O estudo teve como objetivos, descrever o atraso na notificação de óbitos por COVID-19 na cidade de São Luís, Maranhão, Brasil, e demonstrar o impacto sobre o monitoramento oportuno e modelagem da pandemia. O estudo teve como objetivo secundário determinar a medida em que a nowcasting é capaz de diminuir a defasagem na notificação de óbitos. Analisamos os dados de mortalidade por COVID-19 registrados diariamente no Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão e calculamos o atraso na notificação entre 23 de março e 29 de agosto de 2020. Para ilustrar o impacto do atraso na notificação de óbitos e testar a efetividade de uma nowcasting bayesiana para melhorar a qualidade dos dados, ajustamos um modelo hierárquico bayesiano semi-mecanístico. Apenas 17,8% dos óbitos foram notificados sem atraso ou no dia seguinte, enquanto 40,5% foram atrasados em mais de 30 dias. Devido ao atraso na notificação, houve uma subestimação inicial nos óbitos. Entre 7 de junho e 29 de agosto, 644 óbitos foram notificados, mas apenas 116 mortes ocorreram nesse período. O uso da técnica de nowcasting bayesiana melhorou parcialmente a qualidade dos dados de mortalidade no pico da epidemia, apresentando estimativas mais ajustadas ao cenário observado na cidade, mas não se mostrou útil quase dois meses depois do pico. O atraso na notificação de óbitos pode interferir diretamente nas decisões assertivas e oportunas sobre o combate à pandemia da COVID-19. Portanto, o sistema brasileiro de vigilância epidemiológica deve ser revisto urgentemente, e o registro da data do óbito deve ser obrigatório. A técnica de nowcasting mostrou ser parcialmente eficaz na melhoria dos dados de mortalidade no auge da pandemia, mas não depois.
Palavras-chave:
COVID-19; SARS-CoV-2; Registros de Mortalidade; Confiabilidade dos Dados