Resumo
Estudo ecológico que avaliou a frequência de suicídios no Brasil na faixa etária de 14-65 anos com dados notificados no SIM. Objetivos: descrever a tendência temporal de suicídios no período 2010-2019 e avaliar o perfil sócio-ocupacional das ocorrências, explorando aspectos que conectem suicídio e trabalho. Analisou-se a distribuição percentual, estimativas de variação percentual proporcional (VPP) e taxas de mortalidade (TM), com dados populacionais do IBGE, RAIS e inquéritos de ocupação. Entre 2010-2019, os suicídios apresentaram tendência crescente sustentada (VPPglobal = 60,1%; maior em homens (VPP = 62,8%) do que em mulheres (VPP = 51,4%). A TM foi de 8,1 suicídios/100.000 pessoas em idade ativa. O risco do suicídio foi 3,5 vezes maior em homens do que em mulheres. Em 2019, destaca-se a TM entre autodeclarados indígenas (19,5/100 mil) e em trabalhadores da agricultura (21,7/100 mil). O enforcamento foi o método mais utilizado (71,4%). Observa-se evolução preocupante do suicídio e vulnerabilidade acentuada na população autodeclarada indígena e em trabalhadores da agricultura. Ressalta-se ainda ampliação de ocupações afetadas, apontando sua disseminação e a relevância da atenção às características do trabalho na vigilância e controle do suicídio.
Palavras-chave: Suicídio; Saúde do trabalhador; Vigilância em saúde do trabalhador; Saúde da população rural; Saúde mental
Abstract
An ecological study that assessed the frequency of suicides in Brazil in the 14-65 age group, with data reported on the MIS. Objectives: to describe the time-trend of suicides during the period 2010-19, and evaluate the socio-occupational profile of occurrences, exploring aspects connecting suicide and work. We analyzed the percentage distribution, proportional percentage variation (PPV) estimates, and mortality rates (MRs), with population data from IBGE, RAIS, and occupation surveys. Between 2010-19, suicides showed a sustained upward trend (global PPV = 60.1%) which was higher in men (PPV = 62.8%) than women (PPV = 51.4%). The MR was 8.1 suicides/100,000 people of a working age. The risk of suicide was 3.5 times higher in men than women. In 2019, the MR among self-declared indigenous people (19.5/100,000) and agricultural workers (21.7/100,000) is highlighted. Hanging was the most commonly used method (71.4%). The evolution of suicide and accentuated vulnerability in the self-declared indigenous population and agricultural workers is of great concern. The expansion of affected occupations is also highlighted, indicating its dissemination and relevance for attention to characteristics of surveillance work and the control of suicide.
Key words: Suicide; Occupational health; Occupational health surveillance; Health of the rural population; Mental health
Introdução
O suicídio vitima 800 mil pessoas por ano no mundo. As estimativas são de nove suicídios por 100 mil habitantes, com um óbito a cada 40 segundos1. Atualmente, Lesoto, na África, ocupa a primeira posição, com 87,5/100 mil, superando a Coreia do Sul (21,2/100 mil), que, numa longa série histórica, ocupava essa posição1. O Brasil, em 2019, apesar de ser o 15º país das Américas e ocupar a 124ª posição mundial, foi o segundo em números brutos (14.540 casos), ficando atrás apenas dos Estados Unidos (53.099 casos) no continente americano. O Brasil figura como o 8° país do mundo em números absolutos1. Em 20 anos, o país acumulou, aproximadamente 170 mil casos2 (6,4/100 mil por ano).
As estatísticas existentes, ainda que subestimadas em relação aos eventos reais, apontam para o crescimento do suicídio, demonstrando a necessidade de medidas de enfrentamento para sua prevenção1. Trata-se, portanto, de um problema de saúde pública que precisa estar nas agendas de saúde, necessitando da elaboração de protocolos de monitoramento e políticas públicas que visem diminuir sua ocorrência1.
As ações para seu enfrentamento estão estabelecidas nas metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável na Agenda 2030 (vida saudável e a promoção do bem-estar para todos). Em especial para o Brasil, a meta 3.4 discorre diretamente sobre a prevenção do suicídio no país3. Para tal, foi instituída a Lei 13.819/2019 - Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio - como estratégia permanente de prevenção dos casos e de seus determinantes4.
Uma importante estratégia no enfrentamento do suicídio diz respeito à produção de conhecimento sobre os seus fatores associados, em que a epidemiologia tem contribuição relevante, possibilitando a análise de sua distribuição e a identificação de caraterísticas que demarcam desigualdades em saúde. Estudos apontam diferenças de gênero, sendo as mulheres mais propensas à ideação suicida, enquanto os homens apresentam maior ocorrência de suicídio1. Esses dados apontam para a necessidade de atenção aos sinais que podem indicar, o mais precocemente possível, a vulnerabilidade ao suicídio1,2,5-7.
Questões étnico/raciais, culturais e comportamentais também configuram importantes indicadores para o evento2,8,9. Baixa renda, baixo apoio social, isolamento e solidão repercutem em diversos problemas de ordem emocional, produzindo ou agudizando transtornos comportamentais e mentais associados ao contexto suicida1,2,10,11. A complexidade dos fenômenos que estão associados ao suicídio exige abordagem ampla e multidimensional, com a incorporação de aspectos de diferentes dimensões da vida. O trabalho é um deles.
Essencial nos modos de viver e produzir a vida, o trabalho tem papel determinante no processo saúde-doença. Estudos de Dejours e Bègue11 evidenciaram que um conjunto de fatores relacionados à organização do trabalho repercutiam na vida cotidiana e nas condições que compeliam os trabalhadores aos eventos suicidários. Um trabalho precarizado, seja caracterizado pela baixa renda ou por uma lógica produtiva que aliena o trabalhador e o torna descartável, impacta diretamente na qualidade de vida dos trabalhadores e fomenta um contexto de insegurança e sofrimento, e consequentemente configuram condições que podem evoluir para tentativas de suicídio11-14. Dados da OMS mostram que o suicídio é a quarta causa de morte entre jovens adultos em todo o mundo1, reforçando a emergência do problema nessa população (economicamente ativa).
Este estudo objetiva descrever a frequência de suicídios no Brasil em trabalhadores e trabalhadoras a partir dos dados notificados no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). Os aspectos relacionados ao trabalho, com ênfase nas estimativas de ocupação, serão analisados partir dos dados disponíveis, à luz da literatura e da epidemiologia social e crítica. O estudo objetivou: (a) analisar a tendência temporal de suicídio no período 2010-2019; e (b) avaliar o perfil sócio-ocupacional do suicídio no Brasil, explorando estimativas por ocupação, no ano de 2019.
Método
Trata-se de estudo ecológico, com finalidade descritiva, considerando a distribuição e a tendência temporal dos suicídios entre 2010 e 2019. Incluiu também análise detalhada dos dados de 2019, estimando as taxas de mortalidade por características sociodemográficas e ocupacionais. Os casos de suicídio foram provenientes do SIM, considerando as causas externas, acessados por meio do Centro Colaborador da Vigilância aos Agravos à Saúde do Trabalhador (ISC-UFBA/CGSAT-MS/SIM). As causas externas são representadas por agravos à saúde, intencionais ou não, de natureza exógena.
Para a identificação dos casos de suicídio, foi utilizada a Classificação Internacional de Doenças (CID), versão 10, sendo selecionados os códigos que contemplam o evento de interesse, no intervalo de X60 a X84. Em seguida, foram identificados os casos de indivíduos entre 14 e 65 anos (faixa etária da população economicamente ativa - PEA). Por fim, foram incluídos os casos dos indivíduos com o campo da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) identificado, uma vez que este representa o único meio que atribui ter ocupação nessa base de dados (Figura 1). Os casos em que a CBO não foi identificada não foram incorporados às análises. A PEA com o campo CBO identificado foi considerada trabalhadora.
Com o objetivo de avaliar a tendência temporal, foram estimadas as frequências no período citado, estratificados por gênero. Com o intuito de desenvolver a análise descritiva da distribuição das ocorrências segundo variáveis sociodemográficas e ocupacionais, foram analisados os dados relativos ao ano de 2019. Para esse ano, a análise incluiu as seguintes variáveis: gênero, faixa etária, raça/cor, estado civil, escolaridade, tipo de ocupação e método suicidário. A análise estimou as frequências de suicídio (distribuição percentual e taxas de mortalidade) para os grupos de maior ocorrência. As categorias profissionais utilizadas na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) estruturaram a estratificação por agrupamento profissional. A classificação partiu da identificação da ocupação, caso a caso, e de sua alocação à categoria de trabalho a que o caso pertencia. Foram registradas as frequências de casos considerados perdidos e ignorados para dimensionamento dos problemas de notificação.
Para a série temporal, foram estimadas as taxas anuais e calculadas as variações proporcionais percentuais (VPP) para todo o período analisado e em dois subperíodos específicos de cinco anos (2010-14; 2015-19), para detalhamento de sua evolução, bem como para averiguação do comportamento por sexo.
Para os cálculos das taxas de mortalidade, foram utilizados dados populacionais das pessoas com idade entre 14 e 65 anos (por gênero, faixa etária, situação conjugal, escolaridade e raça/cor), com base no Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA), com dados da PNAD contínua (https://sidra.ibge.gov.br/), tabelas 6407, 6408 e 1624. Foram calculadas as projeções para os estratos em que não foi possível a identificação direta do dado, por meio das informações dos dois últimos censos, pelo método geométrico de taxa de crescimento populacional, orientado pelo DATASUS. Para os dados populacionais dos agrupamentos ocupacionais analisados, as bases utilizadas foram: IBGE, RAIS e Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019, dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Resultados
No Brasil, entre 2010 e 2019, ocorreram 1.510.004 mortes por causas externas registradas no SIM, sendo 112.164 (7,4%) por suicídio, o que corresponde a uma taxa de mortalidade (TM) de 5,6/100 mil habitantes. Quando considerados os indivíduos entre 14 e 65 anos com CBO identificada, registraram-se 76.808 suicídios (68,4% do total dos suicídios), com TM = 11,1/100 mil. Considerando o sexo, na faixa etária analisada, 59.219 suicídios ocorreram em homens (17,8/100 mil) e 17.587 entre mulheres (4,9/100 mil) - dois indivíduos não tiveram seu sexo definido. O risco de suicídio, nesse período, foi 3,5 vezes maior para os homens.
Tendência temporal do suicídio em trabalhadores(as) no Brasil (2010-19)
A análise dos dados na faixa etária de 14-65 anos nos quais a CBO foi identificada e classificada evidenciou tendência temporal crescente no período de 2010 a 2019. A VPP global teve aumento de suicídios de 60,1%, sendo a VPP de 62,8% para homens e de 51,4% para mulheres. A VPP também foi estimada em dois momentos (2010-14 e 2015-19), para a comparação de tendência em subperíodos distintos. Houve crescimento de 14,3% para o período de 2010-2014 e de 33,1% entre 2015-2019, demonstrando expressivo aumento a partir de 2016 (Gráfico 1).
Características sociodemográficas do suicídio em trabalhadores(as) no Brasil (2019)
Análise mais detalhada da situação foi feita para o ano de 2019, em que foram registrados 142.800 óbitos por causas externas; desses, 13.520 por suicídio (9,5% do total). A TM por suicídio foi de 6,4/100.000. Na população de 14-65 anos foram notificados 11.952 suicídios (88,4% do total de suicídios no ano), correspondendo a TM de 8,1/100.000. Nessa população, com CBO identificada (considerada trabalhadora), foram notificados 9.977 suicídios (TM = 6,7/100.000), sendo 7.732 homens (77,5% dos casos, com TM = 10,6/100 mil) e 2.244 mulheres (TM = 3,0/100 mil). O risco de suicídio em trabalhadores permaneceu 3,5 vezes maior para os homens (Tabela 1).
Considerando o perfil sociodemográfico do suicídio nesse ano, o percentual de casos foi mais elevado na faixa de 30 a 49 anos, no geral; entretanto, o risco foi maior nos indivíduos com idade entre 50 e 65 anos (maior TM). Ocorreram mais óbitos entre solteiros(as) (60,1%). Porém, ao avaliar a mortalidade por situação conjugal, as pessoas separadas, desquitadas ou divorciadas apresentaram as maiores taxas (7,5/100 mil). Segundo a escolaridade, o percentual mais elevado ocorreu entre quem tinha até o ensino médio (40,6%), porém a TM foi mais elevada no grupo de 4 a 7 anos de estudo (ensino fundamental 2), com destaque para os homens, com 31,9/100.000.
As TM para a população autorreferida como indígena foram as mais elevadas: tanto a geral (19,5/100 mil) quanto por gênero (33,7/100 mil para os homens e 5,2/100 mil para as mulheres). Quando observadas as proporções, o suicídio foi mais proeminente em pessoas negras, tanto no geral quanto nos homens, mas se inverteu quando observadas as mulheres. (Tabela 1).
A mortalidade entre os trabalhadores da agricultura e da pesca chama atenção, com registro de 1.803 casos, equivalendo a 4,9 suicídios por dia em 2019. A TM foi de 21,7/100 mil trabalhadores desses setores. Outras categorias profissionais ganharam destaque, entre elas: forças de segurança (20,4/100 mil); saúde (13,9/100 mil); construção civil (13,3/100 mil); transportes (incluindo motoristas), armazenagem e correios; serviços domésticos; educação; comércio; judiciário; setor financeiro e administrativo; e da indústria. Outros trabalhadores foram pulverizados na categoria “trabalhadores em geral” (9,5% do total). Entre estes, uma parte considerada autônoma habitualmente é alocada nas indústrias (como os de serviços técnicos especializados e das engenharias), porém neste estudo não foram incluídos nessa categoria, o que provavelmente subestima a estimativa dos trabalhadores industriais (Tabela 2).
Em 2019, a média diária de óbitos de trabalhadores foi de 27,3 suicídios por dia. Os dados analisados sistematizaram informações dos 13 grupos ocupacionais mais acometidos, totalizando 6.295 suicídios (63,1%). Tanto entre homens quanto em mulheres ocorreram mais suicídios dos trabalhadores da agricultura e da pesca (20,9% e 8,4%, respectivamente). Entre as mulheres, além dessas trabalhadoras, teve destaque também as da saúde (7,2%), ocupando a segunda posição. Importante ressaltar que, no processo de agrupamento ocupacional, não foram identificados os códigos da CBO de 2.732 casos (27,4%), indicando possível problema no registro desse campo. Ou seja, mesmo nos casos de CBO preenchida, observou-se percentual elevado de códigos sem correspondência identificada na tabela da CBO do MTE. Assinala-se também que esse problema foi mais expressivo entre as mulheres, totalizando 50,6% dos casos registrados - mais do que o dobro do observado entre os homens.
O método mais comumente utilizado para o suicídio foi o enforcamento (71,4%), seguido por disparos por arma de fogo (6,9%) e precipitação de local elevado (3,5%). Entre os homens, prevaleceu o enforcamento (74,7%), seguido por disparo de arma de fogo (8,0%). Entre as mulheres, embora tenha prevalecido o enforcamento (60,2%), foram observados percentuais mais elevados de outros métodos, como autointoxicação, que somados seus tipos, alcançou 19,1%, e precipitação de local elevado (6%) (Tabela 3).
Quando comparados homens e mulheres, por cada método, observou-se maior percentual entre os homens para todos os tipos de método utilizados, exceto para autointoxicação devido a medicamentos não especificados e por drogas anticonvulsionantes e sedativos - método no qual o percentual entre as mulheres predominou (53,0% contra 47,0% e 64,0% contra 36,0%, respectivamente - dados não apresentados na Tabela 3).
Devido ao destaque de óbitos em trabalhadores da agricultura, foram analisadas suas características sociodemográficas por sexo. Foi evidenciada proporção de casos ainda mais elevados entre os homens (89,5%) (Tabela 4). A distribuição por raça/cor apresentou maior concentração entre negros (pretos/pardos), que representaram 63,0% dos casos nessa ocupação. Também se observou maior percentual de casos em níveis de escolaridade mais baixos (77,1% tinham até o ensino médio). Os enforcamentos também predominaram (75,3%), seguidos por disparos por arma de fogo (9,0%). Destacou-se, na terceira posição, a autointoxicação intencional por pesticidas (4,5%), que, se somado à autointoxicação com substâncias biológicas e produtos químicos (em que podem se inserir os agrotóxicos), totalizou 8,4%. Quando analisada a situação conjugal, observou-se que a maior proporção de suicídios ocorreu entre os homens solteiros (54,6%); porém, entre as mulheres, o maior percentual foi registrado entre as casadas (50,3%) (Tabela 4).
Discussão
Os dados evidenciaram tendência temporal de crescimento nos suicídios durante o período estudado, para ambos os sexos. As VPP nos dois períodos (2010-2014 e 2015-2019) evidenciou que o incremento foi mais expressivo no último período, o que indica que o evento mantém tendência de crescimento e também que aumentou progressivamente nos últimos anos. Isso parece indicar perfil de uma verdadeira epidemia que se avizinha. Os homens são claramente os mais afetados, representando, em geral, aproximadamente 80% dos casos. Contudo, cabe registrar que o incremento da VPP do primeiro para o segundo subperíodo entre as mulheres mostrou intensidade maior do que nos homens - ligando um sinal de alerta para a vigilância. Diferenças de gênero para o sofrimento mental são historicamente consolidadas na literatura, com maior frequência de transtornos mentais entre as mulheres e maior ocorrência de suicídios entre os homens2,5-7. A ideação suicida, por exemplo, é mais prevalente entre as mulheres1,2,5-7, enquanto o suicídio é maior nos homens1. Neste estudo, observou-se 3,5 suicídios em homens para um suicídio em mulheres. Diferença que se aproxima das estimativas globais (9/100.000 nos homens e 2,3/100.000 nas mulheres)1. Esses dados configuram um paradoxo de gênero: quais fatores podem explicar o fato de as mulheres, aparentemente, cometerem menos suicídios, uma vez que o idealizam mais?
Essas diferenças são evidentes quando são analisadas as dimensões que estruturam o contexto do suicídio, como a ideação, o planejamento e a tentativa do ato. O’Connor e Kirtley15 sugerem um modelo explicativo para os processos que culminam no suicídio, apresentando a impulsividade como fator determinante para a efetividade da tentativa. Essa condição, de ação repentina e impensada, é comportamento majoritariamente associado ao homem. Em situações de estresse, o sofrimento masculino é comumente contido e silenciado, o que favorece, no seu clímax, a concretização de uma ação mais violenta, impensada e desmedida. A impulsividade, assim, associa-se ao temor de que o sofrimento seja percebido e fortalece a ideia de que é preferida a morte concreta do que a morte simbólica com uma imagem de homem fraco, em sofrimento. Essa suposição se solidifica ao se observar os dados sobre os métodos suicidários, em que, entre as mulheres, predominam os métodos de menor potencial violento, como a autointoxicação. Portanto, aspectos de construção social de características aceitáveis ou não do feminino e do masculino podem ajudar a entender esse aparente paradoxo.
A taxa de mortalidade foi mais elevada entre pessoas separadas e solteiras, principalmente entre os homens. Estudos indicam especial preocupação com aspectos relativos a falhas ou insuficiências no apoio recebido de amigos, familiares e colegas de trabalho. Falhas nessas interações pode gerar sentimentos de isolamento e maior propensão à solidão, propiciando risco aumentado de alcoolismo, sofrimento mental e suicídio16,17. Outra condição que chama a atenção é o nível de escolaridade. No Brasil, 85,9% dos casos ocorreram entre pessoas com baixa ou média escolaridade, como evidenciados em estudos brasileiros18. Nas publicações mundiais, prevalece a menor escolaridade como fator de risco ao suicídio19,20. O nível educacional modula uma série de fatores cruciais à saúde física e mental, incluindo acesso a alimentação, informação, postos de trabalho protegidos e serviços de saúde. Nos estratos de baixa/média escolaridade, há restrição ou dificuldades de acesso a serviços e estruturas protetivas, trabalhos de menor remuneração, com a precarização da vida de modo geral, o que gera múltiplas fontes de sofrimento2,21 e restrição de recursos e estratégias de enfrentamento, constituindo vulnerabilidades e risco de suicídio.
Questões relacionadas às diferenças raciais e étnicas estão associados ao sofrimento, com especial destaque para a população indígena brasileira. A elevada taxa de mortalidade por suicídio nesse grupo chama a atenção para a dramaticidade do que vem ocorrendo no país e que pode ser explicado por ausência de acesso às estruturas básicas de atenção à saúde, exclusão social, exploração de seus territórios e corpos, em contextos de violências múltiplas, preconceitos históricos e invisibilidade social - observada nos registros restritos de dados de monitoramento de suas condições de vida e saúde (limitações estruturais dos órgãos que os assistem), além dos aspectos demográficos para o acesso aos grupos não urbanos22.
O contexto de violência vivenciado na luta pelo território disputado com o agronegócio e o garimpo ilegal e a violência institucional, étnica e cultural têm provocado o “genocídio psicológico” desses povos, legitimado pelo Estado brasileiro23. Até o fim de 2022, esse processo de exclusão e de múltiplas violências ganhou maior evidência com o (re)advento do garimpo ilegal, a falta de fiscalização, a flexibilização das leis florestais, a não demarcação das terras e a ausência dos órgãos de proteção aos indígenas, precarizando ainda mais suas condições de saúde e o modo de viver24. A contaminação proveniente do garimpo, a perseguição e os assassinatos das lideranças indígenas e seu isolamento proporcionaram diversos problemas, como falta de alimento, de acesso aos serviços de saúde, e por conseguinte fome, miséria, doenças e intenso sofrimento psíquico25.
Com relação às categorias de trabalho, ganhou destaque o elevado número de suicídios em trabalhadores da agricultura. Em países com historicidade de exploração agrária, neocolonial e escravocrata, como o Brasil, eventos de sofrimento no ambiente de trabalho são comuns, mas pouco visibilizados22-27. Esse dado imprime fortemente a questão racial como fator preponderante para o sofrimento e o suicídio, principalmente para esses trabalhadores, que são majoritariamente negros. No Brasil, ser preto ou pardo parece potencializar os pensamentos suicidas2,16. Esses dados não se configuraram nas estimativas gerais de suicídios, identificados no SIM, mas ficam evidentes quando observados os trabalhadores da agricultura. Alia-se a isso a natureza do próprio ambiente, que, distantes dos grandes centros urbanos, são pouco fiscalizados e, em geral, desprotegidos. O precário acesso a educação e renda vulnerabiliza ainda mais os trabalhadores do campo, que ficam sujeitos aos acordos patronais sem referências protetivas asseguradas. Vale salientar que parte considerável desses trabalhadores não apresentam registro de trabalho, portanto não figuram nas estimativas22,24.
O trabalho no campo no Brasil é inscrito em processos que ambientam múltiplas gêneses de sofrimentos. Essas relações históricas de trabalho sustentam um modelo de humilhações e violências múltiplas, que propiciam o padecimento de diversas formas e intensidades, como violências de gênero (que podem ter contribuído para o maior percentual de suicídio entre as mulheres casadas do que entre as solteiras); fracasso financeiro; expropriação da terra e dos recursos por corporações e bancos; além da ausência de políticas de Estado para proteção social24. A historicidade e os modelos produtivos expropriadores e excludentes do agronegócio são essenciais para a explicação dos suicídios22,24.
O enforcamento e o uso de armas de fogo foram os métodos mais utilizados no suicídio. A autointoxicação por pesticidas figura em terceiro lugar nas causas de morte por suicídio entre trabalhadores da agricultura, em que figuram os agrotóxicos. Diferentemente dos outros métodos suicidários, os agrotóxicos representam meio e causa, simultaneamente. Seu fácil acesso propicia, além de instrumento para a morte, a gênese de doenças como o câncer e psicopatologias, incluindo transtornos mentais de base orgânica que podem produzir alucinações. A exposição contínua gera sofrimento22,26. A ampliação de seu uso no cenário agrícola brasileiro deve agravar ainda mais esse panorama22,28, uma vez que, nos últimos anos, tem ocorrido a “reprimarização” da economia brasileira, que ampliou a exportação das commodities agrícolas e fortaleceu o agronegócio como principal matriz econômica nacional, reforçando o uso do agrotóxicos22,29. Medidas como a coibição/restrição do seu uso podem contribuir para a redução do adoecimento, de mortes acidentais e d suicídio, principalmente nesse grupo ocupacional tão fortemente afetado30.
O suicídio também atinge outros grupos ocupacionais, que serão apresentados não apenas pelo destaque de seus números, mas por suas características marcantes. Registram-se mais mortes de policiais por suicídio do que por outra causa31, colocando os trabalhadores de segurança em segundo lugar em taxa de suicídios. Entre os fatores que ajudam a compreender esse dado, cabe destacar estresse ocupacional, traumas de incidentes críticos, trabalho por turnos, problemas de relacionamento, abuso de álcool e vivência em uma cultura de violência, disseminada como algo inerente ao próprio trabalho, pressionando ao comportamento violento, muitas vezes contra si próprios18.
Trabalhadores(as) da saúde (na 3ª posição) convivem, cotidianamente, com o sofrimento de outras pessoas, a sobrecarga crônica e a precarização das condições de trabalho, sobretudo da enfermagem, resultando em adoecimento mental e suicídio32. A ausência de reconhecimento social eleva as fontes de dor e sofrimento. Assim como ocorre com os trabalhadores da educação (7ª colocação), que historicamente apresentam condições similares de precarização, além de estagnação salarial, aumento do volume de trabalho e medo do desemprego. Esses fatores determinam conflitos familiares, distúrbios do sono e sofrimento mental nessa categoria33-35.
Com a precarização das condições de trabalho a partir de sua reestruturação produtiva, da flexibilização das leis trabalhistas e do cenário de crise econômica, no Brasil os vínculos empregatícios foram ainda mais precarizados e as taxas de subemprego foram ampliadas. Com elas, a assistência do Estado diminuiu, assim como a renda e o acesso aos bens de consumo e serviços36. Nesse contexto de cerceamento de direitos, emergiu o “meio turno” e o “meio salário”, alicerçados no discurso do “melhor que nada”, como ocorre com os trabalhadores dos serviços domésticos (6ª posição em suicídios), bem como a “falácia empreendedora”, vendida aos trabalhadores por aplicativo para transporte e entregas (5ª posição, junto com outros profissionais de transportes e correios). Em um cenário de ampliação do desemprego, essa alternativa de acesso à renda emergiu sustentada em uma falsa ideia de empreendedorismo. Esse novo sistema delineia a “uberização” das relações de trabalho, que circunscreve, ao mesmo tempo, a despersonalização patronal, com sua transformação em telas digitais e a ausência de direitos trabalhistas e previdenciários36,37.
A indústria brasileira ocupou a quinta posição em números absolutos de suicídios e a 11ª posição quando observada sua taxa. Nesses ambientes de trabalho, diversos mecanismos geram sofrimentos: controles rígidos, inserção contínua de novas tecnologias para ampliação da produção, pouca flexibilidade, múltiplos assédios e o medo do desemprego. Esse conjunto de características “desumaniza, bestializa e faz perecer o homem [...]”13 (p. 156). Nos estudos de O’Bryen14, deu-se evidência à redução de postos de trabalho e ao consequente desemprego, principalmente em adultos de meia idade (acima dos 30 anos), devido ao processo de automação industrial. Esses trabalhadores, com pouca escolaridade, diante da ausência de perspectivas e oportunidades futuras, sem proteção social, recorreram ao uso abusivo de álcool e outras drogas, progredindo para casos de homicídio, mortes por cardiopatias e suicídio. Os que os autores chamam de “mortes por desespero” (deaths of despair).
Nesse contexto de morte, independente da ordem que cada categoria ocupa, bem como as particularidades concernentes a cada uma, chama atenção o regime de precarização contínuo do trabalho em qualquer dessas ocupações. Emerge daí o conceito de “suicidamento”, termo que molda o suicídio, não como fenômeno individual, mas um processo, fruto de determinação social proveniente do modo de produção capitalista, em que indivíduos “não se suicidaram, mas foram suicidados pela sociedade”13. Esse processo é definido a partir das expressões das formas históricas de alienação que impõem aos trabalhadores condições degradantes de vida e trabalho, que o compelem ao suicídio, quase como um produto esperado desse complexo sistema de (re)produção e expropriação da vida.
Apesar desse panorama, determinar nexo entre trabalho e suicídio não é uma tarefa simples. Mesmo que o suicídio ocorra no ambiente de trabalho, ou que tenha um relato que confirme o trabalho como motivo de sofrimento, o nexo é amplamente dificultado pelos argumentos hegemônicos de invisibilização do mundo do trabalho e de explicações de inadaptação individual ou descontrole pessoal na gênese do evento. Finazzi-Santos e Siqueira38 pontuam o silêncio emblemático de colegas de trabalho e dirigentes após o suicídio de um bancário, desonerando, simbolicamente, a instituição de suas responsabilidades. Assim, a organização do trabalho permanece desconectada da gênese de algo tão trágico. Segundo Dejours e Bégue11, o suicídio relacionado ao trabalho desnuda o rompimento tecidual das solidariedades dos coletivos de trabalho e reflete os individualismos provenientes do estímulo à competitividade.
Segundo a OMS, 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados1, sendo o apoio social a melhor estratégia de proteção/prevenção, seja por meio de políticas públicas/institucionais ou proveniente dos vínculos afetivos, que ofertem escuta, acolhimento e inclusão. A dimensão de pertencimento, reforçada nas manifestações de apoio e acolhimento, são fundamentais para subsidiar as ações de enfrentamento39. São urgentes e necessárias as discussões a partir de abordagens amplas, multidimensionais e inclusivas de compreensão do processo saúde-doença40,41. Tradicionalmente, eventos como o suicídio são ocultados e secundarizados quando observados apenas seus números, em geral considerados de baixo impacto. É preciso ir além das taxas e individualizações do fenômeno. É necessário transpor o oportuno discurso patronal de culpabilização do indivíduo e entender que há impactos também em toda uma comunidade que se encontra em sofrimento, seja de familiares, seja de colegas de trabalho.
Todos esses fatores precisam ser compreendidos como sintomas, ou sinais de alerta, alguns distais, outros mais proximais ao suicídio; portanto, fazem parte de uma cadeia de acontecimentos que são socialmente referenciados e que têm como cerne os modos de produção da vida e de como eles se estabelecem no trabalho, pois é nele que as necessidades básicas, os desejos, prazeres e as relações sociais estão inscritos, estabelecendo o tecido social em que se organiza a vida11. Eventos que configuram fenômenos como o “suicidamento” e as “mortes por desespero” são expressões do rompimento desse tecido. Demonstram a falha nos mecanismos de proteção social e escancaram a vulnerabilidade em que se encontram os trabalhadores, cada vez mais à mercê de relações precarizadas e flexibilizações que legalizam a ausência de proteção e segurança no trabalho. Nesse contexto se ampliam e se aglutinam as dores e sofrimentos que fazem com que, sem voz, sem escuta, isolados, oprimidos e amedrontados, os trabalhadores considerem o próprio extermínio como alívio e única saída possível para a intransponível armadilha em que foi compulsoriamente alocado.
Este estudo apresenta uma série de contribuições ao dimensionamento do suicídio no Brasil e ao reconhecimento de sua relação com o trabalho. No entanto, há uma série de limitações que precisam ser consideradas. As informações derivam de bancos de dados de qualidade diversa. Há distorções na qualidade do registro que implicam informações faltantes ou inconsistentes. Por exemplo, vários códigos de CBO registrados no SIM não foram encontrados no banco de dados do MTE, resultando em perda de informação. Outro problema importante reside nas bases populacionais utilizadas para a estimação das taxas de mortalidade, pois apresentam distorções variadas. Não há bases de dados de fácil acesso. A busca por informações corresponde à produção de uma colcha de retalhos na qual laboriosamente se busca obter o dado mais fidedigno possível. Devido às dificuldades de acesso à base populacional pelos estratos de interesse, foi necessário trabalhar com projeções a partir de dados censitários anteriores. A necessidade de utilização de bases diversas compromete a padronização desejável para comparações, o que reduz a validade do estudo. Muitas estratégias foram utilizadas para minimizar esse problema: contatos diretos com profissionais das fontes de dados consultadas e com especialistas, além de simulações variadas.
A recomposição do trajeto do suicídio com o trabalho ainda é desafiadora. Este estudo é uma tentativa de aproximação. Esforços similares foram realizados em outros estudos12. Não há registro no SIM se a pessoa estava trabalhando ou não no momento do suicídio. Para tal, neste estudo, a PEA com registro de CBO definiu a assunção de trabalho. As limitações desses procedimentos são múltiplas, mas é importante o seu registro, sobretudo para repensar a coleta de informações sobre o suicídio e sua vinculação com o trabalho. Problema que não se vê, é problema que persiste e cresce. Formas de melhorar o sistema de informação são urgentes, especialmente frente à possibilidade de uma epidemia em curso - como parecem apontar os dados.
O trabalho é historicamente invisibilizado como elemento central para a explicação da ocorrência de adoecimento/morte; portanto, análises que jogam luz sobre esses processos, utilizando fonte de dados do SUS, podem contribuir substantivamente para as ações em saúde. Essas reflexões precisam se desdobrar em esforços que ultrapassem as barreiras de ocultamento da relação trabalho-suicídio, produzindo ações que possam intervir nas dinâmicas produtoras de sofrimento. É necessário envolver pesquisadores(as), trabalhadores(as) e a sociedade no intuito de descortinar aquilo que ainda permanece velado a respeito de um fenômeno tão complexo e trágico.
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
16 Set 2024 -
Data do Fascículo
Out 2024
Histórico
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Recebido
08 Fev 2023 -
Aceito
18 Out 2023 -
Publicado
20 Out 2023