Um dos fatores que contribui para a emergência de microrganismos multirresistentes é a utilização inadequada de antimicrobianos. Neste estudo foram visitados 192 domicílios para aplicação de um questionário a respeito dos hábitos de consumo de antimicrobianos de todos os moradores. Os dados revelaram que 6,8% dos participantes utilizaram antimicrobianos nos últimos meses. Os usuários eram predominantemente do sexo feminino, idade entre 20 e 59 anos e renda de 1 a 3 salário mínimos. Do total, 9,1% fizeram uso de antimicrobianos sem prescrição e 4,6% não concluíram o tratamento, alegando melhora dos sintomas ou devido aos efeitos colaterais. O motivo mais relatado para o tratamento foi infecção de orofaringe. Foi constatado também o uso de antimicrobianos de forma desnecessária, como para o tratamento de febre, gripe e alergia. Entre os entrevistados, 20,5% possuem o hábito de indicar antimicrobianos para familiares e amigos. Este trabalho foi conduzido antes da proibição legal da venda de antimicrobianos sem receita médica. Grande parte dos entrevistados desconhece os riscos da utilização inadequada e foi observado um percentual considerável de indivíduos que indicam estas drogas a outros. Com a implantação da lei que proíbe a venda sem prescrição é esperado que este problema seja minimizado.
Automedicação; Antimicrobianos; Resistência a antibióticos