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EDITORIAL

EDITORIAL

Estimada leitora, estimado leitor,

Este número traz a lume um extenso dossiê sobre o Currículo na contemporaneidade. Sete artigos compõem a seção Tema em Destaque sob esse título; eles abordam a questão seja do ponto de vista teórico e conceitual, seja dos processos de formulação e implementação do currículo.

O artigo de Inés Dussel é um dos raros textos escritos da perspectiva pós-moderna que, fugindo à reiteração da impossiblidade de uma cultura comum na educação básica, busca analisar as transformações contemporâneas da ideia de tradição e reprodução cultural ligada à função social da escola, e sugere alguns elementos que devem ser levados em conta para enfrentar os desafios da construção de uma tradição comum nas condições presentes. Antonio Flavio Barbosa Moreira, ao chamar a atenção para os sinais evidentes de internacionalização do campo do currículo, com apoio nas categorias de hibridização, cosmopolitismo e tradição, aponta para as possibilidades de avanço e democratização do conhecimento de um lado e as de incentivo às formas de homogeneização de outro. As reflexões de José Augusto Pacheco detêm-se, por sua vez, em questões ligadas às teorizações e às abordagens metodológicas do currículo e destacam, quer as teorias críticas e de instrução, sempre cruzadas com a racionalidade tyleriana e o relativismo, quer o currere como espaço de discussão.

Os demais artigos da seção discutem o tema do ângulo das políticas e das práticas de currículo no Brasil.

Luiz Antônio Cunha identifica um conflito entre os conceitos de ética laica e de ética religiosa no currículo das escolas públicas de ensino fundamental. Luciana Dadico, diante do parecer do Conselho Nacional de Educação que torna obrigatório o ensino da Sociologia e da Filosofia no ensino médio, retoma a discussão acerca da contribuição da Psicologia para a formação de jovens desse nível escolar, por meio de pesquisa etnográfica sobre o ensino da disciplina em escolas paulistas. Monica Ribeiro da Silva investiga o modo pelo qual as proposições referentes ao trabalho, tecnologia e formação, assim como a organização do currículo com base em competências, que constam da reforma curricular do final dos anos 90, vêm sendo apropriadas pelas escolas de ensino médio da cidade de Curitiba, no Estado do Paraná. Por último, o texto de Sabrina Moehlecke examina as políticas de diversidade implementadas pelo Ministério da Educação durante a primeira gestão do governo Lula (2003-2006).

Na seção Outros Temas, o artigo de Fúlvia Rosemberg, Neide Cardoso de Moura e PauloVinícius Baptista Silva faz uma revisão crítica da literatura nacional e internacional sobre sexismo nos livros didáticos, assinalando as permanências, mudanças e tensões detectadas nas políticas de combate a essas práticas.

Débora Mazza delineia as tendências dos intercâmbios acadêmicos internacionais promovidos por três agências brasileiras, analisando as bolsas de estudo concedidas às diversas áreas de conhecimento pela Capes, Fapesp e pelo CNPq, e busca contextualizá-las nas políticas de desenvolvimento científico-tecnológico levadas a cabo pelo Estado brasileiro entre 1970 e 2000.

A pesquisa sobre as teses e dissertações defendidas nos Programas brasileiros de Pós-Graduação em Educação, que utilizam a teoria das representações sociais -TRS - para estudar as representações dos professores ou sobre eles, realizada por Maria Suzana De Stefano Menin, Alessandra de Morais Shimizu e Claudia Maria de Lima, concentra-se na análise dos aspectos metodológicos dos estudos.

A ênfase no resgate da autoestima em discursos do Programa Alfabetização Solidária, registrados em publicações periódicas de abrangência nacional entre 1997 e 2007, é analisada por Clarice Salete Traversini..

O artigo de Sonia de Castro Lopes analisa as tranformações introduzidas no curso de formação de professores do Instituto de Educação do Rio de Janeiro durante o período de 1937 a 1945, assinalando continuidades e mudanças, bem como as rupturas ocasionadas pela Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942.

As políticas afirmativas para o acesso ao ensino superior são discutidas em Temas em Debate.

Jacques Velloso compara médias de grupos de alunos cotistas e não cotistas da Universidade de Brasília em diferentes carreiras, considerando o prestígio dos cursos e as respectivas áreas de conhecimento. Por sua vez Rafael Pimentel Maia, Hildete Prisco Pinheiro e Aluisio de Souza Pinheiro propõem uma metodologia para avaliar o desempenho dos alunos da Universidade Estadual de Campinas, do ingresso à conclusão do curso, valendo-se de testes que determinam se existe diferença entre os estudantes de acordo com características de grupo.

Em Espaço Plural, Zygmunt Bauman, um dos maiores pensadores contemporâneos, discorre sobre os desafios pedagógicos da modernidade líquida em entrevista concedida a Alba Porcheddu.

As Editoras

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Maio 2010
  • Data do Fascículo
    Ago 2009
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