Resumo
Os estudos que analisam as relações entre doenças cardiovasculares (DCVs) e aspectos ambientais em cidades latino-americanas são relativamente recentes e limitados. A maioria é realizada em países de alta renda analisando a mortalidade em grandes áreas. Esta investigação foca a população de adultos em acompanhamento clínico por diabetes e/ou hipertensão residentes em áreas carentes. No nível individual foram avaliados fatores sociodemográficos e de risco cardiovascular a partir dos prontuários médicos; e a partir de dados censitários, as condições socioeconômicas no nível da vizinhança. Mais mulheres do que homens estavam sob acompanhamento clínico, mas os homens apresentaram maior frequência, maior chance e menor tempo para diagnóstico de DCV. A análise multinível mostrou que residir em bairros com piores condições socioeconômicas leva a maiores chances de DCV, mesmo após o controle de variáveis individuais. As OR (IC95%) de DCV foram: Q2 OR 3,9 (1,2-12,1); Q3 OR 4,0 (1,3-12,3); Q4 OR 2,3 (0,7-8,0) (referência: quartil de maior nível socioeconômico). Entre os indivíduos que vivem em contextos desiguais, encontramos diferenças nas DCV, mostrando desigualdades dentro das desigualdades. Diferenças entre homens e mulheres devem ser abordadas com uma perspectiva de gênero.
Palavras-chave:
Doenças cardiovasculares; Desigualdades; Análise multinível; Saúde urbana; Diabetes