary Test - EVT - e Peabody Picture Vocabulary Test - PPVT). Dessa forma, dos instrumentos revisados pela autora, apenas cinco abrangem a faixa etária de estudantes cursando os anos iniciais escolarização (de 7 a 10 anos), sendo que dois (MAVA e Renfrew) não apresentam estudos para a população brasileira. Ainda conforme a autora, o ABFW (88 Andrade CRF, Béfi-lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. 2 ed. Carapicuíba: Pró-Fono; 2004.) e o PPVT (99 Dunn LM, Dunn LM. Peabody Picture Vocabulary Test. revised. Circle Pines: American Guidance Service; 1981.) apresentam estudos para a população do Brasil, não ficando claro se há estudos para o Expressive Vocabulary Test (1010 Williams K. Expressive Vocabulary Test. 1.ed. Circle Pines: American Guidance Service; 1997.).
O teste de linguagem ABFW (1111 Befi-Lopes DM. Vocabulário. In: Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW Teste de Linguagem Infantil nas áreas de Fonologia, Vocabulário, Fluência e Pragmática. Carapicuíba: Pró-Fono; 2004;41-60.) foi criado para o contexto brasileiro, sendo composto de subtestes que avaliam diferentes áreas envolvidas no processo de comunicação: fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Destina-se à avaliação de crianças dos 2 aos 12 anos de idade. O subteste de vocabulário objetiva verificar a competência lexical das crianças, avaliando seu vocabulário expressivo a partir da nomeação de 118 figuras pertencentes a diferentes classes lexicais (por exemplo, vestuário e animais). O EVT (1010 Williams K. Expressive Vocabulary Test. 1.ed. Circle Pines: American Guidance Service; 1997.) permite medir o vocabulário expressivo e de habilidades de recuperação de palavras na faixa etária de 2 anos e 6 meses até 90 anos ou mais. No nível inicial do EVT, são apresentadas às crianças imagens coloridas individuais para que as identifiquem e, no nível avançado, elas são instruídas a fornecer sinônimos das imagens marcadas (77 Tibério, CDR. Vocabulário receptivo de crianças de 2 a 6 ano de idade. Uma análise com o teste de vocabulário por imagens Peabody. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2017.). Finalmente, o PPVT consiste na avaliação do vocabulário receptivo, sendo considerado um dos instrumentos mais utilizados pela literatura nacional e internacional (77 Tibério, CDR. Vocabulário receptivo de crianças de 2 a 6 ano de idade. Uma análise com o teste de vocabulário por imagens Peabody. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2017.). Assim como o EVT, o teste abrange uma faixa etária ampla na sua versão original (2 anos e 6 meses a 90 anos) e contém 125 pranchas compostas de quatro desenhos de linha preta em fundo branco (22 Armonia AC, Mazzega LC, Alcântara Pinto FC, Souza ACR, Perissinoto J, Tamanaha AC. Relação entre vocabulário receptivo e expressivo em crianças com transtorno específico do desenvolvimento da fala e da linguagem. Rev. CEFAC. 2015;17(3):759-65. https://doi.org/10.1590/1982-021620156214.
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). As crianças devem selecionar qual figura melhor representa a palavra dita pelo avaliador.
A avaliação do vocabulário exige o uso de instrumentos que apresentem parâmetros de desempenho para a população investigada, assim como indicadores de validade e precisão dos escores. Tibério (77 Tibério, CDR. Vocabulário receptivo de crianças de 2 a 6 ano de idade. Uma análise com o teste de vocabulário por imagens Peabody. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2017.) ressalta que o Peabody é um dos instrumentos mais utilizados para a avaliação do vocabulário em crianças no mundo, além de apresentar estudos de adaptações e normas para crianças brasileiras, realizados pelo grupo de Capovilla (1212 Capovilla F. Capovilla A. Nunes L. Araújo I. Nunes D. Nogueira D. Bernat AB. Versão brasileira do teste de vocabulário por imagens peabody: dados preliminares. Distúrbios da Comunicação. 1997;8(2):151-162.
13 Capovilla FC. Macedo EC. Capovilla AG. Thiers VO. Duduchi M. Versões computadorizadas de testes psicométricos tradicionais: estendendo as fronteiras da psicometria para abarcar populações especiais. Boletim de Psicologia. 1997;47(106):1-19.-1414 Capovilla FC. Thiers VO. Macedo EC. Avaliação cognitiva de crianças com severos distúrbios motores: versões computadorizadas normatizadas e validadas de testes de vocabulário, compreensão auditiva, leitura e inteligência geral. In: Capovilla FC. (Org.). Neuropsicologia e aprendizagem: uma abordagem multidisciplinar. 2. ed. São Paulo: Memnon. 2002:205-218.) para versões anteriores, e, atualmente, encontra-se na quinta edição na versão norte-americana. Ademais, cita-se a relevância do ABFW para o contexto da clínica e da pesquisa em linguagem no Brasil, pois se trata de um instrumento criado para esse contexto, disponível para comercialização. Quanto ao EVT, não fica claro pela revisão de Tibério (77 Tibério, CDR. Vocabulário receptivo de crianças de 2 a 6 ano de idade. Uma análise com o teste de vocabulário por imagens Peabody. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2017.) se há estudos ou não para a população brasileira, sendo de interesse investigar se há pesquisas com o instrumento na realidade do Brasil.
Conforme apresentado nesta introdução, o vocabulário é um fator intimamente associado à aprendizagem da leitura e ao desempenho na compreensão de textos, sendo uma variável importante de se investigar tanto na clínica quanto na pesquisa para as crianças que estão em fase de aprendizagem dessas habilidades. Nesse sentido, é relevante averiguar como esses instrumentos têm sido utilizados nas pesquisas brasileiras, de modo a verificar os propósitos de usos e os principais resultados encontrados. Traçar um perfil dessas pesquisas permitirá compreender os usos que têm sido feitos dos instrumentos elencados, assim como poderá auxiliar no desenvolvimento de novos estudos na área. Assim sendo, o objetivo deste estudo é realizar uma revisão sistemática para verificar como os pesquisadores brasileiros têm utilizado os três testes citados ao avaliar o vocabulário de crianças cursando os anos iniciais de escolarização (do 2º ao 5º ano), de modo a: 1) realizar um mapeamento de onde estão ocorrendo essas pesquisas e quais os perfis dos pesquisadores; 2) verificar os periódicos em que os assuntos tratados nessas pesquisas são mais publicados; 3) sintetizar os objetivos, métodos e principais resultados obtidos pelos pesquisadores em seus estudos.
ESTRATÉGIA DE PESQUISA
A pesquisa enfocou apenas em bases de dados nacionais que disponibilizam trabalhos completos de acesso aberto. Foram selecionados os portais de periódicos CAPES, SciELO e PePSIC. Foram incluídos na busca artigos empíricos originais, publicados no período temporal dos últimos 10 anos anteriores à busca (2007- 2018), de modo a garantir a obtenção dos estudos mais recentes, conforme os objetivos propostos na pesquisa. Assim sendo, foram considerados para análise artigos publicados a partir de 2007 até março de 2018 (data em que a busca foi realizada). Dos resultados das buscas, foram contabilizados apenas artigos revisados por pares contendo resultados dos testes ABFW, EVT e/ou Peabody em amostras de crianças em idade escolar (7-10 anos), com desenvolvimento típico (crianças sem problemas ou queixas relacionadas ao desenvolvimento, que podem acarretar na necessidade de algum tipo de atenção especial no ambiente escolar ou familiar, por exemplo, por parte de psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo, dentre outros profissionais da área da Educação ou da Saúde).
Esta revisão está organizada em dois estudos. O Estudo 1 refere-se ao procedimento de busca a priori. Por meio do uso de palavras-chave, foi feita consulta a três bases de dados nacionais para encontrar artigos empíricos contendo resultados de pesquisas nos três testes de interesse, em amostra de crianças em idade escolar (7-10 anos) que se enquadrassem nos critérios de inclusão adotados e que não fossem eliminados pelos critérios de exclusão. Conforme será visto, a busca não gerou resultados. Por esse motivo, conduziu-se o Estudo 2, que se refere ao procedimento de busca a posteriori. Neste estudo, ficou decidido estender a busca para crianças pré-escolares e retirar o critério de pertencimento da amostra a alguma população específica, ou seja, para este estudo, crianças que apresentam algum tipo de transtorno do desenvolvimento (global ou específico).
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
No Estudo 1, foram incluídos estudos utilizando crianças com desenvolvimento típico, entre 7 e 10 anos e falantes do português, que reportassem a estatística para o instrumento em análise. Os critérios de exclusão foram: (1) artigos de revisão; (2) artigos que não apresentaram no método o instrumento selecionado; (3) estudos de caso; (4) crianças não falantes do português; (5) artigos que apresentavam crianças com idade cronológica diferente da faixa etária escolar estabelecida; (6) artigos cujo objeto de estudo foram crianças com queixas de problemas cognitivos, comportamentais ou emocionais ou diagnóstico de algum transtorno do desenvolvimento, inclusive problemas de linguagem; e (7) artigos que não reportassem estatísticas descritivas com o instrumento (por exemplo, usam o teste para separar grupos).
Para o Teste de Linguagem Infantil ABFW, nas três bases selecionadas, os descritores utilizados foram “ABFW” AND “Vocabulário” [todos os índices]. Para o PPVT, os descritores foram “Teste de vocabulário por imagens Peabody” AND “Vocabulário” [todos os índices]. Em relação ao EVT, a busca foi realizada com os descritores “Expressive Vocabulary Test” AND “Vocabulário”. Nos periódicos da CAPES, foram acrescentados filtros de área, de modo a eliminar estudos completamente fora do escopo (por exemplo, na área da Literatura e do Direito), a saber: Clínica Médica, Educação, Educação Especial, Ensino-aprendizagem, Fonoaudiologia, Linguística Aplicada, Língua Portuguesa, Medicina, Neurologia, Psicologia, Psicologia Cognitiva, Psicologia do Ensino e da Aprendizagem, Psicologia Experimental, Psicologia Social, Saúde Coletiva, Saúde e Biológicas, Tratamento e Prevenção Psicológica.
Conforme dito na seção anterior, por causa da ausência de estudos que se enquadrassem nos critérios de inclusão, para o Estudo 2 foram retomados os artigos selecionados no Estudo 1 e modificados dois critérios de exclusão, a saber: foram consideradas crianças com idade cronológica abaixo de 12 anos (incluídos pré-escolares no estudo, assim como crianças na faixa etária da pré-adolescência) e foi retirado o critério do desenvolvimento típico. Os demais critérios de exclusão foram mantidos, pois a entrada dos artigos enquadrados neles poderia impedir a análise dos resultados com os instrumentos selecionados (por exemplo, incluir crianças não falantes do português ou que não reportassem estatísticas). Desse modo, foram revisados os estudos cujas amostras eram compostas de crianças de até 12 anos com ou sem transtornos de desenvolvimento, devendo a pesquisa apresentar a estatística da análise do referido instrumento.
ANÁLISE DOS DADOS
Inicialmente, foi feita pela primeira autora a leitura do resumo e dos abstracts do pool de artigos encontrados, de modo a classificá-los quanto aos critérios de inclusão. Em casos de dúvidas se o artigo deveria ser excluído ou não por essa leitura inicial, foi feita leitura parcial dos artigos até se chegar aos manuscritos selecionados. Estes últimos foram lidos na íntegra e sintetizados em uma tabela do Excel contendo objetivo do estudo, faixa etária da amostra, instrumento, delineamento, principais resultados e periódico de publicação. Os dados do perfil dos estudos foram tabulados para apresentar as descritivas em porcentagens.
RESULTADOS
Estudo 1
A Figura 1 esquematiza o processo de busca nas três bases de dados, com as aplicações de critérios de inclusão e exclusão. Em termos gerais, a busca nas três bases analisadas resultou no total de 254 artigos: 104 (40,95%) artigos para o ABFW, 22 (8,66%) para o Peabody e 128 (50,39%) para o EVT. Para facilitar a exposição dos resultados, em um primeiro momento, foram levados em conta os critérios de exclusão de (1) a (4) e, a partir dos resultados, foram aplicados os demais critérios. Nesse sentido, do total de estudos encontrados (n = 254), 25 (9,84%) eram revisões de literatura, 97 (38,19%) não utilizaram o teste em questão, 13 (5,12%) eram estudos de caso e 66 (25,98%) não usaram amostras de crianças falantes do português. A seguir, são descritos, para cada teste individualmente, os resultados da aplicação desses quatro primeiros critérios de exclusão (Figura 1).
Diagrama de fluxo da estratégia de pesquisa e seleção de estudos. ABFW, Teste de Linguagem Infantil ABFW; EVT, Expressive Vocabulary Test; PPVT, Peabody Picture Vocabulary Test.
O ABFW apresentou 83 artigos revisados por pares na base de dados da CAPES, 21 no SciELO e nenhum resultado no PePSIC. Dos artigos encontrados na CAPES, 57 foram excluídos nessa primeira fase por serem revisões de literatura (10,84%), por não utilizarem o teste na pesquisa (51,81%) ou por serem estudos de caso (6,02%). Restaram, portanto, 26 estudos. Para a base de dados do SciELO, dos 21 estudos encontrados, 2 (9,5%) foram excluídos por serem estudos de caso, restando 19 pesquisas. Assim, do total encontrado nas duas bases (n = 104), restaram 45 artigos a ser analisados pelos demais critérios de exclusão.
O Peabody apresentou 15 artigos na base de dados da CAPES, 7 no SciELO e nenhum no PePSIC. Na CAPES, 6 (40%) foram excluídos por serem revisões de literatura, 2 (13,33%) por não fazerem uso do instrumento e 3 por serem estudos de caso (20%), restando 4 estudos para a aplicação dos demais critérios. Para a base de dados do SciELO, houve a exclusão de 1 artigo por não utilizar o instrumento na pesquisa (14,28%) e 3 por serem estudos de caso (42,86%), sobrando 3 trabalhos. Dessa forma, do total encontrado nas bases CAPES e SciELO (n = 22), restaram 7 artigos a ser analisados pelos demais critérios de exclusão.
Para o EVT, foram encontrados 106 artigos revisados por pares na CAPES, mas todos foram excluídos nessa primeira fase, a saber: 10 por serem revisões de literatura (9,44%), 30 por não utilizaram o instrumento (28,30%) e 66 por não conterem falantes do português (62,26%). Na base do SciELO, dos 22 artigos encontrados, 21 não utilizaram o instrumento (95,45%). O PePSIC não apresentou resultados. Dessa forma, do total (n = 128), apenas 1 artigo foi selecionado para ser analisado nos demais critérios do presente estudo (base SciELO).
Após essa primeira exclusão, foi verificado se havia repetições. Para o ABFW, dos 45 artigos, 17 (37,77%) eram repetições intrabases e/ou entre bases. Para o Peabody, dos 7 artigos, foram observadas 3 repetições (42,86%). Como havia apenas 1 artigo com o EVT, após a retirada das repetições, restaram 33 artigos, dos quais a grande maioria (28; 84,85%) utilizou o teste de vocabulário do ABFW, seguido do Peabody (4; 12,12%) e do EVT (1; 3,03%), e todos foram avaliados quanto aos critérios restantes (55 Tunmer WE, Chapman JW. The simple view of reading redux: Vocabulary knowledge and the independent components hypothesis. J. Learn. Disabil. 2012;45(5):453-66.,66 Quinn JM, Wagner RK, Petscher Y, Lopez D. Developmental relations between vocabulary knowledge and reading comprehension: A latent change score modeling study. Child Dev. 2015;86(1):159-75. e 77 Tibério, CDR. Vocabulário receptivo de crianças de 2 a 6 ano de idade. Uma análise com o teste de vocabulário por imagens Peabody. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2017.). Ao fazer a análise desses artigos, foi constatado que nenhum se enquadrava nos critérios de inclusão. Alguns, inclusive, apresentaram mais de um critério que os excluía da análise.
Para o critério 5 “faixa etária” (artigos com crianças fora da faixa entre 7 e 10 anos de idade), houve a exclusão de 7 artigos (21,21%). O critério 6 “população amostrada” (quando os participantes analisados possuíam desvio fonológico ou outra especificidade) apresentou 1 trabalho excluído (3,03%). Um total de 18 artigos (54,54%) foram excluídos pelo critério conjunto da faixa etária e da população, enquanto 1 trabalho (3,03%) não pôde ser utilizado pelos critérios da faixa etária e da ausência de estatísticas em conjunto (critério 7). Por fim, 6 trabalhos (18,18%) apresentaram, simultaneamente, participantes fora da faixa, com população com algum desvio/transtorno e adicionalmente não realizaram estatísticas descritivas com algum dos instrumentos aqui revisados.
Estudo 2
A partir dos 33 artigos do Estudo 1 que passaram pelos critérios de (1) a (5), foram removidos os com crianças abaixo de 6 anos e os que não apresentavam estatísticas descritivas (critério 7). Restaram, assim, 24 artigos para análise, os quais foram distribuídos em 9 periódicos distintos1 1 Os periódicos são assim classificados, conforme a área principal: Estudos de Psicologia (A2 - Psicologia), Revista CEFAC – B1; Pró-Fono Revista de Atualização Científica – A2; Paideia – A1; Audiology - Communication Research – B1; Revista de Logopedia, Foniatría y Audiología – B1; Journal of Speech, Language, and Hearing Research – não avaliado; Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia – B1; Psicologia: Teoria e Pesquisa – A1; CoDAS – B1. . Desses, a maior quantidade de publicações era da Revista CEFAC, perfazendo um total de 12 (50%) publicações de 2007 a 2018. Os periódicos Audiology - Communication Research e o Pró-Fono foram responsáveis por 3 artigos (12,5%) cada. Os demais 6 periódicos contaram com 1 artigo em cada. Em relação ao Qualis dos periódicos, ele foi considerado para a análise da classificação da área principal da revista. Dessa forma, pela avaliação do quadriênio 2013-2016, a revista CEFAC, responsável pela maioria dos estudos publicados, era classificada como B1. Os periódicos restantes variavam de A1 até B1. Na área de Fonoaudiologia, a maioria dos periódicos foi classificada como B1. Um destaque deve ser feito em relação à Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, que, em 2013, passou a ser chamada de Audiology - Communication Research, e ao periódico Pró-Fono Revista de Atualização Científica, que, em 2011, passou a ser denominado Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia e, em 2013, CoDAS.
Os testes utilizados nos artigos selecionados foram o Teste de Linguagem Infantil ABFW e o Peabody (não foram encontrados artigos com o EVT). Foi expressiva a utilização do ABFW nas análises, com um total de 19 artigos (1515 Athayde ML, Carvalho Q, Mota HB. Vocabulário expressivo de crianças com diferentes níveis de gravidade de desvio fonológico. Rev. CEFAC. 2009;11(2):161-8. https://doi.org/10.1590/S1516-18462009000600005.
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16 Athayde ML, Mota HB, Mezzomo CL. Vocabulário expressivo de crianças com desenvolvimento fonológico normal e desviante. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2010;22(2):145-50. https://doi.org/10.1590/S0104-56872010000200013
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17 Bandini, HHM, Santos FH, Souza DG. 2013. Levels of Phonological Awareness, Working Memory, and Lexical Knowledge in Elementary School Children. Paideia. 2013;23(56):329-38. https://doi.org/10.1590/1982-43272356201307.
https://doi.org/10.1590/1982-43272356201...
18 Befi-Lopes DM, Nuñes CO, Cáceres AM. Correlação entre vocabulário expressivo e extensão média do enunciado em crianças com alteração específica de linguagem. Rev. CEFAC. 2013;15(1):51-7. https://doi.org/10.1590/S1516-18462012005000017.
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19 Brancalioni A, Zaura A, Karlinski CD, Quitaiski LF, Thomaz MFO. Desempenho do vocabulário expressivo de pré-escolares de 4 a 5 anos da rede pública e particular de ensino. Audiol. Commun. Res. 2018;23:1-9. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1836.
https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1...
20 Colalto CA, Goffi-Gomez MVS, Magalhães ATM, Samuel PA, Hoshino ACH, Porto BL, Tsuji RK. Vocabulário expressivo em crianças usuárias de implante coclear. Rev. CEFAC. 2017;19(3):308-19. https://doi.org/10.1590/1982-021620171937216.
https://doi.org/10.1590/1982-02162017193...
21 Costa RCC, Ávila CRB. 2010. Competência lexical e metafonológica em pré-escolares com transtorno fonológico. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2010;22(3):189-194. https://doi.org/10.1590/S0104-56872010000300006.
https://doi.org/10.1590/S0104-5687201000...
22 Dias APBH, Vasconcelos MM, Maia Filho HS, Brito AR, Vairo GPT, Souza LBR. Assessment of pragmatic language in verbal and nonverbal autistic children. Rev. Logop. Foniatr. Audiol. 2016;36(1):15-22. https://doi.org/ 10.1016/j.rlfa.2015.02.001.
https://doi.org/ 10.1016/j.rlfa.2015.02....
23 Ferreira MIO, Dornelas SA, Teófilo MMM, Alves LM. Avaliação do vocabulário expressivo em crianças surdas usuárias da língua brasileira de sinais. Rev. CEFAC. 2011;14(1):09-17. https://doi.org/10.1590/S1516-18462011005000059.
https://doi.org/10.1590/S1516-1846201100...
24 Ferreira-Vasques AT, Abramides DVM, Lamônica DAC. Consideração da idade mental na avaliação do vocabulário expressivo de crianças com Síndrome de Down. Rev. CEFAC. 2017;19(2):253-9. https://doi.org/10.1590/1982-0216201719216516.
https://doi.org/10.1590/1982-02162017192...
25 Fortunato-Tavares T, Andrade CRF, Befi-Lopes, DM, Hestvik A, Epstein B, Tornyova L, Schwartz RG. 2012. Syntactic Structural Assignment in Brazilian Portuguese-Speaking Children with Specific Language Impairment. J. Speech. Lang. Hear. Res. 2012;55(4):1097-112. https://doi.org/10.1044/1092-4388(2011/10-0215).
https://doi.org/10.1044/1092-4388(2011/1...
26 Granzotti RBG, Negrini SFBM, Fukuda MTH, Takayanagui OM. Aspectos da linguagem em crianças infectadas pelo HIV. Rev. CEFAC. 2013;15(6):1621-6. https://doi.org/10.1590/S1516-18462013005000017.
https://doi.org/10.1590/S1516-1846201300...
27 Kaminski TI, Mota HB, Cielo CA. 2011. Consciência fonológica e vocabulário expressivo em crianças com aquisição típica da linguagem e com desvio fonológico. Rev. CEFAC. 2011;13(5):813-25. https://doi.org/10.1590/S1516-18462011005000019.
https://doi.org/10.1590/S1516-1846201100...
28 Lamônica DAC, Ferreira-Vasques AT. Habilidades comunicativas e lexicais de crianças com Síndrome de Down: reflexões para inclusão escolar. Rev. CEFAC. 2015;17(5):1475-82. https://doi.org/10.1590/1982-021620151756015.
https://doi.org/10.1590/1982-02162015175...
29 Medeiros VP, Valença RKL, Guimarães JATL, Costa RCC. Vocabulário expressivo e variáveis regionais em uma amostra de escolares de Maceió. Audiol. Commun. Res. 2013;18(2):71-7. https://doi.org/10.1590/S2317-64312013000200004.
https://doi.org/10.1590/S2317-6431201300...
30 Misquiatti ARN, Nakaguma PG, Brito MC, Olivati, AG. Desempenho de vocabulário em crianças pré-escolares institucionalizadas. Rev. CEFAC. 2015;17(3):783-91. https://doi.org/10.1590/1982-0216201513814.
https://doi.org/10.1590/1982-02162015138...
31 Mota HB, Kaminski TI, Nepomuceno MRF, Athayde ML. Alterações no vocabulário expressivo de crianças com desvio fonológico. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2009;14(1):41-7. https://doi.org/10.1590/S1516-80342009000100009.
https://doi.org/10.1590/S1516-8034200900...
32 Passaglio NJS, Souza MA, Souza VC, Scopel RR, Lemos SMA. Perfil fonológico e lexical: inter-relação com fatores ambientais. Rev. CEFAC. 2015;17(4):1071-8. https://doi.org/10.1590/1982-0216201517419813.
https://doi.org/10.1590/1982-02162015174...
-3333 Pupo AC, Esturaro GT, Barzaghi L, Trenche MCB. Perda auditiva unilateral em crianças: avaliação fonológica e do vocabulário. Audiol. Commun. Res. 2016;21:1-8. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1695.
https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1...
) (79,16%). Além disso, 3 trabalhos (3434 Araújo MVM, Martelero MRF, Schoen-Ferreira TH. Avaliação do vocabulário receptivo de crianças pré-escolares. Estud. Psicol. 2010;27(2):169-76. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2010000200004.
https://doi.org/10.1590/S0103-166X201000...
35 Lamônica DAC, Ferraz PMDP. Leucomalácia periventricular e diplegia espástica: implicações nas habilidades psicolinguísticas. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2007;19(4):357-62. https://doi.org/10.1590/S0104-56872007000400006.
https://doi.org/10.1590/S0104-5687200700...
-3636 Oliveira CGT, Enumo SRF, Queiroz SS, Azevedo Jr RR. Indicadores Cognitivos, Linguísticos, Comportamentais e Acadêmicos de Pré-Escolares Nascidos Pré-Termo e a Termo. Psic.: Teor. e Pesq. 2011;27(3):283-91. https://doi.org/10.1590/S0102-37722011000300003.
https://doi.org/10.1590/S0102-3772201100...
) (12,5%) utilizaram o teste Peabody, e 2 trabalhos (22 Armonia AC, Mazzega LC, Alcântara Pinto FC, Souza ACR, Perissinoto J, Tamanaha AC. Relação entre vocabulário receptivo e expressivo em crianças com transtorno específico do desenvolvimento da fala e da linguagem. Rev. CEFAC. 2015;17(3):759-65. https://doi.org/10.1590/1982-021620156214.
https://doi.org/10.1590/1982-02162015621...
,3737 Ferreira AT, Lamônica DAC. Comparação do léxico de crianças com Síndrome de Down e com desenvolvimento típico de mesma idade mental. Rev. CEFAC. 2012;14(5):786-91. https://doi.org/10.1590/S1516-18462011005000041.
https://doi.org/10.1590/S1516-1846201100...
) (8,33%), ambos os testes. Em termos metodológicos, todos os estudos são transversais.
Em relação aos autores destes trabalhos, a grande concentração dos pesquisadores estava na região Sudeste do Brasil, perfazendo 66,66% (16 artigos) (22 Armonia AC, Mazzega LC, Alcântara Pinto FC, Souza ACR, Perissinoto J, Tamanaha AC. Relação entre vocabulário receptivo e expressivo em crianças com transtorno específico do desenvolvimento da fala e da linguagem. Rev. CEFAC. 2015;17(3):759-65. https://doi.org/10.1590/1982-021620156214.
https://doi.org/10.1590/1982-02162015621...
,1818 Befi-Lopes DM, Nuñes CO, Cáceres AM. Correlação entre vocabulário expressivo e extensão média do enunciado em crianças com alteração específica de linguagem. Rev. CEFAC. 2013;15(1):51-7. https://doi.org/10.1590/S1516-18462012005000017.
https://doi.org/10.1590/S1516-1846201200...
,2020 Colalto CA, Goffi-Gomez MVS, Magalhães ATM, Samuel PA, Hoshino ACH, Porto BL, Tsuji RK. Vocabulário expressivo em crianças usuárias de implante coclear. Rev. CEFAC. 2017;19(3):308-19. https://doi.org/10.1590/1982-021620171937216.
https://doi.org/10.1590/1982-02162017193...
21 Costa RCC, Ávila CRB. 2010. Competência lexical e metafonológica em pré-escolares com transtorno fonológico. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2010;22(3):189-194. https://doi.org/10.1590/S0104-56872010000300006.
https://doi.org/10.1590/S0104-5687201000...
22 Dias APBH, Vasconcelos MM, Maia Filho HS, Brito AR, Vairo GPT, Souza LBR. Assessment of pragmatic language in verbal and nonverbal autistic children. Rev. Logop. Foniatr. Audiol. 2016;36(1):15-22. https://doi.org/ 10.1016/j.rlfa.2015.02.001.
https://doi.org/ 10.1016/j.rlfa.2015.02....
23 Ferreira MIO, Dornelas SA, Teófilo MMM, Alves LM. Avaliação do vocabulário expressivo em crianças surdas usuárias da língua brasileira de sinais. Rev. CEFAC. 2011;14(1):09-17. https://doi.org/10.1590/S1516-18462011005000059.
https://doi.org/10.1590/S1516-1846201100...
24 Ferreira-Vasques AT, Abramides DVM, Lamônica DAC. Consideração da idade mental na avaliação do vocabulário expressivo de crianças com Síndrome de Down. Rev. CEFAC. 2017;19(2):253-9. https://doi.org/10.1590/1982-0216201719216516.
https://doi.org/10.1590/1982-02162017192...
-2525 Fortunato-Tavares T, Andrade CRF, Befi-Lopes, DM, Hestvik A, Epstein B, Tornyova L, Schwartz RG. 2012. Syntactic Structural Assignment in Brazilian Portuguese-Speaking Children with Specific Language Impairment. J. Speech. Lang. Hear. Res. 2012;55(4):1097-112. https://doi.org/10.1044/1092-4388(2011/10-0215).
https://doi.org/10.1044/1092-4388(2011/1...
,2828 Lamônica DAC, Ferreira-Vasques AT. Habilidades comunicativas e lexicais de crianças com Síndrome de Down: reflexões para inclusão escolar. Rev. CEFAC. 2015;17(5):1475-82. https://doi.org/10.1590/1982-021620151756015.
https://doi.org/10.1590/1982-02162015175...
,3030 Misquiatti ARN, Nakaguma PG, Brito MC, Olivati, AG. Desempenho de vocabulário em crianças pré-escolares institucionalizadas. Rev. CEFAC. 2015;17(3):783-91. https://doi.org/10.1590/1982-0216201513814.
https://doi.org/10.1590/1982-02162015138...
,3232 Passaglio NJS, Souza MA, Souza VC, Scopel RR, Lemos SMA. Perfil fonológico e lexical: inter-relação com fatores ambientais. Rev. CEFAC. 2015;17(4):1071-8. https://doi.org/10.1590/1982-0216201517419813.
https://doi.org/10.1590/1982-02162015174...
33 Pupo AC, Esturaro GT, Barzaghi L, Trenche MCB. Perda auditiva unilateral em crianças: avaliação fonológica e do vocabulário. Audiol. Commun. Res. 2016;21:1-8. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1695.
https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1...
-3434 Araújo MVM, Martelero MRF, Schoen-Ferreira TH. Avaliação do vocabulário receptivo de crianças pré-escolares. Estud. Psicol. 2010;27(2):169-76. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2010000200004.
https://doi.org/10.1590/S0103-166X201000...
,3636 Oliveira CGT, Enumo SRF, Queiroz SS, Azevedo Jr RR. Indicadores Cognitivos, Linguísticos, Comportamentais e Acadêmicos de Pré-Escolares Nascidos Pré-Termo e a Termo. Psic.: Teor. e Pesq. 2011;27(3):283-91. https://doi.org/10.1590/S0102-37722011000300003.
https://doi.org/10.1590/S0102-3772201100...
,3737 Ferreira AT, Lamônica DAC. Comparação do léxico de crianças com Síndrome de Down e com desenvolvimento típico de mesma idade mental. Rev. CEFAC. 2012;14(5):786-91. https://doi.org/10.1590/S1516-18462011005000041.
https://doi.org/10.1590/S1516-1846201100...
) do total analisado. Na sequência, vinham a região Sul, responsável por 20,83% (5 artigos) (1515 Athayde ML, Carvalho Q, Mota HB. Vocabulário expressivo de crianças com diferentes níveis de gravidade de desvio fonológico. Rev. CEFAC. 2009;11(2):161-8. https://doi.org/10.1590/S1516-18462009000600005.
https://doi.org/10.1590/S1516-1846200900...
,1616 Athayde ML, Mota HB, Mezzomo CL. Vocabulário expressivo de crianças com desenvolvimento fonológico normal e desviante. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2010;22(2):145-50. https://doi.org/10.1590/S0104-56872010000200013
https://doi.org/10.1590/S0104-5687201000...
,1919 Brancalioni A, Zaura A, Karlinski CD, Quitaiski LF, Thomaz MFO. Desempenho do vocabulário expressivo de pré-escolares de 4 a 5 anos da rede pública e particular de ensino. Audiol. Commun. Res. 2018;23:1-9. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1836.
https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1...
,2727 Kaminski TI, Mota HB, Cielo CA. 2011. Consciência fonológica e vocabulário expressivo em crianças com aquisição típica da linguagem e com desvio fonológico. Rev. CEFAC. 2011;13(5):813-25. https://doi.org/10.1590/S1516-18462011005000019.
https://doi.org/10.1590/S1516-1846201100...
,3131 Mota HB, Kaminski TI, Nepomuceno MRF, Athayde ML. Alterações no vocabulário expressivo de crianças com desvio fonológico. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2009;14(1):41-7. https://doi.org/10.1590/S1516-80342009000100009.
https://doi.org/10.1590/S1516-8034200900...
), e a região Nordeste, com 12,5% (3 artigos) (1717 Bandini, HHM, Santos FH, Souza DG. 2013. Levels of Phonological Awareness, Working Memory, and Lexical Knowledge in Elementary School Children. Paideia. 2013;23(56):329-38. https://doi.org/10.1590/1982-43272356201307.
https://doi.org/10.1590/1982-43272356201...
,2626 Granzotti RBG, Negrini SFBM, Fukuda MTH, Takayanagui OM. Aspectos da linguagem em crianças infectadas pelo HIV. Rev. CEFAC. 2013;15(6):1621-6. https://doi.org/10.1590/S1516-18462013005000017.
https://doi.org/10.1590/S1516-1846201300...
,2929 Medeiros VP, Valença RKL, Guimarães JATL, Costa RCC. Vocabulário expressivo e variáveis regionais em uma amostra de escolares de Maceió. Audiol. Commun. Res. 2013;18(2):71-7. https://doi.org/10.1590/S2317-64312013000200004.
https://doi.org/10.1590/S2317-6431201300...
). Não foram encontrados trabalhos de autores das regiões Norte e Centro-Oeste. Em relação às autorias, em média, os trabalhos possuíam 4 autores, variando entre 2 e 7. Fato interessante é que, dos 80 autores que produziram na área, apenas 12,5% (10 autores) eram do sexo masculino.
A Tabela 1 sintetiza os estudos obtidos na revisão sistemática. A maioria das pesquisas (70,83%) teve como população de interesse crianças apresentando algum tipo de distúrbio ou transtorno do desenvolvimento, tais como autismo, síndrome de Down ou transtorno específico de linguagem. Esses estudos se dividiram quase que equitativamente entre aqueles que apenas buscaram caracterizar o desempenho das crianças envolvidas em vocabulário ou outras medidas de interesse (podendo ou não redistribuir a amostra em termos de gravidade do transtorno) e aqueles que objetivaram comparar o desempenho dessas crianças com grupos de controle com desenvolvimento típico. Tais pesquisas corresponderam a 37,50% e 33,33% dos estudos, respectivamente. As demais pesquisas caracterizaram-se por abordagens observacionais, cujo interesse era apenas identificar o desempenho de crianças típicas, as quais podiam estar divididas em grupos para comparações significativas, como por tipo de escola, série (ou faixa etária) e sexo. Esse último grupo de pesquisa contribuiu com 33,33% dos trabalhos encontrados (3434 Araújo MVM, Martelero MRF, Schoen-Ferreira TH. Avaliação do vocabulário receptivo de crianças pré-escolares. Estud. Psicol. 2010;27(2):169-76. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2010000200004.
https://doi.org/10.1590/S0103-166X201000...
).
Organização sistemática dos artigos analisados apresentando os autores, a data, os objetivos, a faixa etária, o método, os principais resultados encontrados e o periódico publicado
A amplitude da faixa etária abordada nos artigos selecionados foi de 3 a 11 anos de idade. Dos 24 artigos selecionados, 8 (33,33%) tiveram como população amostrada crianças em idade pré-escolar, sendo a faixa de idade mais frequente entre 3 e 5 anos (1616 Athayde ML, Mota HB, Mezzomo CL. Vocabulário expressivo de crianças com desenvolvimento fonológico normal e desviante. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2010;22(2):145-50. https://doi.org/10.1590/S0104-56872010000200013
https://doi.org/10.1590/S0104-5687201000...
,1919 Brancalioni A, Zaura A, Karlinski CD, Quitaiski LF, Thomaz MFO. Desempenho do vocabulário expressivo de pré-escolares de 4 a 5 anos da rede pública e particular de ensino. Audiol. Commun. Res. 2018;23:1-9. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1836.
https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1...
,3737 Ferreira AT, Lamônica DAC. Comparação do léxico de crianças com Síndrome de Down e com desenvolvimento típico de mesma idade mental. Rev. CEFAC. 2012;14(5):786-91. https://doi.org/10.1590/S1516-18462011005000041.
https://doi.org/10.1590/S1516-1846201100...
,2424 Ferreira-Vasques AT, Abramides DVM, Lamônica DAC. Consideração da idade mental na avaliação do vocabulário expressivo de crianças com Síndrome de Down. Rev. CEFAC. 2017;19(2):253-9. https://doi.org/10.1590/1982-0216201719216516.
https://doi.org/10.1590/1982-02162017192...
,2828 Lamônica DAC, Ferreira-Vasques AT. Habilidades comunicativas e lexicais de crianças com Síndrome de Down: reflexões para inclusão escolar. Rev. CEFAC. 2015;17(5):1475-82. https://doi.org/10.1590/1982-021620151756015.
https://doi.org/10.1590/1982-02162015175...
,3030 Misquiatti ARN, Nakaguma PG, Brito MC, Olivati, AG. Desempenho de vocabulário em crianças pré-escolares institucionalizadas. Rev. CEFAC. 2015;17(3):783-91. https://doi.org/10.1590/1982-0216201513814.
https://doi.org/10.1590/1982-02162015138...
,3232 Passaglio NJS, Souza MA, Souza VC, Scopel RR, Lemos SMA. Perfil fonológico e lexical: inter-relação com fatores ambientais. Rev. CEFAC. 2015;17(4):1071-8. https://doi.org/10.1590/1982-0216201517419813.
https://doi.org/10.1590/1982-02162015174...
,3636 Oliveira CGT, Enumo SRF, Queiroz SS, Azevedo Jr RR. Indicadores Cognitivos, Linguísticos, Comportamentais e Acadêmicos de Pré-Escolares Nascidos Pré-Termo e a Termo. Psic.: Teor. e Pesq. 2011;27(3):283-91. https://doi.org/10.1590/S0102-37722011000300003.
https://doi.org/10.1590/S0102-3772201100...
). Apenas 3 (12,5%) artigos apresentaram amostras de crianças em idade escolar (1717 Bandini, HHM, Santos FH, Souza DG. 2013. Levels of Phonological Awareness, Working Memory, and Lexical Knowledge in Elementary School Children. Paideia. 2013;23(56):329-38. https://doi.org/10.1590/1982-43272356201307.
https://doi.org/10.1590/1982-43272356201...
,2525 Fortunato-Tavares T, Andrade CRF, Befi-Lopes, DM, Hestvik A, Epstein B, Tornyova L, Schwartz RG. 2012. Syntactic Structural Assignment in Brazilian Portuguese-Speaking Children with Specific Language Impairment. J. Speech. Lang. Hear. Res. 2012;55(4):1097-112. https://doi.org/10.1044/1092-4388(2011/10-0215).
https://doi.org/10.1044/1092-4388(2011/1...
,2929 Medeiros VP, Valença RKL, Guimarães JATL, Costa RCC. Vocabulário expressivo e variáveis regionais em uma amostra de escolares de Maceió. Audiol. Commun. Res. 2013;18(2):71-7. https://doi.org/10.1590/S2317-64312013000200004.
https://doi.org/10.1590/S2317-6431201300...
), enquanto nos demais artigos (13; 54,16%) a amostra foi composta de crianças na faixa etária que engloba tanto pré-escolares quanto escolares (22 Armonia AC, Mazzega LC, Alcântara Pinto FC, Souza ACR, Perissinoto J, Tamanaha AC. Relação entre vocabulário receptivo e expressivo em crianças com transtorno específico do desenvolvimento da fala e da linguagem. Rev. CEFAC. 2015;17(3):759-65. https://doi.org/10.1590/1982-021620156214.
https://doi.org/10.1590/1982-02162015621...
,1515 Athayde ML, Carvalho Q, Mota HB. Vocabulário expressivo de crianças com diferentes níveis de gravidade de desvio fonológico. Rev. CEFAC. 2009;11(2):161-8. https://doi.org/10.1590/S1516-18462009000600005.
https://doi.org/10.1590/S1516-1846200900...
,1818 Befi-Lopes DM, Nuñes CO, Cáceres AM. Correlação entre vocabulário expressivo e extensão média do enunciado em crianças com alteração específica de linguagem. Rev. CEFAC. 2013;15(1):51-7. https://doi.org/10.1590/S1516-18462012005000017.
https://doi.org/10.1590/S1516-1846201200...
,2020 Colalto CA, Goffi-Gomez MVS, Magalhães ATM, Samuel PA, Hoshino ACH, Porto BL, Tsuji RK. Vocabulário expressivo em crianças usuárias de implante coclear. Rev. CEFAC. 2017;19(3):308-19. https://doi.org/10.1590/1982-021620171937216.
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https://doi.org/10.1590/S0103-166X201000...
-3535 Lamônica DAC, Ferraz PMDP. Leucomalácia periventricular e diplegia espástica: implicações nas habilidades psicolinguísticas. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2007;19(4):357-62. https://doi.org/10.1590/S0104-56872007000400006.
https://doi.org/10.1590/S0104-5687200700...
). Neste último caso, foi verificado que os artigos que amostraram essa faixa etária mais ampla (3-11 anos) buscaram verificar o desempenho em populações específicas (crianças com transtornos específicos da fala e da linguagem, síndrome de Down, paralisia cerebral, surdez etc.), de acordo com a idade, o grau de desvio ou as características sociais do entorno, seja ele escolar, seja ele familiar. Para os artigos em que a amostra foi composta de crianças em idade pré-escolar, os objetivos se concentraram na comparação entre crianças de populações específicas (por exemplo, crianças com transtornos do desenvolvimento e grupos de controle) e análises exploratórias do desempenho de crianças pertencentes a um grupo específico (por exemplo, investigar o desempenho em vocabulário entre crianças com HIV).
DISCUSSÃO
O presente estudo objetivou realizar uma revisão sistemática dos estudos brasileiros que utilizaram testes para avaliação do vocabulário de crianças cursando os anos iniciais do Ensino Fundamental (77 Tibério, CDR. Vocabulário receptivo de crianças de 2 a 6 ano de idade. Uma análise com o teste de vocabulário por imagens Peabody. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2017.). Desse modo, a busca concentrou-se nos testes ABFW, Peabody e EVT, e o perfil da amostra desejada foi constituída de crianças cursando do 2º ao 5º ano de escolarização e com desenvolvimento típico (ausência de transtornos do desenvolvimento). Em um primeiro momento (Estudo 1), o resultado da busca nas três bases de dados consultadas (periódicos CAPES, SciELO e PePSIC) foi expressivo em termos de quantidade (261 artigos na primeira busca). Contudo, logo no primeiro critério de exclusão, foi notado que, em muitos trabalhos, os instrumentos se encontravam apenas nas referências deles, o que pode ser o motivo de aparecerem com frequência nas buscas realizadas, principalmente no caso do EVT e do ABFW. Em relação ao EVT, em muitos artigos resultantes das buscas, a língua predominante no estudo era o inglês e/ou espanhol, sendo, em sua maioria, artigos sobre bilinguismo (ing/esp). Em relação ao ABFW, por ser um instrumento composto de 4 testes, em alguns trabalhos o teste utilizado não era o de vocabulário, mas sim de fonologia ou pragmática - este último aparecendo com mais frequência. Com a aplicação dos critérios de exclusão, todos os artigos foram excluídos.
Com a ausência de estudos que se enquadrassem nos critérios da inclusão, partiu-se para o Estudo 2, em que o critério etário foi ampliado para crianças pré-escolares e pré-adolescentes e o critério de desenvolvimento típico foi removido. Desse modo, foi possível revisar 24 trabalhos, a maioria publicada na área de Fonoaudiologia e concentrada nas regiões Sul e Sudeste. A maior parte dos pesquisadores era do sexo feminino, o que demonstra que a pesquisa na área infantil (sobretudo variáveis educacionais) ainda sofre essa influência no Brasil (também guiado pela feminilização das profissões em Psicologia, Fonoaudiologia e Educação Infantil) (3838 Matos IB, Toassi RFC, Oliveira, MC. Profissões e ocupações de saúde e o processo de feminização: tendências e implicações. Athenea Digital. 2013;13(2):239-44.). De modo geral, os artigos analisados buscavam caracterizar o desempenho de crianças de algum grupo específico, como transtornos do desenvolvimento, com ou sem comparação do desempenho com grupos de controle.
Os resultados indicaram que os pesquisadores brasileiros concentravam suas investigações na área de vocabulário (com os instrumentos revisados) na avaliação de crianças pequenas e com algum distúrbio (por exemplo, problemas auditivos) ou doença. Isso talvez se explique pela grande concentração de pesquisadores na área de Fonoaudiologia, com ausência de estudos com foco na Educação ou na Psicologia (notando-se ausência de estudos longitudinais e de intervenção). Isso torna explícita a carência de pesquisas em vocabulário que tenham como foco a população de crianças em idade escolar e com desenvolvimento típico, especificamente cursando o Ciclo 1 do Ensino Fundamental. Ao demonstrar tais resultados, esta pesquisa pretende chamar a atenção e ao mesmo tempo estimular que pesquisadores brasileiros voltem seus interesses de pesquisa para a área aqui destacada.
É digno de nota que nenhum dos estudos revisados realizou investigações psicométricas com os instrumentos sob análise, isto é, não foram encontrados estudos que investigassem a fidedignidade temporal, validade de constructo, análise dos itens ou que realizassem outras análises que indicassem que o conteúdo dos testes realmente se relacionava ao vocabulário infantil nas faixas etárias estudadas. Isso implica que a validação desses instrumentos pode estar restrita às informações contidas em seus respectivos manuais, não havendo estudos que forneçam indicadores de validação cruzada (3939 Urbina S. Essentials of psychological testing. Hoboken, NJ: John Wiley & Sons.2014.). Esse fato é particularmente preocupante diante dos interesses de pesquisa dos artigos encontrados, que usam os instrumentais para separar grupos, investigar o efeito de intervenções terapêuticas, identificar perfil neuropsicológico, entre outros objetivos, que, para serem alcançados com êxito, necessitam do uso de instrumentos com indicadores de validade e precisão.
CONCLUSÃO
Os estudos brasileiros de 2007 a 2018 com os três instrumentos de avaliação do vocabulário selecionados a partir da revisão de Tibério (77 Tibério, CDR. Vocabulário receptivo de crianças de 2 a 6 ano de idade. Uma análise com o teste de vocabulário por imagens Peabody. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2017.) (ABFW, EVT, Peabody) sinalizam para uma preferência de investigações com delineamento transversal e com populações que apresentam algum tipo de transtorno ou problema no desenvolvimento (por exemplo, autismo). Não houve pesquisas com crianças em idade escolar com desenvolvimento típico, tampouco foi observada a presença de estudos que buscaram investigar as qualidades psicométricas desses instrumentos, os quais são utilizados tanto na pesquisa em vocabulário quanto na clínica por profissionais. Os resultados podem indicar um campo de atuação para futuras pesquisas na área.
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Trabalho realizado no Departamento de Psicologia e Psicanálise, Universidade Estadual de Londrina - UEL - Londrina (PR), Brasil
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Fontes de financiamento: Bolsa de Iniciação Científica - Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná. Edital PROPPG/DP/DIC05/2017. Universidade Estadual de Londrina. Edital FAEPE/UEL PUBLIC 1/2018.
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Os periódicos são assim classificados, conforme a área principal: Estudos de Psicologia (A2 - Psicologia), Revista CEFAC – B1; Pró-Fono Revista de Atualização Científica – A2; Paideia – A1; Audiology - Communication Research – B1; Revista de Logopedia, Foniatría y Audiología – B1; Journal of Speech, Language, and Hearing Research – não avaliado; Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia – B1; Psicologia: Teoria e Pesquisa – A1; CoDAS – B1.
Agradecimentos
Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
26 Jun 2020 -
Data do Fascículo
2020
Histórico
-
Recebido
01 Out 2018 -
Aceito
29 Jul 2019