O objetivo foi demonstrar a frequência de detecção de transtornos mentais em unidades da atenção primária como marcador de acesso e indicador de cuidado em saúde mental. Realizou-se estudo de caso comparativo nos prontuários eletrônicos dos pacientes adultos atendidos em duas unidades de atenção primária vizinhas na cidade do no Rio de Janeiro, Brasil, entre 2015-2016 e 2016-2017. Extraíram-se os diagnósticos feitos de transtornos mentais, utilizando-se da Classificação Internacional de Doenças (CID), dividindo-os em três grupos: transtornos mentais comuns (TMC: F32; F33; F40-45 - exceto F42 - e R45), transtornos mentais graves (TMG: F20-F29; F31-F39) e uso de álcool e drogas (AD: F10-F19 e Z72). Compararam-se os resultados com a prevalência comunitária de transtornos mentais encontrada na literatura. Foi aplicada análise estatística, teste qui-quadrado, além de análise qualitativa do cenário de cada unidade. Unidade A (2015-2016) apresentou baixo índice de detecção de todos os transtornos [TMG = 45 (0,8%); TMC = 148 (2,64%) e AD = 0]; e, na unidade B, foram detectados cerca de 50% dos casos esperados [TMG = 23 (0,98%); TMC = 140 (5,97%); AD = 130 (5,54%)]. Entre 2016-2017, verificou-se um aumento da detecção geral de transtornos mentais na unidade A [TMG = 89 (1,6%); TMC = 298 (5,24%); AD = 7 (0,12%)]; na unidade B, a detecção manteve-se semelhante [TMG = 25 (1,0%); TMC = 176 (7,14%) e AD = 121 (4,9%)]. Mudanças nas unidades foram detectadas. A distinção no índice de detecção foi utilizada como indicador para análise do cuidado em saúde mental, permitindo um estudo dos fatores que podem estar associados a essa variação, influenciando o acesso aos cuidados. O monitoramento desse indicador auxilia na qualificação do cuidado em saúde mental.
Palavras-chave:
Atenção Primária à Saúde; Saúde Mental; Indicadores Básicos de Saúde