Acessibilidade / Reportar erro

Editorial

Neste fascículo da CoDAS, publicamos três revisões sistemáticas, uma comunicação breve, dois artigos de Audiologia, de Voz, de Motricidade Orofacial, três artigos de Linguagem e um relato de caso de Disfagia.

A primeira revisão sistemática de Corona e Rabelo encontrou uma elevada prevalência de alteração audiovestibular em pacientes com Esclerose Sistêmica, destacando a importância da condução de novas investigações para a identificação precoce e para fornecer subsídios aos profissionais que atuam junto a estes pacientes. A revisão sistemática de autoria de Gomes, Etges, Scheeren e Barbosa verificou que os instrumentos de rastreio em disfagia são bastante heterogêneos e foram desenvolvidos para diferentes públicos com o objetivo de identificar os pacientes com distúrbios de deglutição. A última revisão sistemática é relacionada aos fatores de risco para o desenvolvimento adequado da linguagem oral em crianças, apresentada por Gurgel, Vidor, Joly e Reppold, que identificaram a necessidade de mais ensaios clínicos controlados randomizados envolvendo a verificação dos fatores de risco para a linguagem e da realização de mais estudos envolvendo meninos mais velhos.

A comunicação breve, de Scarmagnani, Oliveira, Fukushiro, Salgado, Trindade e Yamashita, sobre o impacto da concordância entre avaliadores no julgamento perceptivo da nasalidade da fala, comparou dois modelos de regressão logística para prever o fechamento velofaríngeo. Não houve diferença entre os modelos; no entanto, destaca-se a importância da concordância entre diferentes avaliadores quando são utilizados parâmetros subjetivos de avaliação da fala, comparado com uma avaliação instrumental. Os autores sugerem que é necessário treinamento e calibração para melhor confiabilidade da avaliação perceptivo-auditiva da fala.

O primeiro artigo de Audiologia, de Rabelo, Santos, Oliveira e Magalhães, relacionou os parâmetros acústicos de salas de aula com o desempenho de estudantes em teste de inteligibilidade de fala. Concluiu-se que os parâmetros acústicos influenciam diretamente na inteligibilidade de fala e que o ruído diminui a compreensão da mensagem oral. Durante, Wieselberg, Carvalho, Costa, Pucci, Gudayol e Almeida estudaram o potencial evocado auditivo cortical e sua concordância com a detecção psicoacústica de sons de fala, bem como a latência dos componentes P1-N1-P2 em deficientes auditivos com e sem o uso de prótese auditiva. Houve maior potencial com uso de prótese e 91% de concordância com a percepção psicoacústica do sinal de fala, também com uso de prótese. Na análise das medidas de latência dos componentes Pl, Nl e P2, observou-se diminuição, tanto com o aumento da intensidade do sinal quanto com o uso da prótese.

O primeiro artigo da área de Voz, de Silverio, Siqueira, Lauris e Brasolotto, estudou a dor musculoesque-lética em mulheres disfônicas e não disfônicas, encontrando maior frequência e intensidade de dor nas mulheres disfônicas, o que revela que a dor pode estar relacionada às disfonias funcionais e organofuncionais em mulheres. O outro artigo, de Lopes, Cavalcante e Costa, investigou a correlação entre as medidas acústicas e perceptivo-auditivas, concluindo que o shimmer, o GNE e o DP de F0 podem ser utilizados na detecção de rugosidade, soprosidade e tensão, respectivamente, e que a média de F0 diferencia vozes rugosas, soprosas e tensas, sendo as vozes rugosas mais graves.

O primeiro artigo da área de Motricidade Orofacial, de Ries, Graciosa, Medeiros, Pacheco, Fassicolo, Graefling e Degan, analisou os efeitos da dor nas regiões craniomandibular e cervical em indivíduos com Disfunção Temporomandibular (DTM) e seu efeito na ativação bilateral dos músculos temporal anterior (TA) e masseter (MA) durante o ciclo mastigatório. Foi evidenciado que as atividades dos músculos TA são mais assimétricas em indivíduos com DTM e que estímulos nociceptivos da região craniomandibular podem influenciar no aumento da assimetria dessa musculatura. Garcia, Marino, Pegoraro-Krook, Guerra, Lauris e Dutka obtiveram medidas de nasalância durante a produção de articulação compensatória (AC), comparando a nasalância entre grupos com e sem hipernasalidade e com e sem AC, totalizando 553 amostras julgadas e agrupadas em quatro grupos, de acordo com o julgamento perceptivo-au-ditivo. Os autores encontraram valores de nasalância significativamente mais elevados na produção de fricativa faríngea.

O artigo de Misquiatti, Brito, Olivati, Santos e Fernandes, da área de Linguagem, comparou o desempenho sociocognitivo de crianças e adolescentes com Transtornos do Espectro do Autismo em dois ambientes de terapia: sala comum e sala com ambientação específica. Não houve significância estatística no desempenho sociocognitivo, sendo que a criação de ambientes físicos preestabelecidos ou materiais específicos não devemser considerados imprescindíveis para a terapia de linguagem. O segundo artigo dessa área, de Silagi, Romero, Mansur e Radanovic, verificou o efeito da idade e escolaridade na compreensão de inferências a partir de textos escritos em indivíduos normais, concluindo que a idade pode influenciar na compreensão de inferências devido a dificuldades atencionais e de funções executivas. Houve forte efeito da escolaridade devido à interação da habilidade inferencial com diversas funções cognitivas. O último artigo da Linguagem, de Andrade, Cunha, Juste, Ritto e Almeida, verificou que os gagos acreditam na cura da gagueira e que, apesar de terem realizado tratamento fonoaudiológico, não foi observada melhora significativa do quadro. A pesquisa não enfocou o tipo de terapia; entretanto, os resultados indicaram que a determinação dos componentes que contribuem para um tratamento eficaz para gagueira são controversos.

O artigo da área de Disfagia, de Rossi, Buhler, Ventura, Otoch e Limongi, relata um caso de cleft laríngeo resultante de malformação congênita que envolve a comunicação entre esôfago e o complexo laringotraqueal. Após o diagnóstico, a conduta fonoaudiológica foi engrossar a fórmula láctea, tendo o neonato recebido alta com dieta exclusiva por via oral. Posteriormente, foram realizadas oito consultas ambulatoriais com objetivo principal de reintroduzir líquidos finos. O paciente recebeu alta fonoaudiológica com dieta geral.

No presente ano, conseguimos realizar um antigo projeto das editoras: identificar e reconhecer os melhores trabalhos publicados pela CoDAS, no ano anterior. Para isso realizamos um extenso processo de votação, que incluiu a participação de um grande número de pessoas envolvidas com a CoDAS, utilizando uma estratégia de decisão em grupo. Em um primeiro momento pedimos que todos os membros do corpo editorial indicassem, dentre os trabalhos publicados em 2013, quais os que se destacavam pela excelência do tema, controle do desenho do experimento e pelas conclusões obtidas. Algumas pessoas indicaram apenas um trabalho, outras dois ou três. A partir dessa lista as editoras científlcas categorizaram os mais votados e chegaram a uma lista com 22 artigos. Eles foram, então, enviados às editoras executivas que selecionaram os dez melhores, nesse momento excluindo os que por ventura fossem de autoria de alguma das editoras científicas ou executivas. Essa lista de dez trabalhos foi enviada aos editores associados com a solicitação de que indicassem os três melhores. Houve um empate e ficamos com quatro trabalhos mais votados QUE receberam o Certificado de Destaque CoDAS 2013, durante o Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia do presente ano.

São eles, listados em ordem alfabética pelo sobrenome do primeiro autor:

  1. Alvarenga, Araújo, Melo, Martinez e Bevilacqua http://www.scielo.br/pdf/codas/v25nl/v25nla04.pdf

  2. Martins, Fontenele, Câmara e Sartorato http://www.scielo.br/pdf/codas/v25n3/06.pdf

  3. Rodrigues e Befl-Lopes http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317–17822013000500422&lng=en&nrm=iso

  4. Wertzner, Pagan-Neves, Alves e Barrozo http://www.scielo.br/pdf/codas/v25nl/v25nlal0.pdf

Congratulamos os autores e desejamos que esses estudos sejam muito citados. Sabemos das dificuldades de nossos programas de pós-graduação e do difícil percurso dos pesquisadores brasileiros. Ser reconhecido pelos pares é uma honra sem igual!

A indicação dos trabalhos escolhidos como os melhores, por um grupo de pesquisadores experientes e conceituados, destaca e reconhece a qualidade da produção científica brasileira em Fonoaudiologia. Esta foi a primeira vez que tivemos condições de efetivar uma ação que tem sido discutida há alguns anos nas publicações da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa). Isso foi possível principalmente graças à inestimável contribuição das editoras associadas, que têm dedicado sua experiência, talento e conhecimento, doando seu tempo e seu trabalho para a SBFa. Esta foi nossa primeira tentativa nesse sentido e certamente há espaço para mudanças e aperfeiçoamento. Por favor, enviem sugestões de como melhorar esse processo, para os próximos anos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Oct 2014
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia Al. Jaú, 684, 7º andar, 01420-002 São Paulo - SP Brasil, Tel./Fax 55 11 - 3873-4211 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@codas.org.br