A promoção da saúde tem sido descrita como novo e promissor paradigma na saúde. Seus principais constituintes são a ênfase na integralidade do cuidado e prevenção, o compromisso com a qualidade de vida e a adoção da participação comunitária como peça fundamental do planejamento e avaliação dos serviços. Não obstante a expressiva produção sobre o assunto, pouco tem sido discutido, porém, sobre as inevitáveis transformações filosóficas que a proposta traz para o modo como as práticas de saúde devem ser planejadas e avaliadas. O objetivo do presente ensaio é identificar essas mudanças e suas conseqüências para a organização das práticas de saúde, como um todo, e para os procedimentos de avaliação, em particular. A hermenêutica filosófica, a ontologia de Heidegger e a aproximação gadameriana ao conceito aristotélico de sabedoria prática conformam o quadro interpretativo utilizado. O argumento central é de que a avaliação deve focar-se no significado formativo das práticas de saúde, para além (e por meio) das suas finalidades técnicas. Procura-se também apontar alguns desdobramentos teóricos e práticos desta posição para os procedimentos de avaliação.
Promoção da saúde; Avaliação; Cuidado; Filosofia