Gênero - Crack |
Quartzo: "Ser mulher na rua, usuária de crack é estar exposta a tudo... todo perigo que você possa imaginar, como eu já falei aqui, de abuso de violências mil, ter todos os seus direitos desrespeitados". Água-Marinha: "[...] Eu tava numa discussão no POP eles precisavam de uma orientação de restrição absoluta de não amamentação para mães com história de uso de drogas. Não existe isso. Não há respaldo científico nenhum para isso. [...] ah, e se tiver alta, usar e der pra mamar, o bebê, o que vai acontecer? Aí, por conta disso, a priori já priva a criança do aleitamento..." |
A identidade da mulher usuária de crack é constituída como uma categoria de abjeção, isto justifica as tentativas de normalizar esses corpos. |
eCnaR Agreste |
Rubi: "...Aqui no entorno é tráfico [...] o que gratifica é botar uma gestante que era viciada no crack, inserida na família e cuidando da sua própria filha, isso é gratificante..." [...] Rubi: "...Isso pra gente que pega um usuário numa baiuca dessas da vida, de uma estação e consegue fazer um trabalho que ele termine o tratamento de tuberculose, ou uma usuária que mora dentro de uma fábrica, que faz um pré-natal, mesmo doidona fazia o pré-natal..." |
Uma boa mãe gratifica o trabalho dos profissionais a medida em que segue as orientações. |
eCnaR Caatinga |
Maternidade |
Perola-Vermelha: "...Tem uma paciente que usava crack e quando ela engravidou ela conseguiu, por causa da criança, o amor de mãe, ela conseguiu sair dessa..." Diamante: Na verdade as que fazem pré-natal, elas mudam de droga, de não usar o crack e usar maconha, entendeu?!" |
A gestação como um momento em que um olhar mais personalizado pode ser acessado pelo profissional |
eCnar Mata Atlântica |
Água-Marinha: "[...] Faça o que acontecer o direito é dela e ela faz o que ela quiser, e uma decisão da justiça que tava negando na verdade uma decisão legal, assim, de que a família tem prioridade. Então, assim, eu não acho que a gente não foi lá pra pedir uma coisa extraordinária, a gente foi lá para garantir... Ágata: "Que a justiça fosse feita..." Água-Marinha: "Que não acontecesse uma violação de direitos..." [...] Água-Marinha: "[...] Pelo menos a gente garantiu que não houvesse uma violação de direitos a priori, porque é uma usuária de crack que vem de uma família pobre [...] Porque muitas vezes tem isso de pensar a condição... se vai ter condição de criar ou não, né?! Só que é um pouco isso assim, condição de criar ou não é meio relativo assim...." Granada: "Na verdade a gente passou por cima, esse tempo inteiro, a gente sabia a condição da casa, a gente sabia que eram pessoas extremamente humildes". |
A biografia das mulheres - pobreza, situação de rua e uso ou não de crack - são provas irrefutáveis da irresponsabilidade e imoralidade para o sistema judiciário, o trabalho em eCnaR aposta na maternidade. |
eCnaR Agreste |
Preconceito - Serviço de saúde |
Pérola-Negra: "[...] Uma usuária nossa foi numa consulta com infectologista, e a infectologista remarcou a consulta dela porque nós tínhamos que acompanhá-la...". Diamante: "...Sabe é triste, [...] As pessoas acham que, por existir o Consultório na Rua, a gente vai resolver tudo no Consultório na Rua, [...] então, trabalhar no consultório na rua é ter que sair na porrada com uma galera que não tem o mesmo discurso que você, entendeu?! |
Dificuldades no trabalho em rede: para os profissionais trabalhar em eCnaR é "ter que sair na porrada" para fazer rupturas com preconceitos que se reproduzem mesmo no setor saúde. |
eCnaR Mata Atlântica |
Lápis-Lazúli: "[...] Uma médica do [hospital] falou pra mim porque você não levou ele pra tomar um banho antes?!" Ametista: "...Porque ele não precisa de banho... Ele precisa de saúde..." Lápis-Lazúli: "Porque ele não tem casa, ele mora na rua..." Pérola-Azul: "...Tem um funcionário do posto, né, que ele não pode ver um paciente nosso que ele grita: 'sai de perto que ele tá com tuberculose" |
No próprio setor saúde se reproduzem preconceitos relacionados às pessoas em situação de rua, que usam ou não crack e outras drogas. |
eCnaR Mata Atlântica |
Gênero/Crack - Serviços de saúde |
Safira: "[...] Os homens que a gente consegue, que a gente acolhe, que a gente orienta, ou que nos procuram, querem questões mais imediatas, ah, 'eu quero fazer um teste rápido, porque eu tive... aconteceu isso', 'eu quero... estou com uma dor' uma coisa pontual. A mulher, já nos procura para um exame de rotina, de ah, "eu gostaria de fazer preventivo, porque eu sei que isso se faz anualmente' [...]". Rodocrosita: "[...]A mulher, corre muita mais atrás, do que o homem. Não sei, o homem, devido a situação que ele vive parece que pra ele tanto faz como tanto fez, já é de rua [...] Eles têm que se valorizar. |
Diferenças na busca e utilização dos serviços de saúde. O gênero aparece na culpabilização do homem em situação de rua |
eCnar Caatinga |