Devido à alta demanda de serviços relacionados ao bem-estar físico e mental e ao seu vasto território, no Brasil, tem-se a necessidade de novos meios de obtenção e acesso à saúde. Um deles, a telessaúde, vem evoluindo de forma crescente, porém ainda não satisfatória.
O presente estudo evidenciou que a frequência de não utilização do serviço de teleconsultoria pelos médicos da ESF, no norte de Minas Gerais, foi de 55,8%1. Porém, com a execução correta da telesaúde, o Brasil pouparia uma grande parcela dos gastos públicos em saúde. Um exemplo disso é o serviço de telesaúde de Mato Grosso ter economizado o equivalente a 700 mil reais no ano de 2018, apenas no serviço de eletrocardiograma2. Em comparativo com a Inglaterra, que é um país desenvolvido, o Serviço Nacional da Saúde estima uma economia de R$ 35 bilhões3.
Ademais, segundo a Organização Mundial de Saúde, a teleconsultoria pode ser extremamente benéfica para o melhor prognóstico de doenças crônicas, além de reduzir demandas excessivas dos serviços de atenção primária4, uma vez que, de acordo com o Conselho Federal de Medicina, existem mais de 900 mil pessoas na fila de espera para realizar alguma cirurgia eletiva5.
O estudo ainda ressalta a utilização de aplicativos nos celulares que facilitam a realização da teleconsultoria1. Além de ser uma forma de intermediação e comunicação entre os profissionais de saúde que aumentam a resolutividade dos problemas do paciente. Segundo o governo do estado de Pernambuco, que utiliza essa ferramenta, implantada em 2015, de junho de 2017 a junho de 2018, em mais de 57% dos casos, essas teleconsultas tiraram o paciente da fila de espera. Em um ano, foram contabilizados mais de 1,1 mil atendimentos resolvidos, sem necessidade de agendamento com especialistas6.
Por fim, no Brasil ainda há uma adversidade muito difícil de ser combatida devido à sua imensa área territorial com múltiplas regiões interioranas e a má distribuição da APS nas áreas mais remotas. Além disso, a grande rotação de profissionais médicos nos postos faz com que se tenha um treinamento, muitas vezes, inadequado. Todavia, necessita-se maiores investimentos na infraestrutura de informática nos serviços.
Referências
- 1 Damasceno RF, Caldeira AP. Fatores associados à não utilização da teleconsultoria por médicos da Estratégia Saúde da Família. Cien Saude Colet 2019; 24(8):3089-3098.
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2 Mato Grosso. Secretaria de Estado de Saúde. Notícias [acessado 2019 Ago 21]. Disponível em: http://www.saude.mt.gov.br/noticias
» http://www.saude.mt.gov.br/noticias -
3 Underwood G. Telehealth could save NHS England £7.5bn - Pharmaphorum [acessado 2019 Ago 21]. Disponível em: https://pharmaphorum.com/news/telehealth-could-save-nhs-england-7-5bn/
» https://pharmaphorum.com/news/telehealth-could-save-nhs-england-7-5bn/ -
4 World Health Organization (WHO). Health and sustainable development. [acessado 2019 Ago 21]. Disponível em: https://www.who.int/sustainable-development/health-sector/strategies/en/
» https://www.who.int/sustainable-development/health-sector/strategies/en/ -
5 Portal Médico. [acessado 2019 Ago 21]. Disponível em: https://portal.cfm.org.br/
» https://portal.cfm.org.br/ -
6 Recife. Prefeitura da Cidade. Serviço de Teleconsultoria de Saúde do Recife tira usuários de filas de espera [acessado 2019 Ago 21]. Disponível em: http://www2.recife.pe.gov.br/noticias/08/06/2018/servico-de-teleconsultoria-de-saude-do-recife-tira-usuarios-de-filas-de-espera
» http://www2.recife.pe.gov.br/noticias/08/06/2018/servico-de-teleconsultoria-de-saude-do-recife-tira-usuarios-de-filas-de-espera
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
06 Mar 2020 -
Data do Fascículo
Mar 2020