RESUMO:
Durante muito tempo, foi afirmado que a eliminação de leptospiras na urina era intermitente, o que havia sido demonstrado principalmente por meio do cultivo microbiano. No entanto, a cultura apresenta graves limitações, principalmente com relação à baixa sensibilidade. Em contraste, a PCR apresenta várias vantagens em relação ao cultivo bacteriológico para leptospiras, sendo esta ferramenta cada vez mais utilizada para o diagnóstico de animais eliminadores da bactéria em diversos sítios. Assim, o presente estudo teve como objetivo analisar a ocorrência de intermitência na eliminação de leptospiras por meio de PCR em animais natural e experimentalmente infectados. Para este estudo foram realizados dois experimentos, sendo o primeiro com 60 vacas naturalmente infectadas de um rebanho sabidamente endêmico e o segundo em três ovelhas experimentalmente infectadas, cada uma com uma estirpe diferente de Leptospira (estirpes Copenhageni L1-130, Canicola LO-4 e Pomona Fromm). Considerando-se os bovinos, 43,3% apresentaram negatividade em todos os testes, sendo os demais 56,7% positivos ao menos uma vez. Destes, apenas um (1,6%) foi positivo em todas as amostras, e sete (11,8%) foram positivos somente na última coleta, o que impossibilitou a avaliação da intermitência. Não obstante, 26 vacas naturalmente infectadas (43,3%) apresentaram o padrão de eliminação tipicamente intermitente de leptospiras na urina. Das três ovelhas experimentalmente infectadas, todas apresentaram eliminação intermitente da bactéria na urina, independentemente da estirpe inoculada. Consideramos que seria necessária uma cuidadosa análise seriada de amostras de urina para um diagnóstico individual mais definitivo e confiável para uma terapia antimicrobiana bem-sucedida e o controle da leptospirose em um rebanho.
Palavras-chave: vacas; intermitência; PCR; ovelhas; estirpes