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Causalidade e interpretação de evidência epidemiológica

Existe um debate atual sobre como e quando o impacto provocado por agente ou determinante pode ser interpretado como causa de uma doença. O chamado "critério de causação", originário do trabalho seminal de Austin Bradford Hill e Mervyn Susser, frequentemente é aplicado de forma esquemática e há uma tendência a interpretar erradamente a falta de evidência de causas como evidência de falta de relação causal. Não existem critérios para avaliação de evidência no que diz respeito à propensão de um agente ou determinante causar uma doença, nem para descartar a noção de causação. Neste comentário, proponho uma aproximação dialógica para a avaliação de um agente ou determinante. Começando com evidência epidemiológica, quatro itens necessitam ser abordados: relação temporal, associação, equivalência ambiental e equivalência populacional. Se não há contra-argumentos, a um fator é atribuído o potencial de causação. Na maioria dos casos, há insuficiente evidência a partir de estudos epidemiológicos. Nesses casos, outra evidência que aumenta ou diminui a confiança num fator relacionado à doença pode ser usada. No entanto, qualquer veredito de causação é provisório e uma ação não pode ser adiada sob pretexto de encontrar melhor evidência, quando nosso estado de conhecimento mostrar que é preciso tomar medidas imediatas para proteção da saúde.

Causalidade; Epidemiologia


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