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Intersecção entre dificuldades de acesso e violência obstétrica em itinerários abortivos

Resumo

No Brasil, diversas limitações são impostas ao acesso de mulheres em situação de abortamento à rede de atenção à saúde, sob influência de valores morais, religiosos e iniquidades de gênero. Objetivou-se analisar a experiência de mulheres que realizaram abortamento quanto à atenção pelos serviços de saúde, como parte do itinerário abortivo. Trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa, realizada com 18 mulheres em três municípios de pequeno, médio e grande porte, no estado da Bahia. Os dados foram produzidos por meio de entrevista presencial ou virtual. O material empírico foi analisado por meio da técnica de análise de discurso. Os resultados mostram, nos três municípios, itinerários abortivos sob iniquidades sociais e de gênero, com maiores dificuldades de acesso para mulheres de baixa renda. Melhores condições financeiras permitiram acesso a clínicas particulares clandestinas, mas sem garantia de atenção humanizada. Nos três municípios, mulheres desfavorecidas economicamente autoinduziram o aborto e retardaram a busca por serviços, tendo enfrentado atitudes profissionais constrangedoras e preconceituosas. Os resultados apontam a premência de se implementar políticas públicas em que os direitos reprodutivos se efetivem como direitos humanos.

Palavras-chave:
Aborto; Itinerários; Violência obstétrica; Direitos reprodutivos

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