RESUMO:
Pythium insidiosum é um importante oomiceto patógeno de mamíferos causador da pitiose, uma doença endêmica em climas quentes e que se destaca pelo prognóstico desfavorável, letalidade nas espécies afetadas e dificuldades no tratamento. Este estudo avaliou in vitro o potencial anti-P. insidiosum dos extratos aquosos, hidroetanólicos e etanólicos de cogumelos silvestres do sul do Brasil. Os extratos foram preparados a partir de Amanita gemmata, Amanita muscaria, Auricularia auricula, Gymnopilus junonius, Lactarius deliciosus, Laccaria laccata, Psilocybe cubensis e Russula xerampelina. Os ensaios de suscetibilidade in vitro empregaram a técnica de microdiluição em caldo de acordo com o protocolo M38-A2, CLSI. Os extratos hidroetanólico e etanólico de R. xerampelina apresentaram atividade anti-P. insidiosum em concentrações inibitórias mínimas que variaram de 1,87-7,50 mg/mL. Os extratos das demais espécies de cogumelos não apresentaram efeitos inibitórios sobre o crescimento de P. insidiosum. Este é o primeiro estudo a avaliar a atividade antimicrobiana de cogumelos sobre oomicetos, evidenciando o potencial antimicrobiano de R. xerampelina sobre o patógeno P. insidiosum. Assim, o presente estudo amplia novas perspectivas, uma vez que os metabólitos secundários produzidos pelos cogumelos podem ser alvos potenciais para o desenvolvimento de novas categorias de fármacos. Porém, levando em consideração a ampla biodiversidade de cogumelos brasileiros, sugere-se que a busca por outras espécies de basidiomicetos com atividade anti-P. insidiosum precisa ser ampliada.
Palavras-chave:
antimicrobiano; suscetibilidade; Oomycota; pitiose; fungos; basidiomicetos