Resumo
O objetivo deste artigo é investigar se a dificuldade em tomar medicamentos está associada ao acidente vascular encefálico (AVE) entre idosos com hipertensão arterial sistêmica (HAS) e explorar esta associação com arranjos familiares. Estudo seccional baseado em 3.502 idosos com HAS dos quatro polos do Estudo Fibra, Brasil, incluindo 14 cidades das cinco regiões brasileiras. Foi usado o diagnóstico médico de AVE e a dificuldade em tomar medicamentos (dificuldade autorrelatada e dificuldade financeira). Utilizou-se a regressão logística na análise multivariada. Diferentemente das mulheres, homens com HAS que relataram dificuldade em tomar medicamentos (não adesão não intencional) apresentam maior chance de ter AVE. Quando estratificado por arranjos familiares, homens que moravam com o cônjuge apresentaram chance ainda maior de ter AVE, quando comparados com aqueles sem dificuldade em tomar medicamentos e que vivem sozinhos. Nenhuma associação foi encontrada para dificuldade financeira, tanto para mulheres quanto para homens. Dificuldades não intencionais em tomar medicamentos têm um papel importante no controle da HAS entre homens. Estratégias de controle da pressão arterial realizadas na atenção primária não devem focar apenas nos pacientes, mas nos cônjuges destes pacientes.
Palavras-chave:
Atividades cotidianas; Idoso; Hipertensão; Adesão à medicação; Acidente vascular cerebral