A necessidade do contato físico entre pessoas (direta ou indiretamente) para a transmissão de agentes infecciosos trouxe para a epidemiologia, desde seus primórdios, a necessidade de compreender e descrever o processo de encontro entre pessoas. É neste espaço de encontros que a transmissão flui pela população e emerge, a nível sistêmico, na forma de epidemias. Durante todo o século XX, intenso esforço foi dedicado ao desvendamento dos fatores populacionais que favoreceriam ou não o surgimento de epidemias, sua temporalidade e espacialidade. Este caminho tem como inspiração inicial a física, com modelos de natureza quantitativa, nos quais a população é vista como um todo sem estrutura. Posteriormente, vê-se necessário incluir as estruturas sociais que compõem a população: grupos sociais, redes sociais, coesão social tornam-se conceitos de interesse no estudo quantitativo das epidemias. A integração com a sociologia torna-se óbvia, na medida em que seus conceitos interagem cada vez mais. É um breve olhar sobre esta jornada o objetivo deste ensaio.
Epidemiologia; Redes de contato; Redes sociais; Redes de risco