Análise das representações sociais sobre o processo saúde-doença bucal entre 29 mães de escolares residentes no meio rural de Itaúna, em 2002. As entrevistas semi-estruturadas foram transcritas e a análise de conteúdo foi desenvolvida. A análise mostra que as representações sociais sobre saúde-doença estão vinculadas à alimentação e utilização de serviços médicos. Em relação ao processo saúde-doença bucal, identifica-se um discurso associado às normas odontológicas de higiene e dieta. A cárie dentária é vista como uma experiência inevitável, mas a perda dentária, não. Apesar de as condições materiais de vida no meio rural dificultarem a adoção de práticas consideradas favoráveis à saúde bucal, essas mulheres são cobradas em relação ao trabalho de cuidar dos filhos. Essa vivência contraditória causa sentimentos negativos (culpa) e, como conseqüência, queda na qualidade de vida nessa população. Na realidade de vida das entrevistadas, verifica-se que, apesar de as mesmas apresentarem informações sobre o cuidado bucal e desejarem "cuidar dos filhos direito", uma complexa rede de fatores sociais, econômicos, culturais etc., não favorece a promoção de saúde. O planejamento das ações de saúde bucal coletiva deveria levar em consideração não somente dados epidemiológicos quantitativos, mas também as representações sociais sobre saúde bucal.
Pesquisa qualitativa; Epidemiologia; Representação social; Saúde bucal