A colaboração entre Antropologia e Epidemiologia tem uma longa e confusa história. Baseado em exemplos empíricos, o artigo descreve lições epistemológicas aprendidas ao longo da nossa trajetória de colaboração transdisciplinar. Apesar de críticos da Epidemiologia e da Antropologia Médica tradicional e crermos que ambas possuem o objetivo de adotar uma abordagem social à promoção da saúde populacional, enfocamos as implicações de confrontar suas principais diferenças epistemológicas. É importante avaliar os limites da colaboração padrão ("multidisciplinaridade") e destacar a relevância de adotar a "interdisciplinaridade." Quanto mais profissionais de diversas disciplinas convergir e modificar seus modos de saber e desafiar suas posturas epistemológicas, mais poderão dar explicações aprofundadas aos padrões de doenças e solucionar problemas concretos. Em nossa experiência, ambos o suporte institucional e a adoção de uma abordagem realista das limitações epistemológicas das disciplinas são necessários à manutenção do grupo e interdisciplinaridade teórica. Até que se perceba que a metodologia é uma ferramenta humana criada para interpretar a realidade, a desnecessária hiperespecialização metodológica das disciplinas continuará a alienar um campo do conhecimento do outro.
Antropologia; Antropologia Médica; Epidemiologia; Multidisciplinar; Epistemologia