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Nem doente, nem vítima: o atendimento às "lesões autoprovocadas" nas emergências

Neither ill, nor victim: the self-injury in the emergency care

Este artigo aborda as concepções e práticas de profissionais de saúde relativas aos casos de "lesões autoprovocadas". Problematiza-se o hiato existente entre sua formação profissional baseada no modelo biomédico e suas práticas de trabalho, nas quais estão presentes dimensões não contempladas pela biomedicina. A referência empírica da pesquisa é um hospital público de emergências na cidade de São Paulo. O estudo de natureza qualitativa foi desenvolvido por meio de observação dos atendimentos, consulta a prontuários médicos e entrevistas com profissionais de saúde. A questão que emerge diz respeito ao modelo de inteligibilidade da doença, baseado no corpo como lócus privilegiado do cuidado, e a doença como um evento de caráter fortuito ou acidental. Contrariamente, as situações de lesões autoprovocadas (tentativas de suicídio, abuso de drogas e álcool) são abordadas como eventos carregados de intencionalidade, resultantes de uma escolha, de uma opção, o que acarreta a não identificação de seus autores como doentes ou vítimas a demandar cuidados.

Lesões autoprovocadas; Suicídio; Biomedicina; Práticas de saúde; Violência e saúde


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