O trabalho aborda como homens e mulheres de baixa renda e escolaridade, da cidade de São Paulo, Brasil, pensam suas relações afetivo-familiares e os diferentes contextos de violência que vivenciam. Trata-se de estudo qualitativo, utilizando grupos focais, com vistas a subsidiar estudo mais global acerca de violência contra a mulher e saúde. Foram realizados quatro grupos focais (dois com mulheres e dois com homens, na faixa etária de 25 a 35 anos), abordando as representações, livres e instigadas por ditos populares, de: homem e mulher ideais; as relações afetivo- sexuais e familiares; os concretamente vividos; e a violência doméstica. Usa-se a análise temática. Os resultados apontam para cisões entre atributos físicos e condutas morais na mulher ideal referida pelos homens, já aquela referida pelas mulheres define uma autonomia controlada. Os homens tiveram dificuldades em definir o homem ideal, já para as mulheres o ideal é o homem-família. Quanto à violência, é em princípio sempre condenável. É tolerável e instintiva para homens; e fatalidade ou destino, pela natureza masculina, para mulheres, tornando-se evento natural e trivial dos cotidianos de ambos. O referencial de gênero permite compreensão da violência como ocorrência comum, mas de sentidos diferentes entre gêneros.
Violência contra a mulher; Família; Éthos masculino; Éthos feminino; Gênero