Open-access Forage yield and nutritive value of Elephant grass, Italian ryegrass and spontaneous growing species mixed with forage peanut or red clover

Massa de forragem e valor nutritivo de capim elefante, azevém e espécies de crescimento espontâneo consorciadas com amendoim forrageiro ou trevo vermelho

Abstracts

The objective of this research was to evaluate of three grazing systems (GS) with elephant grass (EG), Italian ryegrass (IR) + spontaneous growing species (SGS); EG + IR + SGS + forage peanut (FP); and EG + IR + SGS + red clover (RC), during the winter and summer periods in rotational grazing with dairy cattle. Experimental design was completely randomized with three treatments, two replicates with repeated measures. Lactating Holstein cows receiving 1% BW-daily feed supplement with concentrate were used in the evaluation. Eight grazing cycles were performed during the experimental period. The values of pre forage mass and stocking rate were 2.52, 2.60 and 2.99 t ha-1 and 2.64, 2.77 and 3.14 animal unit ha-1, respectively for GS. Samples of forage were collected by hand-plucking technique to analyze the crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF), in situ dry matter digestibility (ISDMD), in situ organic matter digestibility (ISOMD) of forage present between rows of elephant grass, in the rows of elephant grass and the legumes. Higher value of CP, ISOMD and lower of NDF were observed for the grazing systems mixed with legumes forage.


O objetivo desta pesquisa foi avaliar três sistemas forrageiros (SF) com capim elefante (CE) + azevém (AZ) + espécies de crescimento espontâneo (ECE); CE + AZ + ECE + amendoim forrageiro (AM); e CE + AZ + ECE + trevo vermelho (TV), durante os períodos hibernal e estival, em pastejo rotativo com bovinos leiteiros. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com três tratamentos, duas repetições, com medidas repetidas no tempo. Para avaliação foram usadas vacas da raça Holandesa em lactação, que receberam suplementação alimentar à razão de 1% do peso corporal dia-1. Durante o período experimental foram efetuados oito ciclos de pastejo. Os valores de massa de forragem de pré-pastejo e da taxa de lotação foram de 2,52; 2,60 e 2,99 t ha-1 e 2,64; 2,77 e 3,14 UA ha-1, respectivamente para os SF. Foram coletadas amostras de forragem, simulando o pastejo, para determinação dos teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), digestibilidade in situ da matéria seca (DISMS) e digestibilidade in situ da matéria orgânica (DISMO) da forragem presente entre as linhas de capim elefante, da linha de capim elefante e das leguminosas. Foram observados maiores valores de PB, DISMO e menores de FDN para os sistemas consorciados com leguminosas.

Arachis pintoi; digestibilidade; fibra em detergente neutro; Pennisetum purpureum; proteína bruta; Trifolium pratense.


INTRODUÇÃO:

As plantas forrageiras desempenham papel preponderante nos sistemas de produção bovina, sendo fontes primárias de energia para crescimento, manutenção e produção dos animais. Entre as forrageiras, as gramíneas têm grande diversidade genética, portanto maior variabilidade adaptativa a diferentes temperaturas e regimes de pluviosidade em comparação a qualquer outra família de angiospermas (SILVA et al., 2011). Dentre as gramíneas, o capim elefante tem representado em diferentes regiões do País, especialmente na atividade leiteira, uma alternativa importante no forrageamento dos animais (SILVA et al., 2002). Seu consórcio com espécies como o azevém e leguminosas, como o amendoim forrageiro e o trevo vermelho podem se constituir em importante estratégia de produção, equilibrando a oferta e a qualidade de forragem, considerando que estas espécies apresentam picos de produção em épocas distintas, distribuindo melhor a quantidade e qualidade de forragem ao longo do ano (LEITE et al., 2006).

Neste contexto, este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar a massa de forragem de pré-pastejo, a taxa de lotação e o valor nutritivo da forragem de três sistemas forrageiros, constituídos por capim elefante, azevém, espécies de crescimento espontâneo e duas leguminosas (amendoim forrageiro ou trevo vermelho) nos períodos hibernal e estival.

MATERIAL E MÉTODOS:

O trabalho foi conduzido em área experimental pertencente ao Departamento de Zootecnia da UFSM, situado na região da Depressão Central (Santa Maria, RS), no período de 27/05/2010 a 11/04/2011, totalizando 357 dias. Para avaliação fez-se a divisão em dois períodos: hibernal, de 27/05 a 02/10/10 (162 dias), envolvendo o estabelecimento e a utilização do azevém e o estival, de 10/12/2010 a 11/04/2011 (195 dias). O clima da região é o subtropical úmido (Cfa) segundo a classificação de Köppen.

Os tratamentos foram constituídos por três sistemas forrageiros tendo como base o capim elefante; azevém e espécies de crescimento espontâneo, agregando-se a estes, amendoim forrageiro ou trevo vermelho. A área experimental utilizada foi de 0,78 ha (subdividida em seis piquetes de 0,13 ha cada um) com capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.), cv. 'Merckeron Pinda', já estabelecido, desde 2004, em linhas afastadas a cada 4 m. No dia 15 de maio de 2010, foi semeado o azevém (Lolium multiflorum Lam.), cv, 'Comum', nas entrelinhas, mediante escarificação do solo, em toda área experimental, à razão de 30 kg ha-1, com valor cultural das sementes de 80%; para as pastagens consorciadas com leguminosas fez-se, respectivamente, a semeadura do trevo vermelho (Trifolium pratense L.), cv. 'Estanzuela 116', à razão de 6 kg ha-1 (pelo segundo ano na mesma área), e preservou-se o amendoim forrageiro (Arachis pintoi Krap. e Greg.) cv. 'Amarillo', estabelecido em 2006.

Foram utilizados para a adubação 150 kg ha-1 de N-P-K (5-20-20), 60 e 50 kg ha-1 de P2O5 e K2O, respectivamente, divididos em duas aplicações, sendo a primeira no estabelecimento do azevém e a segunda aplicação na metade do mês de outubro de 2010 de acordo com análise do solo. Como adubação de cobertura utilizou-se 116 kg ha-1 de N, sob a forma de uréia, parcelada em cinco aplicações efetuadas nos meses de agosto, outubro de 2010 e fevereiro de 2011.

Adotou-se como critério de utilização da forragem, durante o período hibernal, a altura do dossel do azevém, sendo que a entrada dos animais dava-se quando esse se encontrava com 20cm, aproximadamente; no período estival foi à altura do capim elefante, entre 100 e 120cm. Antecedendo a entrada e após a saída dos animais, estimou-se a massa de forragem pela técnica com dupla amostragem (WILM et al., 1944). Nas linhas formadas pelas touceiras de capim elefante, os cortes foram realizados a 50 cm do solo e nas entrelinhas rente ao solo, tanto no período hibernal quanto no estival. A forragem proveniente das amostras cortadas em cada piquete foi homogeneizada e após, uma amostra composta foi utilizada para a determinação das composições botânica da forragem e estrutural do capim elefante, sendo posteriormente secas em estufa para determinação do teor de matéria seca (SILVA, 1990). Para cálculo da massa de forragem no período hibernal, considerou-se em 25,9% da área ocupada pelo capim elefante e 74,1% pelas espécies presentes entre as linhas do capim elefante; no período estival, os valores foram de 30,9 e 64,1%, respectivamente.

Para determinar a carga animal instantânea, manteve-se oferta de forragem de 4 e 6 kg de MS 100-1 kg de peso corporal para a massa de forragem de lâminas foliares do capim elefante e para a massa de forragem presente nas entrelinhas, respectivamente. Para avaliação, foram utilizadas vacas em lactação da raça Holandesa, com peso corporal médio de 543 kg, e produção média de leite de 18,07 kg dia-1. Os animais foram submetidos à ordenha mecânica duas vezes ao dia, às 8 h e às 16 h.

Utilizaram-se os valores médios de início de pastejo para a determinação das variáveis de massa e valor nutritivo da forragem, considerando os períodos hibernal e estival. Para tanto, foram constituídas amostras compostas da forragem (de 3 pastejos correspondentes ao período hibernal e de 5 do período estival), misturando-se os materiais proporcionalmente. O mesmo procedimento foi feito com os valores médios do final do pastejo. Para a taxa de lotação usaram-se os valores médios dos pastejos correspondentes aos períodos hibernal e estival.

Para a determinação da composição química e digestibilidade da forragem, foram retiradas amostras, simulando o pastejo, mediante observação do comportamento ingestivo das vacas (EUCLIDES et al., 1992), em cada piquete, no início e no final de cada pastejo. O teor de matéria orgânica das amostras foi calculado diminuindo-se as cinzas da MS. O teor de nitrogênio total foi determinado pelo método de Kjeldahl (método 984.13, AOAC, 1984), para obtenção dos valores de proteína bruta (PB). O teor de fibra em detergente neutro (FDN) foi determinado pelo método proposto por VAN SOEST et al. (1991), adaptado para utilização de autoclave (SENGER et. al, 2008). Os nutrientes digestíveis totais (NDT) foram estimados, utilizando-se a equação NDT=MO {[26,8 + 0,595 (DISMO)]/100}, descrita por KUNKLE & BATES (1998).

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com três tratamentos (sistemas forrageiros), duas repetições de área (piquetes) com avaliações independentes (períodos hibernal e estival). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade do erro. As análises foram efetuadas com auxílio do pacote estatístico SAS (2001). O modelo estatístico referente à análise das variáveis estudadas foi representado por:

,

em que: Yijk representa as variáveis dependentes; i, índice de tratamentos (sistemas forrageiros); j, índice de repetições (piquetes); k, índice de pastejos; m é a média de todas as observações; Ti é o efeito dos tratamentos e eijk é o erro experimental residual.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Nos oitos ciclos de pastejo realizado em cada sistema forrageiro, três foram no período hibernal e cinco no estival. O tempo médio de descanso da pastagem foi de 42 a 38 dias, nos períodos hibernal e estival, respectivamente. Para a massa de forragem de pré pastejo do pasto (Tabela 1), verificou-se diferença (P≤0,05) no início do pastejo no período hibernal, com valor superior para o consórcio com trevo vermelho, devido à maior (P≤0,05) massa observada nas entrelinhas. Considerando-se os componentes estruturais do capim elefante, destacam-se os maiores valores para lâmina foliar nos consórcios, apontando para possível efeito residual da leguminosa à gramínea acompanhante, disponibiliza do maior quantidade de N para o sistema (TANIMU et al., 2007). Para colmo mais bainha, houve similaridade entre os sistemas forrageiros.

Tabela 1
: Massa de forragem de pré e pós-pastejo, participação dos componentes da forragem e taxa de lotação (UA ha-1) de três sistemas forrageiros (SF), nos períodos hibernal e estival. Santa Maria, RS.

Como espécies de crescimento espontâneo, foram encontradas: papuã (Urochloa plantaginea), grama paulista (Cynodon spp.), capim setaria (Setaria spp.) rabo-de-burro (Schiazachyrium microstachyum), cabelo-de-porco (Piptochaetium montevidense), guanxuma (Sida santaremnensis), erva-de-bicho (Polygonum persicaria) e buva (Conyza bonariensis). Destacando-se o capim forquilha (Paspalum conjugatum), com 78,55; 76,19 e 73,40%, respectivamente para os sistemas forrageiros sem leguminosa, com amendoim forrageiro e com trevo vermelho.

Observando-se a composição do pasto, denota-se que a presença das leguminosas interfere no desenvolvimento das gramíneas acompanhantes (PAULINO et al., 2008), azevém no período hibernal e espécies de crescimento espontâneo no período estival, aumentando a produção de forragem em geral.

Com relação à taxa de lotação, houve similaridade entre os sistemas no período hibernal. O valor médio da taxa de lotação foi de 2,16 UA ha-1. Resultado similar foi encontrado por AZEVEDO JUNIOR (2011), sendo de 2,30 UA ha-1. No período estival, a maior taxa (P≤0,05) foi observada no consórcio com trevo vermelho. Valores similares foram obtidos na mesma região sob manejo similar, nas mesmas condições por OLIVO et al. (2009).

Para matéria orgânica (Tabela 2), não houve diferença para o capim elefante, leguminosas e para a forragem presente nas entrelinhas, tanto no período hibernal quanto no estival. Para matéria mineral, os teores mais elevados no período hibernal devem-se, possivelmente, as características da pastagem, com dossel mais baixo. Sabe-se que o estrato basal das plantas forrageiras é mais suscetível à contaminação do solo, resultando em maiores valores de matéria mineral e, em conseqüência, menores de matéria orgânica (BUENO, 2003). Resultados similares foram observados por AZEVEDO JUNIOR (2011), com teor médio de matéria mineral de 10,58% em sistemas forrageiros constituídos pelas mesmas leguminosas.

Tabela 2
: Matéria orgânica, matéria mineral (%) e proteína bruta de três sistemas forrageiros (SF), nos períodos hibernal e estival. Amostras de simulação no início e no final dos pastejos. Santa Maria, RS.

Quanto a PB, os teores para o período hibernal são considerados altos e devem-se a elevada participação do azevém (Tabela 2). No período estival, houve diferença (P≤0,05) com maiores valores para os consórcios, devido à maior contribuição das leguminosas na massa de forragem (Tabela 1). No presente trabalho confirmou-se que as leguminosas, normalmente, apresentam maior teor de PB em relação às gramíneas (SOUZA et al., 2002). Para o amendoim forrageiro, o teor de PB foi menor (P≤0,05) em relação ao trevo vermelho no período hibernal, havendo comportamento inverso no período estival, verificando-se menor variabilidade no teor da leguminosa de estação quente. Os valores obtidos com amendoim forrageiro são, em média, maiores aos verificados por CARULLA et al. (1991), de 20 e 13%, respectivamente nas estações das águas e da seca, a partir da análise de folhas da cultivar 'CIAT 17434'. Destaca-se o teor elevado de PB do trevo vermelho no período hibernal semelhante ao verificado por PAIM (1994), havendo, no entanto, declínio substancial no período estival.

Para o capim elefante, houve diferença (P≤0,05) entre o consórcio com trevo vermelho e o sistema forrageiro sem leguminosa, não havendo diferença entre os consórcios. Esse resultado aponta para um possível efeito da presença de resíduos das leguminosas sobre o teor protéico do capim elefante. Comparando-se a PB do capim elefante, destaca-se o elevado teor obtido no período hibernal. Condição similar foi observada por OLIVO et al. (2007) ao verificar melhor valor nutritivo de folhas verdes do capim elefante durante o período hibernal em relação ao estival, com médias de 17,17 e 13,37%, respectivamente. Embora a diferença verificada entre os períodos, no estival, o capim elefante permaneceu com média de 17,76% de PB, acima dos valores encontrados, na mesma região, por outros autores (SOBCZAK et al., 2005; OLIVO et al., 2007), apresentando, portanto composição protéica com menor variabilidade dos sistemas consorciados com leguminosas (CÓSER & CRUZ FILHO, 1989) no período estival. Para FDN (Tabela 3), observa-se que os valores para forragem oriundas da entrelinha são baixos no período hibernal devido à presença do azevém e, no período estival, as diferenças (P≤0,05) devem-se à presença das leguminosas, condição esta também observada no final dos pastejos. Essa informação é confirmada pelos resultados obtidos a partir da análise isolada das leguminosas.

Tabela 3
: Fibra em detergente neutro, digestibilidade in situ das matérias seca e orgânica, e nutrientes digestíveis totais de três sistemas forrageiros (SF), nos períodos hibernal e estival. Amostras de simulação no início e no final dos pastejos. Santa Maria, RS

Quanto à digestibilidade in situ da matéria seca (DISMS) e da orgânica (DISMO), e de NDT no início dos pastejos, houve diferença somente para as leguminosas no período hibernal com teores maiores (P≤0,05) para o trevo vermelho. Esse resultado, associado também ao melhor teor de PB, confirma a assertiva de que as leguminosas de estação fria, normalmente, apresentam melhor valor nutritivo em relação às de estação quente (NASCIMENTO & NASCIMENTO, 1991). No final dos pastejos observam-se diferenças para forragem presente na entrelinha, tanto para DISMS quanto para NDT, apontando menor variabilidade no valor nutritivo da mesma forragem do consórcio com amendoim forrageiro, conseqüentemente proporcionando uma menor variação na dieta animal. Para o capim elefante, destaca-se o maior teor de NDT no período estival, para o consórcio com trevo vermelho.

CONCLUSÃO:

A presença de leguminosas nos sistemas forrageiros implica em maior proporção de lâminas foliares do capim elefante no período hibernal, apontando um possível efeito residual das leguminosas às gramíneas. As leguminosas interferem no desenvolvimento das gramíneas acompanhantes (azevém no período hibernal e espécies de crescimento espontâneo no período estival). A introdução de leguminosas nos distintos sistemas implica em melhor valor nutritivo do pasto.

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Publication Dates

  • Publication in this collection
    Oct 2014

History

  • Received
    10 Oct 2013
  • Accepted
    18 Feb 2014
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