RESUMO
Objetivo
Comparar o padrão de fala e voz de indivíduos com Miastenia Gravis (MG) em um intervalo de quatro anos e correlacionar com aspectos clínicos da doença.
Método
A coleta de dados foi realizada ao longo de 4 anos. A avaliação clínica foi composta pelo Quantitative Myasthenia Gravis Score (QMGS), pela Myasthenia Gravis Foundation of America Classification (MGFA) e pela escala de qualidade de vida para Miastenia Gravis (MG-QOL). A avaliação da fala foi composta por gravação de tarefas, análise perceptivo-auditiva e análise acústica. A amostra final foi composta por 10 indivíduos em MG e 10 indivíduos no grupo controle (GC), pareados por sexo (distribuição igualitária) e idade (p=0,949).
Resultados
Após 4 anos, os indivíduos com MG apresentaram estabilidade clínica, aumento do diagnóstico de disartria leve e moderada (de 40% para 90% dos sujeitos) e diminuição significativa no desempenho dos subsistemas da fala: respiração, fonação e articulação. Na análise acústica, houve declínio do padrão articulatório (taxa de fala p=0,047, taxa de articulação p=0,007, duração média das sílabas p=0,007) e qualidade vocal (jitter aumentado p=0,022). Houve diferença significativa nas variáveis fonatórias (shimmer e harmonic-to-noise ratio) entre os grupos MG e GC na comparação do seguimento.
Conclusão
Indivíduos com MG apresentaram declínio no padrão de fala em um intervalo de quatro anos, com aumento no número de disártricos (leve e moderado). Mesmo com a estabilidade da doença, houve piora dos subsistemas respiratório, fonatório e articulatório. Não houve correlação entre o padrão de fala e as características clínicas da doença (gravidade e escala motora).
Fala; Voz; Disartria; Acústica da Fala; Miastenia Grave