Foram comparadas duas coortes de crianças nascidas no município de Pelotas, Rio Grande do Sul, em 1993 e 2004, em relação ao desenvolvimento neuropsicomotor aos 12 meses de idade. As crianças foram avaliadas pelo teste de triagem de Denver II. As análises foram realizadas usando a técnica de regressão de Poisson. A prevalência de suspeita de atraso no desenvolvimento diminuiu de 37,1% em 1993 para 21,4% em 2004, e era inversamente proporcional à renda familiar e ao peso ao nascer. Entre crianças com peso ao nascer abaixo de 2000g, houve uma redução de quatro vezes no atraso no desenvolvimento, entre 1993 e 2004. Com relação à renda familiar, o grupo mais pobre mostrou a maior redução entre as duas coortes - uma redução de 30% no risco. Nossos resultados confirmam a influência de renda e peso ao nascer sobre o desenvolvimento infantil. A queda na prevalência de atraso no desenvolvimento na última década reflete, entre outros fatores, melhorias na assistência pré-natal, aumento de cobertura no monitoramento do desenvolvimento no primeiro ano de vida e maior duração do aleitamento materno. Apesar dessa redução, a prevalência de atraso no desenvolvimento permanece alta, reforçando a necessidade de diagnóstico precoce e intervenção.
Desenvolvimento Infantil; Recém-Nascido de Baixo Peso; Estudos de Coortes