RESUMO:
O peixe-boi amazônico (Trichechus inunguis) é um mamífero aquático ameaçado de extinção. Apesar disso, poucos estudos investigaram patógenos nessa espécie que podem impactar a saúde animal e humana. O objetivo deste estudo foi avaliar a frequência, distribuição e padrões de suscetibilidade antimicrobiana de Staphylococcus sp. e Escherichia coli pertencentes à microbiota nasal e retal de peixes-bois da Amazônia mantidos em cativeiro no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) (Amazonas, Brasil). Foram utilizados suabes retais e nasais de 44 peixes-boi de diferentes idades. O gênero Staphylococcus foi isolado do swab nasal de 32 (72,7%) animais, sendo que dois indivíduos apresentaram mais de uma espécie de Staphylococcus. S. sciuri foi a espécie mais comumente isolada. A resistência à penicilina foi observada em 13 (40,6%) isolados, sendo mais frequente do que os outros antimicrobianos testados (P = 0,01). Escherichia coli foi isolada dos suabes retais de todos os animais, sendo o filogrupo B1 o mais frequente entre as cepas obtidas (P = 0,0008). Quatro isolados (6,8%) foram positivos para fatores de virulência, três dos quais foram classificados como E. coli enterotoxigênica (ETEC) e um isolado como E. coli enteropatogênica (EPEC). Este é o primeiro estudo a avaliar Staphylococcus spp. e E. coli de amostras de peixe-boi da Amazônia. O estudo revelou colonização nasal por Staphylococcus sp., principalmente S. sciuri, e por isolados diarreiogênicos de E. coli, incluindo cepas resistentes a antimicrobianos.
Palavras-chave:
Enterobacteriaceae; Trichechidae; peixe-boi