Associação entre discriminação percebida e atividade física entre adolescentes

Martins Neto, Carlos; Confortin, Susana Cararo; Lima, Alice Bianca Santana; Mouzinho, Leandro Saldanha Nunes; Oliveira, Bruno Luciano Carneiro Alves de

doi:10.1590/1413-812320222710.05992022

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Sumário

TEMAS LIVRES • Ciênc. saúde coletiva 27 (10) • Out 2022 • https://doi.org/10.1590/1413-812320222710.05992022 copiar

Associação entre discriminação percebida e atividade física entre adolescentes

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Resumo

A discriminação percebida é um importante produtor de estresse e trauma social e pode ter efeitos negativos sobre a saúde física e mental das pessoas expostas a ela. Este estudo visa analisar a associação direta e indireta entre discriminação percebida e prática de atividade física, mediada por transtornos mentais comuns de adolescentes. Trata-se de pesquisa transversal, com 2.484 adolescentes (18 e 19 anos) de uma coorte de São Luís, Maranhão. Modelos de equações estruturais foram utilizados para verificar o efeito direto da discriminação percebida sobre a atividade física (AF) e seu efeito indireto mediado pelos Transtornos Mentais Comuns (TMC). O potencial do sexo como variável modificadora de efeitos também foi testado. A discriminação percebida esteve associada a maiores níveis de AF nas mulheres (CP - Coeficiente padronizado direto =0,105, p-valor=0,005), e associada a menor AF por via indireta pelos TMC entre homens (CPindireto =-0,024, p-valor=0,017) e mulheres (CPindireto =-0,024, p-valor=0,015). Os achados mostram que nesta população de adolescentes houve associação entre discriminação percebida e AF, demonstrando que seus efeitos podem alterar comportamentos de saúde e o sexo pode modificar a relação entre essas variáveis.

Palavras-chave:
Discriminação; Atividade física; Transtornos mentais; Adolescentes

Variável		Total n (%)	Masculino n (%)	Feminino n (%)	valor de p**
Discriminação (n; %)					<0,001
	0	1.829 (73,6)	919 (78,2)	910 (69,5)
	1	425 (17,1)	164 (14,0)	261 (19,9)
	2	157 (6,3)	68 (5,8)	89 (6,8)
	3	57 (2,3)	15 (1,3)	42 (3,2)
	4	11 (0,4)	6 (0,5)	5 (0,4)
	5*	5 (0,2)	3 (0,3)	2 (0,2)
TMC (média±desvio-padrão)		7,0±3,9	5,6±3,4	8,3±3,8	<0,001
Atividade física (n; %)
	Insuficientemente ativo	1.095 (43,5)	393 (32,9)	702 (53,2)
	Ativo fisicamente	1.420 (56,5)	803 (67,1)	617 (46,8)	<0,001
Classificação econômica (CEB) (n; %)					<0,001
	A	94 (4,2)	48 (4,6)	46 (3,9)
	B1	156 (7,0)	77 (7,4)	79 (6,7)
	B2	410 (18,4)	210 (20,1)	200 (17,0)
	C1	519 (23,3)	258 (24,7)	261 (22,1)
	C2	597 (26,8)	287 (27,4)	310 (26,3)
	D-E	450 (20,2)	167 (16,0)	283 (24,0)
Cor/raça					0,423
	Branca	495 (19,8)	114 (18,8)	271 (20,7)
	Parda	416 (16,6)	771 (64,8)	818 (62,4)
	Preta	1.589 (63,6)	195 (16,4)	221 (18,9)

Variáveis	Discriminação	TMC	AF	Cor/raça	CEB
Discriminação	1,000
TMC	0,255 (p-valor = 0,001)	1,000
AF	0,0364 (p-valor = 0,088)	-0,1233 (p-valor = 0,001)	1,000
Cor/raça	0,0775 (p-valor = 0,001)	-0,0163 (p-valor = 0,446)	0,0164 (p-valor = 0,443)	1,000
CEB	-0,0149 (p-valor = 0,485)	0,0213 (p-valor = 0,318)	0,0428 (p-valor = 0,045)	0,1707 (p-valor = 0,001)	1,000

Efeitos	Homens			Mulheres
Efeitos	Coeficientes padronizados	Coeficientes não-padronizados	p- valor	Coeficientes padronizados	Coeficientes não-padronizados	p- valor
Discriminação ← CEB	0,005	0,003	0,866	0,059	0,035	0,051
Discriminação ← raça/cor	0,044	0,053	0,154	0,118	0,155	<0,001
TMC ← Discriminação	0,236	1,091	<0,001	0,251	1,168	<0,001
TMC ← raça/cor	-0,018	-1,103	0,650	-0,045	-0,276	0,130
AF ← Discriminação	0,084	0,117	0,053	0,105	0,129	0,005
AF ← TMC	-0,100	-0,030	0,012	-0,096	-0,025	0,011
AF ← CEB	-0,094	-0,070	0,022	-0,064	-0,047	0,086
AF ← raça/cor	0,014	0,024	0,728	-0,019	-0,031	0,609

Efeitos	Homens			Mulheres
Efeitos	Efeito direto (p-valor)	Efeito indireto (p-valor)	Total (p-valor)	Efeito direto (p-valor)	Efeito indireto (p-valor)	Total (p-valor)
Atividade Física ← Discriminação	0,084 (0,053)	-0,024 (0,017)	0,061 (0,154)	0,105 (0,005)	-0,024 (0,015)	0,081 (0,025)

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[1] Colaboradores

C Martins Neto trabalhou na concepção, análise e interpretação dos dados, redação do artigo e aprovação da versão a ser publicada. SC Confortin, ABS Lima e LSN Mouzinho trabalharam na interpretação dos dados, redação do artigo e aprovação da versão a ser publicada. BLCA Oliveira trabalhou na concepção, interpretação dos dados, revisão crítica do artigo e aprovação da versão a ser publicada.