Resumo
Crises econômicas são comumente administradas com políticas de austeridade. Estas medidas atingem a população de modo desproporcional, sendo os mais pobres os mais afetados. Este artigo pretende investigar a performance dos desfechos de saúde após a crise econômica recente e avaliar se o padrão de desproporcionalidade também ocorreu no Brasil. Dados públicos de 2010 a 2017 foram utilizados e encontramos que suicídios e taxas de homicídios aumentaram depois de 2014, enquanto mortalidade por acidentes de trânsito diminuíram. Além disto, estas tendências foram exacerbadas no Norte e no Nordeste e em municípios no quintil mais pobre em termos de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). As políticas de austeridade que se seguiram à crise econômica brasileira podem ter influenciado a tendência de mortalidade por causas externas, com um possível maior impacto no Norte e no Nordeste e em municípios menos desenvolvidos.
Palavras-chave
Austeridade; Mortalidade; Suicídio; Homicídio; Acidentes no trânsito