Open-access Duração do sono, excesso de peso e consumo de alimentos ultraprocessados em adolescentes

Sleep duration, overweight and consumption of ultra-processed foods among adolescents

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar a relação entre duração insuficiente do sono, sobrepeso/obesidade e o consumo de alimentos ultraprocessados em adolescentes de 10 a 14 anos. Trata-se de um estudo transversal, com avaliação de 1.384 adolescentes de escolas públicas de João Pessoa-PB, participantes do Estudo Longitudinal sobre Comportamento Sedentário, Atividade Física, Hábitos Alimentares e Saúde de Adolescentes (LONCAAFS). Foram mensuradas variáveis sociodemográficas, duração do sono, turno de aula, estado nutricional antropométrico, comportamento sedentário e consumo alimentar. Foram realizadas regressão linear e logística por meio do Software Stata 13.0. Prevalência de curta duração do sono de 29,5% (<9h/noite). Associação significativa entre a curta duração do sono e o excesso de peso somente para adolescentes <12 anos. Quanto à relação entre a duração do sono e o consumo de alimentos ultraprocessados, quanto maior a duração do sono, menor o consumo de lanches pelos adolescentes menores de 12 anos, com associação positiva para ≥12 anos apenas com ajuste pela variável atividade física. Não houve associação com os grupos “bebidas açucaradas” e “biscoitos” para nenhuma das faixas etárias analisadas.

Palavras-chave: Sono; Adolescente; Sobrepeso; Obesidade; Consumo de alimentos

Abstract

The scope of this article is to analyze the relationship between insufficient sleep duration, overweight/obesity and the consumption of ultra-processed foods among adolescents aged 10 to 14 years. This is a cross-sectional study, with an evaluation of 1,384 adolescents from public schools in João Pessoa-PB, participating in the Longitudinal Study on Sedentary Behavior, Physical Activity, Diet and Adolescent Health (LONCAAFS). Sociodemographic variables, sleep duration, class shift, anthropometric nutritional status, sedentary behavior and food consumption were measured. Linear and logistic regression of the following were performed using Stata 13.0 Software: the prevalence of short sleep duration of 29.5% (<9h/night); a significant association between short sleep duration and excess weight only for adolescents <12 years old. With respect to the relationship between sleep duration and the consumption of ultra-processed foods, the longer the sleep duration, the lower the consumption of snacks by adolescents under 12 years old, with a positive association for ≥12 years old only with adjustment by the physical activity variable. There was no association with the “sugary drinks” and “cookies” groups for any of the age groups analyzed.

Key words: Sleep; Adolescent; Overweight; Obesity; Food consumption

Introdução

O sono é um processo fisiológico originado pela combinação de mecanismos homeostáticos e cronobiológicos, a partir de fatores que incluem determinantes biológicos, cognitivos, culturais e ambientais1-3, com provável influência no estado nutricional antropométrico de crianças e adolescentes4-6.

Um sono adequado na adolescência relaciona-se ao crescimento e desenvolvimento físico, mas também emocional e comportamental2,7. A National Sleep Foundation8 recomenda que indivíduos de 6 a 13 anos de idade durmam de 9 a 11 horas por noite, e que aqueles de 14 a 17 anos durmam de 8 a 10 horas.

A curta duração do sono vem sendo investigada dentre as variáveis que são potenciais influenciadores do excesso de peso em adolescentes, por possuir grande contribuição na modulação do metabolismo e função neuroendócrina dos mesmos9,10. Sabe-se que o sobrepeso pode evoluir para obesidade, e favorecer as desordens metabólicas que podem ser influenciadas pela rotina de sono11, devendo haver atenção especial para a falta de prática rotineira de atividades físicas, tempo em comportamento sedentário e consumo insuficiente de alimentos saudáveis como fatores determinantes12.

O aumento da ingestão alimentar após restrição de sono pode ocorrer mesmo não havendo alterações hormonais, pois o fato de permanecer acordado por mais tempo dá ao adolescente a oportunidade para alimentar-se e, geralmente, a partir de alimentos calóricos, muitas vezes ricos em gorduras13.

De acordo com metanálise realizada recentemente14, uma curta duração do sono está relacionada a um maior consumo de refrigerantes e lanches em crianças e adolescentes. Alguns estudos fortalecem ainda a hipótese de que a má qualidade da dieta em decorrência da privação de sono pode estar relacionada ao surgimento de obesidade10,15-17.

Considerando o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade em adolescentes, como também do consumo de ultraprocessados, e diante da necessidade de atuar na prevenção da obesidade a partir de seus fatores de risco, o objetivo deste trabalho foi analisar a relação entre duração insuficiente do sono, sobrepeso/obesidade em adolescentes e o consumo de alimentos processados.

Métodos

Trata-se de um estudo transversal, de base escolar, no qual foram avaliados 1.438 adolescentes de ambos os sexos, com idade mínima de 10 e máxima de 14 anos, matriculados no 6º ano do ensino Fundamental II de escolas públicas (municipais e estaduais) do município de João Pessoa-PB, participantes da linha de base do Estudo Longitudinal sobre Comportamento Sedentário, Atividade Física, Hábitos Alimentares e Saúde de Adolescentes (LONCAAFS).

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O consentimento informado foi obtido dos responsáveis por todos os adolescentes que concordaram em participar.

Para o cálculo de tamanho da amostra considerou-se tamanho da população de referência igual a 9.520 adolescentes, prevalência do desfecho igual a 50%, intervalo de confiança de 95%, erro absoluto aceitável de 4% e efeito de desenho (deff) igual a 2. O tamanho mínimo da amostra foi estabelecido em 1.130 adolescentes, com acréscimo de 40% a fim de compensar perdas e recusas, resultando em amostra de 1.582 adolescentes.

A amostra foi composta por adolescentes de 28 escolas, selecionadas sistematicamente por conglomerados em estágio único (14 municipais e 14 estaduais) distribuídas proporcionalmente conforme tamanho (número de alunos matriculados no 6º ano) e região geográfica no município (norte, sul, leste, oeste). Todos os alunos de 6º ano foram convidados a participar do estudo.

A coleta de dados ocorreu entre março e dezembro de 2014 e foi realizada por meio de entrevista face a face, em questionário organizado em blocos temáticos (variáveis sociodemográficas, turno de aula, avaliação do sono, comportamentos sedentários, avaliação nutricional antropométrica e consumo alimentar) e testado anteriormente em estudo piloto. Todos os entrevistadores foram treinados previamente para a padronização da coleta.

Foram excluídos adolescentes abaixo de 10 e acima de 14 anos de idade, com alguma deficiência que impedisse ou limitasse a entrevista; grávidas ou aqueles que não apresentavam dados referentes à duração do sono, medidas antropométricas ou consumo alimentar ou participantes com relato de ingestão energética total diária inferior a 500 kcal ou superior a 6000 kcal18.

Foram avaliados sexo (masculino/feminino), idade (em anos completos), escolaridade da mãe (até ensino fundamental incompleto/até ensino médio incompleto; ensino médio completo ou mais anos) e classe econômica (segundo classificação da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa19.

O turno de aula foi referido pelos adolescentes como manhã, tarde ou integral. Nas escolas públicas de João Pessoa o turno da manhã inicia-se às 7h e estende-se até as 12h30. As aulas da tarde começam às 13h e vão até as 17h30. E para os alunos que estudam durante o turno integral, as atividades na escola são iniciadas às 7h, com término às 17h30.

A restrição do sono foi observada a partir do questionamento dos horários de dormir e acordar tanto nos dias com aula quanto nos fins de semana, com as seguintes perguntas: “Em um dia normal de semana (segunda a sexta-feira) que horas você dorme? Acorda?”; “Em um dia normal de fim de semana (sábado ou domingo) que horas você dorme? Acorda?”. Após a coleta dos dados, foi realizada a média ponderada de tempo de sono por dia, calculada a partir da seguinte equação: [(noites de aula x 5) + (noites de fim de semana x 2)/7]17, com curta duração do sono referente a menos de 9 horas de sono por noite20.

A qualidade do sono foi avaliada a partir da questão “De maneira geral, como você avalia a qualidade do seu sono?”. Após o questionamento, os adolescentes eram apresentados às seguintes opções de resposta: ruim, regular, boa, muito boa e excelente. Para análise a variável foi recategorizada em qualidade de sono negativa (ruim e regular) e positiva (boa, muito boa, excelente).

A variável comportamento sedentário consistiu em perguntas sobre atividades realizadas em posição sentada/reclinada, como assistir televisão e DVD; usar computadores, celulares, tablets e jogar videogames, relatando o número de dias em que realizaram as atividades nos sete dias anteriores à entrevista, bem como o número de horas de uso por dia relatado. Para o cálculo do tempo total de comportamento sedentário, foi feito o somatório do tempo gasto em cada equipamento e o resultado final foi dividido por sete para fornecer o número médio de horas por dia de comportamento sedentário. O comportamento sedentário foi considerado como o tempo gasto sentado/reclinado ≥120min/dia21.

Para obtenção de dados referentes à atividade física dos adolescentes foi utilizado questionário validado por Farias Junior22 para essa população. Foram contabilizados frequência (dias/semana) e duração (minutos/dia) de atividades físicas praticadas por pelo menos 10 minutos na semana anterior à coleta de dados (atividades de intensidade moderada a vigorosa). A partir do somatório dos produtos das frequências pelos tempos de prática em cada atividade foi determinado o tempo total de atividade física (minutos/semana). Foram classificados como fisicamente ativos aqueles com prática igual ou superior a 300 minutos por semana, e os demais como fisicamente inativos23.

As medidas antropométricas foram realizadas nas escolas, em local disponibilizado pela direção, livre de rodapés, e onde fosse possível a disposição dos equipamentos necessários à avaliação antropométrica. Para a medida da massa corporal utilizou-se uma balança digital, da marca Bioland®, com precisão de 100 gramas, pesando-se o adolescente em posição ortostática, de frente para a parede com os braços paralelos ao corpo. Verificou-se a medida da estatura com um estadiômetro portátil da marca Sanny®. Todas as medidas foram realizadas seguindo-se a padronização descrita por Lohman et al.24. O diagnóstico do estado nutricional antropométrico foi feito a partir do IMC (massa corporal [kg]/estatura [m]²)/idade, classificado seguindo os critérios sugeridos pela WHO, segundo idade e sexo, com sobrepeso definido como superior ao percentil 85 e obesidade superior ao percentil 9525. Todas as medidas foram realizadas em duplicata, sendo realizada uma terceira medida quando a segunda não era igual à primeira.

O consumo alimentar foi obtido por meio do Recordatório de 24h (R24h), aplicado duas vezes, sendo o primeiro em toda a amostra e o segundo em 30% a fim de diminuir a variabilidade intrapessoal da dieta e aumentar a precisão dos dados26. A técnica utilizada para aplicação do inquérito foi a Multiple Pass Method (MPM)27. Para auxílio das medições foram utilizados álbuns fotográficos com imagens de medidas caseiras padrão e porções de alimentos cuja mensuração é mais complexa de ser feita28.

Os dados de consumo alimentar obtidos por meio dos R24h foram tabulados e processados no software online Virtual Nutri Plus®. Posteriormente os alimentos foram selecionados por meio da NOVA classificação que divide os alimentos de acordo com seu grau de processamento industrial, classificando-os em: “alimentos in natura ou minimamente processados”, “ingredientes culinários processados”, “alimentos processados” e “alimentos ultraprocessados”29,30. Os alimentos ultraprocessados foram separados e categorizados em grupos: Bebidas açucaradas (refrigerante, suco de caixinha, suco em pó, água de coco em caixinha, xaropes de guaraná/groselha e suco de fruta com adição de açúcar), Biscoitos (Biscoitos recheados e biscoitos salgados) e Lanches (salgadinhos de pacote, salgados fritos, salgados assados e pizzas, macarrão instantâneo, balas, pirulitos, chiclete, caramelo, gelatina).

Para analisar o consumo alimentar foi realizado ajuste da variabilidade intraindividual pelo programa Multiple Source Method (MSM)31. O MSM calcula a ingestão usual de indivíduos e grupos, utilizando-se tanto de R24h e registros alimentares quanto questionários de frequência alimentar e compreende três passos de análise: primeiramente é calculada a probabilidade de consumo do alimento em um dia para cada indivíduo. Posteriormente é estimada a quantidade de alimentos consumidos nos dias coletados. Por fim, a ingestão usual é calculada multiplicando-se a probabilidade de consumo de um alimento com uma quantidade usual pelos dias de consumo.

Após a coleta e digitação dos dados, todos os alunos receberam um relatório individual com dados antropométricos, classificação do estado nutricional, e recomendações sobre hábitos alimentares saudáveis, a partir dos resultados coletados nos seus recordatórios. Cada escola recebeu um resumo dos dados dos seus alunos, em forma de gráficos e tabelas, sobre todos os dados coletados.

Para a caracterização da amostra foi realizada estatística descritiva, estratificada pelo número de horas de sono dividido em categorias. A variável sono foi categorizada em curta duração do sono sim (<9h) ou não (≥9h), com base nas recomendações da National Sleep Foundation (NSF)8 para adolescentes. Para o cálculo da associação entre as variáveis categóricas foi realizado o Teste Qui-Quadrado (χ2). A relação entre a duração do sono (variável independente) e o excesso de peso (variável dependente) dos adolescentes foi avaliada por regressão logística, por meio de análise bruta e também ajustada pelas possíveis variáveis de confusão.

Modelos de regressão linear foram realizados tomando-se como variável dependente grupos de alimentos (lanches, bebidas açucaradas e biscoitos) e a duração do sono como variável independente. Todas as análises foram realizadas estratificadas por idade (<12 e ≥12 anos) por meio do software STATA 14.0, utilizando-se o comando Survey, para análises de dados com amostragem complexa. A significância estatística foi estabelecida em p<0,05.

Resultados

A amostra foi composta por 1.384 adolescentes que apresentavam dados completos de duração do sono, consumo alimentar, antropometria e dados sociodemográficos e cujo relato de ingestão energética total diária era ≥500 kcal e ≤6000 kcal. A faixa etária foi compreendida entre 10 e 14 anos, sendo 54% do sexo feminino (748 adolescentes).

A média de idade foi 12 anos e 40,5% referiram escolaridade da mãe até ensino fundamental incompleto. A média de duração do sono dos adolescentes foi de 9,6 horas, com curta duração (<9h) presente em 29,5% da amostra.

O consumo médio de calorias foi de 2226.9 kcal/dia, sendo 706,4 kcal provenientes dos alimentos ultraprocessados (31,7%). Com relação ao estado nutricional antropométrico dos adolescentes avaliados, 32,3% da amostra apresentava sobrepeso ou obesidade.

As características gerais dos adolescentes de acordo com a duração do sono estão descritas na Tabela 1, havendo diferenças estatisticamente significativas apenas para a variável turno de aula (p<0,001). Dos adolescentes participantes do estudo, 46,5% dos que estudavam pela manhã e 15,9% dos que estudavam no turno da tarde apresentaram curta duração do sono. Quando estratificados por sexo, os valores de curta duração do sono correspondem a 28,5% e 30,7% para sexo feminino e masculino, respectivamente.

Tabela 1
Descrição das variáveis sociodemográficas e presença de excesso de peso de acordo com a duração do sono de adolescentes de 10 a 14 anos de idade do município de João Pessoa-PB, 2014.

A Tabela 2 mostra o efeito da duração do sono no estado nutricional de adolescentes por meio das análises bruta e ajustada, estratificadas por idade. Observando-se o Modelo I, correspondente à análise bruta, houve efeito significativo, com OR=1,61 (IC=1,01 - 2,55) para menores de 12 anos. Após ajuste pelas variáveis de confusão sexo, turno de aula e qualidade do sono, os valores permaneceram significativos para essa faixa etária (Modelo II: OR=1,77; IC=1,09 - 2,87), assim como com o acréscimo da variável comportamento sedentário (Modelo III: OR=1,69; IC=1,04 - 2,73). Maior aumento da razão de chance foi observado após ajuste pela variável lanches (Modelo IV: OR=2,23; IC=1,02 - 4,88). Não houve associação significativa para os adolescentes com idade ≥12 anos em nenhum dos modelos apresentados.

Tabela 2
Efeito da duração do sono no estado nutricional de adolescentes de acordo com a idade.

Na Tabela 3 observa-se a relação entre a duração do sono e o consumo de alimentos ultraprocessados. Quanto maior a duração do sono, menor o consumo de lanches pelos adolescentes menores de 12 anos (β=-49,55; IC=-75,68 - -23,41). Adicionando-se a variável comportamento sedentário ao modelo anterior, a associação permaneceu significativa para os adolescentes menores de 12 anos (β=-49,00; IC=-76,43 - -21,57). No terceiro modelo, além das variáveis de confusão já utilizadas, acrescentou-se a variável atividade física, com associação também significativa (β=-50,31; IC=-77,92 - -22,70). Com relação ao consumo de lanches por adolescentes com idade maior ou igual a 12 anos, apenas mostrou-se significativa a associação quando acrescentada a variável atividade física (β=-35,77; IC=-70,56 - -0,97). Não houve associação significativa para as bebidas açucaradas, bem como para consumo de biscoitos.

Tabela 3
Efeito da duração do sono no consumo de alimentos ultraprocessados por adolescentes.

Discussão

O presente estudo analisou a relação entre a duração do sono, excesso de peso e consumo de alimentos ultraprocessados em uma amostra de adolescentes de 10 a 14 anos de idade. A média de horas de sono entre os adolescentes pesquisados foi de 9,6 horas, considerada adequada de acordo com a National Sleep Foundation8. Esse valor é maior do que aqueles observados em outros estudos no Brasil, cuja média de duração do sono variou entre 5h30 e 8h32-34.

A rotina social dos adolescentes e seus afazeres escolares podem levar a uma redução da duração do sono, mas grande parte dos estudos analisaram a faixa etária entre 14 e 17 anos35-38, com escassez de estudos que avaliaram menores de 14 anos. Nesse contexto torna-se ainda importante lembrar que o turno de aula é apontado na literatura como forte influenciador nas alterações da duração do sono de adolescentes, mostrando que estudantes do turno da manhã apresentam maior déficit de sono39. Embora vários fatores, incluindo a puberdade e demandas acadêmicas, influenciem na obtenção de um sono suficiente, a evidência defende que haja um atraso no horário de início das aulas do período da manhã, de forma a colaborar para que os adolescentes atinjam maior tempo de sono40,41, pois sabe-se que os adolescentes tendem a compensar a curta duração do sono em dias de semana com maior tempo de sono em fins de semana, o que pode influenciar na desregulação do ritmo circadiano40,42.

Zhou et al.3 trouxeram a problemática da restrição do sono como um hábito comum entre os adolescentes na China, cuja porcentagem média de curta duração do sono foi de 34,32% (IC=31,66 - 36,98), sem diferença significativa entre os sexos. Hoefelmann et al.43, em estudo realizado no Brasil, encontraram valores de curta duração ainda maiores, correspondentes a 76,7% da amostra, porém com indivíduos de 14 a 24 anos. A tendência à maior restrição do sono com o aumento da idade pode ser atribuída à ampliação de responsabilidades e modificações de estilo de vida ao passo em que se aproximam da idade adulta44.

O percentual de adolescentes com sobrepeso/obesidade dos adolescentes foi de 32,3%, valor superior ao encontrado pelo estudo ERICA34 (25,5%). O consumo de alimentos ultraprocessados correspondeu a 31,7% da ingestão calórica total. Consumo regular e elevado de alimentos considerados não-saudáveis (variando de 18,0% a 50,9% do consumo total) também foram encontrados em estudo realizado por Levy et al.45 com adolescentes brasileiros. Apesar de inferior ao encontrado nas análises do Inquérito Nacional de Alimentação (INA 2008-2009), segundo o qual 54,0% do valor energético consumido era advindo de ultraprocessados46, o valor encontrado no presente estudo merece atenção, pois acarreta em um alto consumo de sódio, gordura saturada e açúcar livre, associados ao surgimento de doenças crônicas não-transmissíveis47.

Com relação ao estado nutricional, a associação entre a curta duração do sono e a presença de sobrepeso/obesidade foi potencializada após ajuste pelo consumo de lanches como fator de confusão. Apesar de haver aumento da razão de chance com ajuste pelas variáveis sexo, turno de aula, qualidade do sono e comportamento sedentário, foi com ajuste a variável lanches que a OR mostrou-se mais elevada.

Estudo realizado por Sunwoo et al.38 mostrou que a obesidade esteve associada à curta duração do sono, de modo que a redução da duração do sono em uma hora ocasionaria o aumento de 0,15kg/m² no Índice de Massa Corporal (IMC) em adolescentes. Revisão sistemática realizada por Sluggett et al.48 mostrou relação existente entre a curta duração do sono e o aumento do IMC em crianças e adolescentes, de modo que quanto maior a restrição de sono maior a predisposição à obesidade.

A falta de associação entre a curta duração do sono e o excesso de peso dos adolescentes mais velhos condiz com os resultados sugeridos por Lytle et al.49, em que a partir de uma coorte de 723 adolescentes, os autores não observaram a existência de relações longitudinais estatisticamente significativas para ambos os sexos. No Estudo ERICA, realizado com adolescentes brasileiros, sono e excesso de peso não apresentaram associação significativa34.

Storfer-Isser et al.50, por meio de estudo longitudinal, mostraram associação entre a curta duração do sono e o excesso de peso em meninos, porém quanto mais velhos os adolescentes mais as associações mostraram-se atenuadas. Uma possível explicação está na fase puberal em que se encontram os adolescentes mais novos. Durante a maturação sexual há uma maior taxa metabólica basal e aumento da massa muscular, o que pode tornar mais brandos os efeitos da curta duração do sono nas mudanças de estado nutricional antropométrico na adolescência. O presente estudo não mensurou o estágio de maturação sexual dos adolescentes, porém foi o grupo com idade menor que 12 anos que apresentou associação entre curta duração do sono e excesso de peso.

Atividades que constituem o comportamento sedentário, como o uso de eletrônicos, estão relacionadas ao aumento do IMC devido ao maior consumo calórico e menor gasto energético48. Nesse sentido, no presente estudo, quando utilizado como variável de confusão, o comportamento sedentário tornou mais significativa a associação entre curta duração do sono e estado nutricional dos adolescentes menores de 12 anos. No estudo PeNSE, realizado com adolescentes brasileiros, quanto maior o tempo em comportamento sedentário maior o consumo de alimentos ultraprocessados51.

Estudo realizado por Ferranti et al.52 mostrou correlação inversa entre duração do sono e índice de massa corporal, massa gorda e circunferência da cintura. Revisão sistemática realizada a partir de estudos prospectivos e transversais, Shochat et al.53 mostraram que a relação entre sono e estado nutricional de adolescentes foi atenuada após controle das variáveis, havendo relação mais forte com variáveis psicossociais do que físicas.

Algumas mudanças hormonais estão associadas ao sobrepeso e obesidade como desfecho quando tem-se a curta duração do sono como rotina. Tais mudanças envolvem hormônios como cortisol, grelina e leptina, responsáveis pelo controle da fome e da saciedade54. A restrição de sono leva a modificações nas respostas cerebrais ligadas à alimentação, com maior consumo de alimentos como mecanismo de recompensa55. No presente estudo a curta duração do sono está associada de forma significativa ao consumo de lanches para menores de 12 anos.

É interessante notar que o consumo dos alimentos classificados no grupo dos “lanches” foi associado significativamente a curta duração do sono, enquanto o grupo “biscoitos’ e “bebidas açucaradas” não mostrou associação. Não só o tipo de alimento consumido, como também o horário ou refeição em que ocorreu o consumo parece ter influenciado essa associação, pois quando analisadas a presença desses alimentos em separado nas refeições dos adolescentes, observou-se que os biscoitos foram consumidos predominantemente no horário do lanche da tarde, assim como as bebidas açucaradas, que também tiveram sua frequência distribuída entre lanche da tarde e almoço. Para o grupo dos lanches, em sua maioria os alimentos foram consumidos como jantar ou lanche da noite. Sugere-se que acordados até mais tarde, os adolescentes buscam os alimentos deste grupo.

Segundo Widome et al.56, a curta duração do sono parece estar associada a comportamentos alimentares menos saudáveis em adolescentes, de modo que quanto maior a restrição de horas de sono, maior o consumo destes. Os achados podem sugerir que o ritmo circadiano possui influência na alimentação e que um comportamento alimentar positivo depende de uma duração de sono alinhada ao relógio biológico do adolescente57. Estudo realizado por Kracht et al.58 mostrou que quanto maior a duração do sono dos adolescentes menor o desejo por alimentos doces e gordurosos.

O presente estudo possui vários pontos positivos, mas também limitações. Como pontos positivos, destaca-se o fato de ser o primeiro estudo brasileiro a buscar a relação entre a duração do sono e o estado nutricional antropométrico de adolescentes por meio da análise de grupos alimentares, com foco nos alimentos ultraprocessados. Além disso, trata-se de uma amostra representativa da população de adolescentes de escolas públicas em uma cidade do Nordeste do país.

O presente estudo utilizou o grupo de alimentos ultraprocessados por entender que na fase da adolescência é mais importante a avaliação em torno do tipo de alimento consumido de forma ampla e completa, e não apenas dos componentes desses alimentos, ou de suas calorias, de forma genérica57.

Com relação ao ponto de corte referente à curta duração do sono, estudos da literatura utilizam diferentes valores para classificação, o que pode ser um viés ao comparar resultados. O presente estudo utilizou a classificação mais atual para a faixa etária em questão8.

Quanto às limitações, trata-se de um estudo transversal, que não permite a inferência da relação causa-efeito ao longo do tempo. O presente estudo tratou apenas de duração do sono e não de sua variabilidade. O questionário aplicado não permitiu a avaliação de dados relativos ao início do sono e dificuldades para despertar, bem como presença de problemas relacionados ao sono, como a insônia, nem individualidades de cada adolescente, como o cronótipo e a rotina social. A ausência da variável maturação sexual é uma limitação, pois a mesma poderia atuar com efeito moderador, influenciando o desfecho59.

O autorrelato das informações referentes ao sono não deve ser considerado uma fonte de viés, pois apresentam validade comprovada quando comparados com métodos que utilizam acelerometria para captação de movimentos do corpo a fim de detectar alterações do sono e do ritmo circadiano42,60. Questionários autorreferidos para mensuração dos níveis de atividade física em adolescentes também já foram utilizados como critério de referência em outros estudos e são ferramentas válidas para coleta desse tipo de informações61,62.

É fundamental que os responsáveis pelas crianças e adolescentes, bem como os profissionais de saúde estejam cientes da importância do sono nessas fases da vida63. São necessárias pesquisas que desenvolvam intervenções eficazes para melhoria efetiva da duração do sono e redução do risco de obesidade em crianças e adolescentes48.

Conclusão

Foi observada associação entre a curta duração do sono e o excesso de peso em adolescentes menores de 12 anos, mas não entre aqueles com 12 anos ou mais. Observou-se ainda associação entre o maior consumo de lanches e a curta duração do sono para menores de 12 anos, sendo existente a associação em adolescentes mais velhos apenas quando a variável atividade física foi utilizada como ajuste.

Diversos estudos mostram a curta duração do sono como um importante influenciador do surgimento de problemas comportamentais e de saúde durante a adolescência, porém poucos estudos analisam a fase inicial da adolescência, bem como o consumo de alimentos ultraprocessados e sua relação com a restrição de sono.

Os resultados do estudo trazem importantes reflexões sobre a relação entre duração do sono, obesidade e consumo de alimentos ultraprocessados. Os dados podem fornecer importantes informações de saúde pública sobre as relações entre estilo de vida e saúde de adolescentes, fundamentais para o desenvolvimento de intervenções, estratégias e programas educacionais voltados a essa fase da vida.

Tais achados reforçam a necessidade de que adolescentes apresentem rotinas saudáveis de duração do sono e qualidade alimentar, de forma a evitar o risco de obesidade e outros problemas de saúde ligados ao estilo de vida. São necessários mais estudos que possibilitem a análise das relações causais entre sono, estado nutricional e alimentação de adolescentes.

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Editado por

  • Editores-chefes:
    Romeu Gomes, Antônio Augusto Moura da Silva

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Dez 2021
  • Data do Fascículo
    Dez 2021

Histórico

  • Recebido
    29 Abr 2020
  • Aceito
    05 Out 2020
  • Publicado
    07 Out 2020
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