Este artigo analisa o debate em torno da emancipação feminina no Recife, entre os anos 1870 a 1920, partindo do pressuposto de que as lutas das mulheres, feministas ou não, em Pernambuco e em outros estados brasileiros não cabem mais na narrativa que nomeou esse momento como "primeira onda" do movimento. Há uma episteme sobre o feminino que colocou em foco a "questão da mulher", ressignificando e deslocando o que é ser mulher. Esse intenso debate, multiplicou as possibilidades do feminino num complexo e paradoxal movimento de construir identidade coletiva, de instituir o sujeito de direito feminino diante de um Estado que mudava a forma de governo, porém, mantinha-se conservador, oligárquico e com estreita concepção de democracia e cidadania. Essas mulheres, que desbravaram espaços nitidamente masculinos e questionaram verdades em torno de seu sexo, de seu corpo e de sua inteligência, por meio da palavra escrita, publicando artigos polêmicos com ou sem pseudônimo, foram fundamentais na instituição de uma nova identidade feminina de feição moderna.
Mulheres; Feminismos; Cidadania; Relações de Gênero