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Simulação do impacto da mudança climática sobre a água disponível do solo em agroecossistemas de trigo, soja e milho em Santa Maria, RS

Simulation of the impact of the climate change on the fraction of transpirable soil water in wheat, soybean, and maize agroecosystems at Santa Maria, RS, Brazil

Resumos

O impacto de uma possível mudança climática sobre a água disponível em agroecossistemas é um assunto de interesse no planejamento do agronegócio. O objetivo deste estudo foi simular o impacto da mudança climática sobre o balanço de água no solo em agroecossistemas de trigo, soja e milho em Santa Maria, RS. Foram criados cenários meteorológicos dobrando-se a quantidade de CO2 com diferentes aumentos de temperatura do ar com e sem aumento de precipitação pluvial. A água disponível no solo foi representada pela fração de água transpirável no solo pelas plantas (FATS) e calculada com modelos matemáticos disponíveis na literatura. Os resultados mostraram que o aumento de temperatura diminui a FATS e esta diminuição é mais preocupante nas culturas de verão (soja e milho) do que na cultura do trigo.

Triticum aestivum; Glycine max; Zea mays; aquecimento global; balanço hídrico do solo


The impact of the projected climate change on soil water is an important and relevant issue for planning rural activities. The objective of this study was to simulate the fraction of transpirable soil water (FTSW) in wheat, soybean and maize agroecosystems under climate change scenarios in Santa Maria, RS. Air temperature and rainfall were modified to generate climate change scenarios. FTSW was simulated with models available in the literature. The results showed that an increase in air temperature decreases FTSW and this decrease is more evident in soybean and maize than in wheat agroecosystems.

Triticum aestivum; Glycine max; Zea mays; global warming; soil water budget


ARTIGOS CIENTÍFICOS

FITOTECNIA

Simulação do impacto da mudança climática sobre a água disponível do solo em agroecossistemas de trigo, soja e milho em Santa Maria, RS

Simulation of the impact of the climate change on the fraction of transpirable soil water in wheat, soybean, and maize agroecosystems at Santa Maria, RS, Brazil

Nereu Augusto StreckI,1 1 Autor para correspondência. ; Cleber Maus AlbertoII

IDepartamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Rurais (CCR), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: nstreck1@smail.ufsm.br

IIPrograma de Pós-graduação em Engenharia Agrícola, CCR, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil

RESUMO

O impacto de uma possível mudança climática sobre a água disponível em agroecossistemas é um assunto de interesse no planejamento do agronegócio. O objetivo deste estudo foi simular o impacto da mudança climática sobre o balanço de água no solo em agroecossistemas de trigo, soja e milho em Santa Maria, RS. Foram criados cenários meteorológicos dobrando-se a quantidade de CO2 com diferentes aumentos de temperatura do ar com e sem aumento de precipitação pluvial. A água disponível no solo foi representada pela fração de água transpirável no solo pelas plantas (FATS) e calculada com modelos matemáticos disponíveis na literatura. Os resultados mostraram que o aumento de temperatura diminui a FATS e esta diminuição é mais preocupante nas culturas de verão (soja e milho) do que na cultura do trigo.

Palavras-chave:Triticum aestivum, Glycine max, Zea mays, aquecimento global, balanço hídrico do solo.

ABSTRACT

The impact of the projected climate change on soil water is an important and relevant issue for planning rural activities. The objective of this study was to simulate the fraction of transpirable soil water (FTSW) in wheat, soybean and maize agroecosystems under climate change scenarios in Santa Maria, RS. Air temperature and rainfall were modified to generate climate change scenarios. FTSW was simulated with models available in the literature. The results showed that an increase in air temperature decreases FTSW and this decrease is more evident in soybean and maize than in wheat agroecosystems.

Key words:Triticum aestivum, Glycine max, Zea mays, global warming, soil water budget.

INTRODUÇÃO

A concentração de CO2 da atmosfera terrestre está aumentando, como resultado direto das atividades humanas, a uma taxa de 0,4-0,5% ano-1 (IPCC, 1995; SOMBROEK & GOMES, 1996), o que corresponde a um aumento de 1,0 – 1,8µmol CO2 mol-1 ano-1 ( IPCC, 1995; UNSWORTH & HOGSETT, 1996). Como resultado do aumento da concentração de CO2 atmosférico, a temperatura média do ar do Planeta poderá aumentar neste período devido ao efeito estufa do CO2 atmosférico (IPCC, 1995). Estudos indicam um aumento de 1 a 6°C na temperatura média do ar até o final deste século em vários locais do Planeta (IPCC, 1995; MAHLMAN, 1997; IPCC, 2001), incluindo o Brasil (SIQUEIRA et al., 1994, 2000).

A possível mudança do clima terrestre pode afetar os componentes do ciclo hidrológico de ecossistemas terrestres e conseqüentemente a disponibilidade de recursos hídricos e a duração dos períodos de estiagem e enchente. O conteúdo de água no solo é um dos componentes do ciclo hidrológico que influencia diretamente a quantidade de água disponível para as culturas agrícolas, o que por sua vez afeta o seu desenvolvimento, crescimento e rendimento, e a necessidade de irrigação. No estado do Rio Grande do Sul, assim como em outros estados do Brasil, agroecossistemas são predominantemente não irrigados. Em agroecossistemas não irrigados, a disponibilidade de água para as culturas depende, entre outros fatores, da quantidade de água armazenada no solo e oriunda da precipitação pluvial. Como as culturas têm diferente eficiência de uso da água disponível no solo, é importante o estudo do balanço hídrico do solo em agroecossistemas frente a diferentes cenários de mudança climática. Esses estudos podem auxiliar no planejamento do agronegócio para lidar com este futuro desafio.

Estudos de impacto da mudança climática são difíceis de serem realizados experimentalmente devido à limitação de equipamentos, mão-de-obra e recursos financeiros (ANDRESEN et al., 2001). Modelos matemáticos são uma simplificação da realidade que nos permitem descrever as complicadas interações que existem em agroecossistemas e, portanto, são uma ferramenta para estudos do impacto de mudanças climáticas em agroecossistemas. Existem vários modelos de simulação das culturas agrícolas, desde modelos mecanísticos de elevada complexidade e número de coeficientes (STAPPER & HARRIS, 1989) até modelos empíricos simples (MONTEITH & SCOTT, 1982). Em uma faixa intermediária de complexidade e número de coeficientes, estão os modelos mecanísticos simplificados. Os modelos de SINCLAIR (1986), AMIR & SINCLAIR (1991) e MUCHOW & SINCLAIR (1991), por exemplo, utilizam um reduzido número de informações, são compostos por funções matemáticas robustas e podem ser usados para diversas situações, sendo intermediários entre modelos de regressão e modelos complexos,

O trigo é a principal cultura de inverno (BERLATO & FONTANA, 2003), enquanto a soja e o milho são as principais culturas de sequeiro de verão do estado do Rio Grande do Sul (SIQUEIRA et al., 1994). Por isso, neste trabalho, foram utilizados modelos de simulação de trigo, soja e milho. Este trabalho teve por objetivo simular o impacto da possível mudança climática sobre o balanço de água do solo em agroecossistemas de trigo, soja e milho em Santa Maria, RS, localizada na região ecoclimática da Depressão Central do estado do Rio Grande do Sul.

MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo numérico foi realizado para as condições de Santa Maria, RS, Brasil. Utilizaram-se os dados diários de temperatura máxima e mínima, brilho solar real e precipitação pluvial coletados na Estação Climatológica Principal do 8° DISME/MA localizada no campo experimental do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (latitude: 29°43’S, longitude: 53°42’W e altitude: 95m) durante o período de 1969 a 2003. A densidade de fluxo de radiação solar global incidente foi estimada a partir do brilho solar real pela equação de Angstrom com coeficientes mensais para Santa Maria apresentados em ESTEFANEL et al. (1990).

Foram criados cenários climáticos para os próximos 100 anos (Tabela 1), com base em SIQUEIRA et al. (2001). O cenário sem mudança climática consistiu de um conjunto de dados sintéticos de 100 anos criados com o “weather generator” LARS-WG (SEMENOV et al., 1998) a partir dos dados observados no período de 1969 a 2003. A partir deste conjunto de dados sintéticos foram criados os cenários com aumentos de temperatura, precipitação e CO2 (Tabela 1), os quais foram efetuados linearmente do início ao final dos 100 anos. Foi considerado um incremento de CO2 de 350ppm (situação atual – SIQUEIRA et al., 2000) até 700ppm (mudança climática - IPCC, 1995).

O solo considerado na simulação foi o solo da unidade de mapeamento São Pedro, um Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico Arênico (BRASIL, 1973), representativo da região. Os valores do conteúdo de água no solo nas diferentes camadas de solo no ponto de murcha permanente (PMP, cm3.cm-3) e na capacidade de campo (CC, cm3.cm-3), necessários nos modelos, foram retirados de NASCIMENTO (1981). O conteúdo de água disponível para as plantas foi representado pela fração percentual de água transpirável no solo pelas plantas (FATS), calculada por:

FATS = [(CA – PMP)/(CC – PMP)]*100 (1)

em que, CA é o conteúdo atual de água no solo (cm-3.cm-3) e os outros termos já foram definidos.

A FATS foi simulada pelos modelos de AMIR & SINCLAIR (1991), SINCLAIR (1986) e MUCHOW & SINCLAIR (1991) para as culturas de trigo, soja e milho, respectivamente. A profundidade máxima do sistema radicular de cada cultura foi de 1,2m, 0,7m e 1,2m, para as culturas do trigo, soja e milho, respectivamente.

No modelo de AMIR & SINCLAIR (1991), o ciclo de desenvolvimento da cultura do trigo é dividido em três sub-períodos: emergência – crescimento da haste principal, crescimento da haste principal – antese, e enchimento de grãos, com duração de 1243, 212 e 585°C.dia, respectivamente. Entre a antese e o início do enchimento de grãos, há um intervalo de 90°C.dia. Para o cálculo da soma térmica, em graus-dia (°C.dia), a temperatura base (Tb) foi de 0°C e a temperatura média diária foi calculada a partir da média aritmética da temperatura mínima e máxima diária.

O número final de folhas na haste principal e o acúmulo térmico entre o aparecimento de duas folhas sucessivas (filocrono) do trigo, necessários para o modelo de AMIR & SINCLAIR (1991), foram de 11 folhas e 113°C.dia, respectivamente, para a cultivar BRS 179 (BOSCO et al., 2004), genótipo de trigo recomendado para a região Sul do Brasil (EMBRAPA TRIGO, 2004a).

No modelo de simulação da cultura soja de SINCLAIR (1986), as datas de término de crescimento foliar e início do enchimento de grãos foram simuladas com o modelo não-linear de resposta do desenvolvimento à temperatura e fotoperíodo proposto por SINCLAIR et al. (1991), utilizando-se dados da cultivar Bragg publicados em SCHNEIDER et al. (1984) para a estimativa dos coeficientes nas condições locais. No modelo de simulação da cultura do milho de MUCHOW & SINCLAIR (1991), os coeficientes foram os mesmos da publicação original.

A simulação iniciou no dia 01/01 do ano 1 e finalizou no dia 31/12 do ano 100. As datas de semeadura e os sistemas de cultivos adotados neste estudo numérico estão na tabela 2. Estas datas foram selecionadas em função da época recomendada para a cultura do trigo (EMBRAPA TRIGO, 2004a), soja (EMBRAPA TRIGO, 2004b) e milho (MALUF et al., 2000) na região central do Rio Grande do Sul. Considerou-se que, durante o período de pousio, não havia vegetação em crescimento ativo sobre a superfície do solo e os restos culturais permaneceram sobre a superfície após a colheita.

O dia da colheita de cada cultivo foi considerado como sendo o dia após àquele em que o acúmulo térmico é de 233°C.dia (Tb = 5°C) após a maturação fisiológica (HAMADA et al., 1999). Caso tenha ocorrido precipitação acima de 5mm no dia em que os 233°C.dia foram completados, esperaram-se dois dias após o último dia de chuva para o dia da colheita. O cálculo da decomposição dos restos culturais após a colheita foi baseado nas equações propostas por GHIDEY et al. (1985). A presença de resíduo sobre a superfície resulta na atenuação da perda de água por evaporação. A diminuição da evaporação de água do solo proporcionada pelos resíduos culturais foi calculada pela equação apresentada em GILL & JALOTA (1996).

A resposta das culturas ao aumento de CO2 atmosférico foi considerada modificando-se a eficiência do uso de radiação (EUR) e a eficiência do uso da água (EUA). A modificação na EUA foi realizada através da redução da transpiração pelas culturas em ambiente com elevado CO2 (GOTTSCHALCK et al., 2001). No cenário sem mudança climática, utilizou-se uma EUR de 0,9g.MJ-1 para o trigo (MOREIRA et al., 1999) e 1,2g.MJ–1 para a soja (SINCLAIR, 1986) e o milho (MUCHOW & SINCLAIR, 1991). Nos cenários com aumento de CO2, utilizou-se aumento de 25% na EUR para as culturas do trigo e soja e de 10% para cultura do milho (TUBIELLO et al., 2000) e a transpiração foi reduzida em 23% para o trigo (CURE & ACOCK, 1986) e 38 e 40% para as culturas de soja e milho, respectivamente (GOTTSCHALCK et al., 2001). O aumento total na EUR e na EUA só ocorreu no final do período de simulação, quando a concentração de CO2 atingiu 700ppm, o dobro da atual. A significância da tendência da FATS em função dos anos nos diferentes cenários climáticos foi testada com o teste não paramétrico de Kendall Tau (SIEGEL, 1975).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na figura 1, são apresentados alguns dos cenários climáticos gerados e utilizados no estudo, como os cenários sem aumento de temperatura e com aumento de 3 e 6°C na temperatura média anual (Figura 1a) e os cenários sem e com aumento de precipitação pluviométrica acumulada anual (Figura 1b). Nota-se um aumento gradual dos dois elementos meteorológicos até atingir o aumento total no final do século. Os outros cenários de aumento de temperatura foram intermediários entre sem e com aumento de temperatura de 6°C.



O efeito da mudança climática sobre a FATS foi variável em função do cenário e da cultura, como mostram os valores de coeficiente de correlação do teste de Kendall Tau entre FATS e anos (Tabela 3). A FATS média durante o ciclo de desenvolvimento das culturas calculada pelos modelos matemáticos geralmente apresentou tendência de diminuição com aumento de temperatura (valor negativo do coeficiente de correlação) nas três culturas (Tabela 3), mas apenas para o trigo no cenário de mais 6°C (cenário 7) e milho nos cenários de mais 5 e 6°C (cenário 6, 7 e 13) estas tendências foram significativas (P < 0,01). Apenas para o cenário 8 (aumento de CO2 e sem aumento de temperatura) houve tendência de aumento na FATS (valor positivo do coeficiente de correlação) para todas as culturas, embora apenas para o milho este aumento foi estatisticamente significativo.

Para a cultura do trigo, a FATS foi superior a 45% em todos os cenários e na maioria dos anos superior a 60% (Figuras 2 e 3). Menores valores de FATS foram simulados para as culturas de verão, e, na maioria dos anos, os valores foram inferiores a 60% e com freqüência eram entre 30 e 40% (Figuras 2 e 3). A análise dos últimos 10 anos dos cenários de mudança climática para Santa Maria (Figura 4) mostra que ocorre uma diminuição da FATS para as três culturas à medida que a temperatura do ar aumenta, mas para a cultura do trigo esta diminuição de FATS tem pequeno impacto já que, no pior cenário, a FATS é superior a 70%. Já para as culturas de verão, a FATS no pior cenário (aumento de 6°C sem mudança na precipitação, Figura 4a) é inferior a 40% para ambas as culturas. Caso o aumento de temperatura vier acompanhado de mudança na precipitação, a FATS, nas culturas de verão, aumentaria um pouco, mas ainda assim ficaria baixa e próxima de 40% (Figura 4b). Processos fisiológicos como a transpiração, a fotossíntese e a expansão foliar começam a ser afetados devido ao fechamento estomático quando a FATS é inferior a 40% em trigo, soja e milho (SINCLAIR, 1986; AMIR & SINCLAIR, 1991; MUCHOW & SINCLAIR, 1991). Estes resultados indicam que a FATS não é um fator limitante para a cultura do trigo em Santa Maria, mesmo em cenários de aumento de temperatura do ar que causam a redução da FATS em níveis que ainda não afetam processos fisiológicos da planta. Isto ocorre porque, sendo uma cultura de inverno, o ciclo de desenvolvimento do trigo ocorre durante o período do ano em que, no Rio Grande do Sul, a demanda atmosférica por vapor de água é baixa em função das baixas temperaturas e baixo déficit de saturação do ar. Por outro lado, a FATS é um fator limitante para as culturas de verão (soja e milho) em Santa Maria, o que deverá se agravar caso a temperatura do ar aumente no futuro.





A maior FATS ocorreu nos cenários com aumento de CO2 mas sem aumento de temperatura do ar (Figura 4a e 4b). Isto ocorre em função do fechamento estomático em ambiente com elevado CO2, o que diminui a transpiração (UNSWORTH & HOGSETT, 1996; STRECK, 2005). A diminuição da FATS em cenários com aumento de temperatura ocorre em função do aumento da transpiração das plantas devido ao aumento do déficit de saturação do ar entre a câmara subestomática e o ar externo à planta e pelo aumento de evaporação do solo devido ao aumento do déficit de saturação do ar acima do solo (ROSENBERG et al., 1990; STRECK, 2005),

Um aumento de temperatura de apenas 2°C já é suficiente para diminuir a FATS em relação ao cenário sem mudança climática para as culturas de soja e milho (Figura 4). Estes resultados indicam a fragilidade dos agroecossistemas à mudanças climáticas. Se o aumento de CO2 atmosférico não vier acompanhado por aumento de temperatura do ar, os agroecossistemas até poderão ser beneficiados, pois o aumento de CO2 aumenta a fotossíntese e economiza água no solo, o que representa maiores rendimentos para as culturas (STRECK, 2005). No entanto, se o aumento de CO2 vier acompanhado de aumento de temperatura, as culturas terão maior stress hídrico, mesmo que um aumento de precipitação acompanhe a mudança climática (Figura 4b). Os resultados deste estudo mostram que a possível mudança climática pode aumentar o risco, que já é alto, do agronegócio. Os efeitos negativos desta possibilidade têm maior impacto em países de economia frágil e não consolidada que compreendem a maioria dos países do bloco econômico em desenvolvimento, já que, nestes países, os subsídios agrícolas são menores e os agricultores menos capitalizados. O Brasil faz parte deste bloco econômico.

CONCLUSÃO

A mudança climática projetada para os próximos 100 anos em Santa Maria, RS, influenciará no balanço de água no solo em agroecossistemas de trigo, soja e milho. Aumento de CO2 associado a aumentos de temperatura de até 6°C tendem a diminuir o conteúdo de água no solo, e essa diminuição é mais preocupante nas culturas de verão (soja e milho) do que na cultura do trigo.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) pela concessão de bolsa ao pesquisador Alberto.

Recebido para publicação 08.06.05

Aprovado em 28.09.05

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  • 1
    Autor para correspondência.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Mar 2006
    • Data do Fascículo
      Abr 2006

    Histórico

    • Recebido
      08 Jun 2005
    • Aceito
      28 Set 2005
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