Tendência e desigualdades no rastreamento autorrelatado do câncer de colo de útero nas capitais brasileiras entre 2011 e 2020

Vieira, Yohana Pereira; Viero, Vanise dos Santos Ferreira; Vargas, Bianca Languer; Nunes, Graziana Oliveira; Machado, Karla Pereira; Neves, Rosália Garcia; Saes, Mirelle de Oliveira

doi:10.1590/0102-311XPT272921

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Sumário

ARTIGO • Cad. Saúde Pública 38 (9) • 2022 • https://doi.org/10.1590/0102-311XPT272921 copiar

Tendência e desigualdades no rastreamento autorrelatado do câncer de colo de útero nas capitais brasileiras entre 2011 e 2020

Trends and inequalities in self-reported cervical cancer screening in Brazilian capitals from 2011 to 2020

Tendencias y desigualdades en el seguimiento autoinformado de cáncer de cuello uterino en las capitales brasileñas entre 2011 y 2020

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo:

Este estudo teve como objetivo verificar a tendência temporal e desigualdades no rastreamento autorrelatado do câncer de colo de útero nas capitais brasileiras entre os anos de 2011 e 2020. Estudo de tendência com dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2011 a 2020. O desfecho foi a prevalência de realização de exame citopatológico nos últimos três anos. Para estimar as desigualdades, foram utilizados os índices de desigualdade de inclinação (slope index of inequality - SII) e de concentração (concentration index - CIX). Observou-se tendência crescente do desfecho no país no período pesquisado e queda na maioria das regiões, capitais e em todos os grupos de acordo com escolaridade. Houve uma queda da cobertura na maioria das regiões do Brasil. Destaca-se que o SII apresentou seus piores resultados em 2011 e 2012, alcançando 15,8p.p. (IC95%: 14,1; 17,6) e 15,0p.p. (IC95%: 13,1; 16,9), respectivamente, entre as mulheres com 12 anos ou mais de estudo. Houve queda na cobertura da realização do exame preventivo de câncer de colo de útero na maioria das regiões e capitais brasileiras entre os anos de 2011 e 2020. No período antes e durante a pandemia, houve redução do desfecho no país, nas regiões Sul e Sudeste, sugerindo que a pandemia de COVID-19 acarretou desigualdades geográficas na cobertura desse exame no país.

Palavras-chave:
Teste de Papanicolaou; Neoplasias do Colo do Útero; Disparidades nos Níveis de Saúde; Acesso aos Serviços de Saúde

Regiões e capitais brasileiras	Ano										Variação anual (p.p.)	Valor de p *	Tendência
Regiões e capitais brasileiras	2011	2012	2013	2014	2015	2016	2017	2018	2019	2020
Norte	77,3	78,4	81,2	79,3	81,9	81,7	82,9	82,1	81,6	80,4	4,5	< 0,001	Crescente
Rio Branco	79,7	85,3	83,4	86,7	80,3	85,1	82,6	72,4	81,7	73,8	-3,1	< 0,001	Decrescente
Macapá	75,0	72,9	77,1	74,1	74,7	79,3	81,2	81,7	71,8	76,2	4,6	0,100	Estável
Manaus	77,0	76,2	83,1	78,7	84,4	82,3	85,7	82,3	85,6	86,3	1,3	< 0,001	Crescente
Belém	74,6	77,7	78,6	77,3	78,8	79,2	80,0	82,3	79,4	74,4	7,4	0,001	Crescente
Porto Velho	81,0	83,1	83,9	83,7	84,1	84,1	83,9	86,9	83,3	83,4	2,6	0,176	Estável
Boa Vista	81,5	79,6	78,1	81,5	85,5	82,7	79,8	79,9	75,1	79,7	-2,2	< 0,001	Decrescente
Palmas	85,3	87,6	86,1	85,0	86,1	86,1	84,8	88,2	84,9	83,4	-5,2	< 0,001	Decrescente
Nordeste	75,3	75,6	76,5	75,4	75,0	75,8	76,1	74,7	75,7	72,9	-5,1	< 0,001	Decrescente
Maceió	67,6	70,8	67,7	71,7	65,3	67,7	66,6	66,7	67,7	63,1	-8,2	< 0,001	Decrescente
Salvador	76,9	78,4	81,0	79,4	79,6	81,8	81,9	78,0	81,6	78,2	2,6	0,233	Estável
Fortaleza	74,5	72,3	73,0	75,6	72,4	71,8	72,5	72,3	74,3	69,7	-7,2	0,003	Decrescente
São Luís	77,1	77,2	82,0	74,3	77,2	80,4	81,8	78,5	74,6	73,2	6,1	< 0,001	Crescente
João Pessoa	72,9	77,6	70,3	72,3	72,6	66,8	68,7	71,5	66,7	66,0	-8,6	0,001	Decrescente
Recife	78,9	77,9	78,4	75,4	77,7	77,1	80,0	79,0	79,0	76,8	9,3	< 0,001	Crescente
Teresina	73,1	75,9	73,6	66,6	70,2	73,9	69,2	69,6	73,8	65,6	2,5	0,307	Estável
Natal	74,5	71,9	79,0	77,3	76,3	77,0	79,2	77,7	78,5	83,9	-1,2	< 0,001	Decrescente
Aracaju	77,1	74,2	75,5	76,0	75,8	77,6	72,2	71,6	69,5	69,6	-2,4	< 0,001	Decrescente
Sudeste	86,1	86,5	86,8	84,5	83,9	84,9	86,5	85,5	84,8	85,1	-3,3	< 0,001	Decrescente
Vitória	86,4	85,7	84,7	86,2	87,5	88,0	84,1	83,0	83,3	85,5	-6,7	< 0,001	Decrescente
Belo Horizonte	82,4	83,8	83,1	80,8	83,7	83,4	85,5	81,8	80,3	78,4	-7,3	< 0,001	Decrescente
Rio de Janeiro	78,9	78,5	84,3	80,0	76,8	82,4	84,0	82,9	83,7	84,8	8,1	< 0,001	Crescente
São Paulo	91,0	91,6	89,1	87,7	87,8	86,6	88,3	87,8	86,4	86,7	-5,7	< 0,001	Decrescente
Sul	88,0	86,4	88,3	89,2	87,6	89,5	87,4	86,8	85,7	85,6	-3,0	< 0,001	Decrescente
Curitiba	88,6	87,5	87,9	87,6	87,5	90,0	86,8	87,1	86,9	83,8	-2,0	0,278	Estável
Florianópolis	88,7	86,8	86,3	86,9	84,4	90,0	89,0	87,1	81,8	89,6	-9,1	0,633	Estável
Porto Alegre	87,1	84,9	89,3	92,0	88,6	88,7	87,8	86,3	85,5	86,5	6,3	0,743	Estável
Centro-oeste	78,6	81,5	79,5	79,1	77,6	79,8	80,2	79,4	79,4	73,7	-2,0	< 0,001	Decrescente
Distrito Federal	76,0	81,0	76,9	76,3	77,6	77,7	78,8	78,3	77,2	67,4	-1,1	0,424	Estável
Goiânia	79,8	80,4	79,8	79,9	74,4	80,8	80,9	77,1	81,3	77,5	-1,2	0,570	Estável
Cuiabá	81,0	83,8	81,2	83,5	78,2	81,7	79,0	81,8	77,8	79,8	1,8	< 0,001	Crescente
Campo Grande	83,6	83,1	86,6	84,4	82,6	84,2	85,1	85,6	84,8	85,2	1,4	0,521	Estável
Brasil	83,0	83,6	83,9	83,1	83,7	84,6	84,3	83,7	82,6	82,2	4,6	< 0,001	Crescente

Anos de estudo	Ano										Variação anual (p.p.)	Valor de p *	Tendência
Anos de estudo	2011	2012	2013	2014	2015	2016	2017	2018	2019	2020
0 a 8	77,4	78,3	78,6	77,9	77,7	76,7	78,9	79,2	78,3	78,3	-0,008	0,941	Decrescente
9 a 11	81,5	81,7	83,6	80,9	80,4	82,6	83,1	80,2	79,7	78,5	-0,033	0,204	Decrescente
12 ou mais	88,5	88,6	87,2	86,4	85,3	85,9	85,6	85,2	85,6	83,0	-0,500	< 0,001	Decrescente

Ano	CIX	IC95%	SII	IC95%
2011	0,028	0,025; 0,032	0,158	0,141; 0,176
2012	0,027	0,023; 0,030	0,150	0,131; 0,169
2013	0,021	0,018; 0,024	0,125	0,107; 0,143
2014	0,026	0,022; 0,028	0,147	0,127; 0,168
2015	0,025	0,022; 0,028	0,142	0,124; 0,160
2016	0,020	0,017; 0,024	0,116	0,100; 0,134
2017	0,021	0,018; 0,025	0,124	0,105; 0,143
2018	0,023	0,019; 0,026	0,139	0,120; 0,157
2019	0,023	0,019; 0,027	0,138	0,119; 0,158
2020	0,021	0,015; 0,026	0,122	0,094; 0,149

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