Resumo
Nas últimas décadas, a racionalidade científica nutricional consolidou-se, intensificando uma difusão de normas dietéticas que ditam o que e como comer para garantir uma boa saúde. Observa-se a ascensão de uma articulação entre normas dietéticas e normas socioculturais. Este estudo busca compreender esta articulação através da análise de discursos de nutricionistas e de mulheres leigas brasileiras, espanholas e francesas. Para tanto, analisou-se as normas socioculturais e dietéticas do almoço. Uma metodologia comparativa sincrônica e qualitativa, baseada em 131 entrevistas individuais semiestruturadas, foi utilizada. Os discursos das informantes foram confrontados com as mensagens nutricionais de saúde pública de cada país. As análises revelaram que cada nacionalidade possui códigos particulares que definem as modalidades de refeição, tanto do ponto de vista sociocultural como dietético. A definição de refeição “saudável” depende de fatores que vão do nutricional e fisiológico às dimensões sociais, culturais e simbólicas vinculadas a cada modelo alimentar, determinando rituais, temporalidades, usos e a classificação dos alimentos. Assim sendo, as normas que definem o que é percebido como saudável resultam também de sistemas normativos socioculturais.
Palavras-chave:
Norma social; Norma dietética; Refeições; Alimentação saudável; Pesquisa qualitativa