Correlação significativa entre as estratégias de mitigação e o percentual de testes confirmados para COVID-19 (p = 0,029; r = 0,34). |
Organização da rede de serviços na esfera municipal |
Os municípios adequaram suas estruturas físicas e organizacionais. Havia um desalinhamento nacional e regional. O regional foi equacionado após o estado assumir a função orientadora de diretrizes de enfrentamento. Nos municípios, houve ampliação de equipes, criação de novos fluxos e protocolos de atendimento dos pacientes |
No começo, era cada município agindo individualmente. Um fazia um decreto, outro fazia diferente. Então, depois que veio o protocolo do estado, mais ou menos, todo mundo seguia no mesmo padrão [...] (E6). E a Lei Municipal para a contratação de profissional [...], nosso quadro de servidores aumentou muito [...]. A estrutura criada para o ambulatório da COVID foi uma das melhores coisas (E3, E7, E8, E12, E14, E15). [...] na construção do plano de contingência, o nosso comitê envolvia vários segmentos do município, da Polícia Civil ao Ministério Público (E5, E14). [...] estratégia de ir até ao domicílio do paciente fazer a testagem, o monitoramento, incluindo as áreas indígenas (E3, E5, E7, E13, E14). |
Correlação significativa entre a taxa de casos confirmados e a de óbitos (p = 0,002; r = 0,47) |
Desafios da gestão municipal no enfrentamento da pandemia |
Os municípios enfrentaram pressões políticas e econômicas, dificuldades no cumprimento dos protocolos sanitários e epidemiológicos, além da escassez de testes. Ainda, houve fluxos com baixa efetividade no tempo de resposta dos resultados. Tais obstáculos podem ter contribuído para desfechos negativos de altas taxas de internação e óbitos |
A gente não conseguiu segurar as pessoas no período eleitoral (E1, E5, E8). O poder público sofreu muita pressão do comércio, bares e restaurantes de todo esse grupo de empresários contra seu fechamento (E3, E4, E6, E8, E9, E14). Eu, enquanto secretário de Saúde, eu tinha o total apoio do prefeito para tomar decisões. Só que ele, como eu, enquanto gestores políticos, tínhamos a preocupação de não massacrar nosso comércio, porém era muito difícil considerar economia e saúde na pandemia (E4). Na região, nosso município foi o que mais faleceu gente em virtude da COVID [...]. Foi feito o lockdown [...]. A gente teve dificuldade também aqui com os cultos religiosos, as igrejas não queriam cessar suas atividades [...], ou falando que os óbitos geravam recursos financeiros, o que não existiu [...]. A gente teve uma redução grande de casos e mortes agora no final. Depois que a gente contratou profissionais específicos para o cuidado da COVID, a gente reduziu em quase 100% os casos (E8). Tivemos alguns problemas com o frigorífico [...]. O médico da APS afastava, e o médico do trabalho de lá pedia para retornar. Até que, num determinado dia, tivemos uma reunião e, aí, passou-se a respeitar o que o médico da atenção básica falava (E3). Os exames de PCR eram enviados para LACEN na época. Nós chegamos a ter exames que demoraram 27 dias para vir o resultado (E9). |
Correlação inversa e significativa entre a taxa de testagem e letalidade (p = 0,038; r = -0,32) |
Articulação regional e ampliação da testagem da COVID-19 |
Frente à articulação regional, a principal medida de enfrentamento, a testagem, foi ampliada. Dessa forma, com a autonomia para testagem e obtenção dos resultados em tempo oportuno, os municípios que se apropriaram desta ferramenta conseguiram frear a cadeia de transmissibilidade do vírus a patamares confortáveis |
Aquele advento ali do laboratório da universidade. A partir daí, para nós, foi um salto, até pela questão da qualidade do teste, a questão de logística, que é muito próximo para a gente poder ter, e a celeridade com que vinham os resultados (E3, E6, E9, E14). Conveniamos com o laboratório da universidade. Foi ali que as coisas começaram a engrenar em relação aos testes e com relação às organizações dos protocolos que tiveram algumas mudanças. [....] Os assintomáticos respiratórios, aqueles contatos com pessoas positivas ou suspeita, eram testados (E2, E3). Sabíamos que era necessário identificar todos os contactantes de pessoas com COVID, ou o máximo de pessoas que a gente pudesse, que tiveram contato com pessoas positivas, e testar para daí se manter o isolamento (E3). |