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Efeito da pandemia da COVID-19 sobre a má nutrição em crianças em vulnerabilidade social, no Brasil

Resumo

O objetivo do artigo é avaliar o efeito da pandemia de COVID-19 sobre a má nutrição em crianças menores de dois anos inscritas no Programa Bolsa Família. Estudo ecológico de série temporal interrompida, tendo o baixo peso por idade, o déficit de estatura e o excesso de peso como variáveis tempo-dependentes de má nutrição, extraídas mensalmente (jan/2008 a junho/2021) do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional. A pandemia de COVID-19 foi a exposição, dicotomizada em pré e pandemia. No programa RStudio, a tendência foi obtida pela regressão de Prais-Winsten, e o efeito da pandemia sobre as variáveis tempo-dependentes, pela modelagem SARIMA, calculando-se coeficientes de regressão (CR) ajustados para tendência prévia e sazonalidade (α = 5%). A pandemia se associou ao aumento do: i) baixo peso por idade no Sul (CR = 0,94; p < 0,001) e Sudeste (CR = 1,97; p < 0,001); ii) déficit de estatura no Centro-Oeste (CR = 2,4; p = 0,01), Sul (CR = 2,15; p < 0,001) e Sudeste (CR = 2,96; p < 0,001); e iii) excesso de peso no Norte (CR = 1,51; p=0,04), Centro-Oeste (CR = 2,29; p = 0,01), Sul (CR = 2,83; p < 0,001) e Sudeste (CR = 0,72; p = 0,04). A pandemia aumentou o baixo peso no Sul e Sudeste e a dupla carga de má nutrição no Centro-Oeste, no Sul e no Sudeste. No Nordeste e no Norte persistem taxas mais altas de má nutrição.

Palavras-chave:
COVID-19; Desnutrição; Excesso de peso; Crianças

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