Classe I - “Autocuidado como meio de obter bem-estar e qualidade de vida” |
Para autocuidado eu acho que é o mesmo que cuidar do seu próprio corpo, de sua saúde e seu bem-estar (P. 01). Enquanto vou vendo as minhas necessidades, eu vou dando um jeito de me cuidar, de buscar uma vida mais saudável (P. 04). É não esperar pela ajuda ou pedir ajuda a ninguém, ou seja, é você por você mesma, daí, a gente tem que observar nosso corpo, nossa mente o tempo todo, ver o que nos dá bem-estar e qualidade de vida (P. 11). Então o cuidado comigo mesma na prostituição tem a ver com o ganho de dinheiro para suprir minhas necessidades [...] assim, a gente tem mais qualidade de vida e bem-estar (P. 22). |
Classe II - “Se antes precisava de dinheiro para fazer autocuidado, quem dirá agora com a pandemia” |
Tem sido difícil, houve redução de clientes e de dinheiro, então fica complicado para alimentar bem, comprar álcool, máscara. A gente usa, mas são doações de todos esses produtos. Uso máscara, lavo a mão, mas assim, quando algum lugar tem álcool disponível eu uso (P. 01). [...] tem que estar bem consigo, tem que estar animada, tem que ter condições e precisamos do dinheiro. Isso é um conflito, pois a gente em alguns momentos não tem a noção certa de cuidar de si, porque a gente fica preocupada em ganhar dinheiro e acabando indo encontrar com os poucos clientes (P. 10). Normalmente eu faço como cuidado na questão da saúde, mas está difícil agora, a renda caiu, muitos clientes sumiram, há poucos apenas. Mas tento me alimentar, não ficar com fome e ficar atenta a qualquer sinal para procurar o serviço de saúde (P. 13). Eu tento me cuidar, usar máscara, usar álcool em gel, mas preciso de dinheiro, muita gente como eu não recebeu ajuda do governo (P. 18). Consigo cuidar de mim quando estou bem, feliz, animada, mas falta dinheiro para comer, para comprar as coisas, material de higiene, álcool [...] (P. 24). A gente não tem auxílio do governo, não tem a regulamentação da nossa profissão, estamos quase sem clientes, faltando dinheiro para conseguir o mínimo para o nosso sustento (P. 28). |
Classe III - “Está difícil passar pela pandemia, mas eu tento me prevenir e enfrentar as dificuldades” |
Passar por essa pandemia tem sido difícil, mas ainda bem que conto com o suporte de algumas amigas, vizinhas e do movimento organizados de profissionais do sexo. Nossa, tem me dado um apoio muito grande, conseguindo materiais e alimento (P. 2). Então, procuro me cuidar quando saio de casa, tem um ou outro cliente. Mas me cuido, tomo banho quando chego, tiro logo a roupa, está certo que não beijo na boca de cliente, nem antes ou com pandemia (P. 09). Nossa eu sinto como se minha vida tivesse parado e não posso fazer nada, a não ser rezar e confiar em deus que isso vai passar. Minha mãe mora aqui comigo, a gente faz sempre vigília e reza o terço (P. 14). Tento me organizar, dormir durante o dia, pois à noite fico acordada. Agora, com a pandemia, estou fazendo chamada de vídeo com alguns clientes, os antigos. Evito sair de casa e ficar de olho nos sintomas. Se saio, uso máscara (P. 17). A coisa tá difícil, pouco dinheiro entrando e me vejo desesperada as vezes. Tem dias a noite que tomo umas gotinhas do remédio que minha mãe toma para depressão, para tentar dormir um pouco e esquecer essa pandemia (P. 21). Se saio, quando chego procuro logo tomar banho, por causa do coronavirus. Vi na televisão isso. Também, uso máscara para sair de casa (P. 26). Eu queria, assim, fazer mais atividade física, algum exercício, mas não tenho tanta disposição. Eu não parei de fazer vida na pandemia, mas reduziram clientes. Tento dormir mais, me cuidar, usar máscara, usar álcool em gel, mas preciso de dinheiro (P. 29) |
Classe IV - “Cuidando de mim, eu cuido dos meus e das minhas colegas!” |
Peguei COVID, quando vi os primeiros sintomas fui logo no postinho, fiz o teste e ele deu positivo. Fiquei em casa isolada, mas olha, fiquei preocupada de onde tiraria dinheiro. Ai umas colegas, me deu comida, me alimentei, tomei os remédios que passaram (P. 03). Às vezes a gente que é p[...] nem pensa em cuidar muito da gente mesma, está mais preocupada com o filho, com a família, em ganhar dinheiro para o que eles precisam. Por isso, nosso autocuidado é o alívio e a felicidade de ver quem a gente ama bem e garantir a felicidade deles (P. 12). Meu autocuidado é estar atenta ao que meu filho e meu pai precisam e ganhar dinheiro para isso. Agora na pandemia, se tenho a mais, ajudo uma colega que está sem cliente. Claro, depois o que eu necessito, mas primeiro eles, porque aí, fico bem, fico disposta e penso em cuidar de mim em ter uma vida mais saudável (P. 21). A gente não tem auxílio do governo [...]. Aí, a gente tem que se virar, com uma ajudando a outra. Uma orientando a outra com as informações que vamos conseguindo. Uma emprestando dinheiro, dando comida, máscara, produtos de higiene para aquela que precisa (P. 30). |