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Cultivo microbiológico de leite na fazenda: estudo de caso sobre desempenho de vacas, aspectos financeiros e econômicos

RESUMO:

O objetivo deste estudo foi avaliar a utilização da cultura microbiológica de leite de vacas com mastite clínica (MC), os resultados zootécnicos e econômicos após implementação desse procedimento. Dados de 18 meses foram obtidos em uma fazenda em Minas Gerais com produção média de 23,1 L de leite/vaca/dia, em duas ordenhas diárias em regime semi-intensivo. Após a identificação da MC, uma amostra de leite do quarto afetado foi coletada e encaminhada para laboratório da fazenda. Primeiramente foi utilizada placa bipartida em meio de cultura seletivo para crescimento de bactérias Gram-positivas e negativas (Placa 1), seguindo-se para a utilização da placa tri-partida com meios de cultura seletivos para crescimento de bactérias Gram-positivas e negativas e bactérias do gênero Streptococcus (Placa 2) e posteriormente para placa tripartida, contendo três meios de cultura cromogênicos, capazes de identificar 18 espécies bacterianas (Placa 3). Foram avaliados dados de 1.227 vacas em 1.582 lactações, sendo registrados 1.917 casos de MC. Os casos clínicos de mastite foram tratados uma vez ao dia com base nos resultados da cultura microbiológica. Foram realizadas duas avaliações financeiras (cenário 1 e 2). O cenário 1 comparou a situação se todos os casos de MC fossem tratados (ausência de cultura na fazenda), comparado com a utilização da cultura na fazenda (dados reais) e as economias de recursos geradas durante o período de um ano. O cenário 2 utilizou os resultados reais após a economia de recursos gerados pela cultura, seguindo a recomendação ideal de tratamento. Foram avaliados 1.917 casos de MC (636 animais), totalizando incidência média anual de 48,2%. Do total dos casos avaliados, 76,8% foram classificados como mastite grau 1; 20% grau 2 e 3,2% grau 3. A incidência de novos casos clínicos de mastite foi de 4,17% ao mês. Das amostras analisadas nas três placas, 27,8% dos casos receberam a recomendação de não serem tratados e 72,2% de tratamento. Entretanto, apenas 18,6% realmente não foram tratados, totalizando 81,4% de tratamentos. Dos casos clínicos que não receberam antibioticoterapia intramamária, 84,3% apresentaram cura clínica. Já os casos que passaram por antibioticoterapia intramamária, a taxa de cura clínica foi de 84,0%. No primeiro cenário, após a implementação da cultura na fazenda, o custo operacional total do caso clínico reduziu em 10,3%, com redução de 18,4% de utilização de antibióticos. Já no segundo cenário, houve redução de 5,5% no custo do caso clínico e redução de 11,8% na utilização de antibióticos. A implementação da cultura na fazenda e a metodologia aplicada, promoveu maior assertividade dos tratamentos dos casos de MC, com redução do custo operacional total do caso e da utilização de antibióticos na propriedade.

Palavras-chave:
custo; tratamento; antibioticoterapia intramamária; placa

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