O presente artigo analisa as mudanças na violência ocorridas na Venezuela nos últimos quarenta anos, relacionadas com os altos e baixos da renda petroleira e com a crise política no país, fatos que contribuíram para um aumento nas taxas de homicídios: de 7 por cada cem mil habitantes em 1970 a 12 em 1990, 19 em 1998 e 50 no ano de 2003. O artigo caracteriza a Venezuela como sociedade rentista e, a partir daí, faz uma retrospecção cobrindo desde a violência rural até os inícios da violência urbana, o movimento guerrilheiro dos anos sessenta, a criminalidade resultando da abundância dos recursos petroleiros e a violência em decorrência da revolta popular e dos saques ocorridos em 1989 em Caracas. Em seguida são analisados os golpes de Estado de 1992 e o impacto que a violência política exerceu sobre a violência criminal. Descrevemos as mudanças políticas e partidárias no país e sua influência sobre a estabilização das taxas de homicídios em meados dos anos noventa, assim como, seu considerável aumento durante o governo Chávez. O artigo conclui com uma análise da situação atual, fala sobre a proibição de publicar dados estatísticos sobre homicídios e faz uma reflexão sobre a perspectiva de ainda mais violência na Venezuela.
Violência; Venezuela; Saúde pública; Homicídios; Petróleo; Política