Ano-chave |
O primeiro ano do ensino superior é aquele no qual o aluno deve aprender o seu ofício ou acaba fracassando (ano catastrófico). |
O sexto ano é aquele, dos anos finais, com mais alto percentual de reprovação. É quando o aluno recebe maior autonomia e não está tão tutorado. |
Conquista da autonomia |
Coulon se refere à mudança do lugar do saber, à oposição aos discursos parentais com novos discursos construídos entre pares. |
Com as mudanças da adolescência e de instituição de ensino, trata-se da conquista da autonomia, através da ampliação de sua rede social e dos primeiros movimentos de apartar-se das referências parentais. A relação entre os pares e a apropriação da nova realidade, com múltiplas disciplinas e professores, podem facilitar ou não a conquista da autonomia. |
Rupturas simultâneas ocorridas na vida e na escola |
Passagem para a educação superior acompanhada por mudanças nas condições de existência, vida afetiva (saída do seio da família) e ruptura pedagógica (mudança na relação com os professores, “tempo do anonimato”). |
Passagem para os anos finais do ensino fundamental marcada pelo início da adolescência, mudanças corporais, primeiras experiências sexuais, indagações acerca da identidade de gênero e orientação sexual, mudança no lugar ocupado pela família como referência central, exploração de novos territórios em sua cidade, contato com a pluridocência, relação menos “familiar” com os professores. |
Responsabilidade institucional com o sucesso do estudante |
Adoção ou ausência de dispositivos institucionais afetam o desenvolvimento da afiliação do estudante. |
Nosso argumento se iguala ao de Coulon, sem necessidades de adaptações. Ações isoladas de professores, por exemplo, não dão conta do processo de afiliação. É preciso pensar nos dispositivos institucionais na análise dos processos de afiliação e da permanência. |
Modificação na relação com o tempo |
Há modificação nas exigências na universidade (maiores e mais frouxas) para o estudante que implicam a necessidade de reorganização do tempo e do ritmo de trabalho. |
Há modificação do número de disciplinas, diferentes aulas por dia, que implicam reorganização do tempo de estudo e vida. Vale atentar para as “redes sociais” como um elemento importante no redimensionamento da relação tempo e espaço. |
Modificação na relação com o espaço |
Para o autor, os estudantes apontam que o espaço de uma universidade é maior que aquele de um colégio, o que faz com que se percam inicialmente e seja necessário aprender a se movimentar. |
A mudança de uma escola de anos iniciais, menor, para outra de anos finais, maior, pode trazer o desafio da localização de salas, cantina, áreas comuns, banheiros, dentre outros. Ademais, o modo como se apropriam desses espaços - por exemplo, a cantina - traduz as relações de poder entre os alunos. |
Modificação na relação com o saber |
Maior amplitude dos conhecimentos, necessidade maior de síntese e de relação com atividade profissional futura. |
Organização dos anos finais mais próxima do ensino médio que da “lógica” dos anos iniciais, passagem de um pensamento concreto para um raciocínio lógico-formal. |
Dimensão |
Argumento adotado por Coulon |
Argumento que adotamos |
Modificação na relação com as regras |
O estudante precisa dominar o sistema complexo de regras institucionais e não institucionais, buscando o “sentido do jogo”, para conseguir sua afiliação. |
Do mesmo modo, o sextanista precisa aprender as novas regras explícitas e as derivadas da cultura informal dos anos finais, referentes à rotina da escola e apropriação dos espaços. Por outro lado, há uma demanda grande do professorado pela participação da família na escola, o que, boa parte das vezes, não acontece. |