No contexto contemporâneo as redes sociais adquirem relevância como espaços de mobilização, integração e tomada de decisão, evidenciando a emergência de novos e complexos padrões de sociabilidade e governança. No entanto, para além dos aspectos positivos associados às redes sociais existem também assimetrias, disputas de poder, conflitos, ambivalências e contradições11. Castells M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra; 1999. v. 1.. Heterogeneidade e fluidez marcam as redes, sejam elas centradas na família, na vizinhança ou nas múltiplas esferas de sociabilidade, formais e informais. No campo da saúde coletiva, este debate tem assumido diferentes contornos revelando a natureza desafiante dos padrões mais recentes de interação entre atores sociais e instituições públicas. Os mecanismos envolvidos na circulação e compartilhamento de informação e conhecimento entre profissionais e usuários de serviços de saúde, as fronteiras e os pontos de contato entre múltiplas organizações, grupos e indivíduos e, ainda, as transformações na dinâmica decisória ganham destaque na agenda de pesquisa e ensino da área.
Assim, este número temático reúne artigos que buscam refletir sobre as mudanças ocorridas nas últimas décadas na sociabilidade cotidiana e suas repercussões nas práticas de saúde. Trata-se de iniciativa do Programa de Pós-Graduação da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), com o apoio dos recursos do Programa de Excelência Acadêmica (PROEX) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O número foi organizado pela área de concentração em Sociedade, Violência e Saúde, visando consolidar a colaboração entre docentes e discentes em torno do tema redes sociais e governança em saúde.
Utilizando diferentes marcos analíticos e abordagens metodológicas, os autores apresentam experiências de reorganização institucional, estruturação de redes sociais em torno de problemas de saúde e construção de arranjos de governança regionais e locais. Cibercultura, violência, ética, participação social, relações público e privado e estratégias de regulação política em diferentes territórios são temas aqui explorados. Os artigos trazem a perspectiva de compreender modelos de interação, práticas de cuidado e a conformação de identidades sociais em cenários onde o chamado ativismo digital pode conviver com fluxos de mobilização tradicionais e encontros face a face. Dilemas antigos como o controle social, a comunicação democrática e a equidade em saúde combinam-se hoje com questões novas ligadas à reconstrução de laços e vínculos sociais. Desta forma, estimulam a produção de conhecimento e a pesquisa avaliativa sobre o alcance de intervenções cada vez mais confrontadas com ambientes relacionais complexos e heterogêneos.
Referências
-
1Castells M. A sociedade em rede São Paulo: Paz e Terra; 1999. v. 1.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Out 2018